Stana estava em seu apartamento observando as crianças brincando com a neve do outro lado da rua. O inverno havia chegado em NY e ela sempre amou essa época do ano. Nas suas mãos estava o roteiro do novo episódio de Castle. Ela leu novamente o trecho que estava deixando-a tão nervosa a ponto de ela não conseguir parar de morder o lábio inferior: "Castle beija Beckett".

- Querida, seu chocolate quente. – a voz grave fez com que ela desviasse o olhar.

- Obrigada, papai. – ela pegou a xícara de porcelana das mãos dele, absorvendo o calor e sentindo o aroma de canela que emanava do chocolate-quente-especial-dos-Katic.

Peter se sentou no imenso sofá e chamou a filha para se sentar ao seu lado. Ela se aconchegou no colo do pai, aproveitando os últimos momentos ao seu lado.

- Já estou com saudades. Cresci em uma casa cheia de sorrisos e gritos, não consigo me acostumar com essa solidão. – ela confessou com a voz entrecortada. Meu Deus, como ela odeia despedidas!

- Meu amor, apesar da distância sempre estarei com você. – ele beijou a testa da filha – Eu lembro de quando você era pequena e obrigava seus irmãos a fazer peças de teatro, você era uma figura! Na verdade ainda é... – ela fez uma careta mostrando a língua e ele soltou uma gargalhada alta, uma risada verdadeira, daquelas que se balança o corpo inteiro – E agora você é a protagonista de um seriado! Estou muito orgulhoso. – seus olhos brilhavam com o sentimento genuíno.

- Obrigada, pai! E devo isso à você e mamãe, que me proporcionaram uma vida maravilhosa e rodeada de amor. Vocês são o meu chão. -Peter envolveu a filha em um abraço apertado, lágrimas teimavam em cair dos seus olhos.

- Se cuida, criança. – eles levantaram do sofá e ele pegou sua mala que já estava no canto da parede.

- Eu te amo, pai. – ela falou o abraçando mais uma vez e o deixando em frente a porta do elevador.

- Também te amo. – ele conseguiu responder antes de as portas se fecharem.

Ela voltou para o sofá e quando ia pegar o roteiro novamente, sentiu o celular vibrando no bolso. Quando ela olhou o nome de quem estava ligando, não conseguiu conter o sorriso: Nathan.

- Já tá descendo? – ele perguntou em um tom divertido do outro lado da linha, sem ao menos deixar ela dizer 'alô'.

- Descendo? – ela questionou, sem entender do que ele estava falando.

- Tenho uma surpresa pra você... Estou na frente do seu apartamento e você já está atrasada. – ele informou segurando o sorriso, pois sabia que ela era a pessoa mais curiosa do mundo e odiava surpresas.

- Me dá só cinco minutos.

Ela desligou e correu pro quarto. Não sabia qual seria a surpresa daquele louco, mas já estava com um frio na barriga de tanta ansiedade. Stana colocou uma calça jeans escura e uma blusa branca de mangas compridas. Nos pés uma sapatilha, porque havia a possibilidade de ele a levar para correr no Central Park. Quando o assunto é Nathan Fillion, nunca é bom arriscar.

Não era incomum Nathan aparecer de repente no apartamento dela seja pra tomar sorvete, ensaiar uma cena difícil ou assistir um filme enquanto ela faz cafuné nele. Ao longo dos anos, a parceria entre eles foi se tornando cada vez maior. Um já não sabia como era ficar mais de uma semana sem o outro.

Quando ela saiu do elevador, Nathan correu para abraça-la, ele adorava fazer isso porque era alucinado pelo cheiro único dos cabelos dela.

- Então, para onde você vai me levar? – ela perguntou enquanto eles entravam no carro dele.

- Não adianta, eu não vou falar. É uma surpresa. – ela olhou para ele cerrando os olhos, com cara de zanga.

- Você leu o roteiro? – ela perguntou baixinho e meio constrangida. Não sabia ao certo como abordar o assunto do beijo. Estava nervosa e não sabia o porquê de estar assim. Por favor, ela é uma atriz! Já beijou outros caras em cena antes.

- Hum hum. – ele simplesmente murmurou. Sabia do que Stana estava falando, mas não iria conseguir falar sobre esse assunto com ela. Há tempos ele fantasia um romance com essa mulher incrível e não queria correr o risco de deixar ela perceber esse sentimento. Nathan sabia que ela o via apenas como um amigo.

Ela não abordou o assunto novamente porque se surpreendeu quando Nathan estacionou o carro em frente ao Museu de Artes de NY.

- Surpresa! – ele falou animado, enquanto descia do carro com ela. Estava frio e ele percebeu Stana tremer levemente, apesar de ela estar usando um casaco por cima da roupa. Ele a puxou para mais perto de si, envolvendo a cintura dela, em uma abraço de lado. Cada um aproveitava a sensação de estar sentindo o toque do outro. Eles andaram juntos pela enorme escadaria até chegarem as monumentais portas principais.

- Tudo bem, já pode começar a me explicar o motivo de ter me trazido até aqui?

- Bem, quando eu fiquei sabendo de uma exposição com ovos gigantes pintados, eu sabia que nós não poderíamos perder. – ele falou animado e ela não resistiu em lhe dar um sorriso. Ovos gigantes. Bem típico de Nathan. - Além disso, eles foram feitos por artistas croatas. – ele explicou se defendendo, antes de soltá-la para comprar os ingressos.

Quase duas horas depois, ambos estavam encantados com as monumentais obras de mais de dois metros de altura. Cada ovo representava a paisagem, os costumes e a cultura de um país.

- Essa exposição é mágica! Você sabe como eu amo viajar e conhecer lugares novos, além de que também tem a Sérvia e a Croácia, os países dos meus pais. – ela estava maravilhada e seus olhos brilhavam – Obrigada por ter me trazido até aqui. Amei sua surpresa.

- E eu amei o fato de você estar aqui comigo. – ele falou, segurando as mãos dela.