Disclaimer: Sailor Moon pertence à Naoko Takeuchi, essa fanfic não possui fins lucrativos, foi redigida apenas para o bel prazer dos fãs do anime/mangá!
A imagem de capa da fanfic também não é minha, encontrei-a na internet e a achei linda, simplesmente!
Bem, pessoal, essa one-shot foi escrita especialmente para o desafio [Sailor Moon Brazuca]. O desafio consistia em escrever uma história baseada em uma música brasileira. Confesso que foi bem difícil, já que meus conhecimentos sobre música nacional são, no mínimo, escassos (é, eu sei, é uma vergonha x.x)...
Então, tive um estalo de criatividade e resolvi escrever sobre o casal Saphir e Petz, baseando-me na música "Uma Voz no Vento" de minha conterrânea belenense Leila Pinheiro! Embora eu prefira o nome de Saphir na versão brasileira (Saphiro), decidi utilizar os nomes originais para parecer mais "erudita" em Sailor Moon!
Só pelo casal dá para perceber que a fanfic baseia-se no anime antigo, não é mesmo? A minha prima vai me matar, ela ama o Saphir e detesta a Petz... Bem, espero que gostem e me perdoem pelo tamanho do capítulo, mas não dava para ser diferente! ^^'
Boa leitura!
Uma Voz No Vento
Capítulo Único.
As primeiras luzes da manhã passaram por entre as frestas da persiana, eram tão amenas que ela nem sentiu. O que a fez acordar não foi a luminosidade, mas um sopro na alva bochecha...
— Petz... — um sussurro, de uma voz dolorosamente conhecida.
— Saphir? — num súbito, ela sentou.
Alarmada, olhou por todos os lados, analisou cada canto daquele quarto. Nada. Ninguém, como sempre.
Levantou-se, sentou-se à penteadeira, penteou os longos cabelos esverdeados e prendeu-os em um coque. Num relance, viu a sombra azulada atrás de si e o coração sobressaltou-se.
Ninguém outra vez, no entanto, o sussurro ainda soava ao pé do ouvido. Era assim todas as manhãs...
Uma voz no vento
Chama azul do dia
Doce perfume e canção...
Cumpriu a rotina matinal; lavou-se na grande banheira, trajou o uniforme da loja de cosméticos que pertencia a ela e às irmãs, saiu, pegou o metrô e foi trabalhar. No caminho, sentada à janela, ela refletia sobre como fora sua vida durante os três anos que se passaram.
Três anos... Como um sopro, como um sussurro.
Ainda assim, aquele dia parecia tão próximo como se fosse ontem.
O sorriso dele, nítido, impregnava todo pensamento lançado, infiltrava-se nas mais banais reflexões, infectava cada sonho, jamais partia...
Mal ela sabia, ele a acompanhava, a contemplava de onde quer que estivesse. Conforme o tempo passava, mais intenso se tornava desejo de comunicar-se. A saudade matava a ambos, mesmo um deles já nem vivo sendo.
— Petz... — a voz outra vez, à noite, enquanto ela quase adormecia.
— Saphir? — abriu os olhos, e, afobada, levantou-se e procurou-o na escuridão do quarto. Tateou cada móvel, abraçou a si própria tentando confortar-se. Num repente, sem que sentisse, as lágrimas escaparam violentamente inundando o rosto. — Eu sei que está aqui comigo... Por que não posso vê-lo?
Uma voz no tempo
Resiste na noite
E as lágrimas fogem de ti
Um toque sutil nos ombros provocou um calafrio. Era como a brisa noturna, fria e solitária.
— Estou aqui, sempre estive.
— Por que não posso vê-lo? — embora o sentisse, ainda procurava-o. Temia estar sonhando, ou pior, delirando. — Desejo vê-lo!
— Então feche os olhos.
Petz obedeceu sem titubear. Soluçante, selou as pálpebras umedecidas, uniu as mãos ao peito palpitante e, como numa oração, ajoelhou-se e baixou a cabeça. A persiana bailou com a ventania, frenética e afoita, como a dona daquele quarto sombrio. O vento, impiedoso, uivou e a envolveu. Seria apenas o vento?
A imagem formou-se, primeiro era uma névoa azulada, depois tomou forma diante dela. Bandagens brancas cobriam um dos olhos preciosos como safiras, a pele pálida era marcada por alguns hematomas, ele trajava a mesma camisa social lilás e calça branca.
