Todos os personagens pertencem a Masashi Kishimoto. A história é de autoria de Margaret Moore e de seu livro O Castelo do Lobo. Essa fanfic é uma adaptação feita por JehSanti para o grupo Adattare.
Espero que gostem!
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Capítulo Um
Konohagakure, 1214
A luz tremeluzente dos tocheiros e das velas de cera de abelha no salão nobre do castelo Yamanaka sombreavam as tapeçarias com estampas de caçadas e guerras, penduradas à parede. A lareira estava acesa, aquecendo o salão do frio da tarde de setembro. Dos dois lados da lareira, cavaleiros e damas sentavam-se às mesas perto do palanque, onde lorde Yamanaka, sua filha e os convidados mais importantes compartilhavam a refeição da noite.
Cachorros circulavam pelas mesas, procurando pedaços de comida que caíam no piso de pedra. Um menestrel franzino, vestido de azul, entoava uma canção com a voz trêmula, que versava sobre um cavaleiro que enfrentava uma batalha para salvar seu amor perdido. Sir Sasuke de Otogakure, não estava interessado na refeição, nem na canção ou nos outros convidados. Que os nobres passassem o resto da noite se divertindo com bebidas, danças e músicas, enquanto ele descansaria para o torneio do dia seguinte. Assim, levantou-se, ajeitou a sobreveste preta e seguiu para a porta de onde espiou aqueles que competiriam com ele no torneio, uma disputa que mais parecia
uma batalha de verdade do que uma competição entre cavaleiros. Alguns deles, como o rapaz animado vestido de veludo verde brilhante, ou o velho cavaleiro que cochilava de tanto vinho, seriam fáceis de vencer, um por ser jovem demais e sem experiência, outro velho demais para se mover com agilidade. Havia outros que tinham vindo mais para se divertir nas competições do que para ganhar o prêmio.
O prêmio estava dentro de uma caixa de ouro, cravejada de pedras, uma das razões pelas quais Sasuke estava ali, além do pagamento em armas e cavalos daqueles que derrotaria na disputa. Ele era um veterano de muitas batalhas, acostumado a participar de torneios, quando testava suas habilidades.
Conforme ele seguia pelo corredor, outros cavaleiros comentavam a seu respeito:
– Esse não é A Cobra de Oto? – perguntou um normando bêbado.
– Por Deus, é ele mesmo! – murmurou outro.
– Por que ele não corta o cabelo? – perguntou uma mulher. – Ele parece um selvagem.
– Minha querida, ele é um Uchiha – respondeu outro nobre com desdém. – Todos eles são selvagens.
Houve uma época em que Sasuke se incomodava com aqueles comentários e insultos. Mas agora o que importava era vencer nos campos. Se acreditassem que ele lutaria com a determinação de um selvagem por causa do cabelo, tanto melhor.
O céu não tinha nenhuma nuvem quando Sasuke saiu para respirar ar puro. A lua cheia iluminava os campos como se fosse dia, embora o vento anunciasse chuva. Mas não seria uma tempestade, nada que justificasse adiar o torneio.
Um facho de luz, saindo de uma porta semiaberta de uma construção baixa adjacente ao salão nobre, iluminou os pedregulhos do pátio. Era a porta da cozinha, de onde vinha o som de panelas se chocando e conversas dos criados.
Dali saiu uma mulher de vestido escuro com uma sobreveste mais clara por cima, carregando uma cesta grande e fechando a porta com os quadris. Sasuke reconheceu lady Sakura, a sobrinha do anfitrião, vestida como uma freira com uma longa trança descendo-lhe pelas costas. Quando a conheceu, Sasuke tinha ficado impressionado pela inteligência dela que reluzia em seus olhos verdes. A responsabilidade de gerenciar a casa devia ser da linda filha do lorde Yamanaka, Ino, quando na verdade a tarefa ficava por conta de Sakura.
