Julgado pelo Amor

Domingo, 15 de novembro. - Casa da Família Okinawa.

Era uma típica noite de domingo na casa da família Okinawa, uma família tradicionalíssima do Japão. Trabalhavam desde os primórdios dos tempos modernos, com importação e exportação de produtos. Porém, nossa história girará sobre a ramificação principal daquela família.

- Senhor meu pai, já fechou os negócios da família?
- Não Seichiro, o nosso sócio virá dentro de instantes, por isso, Fuutie, Shiefia, Fanrei e Seichiro, sejam educados, ele é um homem muito ... digamos que exigente...
- Ele parece ser um fresco....
- Fuutie, controle-se, porque se algo sair errado, irei culpá-la única e exclusivamente.
- Certo, perdão pai.

A família de Takedo Okinawa, era composta por seus quatro filhos, Fuutie, Shiefia, Fanrei e Seichiro, ele e sua adorável esposa, Yoko Okinawa.
Cada um de seus filhos, tinham personalidades divergentes umas das outras.

O mais velho, e único filho homem, era Seichiro, um rapaz de muito bom coração, porém, fora criado apenas com o intuito para os negócios da família. Sua verdadeira paixão era a música, aprendera tocar teclado e guitarra, mas, só pudera praticar estes, como hobbie. Era muito responsável e sempre fora o mais exemplar aos olhos do pais.

Fanrei era a 2ª mais velha da casa, diferente de seu irmão, fora criada com total desprezo, pois o pai, gostaria de ter tido os dois filhos mais velhos, homens. Não realizado este pedido, o pai sempre a tratou como se ela não existisse. Superação era a qualidade mais evidente na moça, que mesmo sendo tratada de tal maneira, nunca desistia.

Shiefia era a filha do meio. Diferente de Fuutie, era dedicada e muito quieta, sempre conseguiu prêmios escolares, o verdadeiro orgulho por parte estudantil de seus pais. Ela era muito introvertida e mesmo que fosse criada com luxos, amava o ar livre e o campo, mesmo tendo poucas oportunidades de escape para esses lugares.

Fuutie era a filha caçula, mimada e extrovertida sempre conseguia tudo o que queria com chantagens emocionais. Sempre fora a preferida em termos de vontades e preferências, era uma garota que gostava de Pop e baladas... além de ser muito desbocada com as palavras. Tinha um ótimo humor, porém, nem todos a acompanhavam.

A mulher de Takeno, Yoko, estava dando os últimos retoques no jantar, o qual, um sócio muito importante e influente no mercado de negócios.
A campainha tocou e um barulho incessante e ríspido invadiu o local, chamando a atenção de todos, que, ao lado da porta, esperavam o tão esperado sócio.

- Ele chegou, lembre-se, educados! Onde está Fuutie?
- Boa Noite Sr. Lee... seja bem vindo a nossa casa.
- Obrigado Sr. Okinawa, com licença.
- Por favor Sr. Lee... sente-se, já serviremos o jantar.
- Obrigado Sra. Okinawa.
- Sirvam o jantar.

Ordenou em um tom calmo Yoko, que normalmente não gostara de alterar sua voz.

- Conte-me Sr. Okinawa, por que quer que eu entre como seu sócio, se já possui o maior prestígio nesse ramo?
- É muito simples Sr. Lee, soubemos que há uma multinacional americana arriscando nosso mercado consumidor, não queremos perder o comando.
- Entendo... pois bem, ficarei feliz em ajudá-lo e ...
- Carambaaaa! Alguém viu meu top preto!? Mãe! Você colocou ele pra lavar foi? Ops! Desculpe... Sr. Lee....

Fuutie fez uma reverência, ao olhar para o pai, o mesmo jogou um olhar fulminante e percebendo que ficaria de castigo por séculos e séculos, a moça preferiu retirar-se sem dizer muita coisa.

- Perdão pelo inconveniente Sr. Lee... Fuutie nunca soube se comportar bem, talvez seja um pouco de culpa minha...
- Não precisa pedir desculpas, é normal os jovens dessa idade agirem assim.

Syaoran dessa vez foi direto, sem muitas delongas. Já tivera um dia cansativo e ainda teria que ser simpático naquele jantar. O mesmo, era muito sério e odiava qualquer manifestação estrondosa ou de baixo nível. Segurou-se naquele momento para não dizer-lhes que aquela menina deveria ir ao internato.
Enquanto Sr. Okinawa, Sr. Lee e Seichiro acertavam os últimos detalhes do negócio, Fanrei subia com um prato de comida, em direção ao quarto de Fuutie.