— Saphir! — Naquele vácuo da mente onde só os dois existiam, ela correu na direção dele e tentou abraçá-lo. O corpo espectral se dissolveu nos dedos como fumaça e ela caiu, tremelicando de frio e de tristeza.
— Eu sinto muito, não pude voltar para buscar o meu casaco. — ele disse, choroso. — Sinto por não poder abraçá-la, por não poder confortá-la. — respirou fundo, mesmo não possuindo mais pulmões para encher de ar — Mas, Petz, há anos sigo os seus passos, há anos tento dizer que...
— Que o quê? — ela se levantou, de costas para a imagem dele.
Silencioso, vagou até ela e enredou-a sutilmente. Seus braços, ao tocá-la, esfumaçavam-se frios e translúcidos como gelo seco. As maçãs de rosto, ao se roçarem, quase se uniam em uma só. Ele não possuía massa, apenas o frio... Apenas o vento.
— Que eu sempre a amei, que eu nunca me esqueci de você. —um terno sussurro, um sopro, um devaneio.
Uma voz no vento
Uma voz me chama
Brisa de amor, doce coração...
— Você é cruel... — sorriu melancólica, sentindo-se aquecida pelo frio. — Todo esse tempo me atormentando, e agora me torturando com a ideia de que o tive e o perdi.
— Você nunca me perderá, Petz. — a mão fantasmagórica envolveu a mão pulsante.
— E se eu quiser perdê-lo? E se eu desejar seguir em frente? — soou amarga.
— Ainda que siga, e eu quero que o faça, ainda que me esqueça, eu olharei por você, eu a guardarei de todo e qualquer mal que possa afligi-la.
— Por quê? — o pranto descia em cascata, respingava na pele imaginária, atravessava-a e encharcava o colo de Petz.
— Porque sou o seu anjo da guarda. — sereno, confessou.
Ela, surpresa, virou o rosto e encontrou-se com o dele. Saphir esbanjava o mesmo doce sorriso do fatídico dia de sua partida. Tentando arduamente manter-se calma, ela girou o corpo devagar. Os dedos, trêmulos, encaminharam-se à face dele, temendo atravessá-lo, pousaram apenas as pontas nos cantos, contornaram a lembrança dos cabelos, das sobrancelhas e dos lábios.
Ele a sentia, não fisicamente. Ele sentia a sua alma, o seu coração sofrido.
A tristeza dos dois consolidava-se em um desejo: reencontrarem-se um dia. Quando as lágrimas de um uniram-se às do outro, um singelo beijo foi selado.
Uma voz no tempo
Carinho na alma
E as lágrimas fogem de ti.
— Petz, Petz! — uma voz a chamava, dessa vez não era a dele. Calaveras a balançava pelos ombros. – Acorde!
— Hmm? — confusa, ao abrir os olhos viu-se jogada no chão do quarto. A irmã a ajudou a levantar.
— Não acredito que dormiu desse jeito, ainda bem que vim ao quarto ver como você estava! Aconteceu alguma coisa com você? Veja, ainda está com a roupa de ontem! — tocou-lhe a testa — Está gelada! Vá tomar um banho quente! — segurou-lhe o braço, guiando-a.
— Que horas são? — passou a mão pela nuca, a cabeça latejava de dor.
— Oito, estamos atrasadíssimas! — riu-se.
— Oh, não diga! Arrumarei-me o mais rápido possível! — correu até o banheiro, quase tropeçou no tapete.
— Petz, não se aflija! — foi atrás, segurou a porta antes que a irmã mais velha a fechasse — Tire uma folga hoje, eu aviso as nossas irmãs que você não se sentiu bem e ficou de repouso. O que acha da ideia?
— Obrigada, Calaveras... — sorriu — Mas prefiro ir trabalhar! — forjou um tom animado e trancou-se no banheiro. Durante o banho, relembrou a noite passada. Cada lembrança era uma pontada, a enxaqueca persistia como se propositalmente estivesse ali para intensificar seu estado de confusão — "Será que tudo foi um sonho?" — Pensou.
Sem obter resposta, conformou-se e concluiu ter sonhado. Pronta para voltar à realidade, aprontou-se e saiu de casa ao lado da irmã. Enquanto caminhavam em direção à estação de metrô, Petz pensava sobre como vivia desde a grande tragédia há três anos. Distraída, não olhou para o semáforo antes de atravessar a rua. Calaveras não a notou seguir em frente, perdeu-a de vista na multidão e quando se deu conta de que Petz fora adiante, um carro já estava prestes a colidir com seu corpo.
