Tudo que ele via eram o corpo caído no chão, não havia nada que ele pudesse fazer, ele queria gritar, mas sua voz não saia, seu corpo não se mexia, tudo que podia ser feito era olhar. Não conseguia ver o rosto, mas era como se ele soubesse quem era e isso lhe causava uma grande dor, de repente a dor ficou insuportável e tudo ficou escoro.

Quando Inuyasha acordou levou um tempo para recordar o que acontecerá, estava sentado na poltrona que ficava em seu escritório, com certeza dormira ali na noite passada, mas uma vez trabalhara até cair no sono, olhou em volta e viu os vários papeis que estivera analisando espalhados pela mesa.

-que dor de cabeça. –ele esfregou a nuca e levantou, olhou no relógio e viu que já passava das onze, o que era uma surpresa pois a essa hora já estava na empresa a muito tempo. Foi para o quarto e tomou um longo banho, depois voltou a sala ainda enrolando na toalha. –de novo aquele sonho. –disse seguido por um suspiro, não era a primeira vez que tinha aquele sonho, mas estava ficando cada vez mais frequente e mais real, inconscientemente levou a mão ao peito, sempre durante o sonho sentia uma forte dor no peito então acordava e com isso a dor passava.

O telefone começou a tocar assim que ele foi para a sala, não precisava atender para saber quem era.

-o que aconteceu Kouga? –colocou o telefone no viva-voz e foi pegar uma xícara de café.

-na verdade nada, só queria saber se havia acontecido algo, já que até agora você ainda não veio pra empresa. –Kouga o conhecia bem, Inuyasha o conhecerá ainda na faculdade de direito, não era a pessoa mais alegre ou animada, mas era um excelente profissional e esse foi o principal motivo por tê-lo feito seu sócio quando decidiu abrir sua própria empresa de advocacia.

-não foi nada serio, só tive uma noite ruim, logo estarei chegando.

-não seria o caso de você ficar em casa então, se não esta se sentindo bem.

-olha eu não sabia que você tinha esse lado todo zeloso. –Inuyasha não conseguiu conter o riso.

-nem me venha com gracinhas, só estou sendo pratico, seu rendimento não será bom se você não estiver em boas condições. –esse era o Kouga que ele conhecia e assim é melhor.

-foi só uma noite mau dormida, logo estarei ai. –dizendo isso desligou o telefone. Terminou de se arrumar o mais rápido que pode, desceu para a garagem e entrou em sua BMW prateada, foi um investimento caro, mas valera a pena. Em pouco tempo já estava entrando na sua sala, Jenny sua secretaria entrou logo em seguida trazendo recados e revisar sua agenda para aquele dia.

ligaram para o senhor de um escritório de advocacia de Londres essa manhã, deixaram o telefone e pediram que retornasse a ligação o quanto antes.

-disseram do que se tratava? –perguntou sentando em sua cadeira enquanto lia os recados que Jenny anotará.

-não senhor, mas disseram que era urgente. –Inuyasha tinha experiência suficiente para saber que se um advogado deixasse seu numero e dizia que era urgente então com certeza se tratava de algo urgente.

-ligue para eles e me passe a ligação.

-agora mesmo. –três minutos depois estava ao telefone com Myouga Bennet, pelo que parecia ele era advogado de seu tio avô que falecera nós últimos dias e que ele havia sido citado na herança.

-e de quanto é essa herança? –se lembrava vagamente de seu pai mencionar um tio que morava na Inglaterra, mas que não mantinha muito contato com ele.

-na verdade o falecido Duque de Brandyshon não possuía mais sua antiga fortuna, mas o senhor herdou sua propriedade tanto em Londres como no campo. –Inuyasha não se importou, nos últimos anos tinha feito sua própria fortuna não precisava da herança de um parente que ele nunca conheceu.

-eu herdei tudo sozinho?

-como único parente vivo o senhor tem todo direito, mas Brandyshon o deixou como seu único herdeiro.

-e o que eu tenho que fazer?

-primeiro precisamos que venha até Londres para que o senhor possa conhecer as duas propriedades e assim passarmos para seu nome legalmente, depois disso o senhor será livre para fazer o que quiser com elas. –Inuyasha parou uns minutos para pensar, não estava em nenhum grande caso no momento Kouga poderia cuidar dos negócios, afinal seria só uma viajem rápida, assim que tivesse assinado os papeis voltaria imediatamente para Nova York e tudo estaria resolvido.

-bom tenho que resolver alguns assuntos aqui e combinar tudo com meu sócio, mas na próxima semana estaria viajando.

-ótimo estaremos esperando sua chegada.

-está atrasada Kagome. –disse Kaede aparecendo atrás dela, antes que tivesse a chance de correr para o quarto. –você prometeu me ajudar no jardim hoje.

-desculpa vovó eu acabei perdendo a hora na casa da Sango.

-vocês conseguiram terminar o trabalho?