Sasuke a observou cruzar o pátio até um portão menor que antecedia o portão duplo. Nem mesmo o vestido simples escondia a altivez e elegância natural dela. Os guardas abriram o portão para ela passar. O burburinho de vozes dos pobres famintos, ansiosos pelos restos da festança, remeteu Sasuke à infância.
– Obrigada, milady!
– Deus a abençoe, milady!
– Há comida suficiente para todos – disse ela. – Venha, Kiba, leve um pouco para sua mãe.
Naquela noite ninguém se machucaria numa possível briga pelos restos da festa e ninguém ficaria com fome.
Houve uma época que Sasuke também passara fome e desesperado por um pedaço de pão ou carne fizera parte dos pedintes. Naquela época, a comida era jogada no pátio como se aqueles pobres famintos não merecessem nem o olhar de uma pessoa. A tarefa era sempre executada por um homem, nunca por uma mulher.
Encostado à parede, Sasuke fechou os olhos, tentando afastar a lembrança daqueles dias de fome, solidão e desespero. Já fazia longos anos. Agora ele era um cavaleiro, dono de propriedades. Não era rico, mas com o tempo e esforço…
– Sir Sasuke?
Ao abrir os olhos ele se deparou com Sakura parada a sua frente, segurando a cesta vazia e fitando-o com preocupação.
– Está se sentindo bem, senhor?
– Nunca fico doente. Vim apenas respirar um pouco de ar puro – disse ele, endireitando a postura.
– O salão está muito cheio e esfumaçado, não é? – indagou ela, franzindo a testa e os lábios ligeiramente curvados em um sorriso.
– Nada muito anormal.
– Mesmo assim, providenciarei para que mais janelas sejam abertas.
Sakura se virou como se ela mesma fosse resolver o assunto.
– Eu não me preocuparia com isso. Deve chover logo.
– Chover? Mas o céu está claro – disse ela, olhando para cima.
– Sinto o cheiro de chuva vindo com a brisa, mas não será uma tempestade – assegurou ele. – Apenas uma chuva passageira durante a noite, não suficiente para atrasar o torneio.
– Espero que não.
– Tenho certeza – disse ele, esboçando um sorriso. – Cresci em um lugar onde chove muito, lady Sakura.
– Pode me chamar só de Sakura, é mais fácil do que dizer lady toda hora.
– Sakura – ele repetiu baixinho.
– Soube que o chamam de A Cobra de Oto – comentou ela, segurando o cesto na frente do corpo. – Será por causa da sua ferocidade?
– Já não sou mais tão feroz quanto na minha juventude.
– Milorde não me parece velho.
– Mais velho do que alguns aqui presentes.
– Bem, isso lhe dá o benefício da experiência e reputação.
– Experiência sim, e a reputação tem sua serventia, apesar de não lutar pela fama. Não sou tão rico quanto seu tio.
Assim que mencionou sua pobreza, Sasuke se arrependeu. Ela não precisava daquela informação e nem mudaria a opinião a respeito dele.
– Milorde luta por dinheiro – Sakura disse sem desmerecê-lo por isso.
Para alívio dele, ela parecia ser prática e objetiva.
– Luto para aumentar o que já possuo.
Ela meneou a cabeça, pensativa.
– Devemos fazer o melhor para vencer as batalhas que a vida nos apresenta. Gostaria de vencer minhas disputas com uma espada ou um bastão.
– Não duvido que milady seja um adversário forte. Os mais inteligentes sempre são os mais difíceis de serem derrotados.
– Isso é lisonjeiro, milorde – disse ela, diferente do que responderia uma jovem recatada.
Havia suspeita na voz dela, como se duvidasse da sinceridade daquelas palavras ou talvez não estivesse acostumada a ser elogiada.
Concluindo que ela não estava acostumada com galanteios, ele abriu o braço, mostrando toda a propriedade.
– Não tenho dúvidas de que é preciso ser inteligente para gerenciar um castelo do porte deste. Seu trabalho é visível, milady. Nunca estive num castelo que oferecesse acomodações tão confortáveis e comida tão boa.
– Meu tio é conhecido pela excelência de suas festas.