— Petz! — o grito desesperado da irmã a despertou do transe, ela estava quase do outro lado da calçada, porém não próxima o suficiente para se safar da batida.
Viu o carro se aproximar em alta velocidade, cerrou os olhos, apavorada. Era a sua hora, enfim, assim pensou.
Algo a puxou com força e jogou seu corpo contra o piso, o atrito provocou-lhe uma ardência nas costas, e só. No abrir dos olhos deu-se conta de que estava sentada na calçada e o carro que quase a atropelou parara sobre a faixa de pedestres.
— Sua maluca, quer morrer?! — o motorista gritou seguido de meia dúzia de palavras de baixo calão.
Ela, nervosa, reagiu com gargalhadas. Era inacreditável, alguém salvou a sua vida no segundo mais crucial. Olhou para todos na calçada, tentou adivinhar qual das pessoas que a olhavam assustadas teria sido. O motorista se foi, quando o semáforo abriu Calaveras atravessou as pressas e catou a irmã do chão.
— Petz, você é muito sortuda! Poderia ter morrido! Não sei como conseguiu pular para a calçada! — falava enquanto as duas entravam no trem subterrâneo.
— Mas eu não pulei! — sobressaltou-se — Alguém me puxou!
— Acho que você não está batendo muito bem da cabeça, irmãzinha! — os olhos castanhos arregalaram-se abismados — Posso garantir, ninguém a puxou!
— Mas... — a memória refrescou-se, a mais velha das Ayakashi lembrou-se de tudo o que viveu na noite anterior, e do mais importante: do que Saphir representava. Era um anjo, o seu anjo!
— Petz... — o sussurro a acompanhou, não só naquele metrô, mas pelos dias que se seguiram, pelos meses e pelos anos...
A loja das irmãs Ayakashi fez tamanho sucesso que várias filiais foram inauguradas pelo Japão. Petz assistiu cada uma de suas irmãs casarem-se e terem filhos. Ela se dedicou ao trabalho e desenvolveu a sua própria linha de cosméticos. Ficou conhecida e virou celebridade no ramo, todos os amigos orgulharam-se e a apoiaram. Quando lhe perguntavam sobre os assuntos do coração, Petz desconversava, afinal, ela sempre podia contar com o velho argumento: "homens não prestam". A única pessoa que se lembrava da verdade por de trás do discurso anti-homens era a irmã mais próxima, Calaveras. Todavia, por conhecer tão bem a mais velha não tocava no assunto, acreditava ser o melhor. Acima de tudo, apesar de qualquer melancolia escondida por de trás de um sorriso confiante, Petz vivia... E vivia porque sabia que assim Saphir desejaria. Todas as noites e manhãs ele fervorosamente lhe dizia em gélidos sopros: — Viva, Petz... Viva... Viva até o dia em que nos reencontraremos, pois tão certo quanto o nascimento é a morte. Até lá!
Se quem chegou partiu
Se quem virá, já foi
Só pra quem fica os dias são todos iguais
Houve um tempo em que se isolou, em que não teve forças para suportar a felicidade alheia. Houve até momentos em que ela praguejou ao ver casais na praça. Houve dias em que a saudade doeu como uma violenta apunhalada. Houve dias em que Petz não desejou acordar, e quase se rendeu à vontade de desistir de viver. Então, seu nome era chamado num sussurro, o vento afagava-lhe a face deprimida e uma mão acarinhava-lhe o coração. A dor mesclava-se ao conforto, a dor a fazia sentir-se viva.
Os ponteiros dos relógios giravam, as famílias das irmãs cresciam, primeiro vieram os filhos, depois surgiram os netos e a solidão de Petz mantinha-se imponente.
Quando o sonho de uma vida ao lado de Saphir tornou-se apenas uma memória, o coração adocicou-se novamente. O sonho morreu, a espera se manteve.
Mil sonhos pra enterrar
Ventos e vendavais
Corpo e alma afetam
Se os anos pesam demais no coração
E assim, lentamente, Petz envelheceu... Quando um novo cabelo grisalho surgia, diferentemente das outras pessoas, Petz sentia-se feliz. A cada ano tornava-se próxima a data pela qual ela ansiava. Se não podia sonhar com o romance em vida, que fosse no sono mais profundo que se tem – o descanso eterno.