-totalmente. –respondeu Kagome satisfeita.

-ótimo. –Kagome já estava se virando para ir para o quarto quando Kaede continuou. –amanhã você não terá aula não é, pois então poderá me ajudar amanhã certo. –Kagome fez uma careta e deu um longo suspiro antes de se virar.

-claro vovó. –e se voltou para o quarto antes que sua avó pedisse algo mais.

-e quanto tempo você pretende ficar fora? –perguntou Kouga enquanto eles tomavam café após o almoço.

-não muito tempo, apenas alguns dias. –disse colocando a xícara na mesa. –só preciso resolver alguns papeis referentes a posse da herança, assim que estiver resolvido voltarei.

-você pretende ficar com a casa?

-não vejo o por que, assim que estiver tudo resolvido colocarei a casa a venda, minha vida está aqui em Nova York e não pretendo mudar isso.

-ter uma casa de campo seria bom para suas férias.

-Kouga quando foi a ultima vez que você me viu tirar férias? –a pergunta ficou sem resposta já que Inuyasha nunca tirava férias, sua vida era o trabalho e estava muito satisfeito assim. –se você está de acordo então agendarei minha viajem para depois de amanhã, antes do final de semana estarei de volta.

-eu ainda acho que você deveria aproveitar esses dias para descansar, não tem nenhum caso importante em que você esteja trabalhando. –aquilo surpreendeu Inuyasha, na verdade desde que seu sócio começou um novo relacionamento ele parecia diferente, Ayame com certeza estava fazendo mudanças nele.

-obrigada pela oferta, mas eu prefiro assim, não a nada em Londres que me faça querer ficar lá mais do que o suficiente.

-beba isso, vai fazer bem pra você. –Kagome aceitou sem reclamar, sua avó sempre tinha um chá para tudo e com a dor de cabeça que acordou sabia que precisava. –pelo visto você não dormiu nada bem noite passada.

-não mesmo, fiquei tendo o mesmo sonho a noite toda.

-o sonho com seu príncipe encantado. –Kagome sabia que sua avó estava brincando, mas ela não via dessa maneira, desde criança ela tinha o mesmo sonho, um homem vinha em sua direção, ela não conseguia ver o rosto, mas era como se ela o conhecesse de algum lugar, ela não conseguia ver o rosto, mas seu coração batia tão rápido que ela acordava. Nos últimos dias o sonho tem sido mais frequente e o homem chegava cadê vez mais perto, mas ela inda não conseguia ver o rosto. –é melhor eu ir se não vou acabar me atrasando.

-você vai chegar tarde hoje?

-acho que não, por que?

-o me ligou ontem à noite, parece que o sobrinho do duque herdou tudo inclusive essa casa, ele mora na America e esta vindo para a Inglaterra para cuidar dos papeis.

-hum... então teremos um novo duque de Brandyshon?

-não sei ele comentou que esse tal sobrinho é um homem de negócios, não acredito que ele iria querer ficar preso a um titulo e suas responsabilidades. –ele deu um pesado suspiro. –é bem capaz que ele venda essa casa. –Kagome se virou para sua avó surpresa.

-a senhora acha que ele pode dispensá-la? –Kaede não respondeu, mas ela sabia que isso preocupava sua avó, ela trabalhava como governanta naquela casa mesmo antes de Kagome ir morar com ela depois da morte de seus pais. Mesmo nos anos de falência do falecido duque, sua avó permaneceu firme em sua função mesmo sem contar com o antigo batalhão de empregados, ela sempre dizia que o orgulho da família ia além do titulo, mas também a imponência da mansão.

-eu já tenho idade Kagome, talvez eu possa tirar minha aposentadoria. –isso era algo que ela não conseguia ver. –bom vamos deixar isso para depois, você não disse que iria se atrasar? –Kagome isso significava que ela tinha encerrado o assunto.

-está bem então. –disse pegando a mochila. –nos vemos mais tarde então. –mas ela não conseguiu prestar atenção na aula, não parava de pensar no que sua avó dissera. Se a casa fosse realmente vendida elas teriam que sair de lá, e isso ela não queria desde de a primeira vez que vira aquela casa ela sentira algo que não conseguia explicar, era como se tivesse voltado para casa, ela amava aquela casa e esperava que não tivesse que deixa-la.

-Como pode ver a casa está em perfeito estado, não é muito grande, mas a localização a torna muito valiosa. –Inuyasha ouvia Myouga enquanto dava uma olhada na casa de dois andares que recebera de herança, realmente não era muito espaçosa, mas pelo que parece seu tia avô nunca se casou e essa casa era perfeita para um solteiro, não conhecia nada sobre valor mobiliário de Londres, mas parecia que a casa ficava em uma ótima localidade e isso lhe rendaria bons frutos.

-e a casa de campo? –perguntou interrompendo Myouga.

