A história se passa depois do capítulo 11 da segunda temporada.
Saying 'I Love you
'Dizer "eu te amo"
Is not the words I want to hear from you
Não são as palavras que quero ouvir de você
It's not that I want you not to say
Não é que eu não queira que você diga
But if you only knew
Mas se você apenas soubesse
How easy it would be to show me how you feel
Como seria fácil mostrar-me como você se sente
Lisbon amava Patrick.
Vamos começar logo com um esclarecimento que já se tornou mais que óbvio.
O único problema era que Lisbon não era o tipo de mulher muito acostumada com a paixão.
Gostara de um garoto no colegial. Um alguém que nunca sequer a olhou nos olhos.
Mas Patrick olhava. Olhava em seus olhos todos os dias e extraía deles seus maiores segredos. Podia ler sua mente? Talvez. Inclusive, Lisbon estava a muito pouco de rezar para que ele não tivesse realmente esse poder.
Porque, apesar de uma simples leitura de mente ser a maneira ideal para confessar seu amor, fazê-lo era a última coisa que queria.
Era errado. Simplesmente errado. A CBI era muito clara quanto a esse tipo de assuntos. Proibida a relação entre companheiros de trabalho.
Não… era mais que isso.
Patrick não gostava dela. Visava o tempo todo apenas se vingar pela morte de sua amada esposa. Ainda usava a aliança. Não se considerava sequer viúvo. Jamais teria uma chance.
Não, mais que isso.
E ao mesmo tempo, menos.
Besteira. Besteira da garota que nunca amadureceu. Ou amadureceu demais.
Claro, os outros motivos eram muito mais relevantes, mas não para ela. Não para a agente Lisbon. A besteira se chamava orgulho, e a impedia de se deixar levar pelo loiro que sempre arrumava bagunça pra ela limpar mais tarde.
Talvez por isso ela estivesse constantemente cortando suas brincadeiras, sendo fria e irônica. Porque sentia que se o deixasse ser tão encantador quanto realmente é, não haveria volta.
O que ela não sabia é que já não havia volta.
O que dizer então?
Que ele tinha um perfume maravilhoso, e que agora Lisbon se segurava na borda de um precipício chamado amor, ao mesmo tempo que abraçava aquele loiro, de olhos fechados, dançando ao som de "More than words".
Como veio parar naquela situação? Por que aceitou dançar com ele? No que afinal estava pensando?
Era apenas uma investigação. Uma festa de reencontro de uma turma de quinze anos atrás. Não a turma dela. Não a turma dele. A turma de um homem assassinado.
E aquela música tocando. Sempre amou aquela música. Amava aquela música. Amava aquele homem.
- Trompete?
Lisbon sorriu. Há algum tempo ele tentava adivinhar que instrumento ela tocava no colegial. O modo de jogar tal hipótese assim de repente a fez rir.
- Não.
E então ela fechou os olhos e dançou.
Sejamos honestos.
Com quem mais Theresa Lisbon dançaria no mundo?
Há, em algum lugar de nossas mentes, a possibilidade dela dançar com Rigsby? Cho?
Não.
O que mais Patrick queria pra mostrar que ela o amava?
E ele?
Amava-a?
A maior incógnita da cabeça de Lisbon.
Por que Lisbon não dançaria com mais ninguém, mas Patrick dançaria com qualquer mulher sem jamais esquecer sua esposa. Dançaria com Van Pelt? Por que não? Ele sabia separar as coisas.
Lisbon só queria um gesto. Só queria uma prova de que ele sentia o mesmo. Ou mesmo uma dica. Algo que ele só faça por ela.
Ele não fazia idéia do quão fácil era.
Mas ele não a amava.
Não, não amava. Talvez não. Provavelmente não.
