Seven
por

Miih


Ato I.
O fraco rei faz fraca a forte gente.
Luís de Camões.

Era inverno em Nárnia, e talvez, fosse inverno para sempre. Ele acostumara-se assim, junto dela ele descobrira que não era preciso o verão, as flores, ou as folhas caindo. Tudo branco. O branco a lembrava, os flocos de gelo, e ele queria que sua memória fosse lembrada.
O coração dele havia se tornado de gelo. Frio. Ele era inverno.

Dia ou outro ele se lembrava de seus irmãos. Eles haviam ido embora de Nárnia, pois ,não aceitariam viver sem Aslan e sua superproteção. ''Mas, onde estava Aslan agora mesmo? ''
Ele havia sumido, como sempre fazia. E a Rainha Branca havia ficado no lugar onde, para Edmund, ela nunca devia ter saído: do poder.

Com a morte da Rainha, Edmund tornou-se o Rei em seu lugar, seu método de governo, era semelhante ao dela. Era mais piedoso em algumas situações, mas a frieza era a mesma. Tratava mal os criados e escravizava-os, deixando em situações precárias. Assim como a Rainha, ele preferia ser temido a ser amado.
Os narnianos tinham medo e ódio dele, mas sentiam na verdade, muita pena. Ele era fraco e inseguro no fundo, e visto com mais atenção. Era como se ele estivesse ali, porque tinha medo dela, então, preferia agir mal. Escravizar, judiar e humilhar, era uma espécie de fuga para ele.
Edmund tinha mulheres, crianças e todas as criaturas de Nárnia como seus escravos. De vez em quando, ele 'encomendava' algumas mulheres pra não perder o costume, mas as dispensava no dia seguinte, e continuava a trata-las mal. Um belo dia, isso mudou.

Ele andava pelo povoado de Nárnia, como fazia sempre. À medida que ele andava, o povo que o exaltava baixava a cabeça, demonstrando medo e reverencia. Edmund andava com uma espécie de 'capataz' ao seu lado, que dava pauladas quando alguém fazia algo errado ou malfeito – de vez em quando ele batia por nada, mas isso é outro assunto.
Todos estavam vendendo mercadorias, limpando ou fazendo algo, por onde Edmund andava. As pessoas tratavam de fazer tudo perfeitamente, sempre reverenciando-o, mesmo que ele nem olhasse essas pessoas nos olhos e nem o que elas estavam fazendo, ou mesmo como estavam fazendo.

Edmund passou em frente à uma barraca em que uma moça bordava atentamente seus panos, e não reverenciou o rei de imediato, como todos fazia. O capataz lhe tirou o pano das mãos e a puxou pelo braço, marcando.
- Faça reverência ao Rei, sua idiota! – ele disse aos berros.
A moça olhava-o assustada, e olhou com piedade para Edmund, que o olhava friamente.
- Deixe, Abdiel! Ela estava distraída e-
- Por isso mesmo, Meu Rei! Ela não deve se distrair tanto, essa criatura imunda!
- Desculpe-me, Meu Rei! – ela disse trêmula, fazendo reverência.
Edmund tirou as mãos de Abdiel da moça, e levantou seu rosto.
- Como você se chama? – ele perguntou, num tom seco e arrogante.
- Estelle. – ela num sussurro.
- Eu não ouvi.
- Estelle! – ela disse suspirando alto, e dessa vez, o rei pode ouvir.
Ele deu um sorriso malicioso para ela, o colocou de frente para ela, a olhou de cima a baixo e disse, num tom malicioso:
- Você vem comigo, Estelle. Agora!
- Eu não vou! Você acha que é quem? – ela disse num tom desafiador.
Edmund soltou uma gargalhada irônica. Nessa hora, todos olhavam o episódio dos dois, como se fosse um espetáculo.
- Não, querida – ele disse irônico – a pergunta aqui é quem é você. Você vem comigo e vem agora. E eu não perguntei, eu mandei. Eu mando e você obedece, ou melhor, você tem que fazer e ponto. Você vem e acabou.
- Você é ridículo. Você surge não sei de onde, fica no lugar daquela maldita, e acha que pode mandar no nosso povo. Aslan vai castigá-lo por isso.