Quando todas as madeixas já se assemelhavam ao branco da neve, a mais idosa das Ayakashi sentiu um cansaço diferente e um leve tremor nas mãos. Ofegante, sentou-se na poltrona do quarto de seu luxuoso apartamento – morava sozinha –, olhou para as paredes e contemplou todos os retratos de família, melhor dizendo: das famílias das suas irmãs.
— Estou tão cansada... — suspirou e fechou os olhos.
— Não seja tão apressada...
— Quando virá me buscar? — semicerrou os orbes esverdeados, já turvos e enrugados.
— Tenha paciência. — ele apareceu, pela primeira vez durante a tarde, enquanto ela estava acordada.
— Eu te vejo... — sorriu emocionada, ergueu as mãos envelhecidas na direção dele, os dedos entrelaçaram-se. — Dessa vez você está quente!
— Sabe o que isso significa? — pareceu animado — Que não falta muito, mas ainda não é a hora.
Ela chorou, entretanto, pela primeira vez foi choro de alegria.
Uma voz no vento
Chama azul do dia
Doce perfume e canção
Uma voz no tempo
Resiste na noite
E as lágrimas fogem de ti
Num dia como outro qualquer, Berthier recebeu um telefonema de Koan, a mais nova das irmãs parecia preocupada do outro lado da linha.
— O que houve irmãzinha? Minha neta disse que você precisava falar comigo urgentemente. Do que se trata? — alimentava os peixes enquanto falava ao celular.
— Irmã, Petz não está bem. Calaveras foi visitá-la hoje à tarde e disse que, ao conversarem, Petz pareceu não se lembrar de nossos nomes...
— Como é que é? — largou o saquinho de ração, os flocos espalharam-se no piso da sala.
— Estou indo para a casa de Petz agora, você vem?
— Sim, vou pedir para meu filho me dar carona até lá, posso buscá-la.
— Está bem.
As irmãs reuniram-se como há muito não faziam. Desde que Petz se fechara, acabaram por afastarem-se. Estavam na sala do apartamento da mais velha, Calaveras segurava-lhe as mãos, Berthier estalava os dedos aos olhos cansados e perdidos, não atiçava uma piscadela.
— Ele vem me ver, sabiam? — finalmente, ela se pronunciou eufórica.
— Quem, irmã? — Koan se mostrou curiosa.
— Quem seria? Saphir! — abriu um largo sorriso, os olhos brilharam deslumbrados — Ele tem vindo todos os dias, conversamos bastante... E, muito em breve, iremos nos casar!
As mulheres se olharam, caladas. Uma mais assombrada do que a outra. Compartilharam do mesmo pensamento: Petz ensandecera.
— Vou levá-la para passar uns dias em minha casa, irmã. O que acha? — Calaveras propôs.
— Não sei, Saphir poderá me visitar lá?
— É claro que sim... — piscou para as outras, era melhor deixarem tudo do jeito que estava.
Feito. Petz levou suas coisas para a casa da irmã e lá foi instalada. Calaveras a acompanhou a médicos, buscou descobrir o que havia de errado, suspeitou até que a mais velha sofresse de Alzheimer. Os resultados dos exames não apontaram nada, o diagnóstico de Petz foi senilidade. Entretanto, a pobre e solitária senhorinha nunca parecera tão feliz como naqueles dias. Sorria e suspirava como uma mocinha apaixonada no auge de sua juventude.
Calaveras observava-a e via que, isolada em seu próprio mundo, Petz tornara-se admiradora das mais pequenas coisas. Todas as manhãs, ia ao jardim da casa da irmã amiga e regava as flores. Enquanto cuidava das violetas, dos lírios, dos girassóis e dos jasmins conversava com o vento, afagava o zéfiro da manhã, gesticulava para o nada e abraçava-se a ele. Às noites, não se importava com o frio e sentava-se à cadeira de balanço da varanda, fechava os olhos e entregava-se ao sereno.
Ninguém sabia, mas cada sopro gelado de ar era na verdade ele se fazendo presente, e preparando Petz para o tão esperado encontro...
Uma voz no vento
Uma voz me chama
Brisa de amor, doce coração.
Enfim, numa manhã de verão, Petz acordou e sentiu algo de diferente. Com certo esforço, sentou-se e então, eis a surpresa: ele estava sentado ao pé da cama, e dessa vez trajava a farda azul marinho adornada por medalhas prateadas. Lindo, como uma vez fora. Não havia bandagens ou cicatrizes, uma luz cerúlea o contornava.