-ela fica em Brandyshon a meia hora daqui de Londres. –Inuyasha consultou o relógio, já estava tarde e na verdade cansado também, seu voo chegará a uma hora e em vez de ir ao hotel foi direto ao escritório de Myouga, queria resolver tudo o mais rápido que pudesse. –acho que será impossível irmos até lá agora não é?

-a menos que queira passar a noite, mas como não avisamos de nossa chegada pode ser que não tenha nada pronto para recebê-los.

-não ligo para essas coisas.

- mas acredite que eles se importaram, ainda mais o senhor sendo o novo dono, eles não iriam querer que não tivesse as acomodações devidas.

-então iremos logo pela manhã, quero resolver tudo o mais rápido possível. –mas ele descobriu que para Myouga logo pela manhã era depois do almoço. Ele decidiu que seria melhor então almoçar antes de irem, andou pelas ruas de Londres sem bem saber onde ir, quando pensava em voltar ao hotel encontrou um restaurante que parecia agradável e já estava ficando com fome então se escolheu uma das mesas espalhadas pela calçada, logo um garçons veio atende-lo e anotou seu pedido e se retirou. Pensou em ligar para Kouga para saber como estava as coisas, mas foi quando ele a viu, foi como se o mundo a sua volta houvesse parado, ela vinha caminhando rindo de algo que a garota ao seu lado havia dito, longos cabelos negros que balançavam conforme ela andava e por um momento ele pode ver seus olhos, azul, ele começou a suar frio, de repente o sonho que ele vinha tendo a dias voltou a sua mente, os dois corpos caídos na neve um deles era uma mulher, ele começou a respirar com dificuldades, o que estava acontecendo com ele?

... ... –ele despertou de seu transe, mas ainda respirava com dificuldade, levantou a vista e viu que Myouga estava parado a sua frente. –aconteceu alguma coisa? –ele levou alguns minutos para se rentabilizar.

-não é nada, estou bem. –ele olhou ao redor procurando a garota, mas ela desaparecerá. –o que está fazendo aqui ?

-uma coincidência não é? –disse se sentando. –eu sempre venho almoçar aqui, é um lugar espetacular. –Inuyasha acabou o convidando para se juntar a ele, pelo menos assim que terminassem poderia ir logo para a casa de campo.

Myouga falava o tempo todo, desde que saíram do restaurante e durante o percurso de eia hora até Brandyshon.

-o senhor vai adorar, o lugar é um dois mais belos de toda Inglaterra. –embora achasse que ele estava apensa se vangloriando Inuyasha teve que admitir que o lugar era de tirar o fôlego, nunca tinha visto uma paisagem mais maravilhoso em toda sua vida, desde os campos ao lago e pelo que pode deduzir ainda tinha muito mais, parece que os duques de Brandyshon foram abençoados com terras incríveis, mas o mesmo não se podia dizer da casa. Com certeza havia sido uma construção incrível em seus anos de ouro, mas agora era visível o abandono e os danos causados pelo tempo. –como eu já adiante o falecido duque não era o que podemos dizer de responsável com sua fortuna e com isso a manutenção da casa foi deixada de lado, mas com uma boa reforma tenho certeza que será capaz de restaura seu brilho. –pelo que ele via não seria apenas algumas reformas.

-o que tem naquela direção? –apontando para um caminho que dava para os fundos da casa.

Se me lembro bem ali havia um jardim, mas com certeza já não deve ter mais nada. –ele se virou para Inuyasha com expectativa. –vamos entrar?

-va na frente quero dar mais uma olhada aqui fora.

-tudo bem então, avisarei ao empregados que o senhor já esta aqui. –depois de ser deixado sozinho seguiu pelo caminho de pedras, deu a volta até os fundos e se surpreendeu, Myouga com certeza se enganará em acreditar que não havia mais nada ali. O jardim estava intacto e perfeitamente cuidado, era uns dos mais lindos que já vira, não que já houvesse visto muitos, o lugar estava coberto de flores dos mais variados tipos, organizados de maneiras que combinava as colorações e davam vida aquele lugar rodeado por abandono e descuido.

-isso significa que meu tio avô gostava de rosas? –se perguntava enquanto pelo jardim, de repente ele parou, ali agachada no meio das rosas estava a garota que ele virá mais cedo, ela mexia na terra, será que era ela quem cuidava das rosas. Como se percebesse sua presença ali ela levantou a vista fazendo seus olhos se cruzarem e como acontecerá antes ele sentiu que o mundo a sua volta houvesse parado, mas dessa vez não era só isso, aqueles olhos pareciam que viam dentro dele e era como se ele pudesse ver através daquela profundeza azul, ele já vira aqueles olhos, seu coração batia tão rápido era como se ele tivesse sido arrastado até outro lugar a um outro tempo. Uma jovem em um vestido de musselina sorria para ele entre as rosas e seus olhos azuis brilhavam.

-Rin... –sussurrou para si mesmo.