O capataz fez um movimento de que ia bater-lhe a , mas Edmund interrompeu-o com as mãos.
-Vai me castigar? Cadê ele agora? Vocês são fracos, são pobres, são meus servos, meus escravos. Vocês devem satisfação a mim – ele dizia olhando para todos do povoado agora – e tem que fazer o que eu mandar. Eu mando e vocês fazem, sem questionar. Abdiel, leve essa suja para o Castelo, nem que seja pelos cabelos. Ela vai ficar comigo, servindo a mim, como eu quiser, dentro do castelo.
Abdiel pegou Estelle pelos cabelos, ela fazia força para não ir com ele. Batia e tentava mordê-lo, mas de nada adiantou.
- Você é péssimo, Rei Edmund. Você é fraco e inseguro. Não tem argumentos, e por isso nos humilha... Você ainda tem medo dela, por isso segue seu caminho. Você traiu seus irmãos! Você é sujo!
Edmund nada fez. Aquelas palavras o magoaram no fundo. Ele admitira ser fraco. Mas não seria fácil. Ele a teria, para que fizesse dela o que quisesse independentemente se depois ele fosse sentir culpa ou não.

-
Chegando ao castelo, Edmund ordenou que a prisioneira fosse colocada numa das masmorras do Castelo. Sem comida e sem água.
Ele sentia pena dela, mas o pior era saber que ela tinha pena dele. Era inadmissível para o herdeiro da Rainha Branca.

Abriu a porta da masmorra, Estelle estava de cabeça baixa e chorava baixinho. Os cabelos desgrenhados - mais do que já eram – e a pele marcada pela surra do capataz. Estelle tinha uma pele delicada, branca como a neve, os cabelos muito negros, ondulados, e os olhos verdes como o mar.
Edmund entrou e trancou a porta por dentro. Sentou-se junto dela, e olhou-a com ironia.
- Sabe por que você está aqui, Estelle?
- Vais fazer comigo o que faz com tantas outras... Usar-me por uma noite e depois, volto para minha casa, com a honra despedaçada.
- Não.
- Não? – ela disse quase sorrindo.
- Não – ele disse sorrindo – você vai ficar aqui. Como minha prisioneira. Vai fazer o que eu mandar, o que eu quiser, e fazer uns serviços pra mim.
- Não vou! Você não vai encostar as suas mãos nojentas em mim! – ela disse gritando.
- Se eu quiser eu vou, e você não vai falar nada, porque quem manda aqui sou eu, e mais... Se você falar o nome dos meus irmãos mais uma vez, eu não vou responder por mim, e vou fazer o que eu não tenho coragem de fazer com mulheres.
- Você não põe a mão em mim. Você é imundo. Eu não vou fazer o que você mandar.
- Vai sim. E me chame de, Meu Rei, eu não sou você. Você vai ser mantida trancada aqui, e só sai quando eu chamar. E mais, vai ficar sem água e sem comida por hoje, amanhã eu decido o que quero fazer com você. – disse num tom firme.

Edmund levantou-se do chão, e saiu, trancando-a novamente. Estelle ficara chorando, no chão. Edmund era um monstro, ou queria que pensassem que era um. Era fraco, e conseguia fazer com que outros sentissem o mesmo que ele.


N/A: Essa fic contém exatamente 7 capítulos, que serão postados uma vez por mês porque eu ainda não terminei. A ideia de Príncipe/Rei Branco veio de uma fic da Cora Coralina, que eu achei muuito legal, pedi pra ela deixar eu usar essa Realidade Alternativa e ela deixou. Agradeço a Joana por betar, e a você por se dispor a ler. Essa fic é dedicada para Adriana Swan, Cora Coralina, Fla Miss Killer e todas as meninas do fórum Papéis Avulsos e do Fórum MM.

Espero reviews, pessoas.