— Saphir, você está curado! — ela saltou, feliz.
— Está na hora... — aproximou-se terno — Vamos? — sentou-se de frente para ela e ergueu as mãos.
Rendida, ela as tocou. Uma lágrima caiu. O líquido salubre, ao escorrer, apagou cada ruga. Era quente, e, surpreendentemente, as mãos dele eram tão reais quanto as dela.
Um abraço se formou caloroso. O cheiro dele penetrou as narinas, os cabelos dele roçaram-lhe a testa. Ele respirava! Ela sufocava...
Algo a molhou, o gosto era salgado, – o choro dele – inundava-lhe de dentro para fora. Antes que pudesse declarar-se, Saphir tomou-lhe os lábios... O primeiro beijo não atravessado, o primeiro beijo que não foi um sopro. Petz fechou os olhos e entregou-se. O hálito dele era fresco como hortelã, era gentil como os raios de sol da manhã. Era ele mesmo, realizando com ela um sonho impossível.
Ao findarem o ato, Petz viu o próprio vulto no grande espelho da parede, ela rejuvenescera.
Desacreditada, levantou-se e parou diante da própria imagem: jovem e de branco, como uma noiva .
Alisou o rosto, os cabelos presos no mesmo coque de sempre, os dedos deslizaram sobre a pele de pêssego. Chorou copiosamente.
Saphir, tão emocionado quanto ela própria, segurou-lhe os ombros fazendo-os pararem de sacudir.
—Vamos? — segurou as mãos dela.
— Aonde? — de frente para ele, perguntou.
— Nos casar.
Sorridente, ela assentiu. De mãos dadas, caminharam e atravessaram a janela do quarto, antes de passarem para o outro lado, ela olhou para trás e viu-se velha, na cama a sorrir, fria e já sem respirar. A última lágrima rolou, o último vento soprou. Ela se foi acompanhada do homem a quem dedicou uma vida de espera. Suas almas desapareceram no pequeno jardim daquela morada.
Horas depois, Calaveras deu-se com a irmã falecida. A confusão se formou tão logo ela avisou as outras irmãs, todas se puseram ao redor da cama, inconformadas, menos Calaveras que parecia aliviada.
— Como pode parecer tão tranquila num momento como esse, Calaveras? Petz se foi! — chorando como uma criança, Koan questionou e recebeu o apoio de Berthier.
— Irmãs, olhem bem para a nossa Petz... — tocou o os ombros das mais novas — Ela está sorrindo!
—Acha que ela o encontrou? — Berthier, enxugando os olhos com um lenço, perguntou.
— Eu sei que sim. — Calaveras sorriu calma. — Ela conseguiu o que queria no fim das contas.
As irmãs abraçaram-se e lamentaram a perda juntas. Os médicos disseram que a causa da morte foi uma parada cardíaca, mas no fundo não importava o que a causou ou como foi causada, quem se vai sempre deixa saudades.
O que ninguém sabia era, que em algum lugar distante do limite entre a vida e a morte, em meio a todos os tipos de flores que existem e as que nunca existiram, Saphir e Petz finalmente casaram-se e viveram eternamente.
Uma voz no tempo
Carinho na alma
E as lágrimas fogem de ti
E lágrimas fogem de mim
E um rio se forma de nós...
Fim.
Notas finais: Agradeço imensamente à MViana-chan que me desafiou! Foi emocionante escrever essa fanfic, de verdade! Quase chorei! Nem acredito que consegui escrever sobre um casal diferente. Viu só, MViana-chan? Não foi sobre o Diamante! Hi,hi,hi,hi! Sempre quis escrever alguma coisa sobre Petz e Saphir, foi uma chance que não pude desperdiçar!
Qualquer semelhança entre essa one-shot com um casal de A Casa das Sete Mulheres NÃO é mera coincidência! Inclusive a música escolhida era a tema deles... Bem, achei que o caso de Petz e Saphir poderia se desenvolver de uma forma parecida ao de Estevão e Rosário, mesmo Petz sabendo desde o início que Saphir estava morto e tal. Ficou um draminha legal né? Adoro essas histórias de amores além da vida!
Outro pequeno detalhe: no final, vocês devem ter notado que as falas de Saphiro não estavam mais escritas em itálico. Foi assim para mostrar que ele e Petz já estavam entrando no mesmo "plano".
Obrigada a todas as pessoas que dedicaram um tempinho para ler essa pequena história!
Até a próxima!