- Fuutie? Posso entrar?
- Ta abertaaaa!
- Eu trouxe seu jantar...
- Obrigada, senta aí! Você viu que gato que é o sócio do papai?!
- Fuutie!!!!
- Ai, ta, calma! Foi só um comentário...

Mal a garota tocou na comida, o pai delas as chamara.

- Fuutie, Fanrei e Shiefia, venham à sala por favor.

As das que estavam no mesmo quarto, descem um pouco depois de Shiefia, que estava ajudando sua mãe.

- Vamos comemorar com champagne a assinatura do contrato!
- Sinto, mas tenho que ir em breve.
- Beba apenas um pouco com nós Sr. Lee!
- Está bem...
- Então, Sr. Lee, como é mesmo seu primeiro nome?
- Permita-me dizer que isso não lhe interessa, Srtª Fuutie.

A moça ficara calada por levar um "corte" do mesmo. Pensando consigo mesma:

" - Lindo, insensível, mas lindo.... "

Após brindarem, Syaoran sentiu um enjoo repentino, sua gastrite atacou-o mais uma vez.

- Se me derem licença...

Ele saiu, andando apresadamente para o toalete da família, e ficou por lá até seu mal estar passar, em torno de uns 5 minutos. Ao tentar sair, conferiu que a porta estava trancada pelo lado de fora.
Ocorreu-lhe um certo desespero ao constatar que havia gritos do outro lado da porta. Até que em pouco tempo, tudo ficou calmo, os gritos sessaram e ele conseguiu sair.
A cena com que se deparou, não fora nada agradável: Os corpos de todos os membros da família Okinawa, estavam estirados, sem vida no chão. Havia muito sangue e pudia-se ouvir as escandalosas sirenes das viaturas policiais e do resgate.
Ali, estático, e num ato de desespero, abaixou até um dos corpos e tentou reanimá-lo. Ficou com um pouco de sangue nas mãos e na camisa e logo, seu olhar ficou ainda mais surpreso, quando a polícia seguida do resgate adentrou na casa e enquanto socorriam os corpos, na esperança de que um deles sobrevivesse as inúmeras pancadas recebidas, Syaoran fora acusado por crime hediondo e homicídio culposo.

- Solte o corpo agora e ponha as mãos na cabeça!
- Mas eu não...
- Tem o direito de permanecer calado. Tudo o que falar será usado contra você no tribunal.

Ele ficou em silêncio e apenas foi acompanhado por olhares e murmúrios dos vizinhos, que estavam indignados com a cena.
Ao chegar na cadeia, foi levado para dar seu depoimento ao delegado.

- Sr. Lee... fora uma surpresa encontrar-lhe aqui. Pelo que veio? Desvio de dinheiro?

O delegado, um homem gordo e rechonchudo, pegou a ficha policial e seus olhos arregalaram-se ao ler o porquê Lee estava no local.

- Assassinato de Takeno Okinawa, Yoko Okinawa, Fanrei Okinawa, Sheichiro Okinawa, Shiefia Okinawa e por deixar em estado vegetativo Fuutie Okinawa.
- Não fui eu! Eu estava no banheiro e..
- Silêncio... não sei como podê fazer tal ação, não esperava isso do Sr.

- Você poderá escolher um advogado nessa lista.
- Quero um da família Kinomoto.
- Há disponibilidade do Sr. Fugitaka e da Srtª Sakura, filha do mesmo, nova nesse ramo..
- Puft's... uma mulher sendo advogada? Nunca ouvi falar dela e... não brinque comigo, o Sr. Fugitaka será o meu advogado.
- Não deveria ser tão precipitado ao julgar a Srtª Kinomoto, só por ser uma novata e uma mulher...
- Já está decidido.
- Certo, levem-no para a cela.

Syaoran fora levado para a cela, que muito diferente das celas do Brasil, era vazia, no máximo 2 presos por local. Ele se trocou e ficou pensando na morte daquela família.

~(s2)~

- Sr. Fugitaka?
- Pois não?
- Oh, é um prazer falar com o Senhor! Disponibilizamos um caso, do Sr Lee, e ele exigiu que fosse o Sr que tratasse...
- Infelizmente, acabo de pegar outro caso de extrema urgência. Não poderia ser minha filha?

