Interrompemos este programa para um boletim especial...
Era assim a vida dos americanos nos últimos tempos: boletins especiais quase a todo instante nos informando sobre ataques e o andamento da guerra. Quem estava certo nisso tudo? Não tínhamos como saber. Talvez todos, cada qual com seus ideais, talvez ninguém, cada qual com seus erros.
Um fato é certo: Hitler tinha que ser parado a todo custo, e o exército americano estava disposto a fazer o que fosse preciso para impedir que aquilo prosseguisse. E eu estava entre esses bravos soldados. Naquela época não tínhamos idéia da existência dos campos de concentração, não imaginávamos que tal absurdo poderia acontecer, e foi um choque muito grande nos depararmos com aquilo.
"Os japoneses atacaram Pearl Harbor no Havaí, pelo ar. O Presidente Roosevelt acabou de fazer o anúncio sem dar maiores detalhes. A Casa Branca informou que está enviando tropas para impedir que os ataques voltem a acontecer e para garantir a segurança da população americana. Segundo Roosevelt, "uma data infame, onde os EUA foi subitamente e deliberadamente atacado...""
As notícias chegavam a todos desta maneira e ninguém nunca disse a verdadeira face da guerra. Ninguém mostrou como era realmente, apenas diziam que devíamos defender nosso país. Milhares de voluntários se alistaram, mais da metade não conseguiu voltar para casa vivo ou inteiro.
Quanto a mim? Acho que fui morto para a Guerra e voltei vivo dela, voltei trazendo comigo o que eu sempre sonhei em encontrar. Ou será que fui trazido de volta pelos meus sonhos?
"Presidente, o Senhor acha que esses soldados tinham mesmo que arriscar suas vidas – e algumas vezes perdê-las – em nome dos Estados Unidos da América enquanto seus governantes ficavam sentados, seguros, atrás de uma mesa dando ordens? A vida deles não vale nada? Não passam de meros peões?" – essa era uma das perguntas que muitos se faziam, mas que acabavam respondendo ao ver as poucas cenas daquela Guerra.
Pode até ser que para alguns a vida dos soldados não tivesse valor algum, pode ser que exista quem os via apenas como peões em um grande tabuleiro de xadrez. Mas sabem o que eu acho? Ao mesmo tempo em que a guerra é terrível, pode ter outro sentido quando, em meio aos ataques, ao medo e às incertezas, encontramos uma luz no fim do túnel à qual resolvemos seguir para nos salvar.
Eu encontrei a minha, e ela brilhava o suficiente para não deixa que eu me perdesse. Brilhava tanto que seu brilho ofuscava o que estava diante dos olhos de todos. Era inconcebível o relacionamento de homossexuais naquela época, ainda mais no Exército Americano, mas ainda assim foi o que me fez olhar sempre em frente e ter certeza que voltaria para casa trazendo aquela luz comigo.
Apertem os cintos, verifiquem os equipamentos, pois quando a luz verde¹ acender, vamos saltar.
¹ Sinal usado pelo exército para indicar quando os paraquedistas devem saltar.