More than words
Mais do que palavras
Is all you have to do to make it real
É tudo o que você tem que fazer para tornar isso real
Then you wouldn't have to say
Daí você não precisaria dizer
That you love me 'cause I'd already know
Que você me ama porque eu já saberia
A música cessou e deu lugar à uma outra qualquer, mais agitada. Os dois corpos se separaram. Ela estava vermelha. Patrick fez questão de apontar isso, como sempre fazia.
- Você está corada.
- É que aqui está calor.
Ele sorriu. Ela ficou ainda mais vermelha. Como ele já havia dito, era muito fácil, pelo menos para Jane, saber quando ela mentia. E ela provavelmente se lembrou disso só depois da desculpa esfarrapada.
- Não me olhe assim, Jane. – ela disse, quase numa ordem.
- Assim como?
- Com esse sorriso de quem acha que estou mentindo.
- Eu não acho que está mentindo, eu tenho certeza. Você é…
- Um livro aberto pra você. – ela completou, antes que ele pudesse fazê-lo.
- Sua irritação quanto a isso é o que me intriga.
- Algo em mim te intriga? Você parece saber o tempo todo tudo que eu penso. – ela reclamou, cruzando os braços, e em seguida descruzando-os. Estava inquieta.
- Digamos que eu saiba por que você ficou vermelha, ou pelo menos tenha um palpite. Daí você vai e fica nervosa, indo contra minha hipótese. Isso me intriga.
- Eu faço isso?
- O tempo todo.
- Ótimo. – concluiu ela, deixando a pista de dança em direção à saída.
Ele a seguiu, claro. Iam embora no mesmo carro.
No corredor da saída, Rigby passou por ela.
- Chefe, está vermelha. – e seguiu reto.
Agora ela estava realmente corada. De raiva. Patrick pareceu ter ouvido isso e riu atrás dela.
- Por que vocês não simplesmente me deixam em paz? – zangou-se Lisbon, virando-se e falando mais alto do que pretendia.
Algumas pessoas pararam para olhar pra ela. Lisbon constrangeu-se e voltou a caminhar para o carro, de cabeça baixa e passos duros.
- Posso dirigir?
Jane apareceu sabe-se lá de onde, mas a assustou.
- Não. – respondeu, insípida.
- Mas você está nervosa demais para dirigir.
- Se você dirigir, vou ficar ainda mais nervosa.
Patrick ergueu as mãos, como quem se rendia, e entrou no banco do passageiro.
- Por que está tão brava?
- Tenho motivos pra estar contente?
- Estava contente há alguns minutos atrás.
- Quem disse que eu estava contente?
Patrick olhou o céu pela janela.
- Parece que vai chover.
- Claro que não, o céu está limpo, a lua está linda.
O loiro sorriu.
- Que bom que a senhora ranzinza ainda repara nessas coisas.
- Quer saber por que estou nervosa? Você me deixa nervosa. Quer dizer, por que tinha que arrumar aquela briga na festa? Por que você sempre arruma confusão?
- Não é por isso que está brava.
- E por que você tem que o tempo todo tentar saber quando estou mentindo e quando estou falando a verdade?
- Não faço por mal. Mesmo que eu não diga nada, sempre que me diz mentiras, eu saberei.
- Não, não saberá. Você diz que eu sou um livro aberto, mas não sou. Você não sabe da maior parte.
- Lisbon…
- Você sabe que eu fui dura comigo mesmo no colegial, você sabe que eu passei o dia de ação de graças tomando sorvete e assistindo filmes antigos sozinha…
- Lisbon…
- Você sabe as formas geométricas que eu penso aleatoriamente, você sabe que eu tocava um instrumento quando adolescente, e por Deus! você sabe até que eu era apaixonada por um idiota que nunca olhou pra mim, mas você não sabe o mais importante.
- Lisbon…
- O QUE É?
- O sinal!
O pneu da caminhonete cantou deslizando. A parte traseira patinou na pista, girando o carro, que parou no meio do cruzamento, e rapidamente foi atingido por um segundo carro.