- Claro...

O delegado dera um sorriso malicioso.

- Seria muito interessante...
- Então, ela já está a caminho.
- Obrigado.

Ao desligar, um subordinado dirigiu-lhe a palavra:

- Sr., se me permite fazer uma pergunta...
- Sim, diga.
- O Sr. Lee havia dito que não gostaria que seu caso fosse tratado por uma mulher...não é?
- Sim, mas eu achei interessante saber qual é a reação dele... e também, a Srtª Kinomoto não é nada mal...

Não demorou muito, Sakura estava na delegacia. Era uma moca muito bonita, os cabelos eram curtos e sua personalidade era doce e forte ao mesmo tempo. Odiava ter prestígio por causa do pai. Sempre teve orgulho próprio e por isso, mora sozinha em um pequeno apartamento, acompanhada apenas de fotos dos familiares. Atraía olhares por onde quer que passasse, já tivera alguns namorados, porém nada de muito especial.

- Boa Noite...
- Srtª Kinomoto!

O delegado e seus subordinados faltavam babar.

- Onde está meu cliente?
- Na cela, eu a levarei até o mesmo.

Ela parecia nervosa com a situação, pois seria seu primeiro caso "sério".

- Sr. Lee, a sua advogada...
- Advogada? Mas eu exigi um advogado, o Sr. Fugitaka...
- Ele é meu pai.

Syaoran encarou a moça de belas feições certamente japonesas, de belas curvas que era realçadas com o blazer rosa-claro e a calça pastel reta. Ele ficou meio bobo com a cena, mas recompondo-se, disse em tom frio:

- Não importa. Não aceitarei ser defendido por uma mulher.
- Pode nos deixar a sós delegado?
- Claro...

Ela fitou orgulhosamente ferida o homem. E disse rispidamente:

- Tem medo do que?
- Hãm?!
- Tem medo de que eu perca o caso?
- Oras! Não tenho medo de nada!
- Não é o que parece Sr. Lee... você tem medo de apodrecer na prisão porque tem culpa...
- Não me atormente com isso!

Ela se debruçou na mesa, ficando a poucos milímetros de distância do rosto de Syaoran, sentindo sua respiração, mas mantendo-se firme e dizendo:

- Tem medo de se apaixonar, Sr. Lee?

Syaoran encarou os olhos verdes, que brilhavam e transpareciam segurança. Falou meio gaguejando pela proximidade:

- Nã-ãoo...
- Não é o que parece... Tem medo de se apaixonar pela sua própria advogada?

Ela se divertia com a expressão do rapaz, queria mostrar que era capaz, que poderia ser melhor que qualquer homem. Ele por outro lado, começou a admirar em silêncio a atitude da moça.

- Você não conhece o seu próprio cliente?
- Hum? Como assim?
- Não me apaixono fácil... para isso ocorrer, a mulher tem que ter coragem, corpo e determinação.
- Coragem? Determinação? Corpo?

Sakura riu descontroladamente.

- Do que ri, Srtª. Kinomoto?
- Se te desafiar não é coragem, o que é então? Se estudar durante 5 anos e ainda ter de vencer o machismo de meus clientes não é determinação, o que é? Corpo? O de menos... Não é mesmo rapazes?

Todos os prisioneiros olharam-a e começaram a fazer um grande estardalhaço.

- SIMMMM!
- Olha, vejo que todos concordam comigo, Sr. Lee.

Ele se surpreendeu. Minha nossa! Quem era ela? Já havia trabalhado com o seu pai, porém, nem mesmo ele, tinha um poder de convencimento e manipulação tão grande. Meio sem jeito, resolveu ceder à moça:

- Está bem... vejo que é a "melhorzinha" por enquanto...
- Se preferir, começo a tratar de seu caso e assim que meu pai estiver menos ocupado, passo para as mãos dele.
- Ótimo.

Ela sorriu ao ver que havia convencido-o.

- Vamos começar então... preciso que me conte o que aconteceu co...

Syaoran demorou a reagir, mas antes que ela pudesse terminar a frase, foi ele que se aproximou do rosto dela e disse de forma envolvente:

- E você, Srtª Kinomoto... tem medo de se apaixonar pelo seu cliente?

Ela ficou meio estática com a proximidade, porém, antes que ela respondesse, ele...

Continua...