– Por sua causa, tenho certeza. – Sasuke viu um sorriso tímido naquele rosto delicado e se aventurou a continuar: – Milady é graciosa e linda, uma rara combinação. Acho que na verdade milady é uma mulher rara.
Sakura deu um passo atrás e a desconfiança voltou.
– Está tentando me seduzir com elogios vazios, sir?
– Estou dizendo a verdade.
– Imagino que agora vá dizer que Ino não pode ser comparada a mim.
– Ela é encantadora, mas acho que falta alguma coisa. Ela parece uma sombra perto de milady. Não creio que ela se preocupe com nada além de vestidos e com quem irá dançar na festa.
– Ino não é tão tola assim – retrucou ela, furiosa. – Se continuar a criticá-la será meu inimigo.
Ficou claro que Tamsin amava a prima, por isso ele se apressou em consertar o erro.
– Admito que não a conheço muito bem e não tenho dúvidas que ela seja uma dama adorável, mas não tem o brilho da paixão e vitalidade dos seus olhos, milady. Não pode negar que é sua a responsabilidade de gerenciar o castelo Yamanaka.
O elogio não surtiu o efeito que ele desejava, ao contrário, Sakura ficou mais ressabiada.
– Obrigada pelos elogios, cavaleiro – disse ela, virando-se na direção da cozinha mais uma vez. – Se me der licença, preciso terminar meu dever. Desejo-lhe uma boa noite.
– Durma bem, milady – murmurou ele numa voz grossa, mas ela já tinha ido embora.
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Sakura não podia sair correndo depois dos elogios inesperados da Cobra de Oto. Mal podia acreditar que ele havia dirigido palavras lisonjeiras para a simples, ocupada e responsável Haruno!
Sasuke era o homem mais intrigante que tinha conhecido. Ele não era apenas bonito, mas era o tipo que as mulheres admiravam apesar de sua aparência sisuda. As sobrancelhas escuras eram uma moldura perfeita para olhos atentos e as linhas fortes do rosto eram tão precisas quanto o fio de uma espada. O Uchiha se vestia todo de preto, sem nenhuma joia ou outro adorno. Não era preciso nenhum adereço para chamar a atenção ao poderoso corpo de guerreiro. Sem dúvida aqueles olhos atentos enxergavam coisas que muitos outros não viam, como por exemplo, como ela trabalhava com grande empenho, algo que nenhum outro convidado se incomodara em dizer. Mas independente do que ele havia dito, Sakura sabia que não era bonita e não poderia deixar que ele soubesse como tinha ficado abalada com o que ouvira.
Ao entrar na cozinha para devolver a cesta vazia, Issei, o cozinheiro corpulento de avental estava com o rosto vermelho depois de ter preparado a festança e parecia que não demoraria a ter um ataque de apoplexia. As criadas estavam tão exaustas que seus ombros pendiam para frente de tanto esfregar panelas, pratos e talheres. Miku, uma senhora de meia-idade, que trabalhava no castelo Yamanaka desde sua juventude, varria a longa mesa no meio da cozinha, polvilhada de farinha. Kyohei, o engarrafador de vinho, ralhava com as duas criadas mais jovens, Tomoe e Ryoko, para se apressarem a servir mais vinho aos convidados.
Sakura seguiu as criadas até o salão barulhento. Parada à porta, perscrutou o ambiente e a mesa principal, onde seu tio estava sentado confortavelmente degustando o vinho de um cálice.
Ino estava com um vestido escarlate bordado com flores azuis e amarelas, bem apropriado para a filha de um lorde abonado, sentada ao lado do pai, reparando em todos no salão. Mais tarde, quando estivessem sozinhas, ela teria muito que contar.
Ino tinha seu jeito próprio de ser inteligente, algo que assim como Sasuke, a maioria dos homens não percebia.
À mesa havia outros nobres importantes do sul do País de Fogo que pareciam saciados depois da farta refeição. Lorde Senju, um senhor de mais idade, já cochilava na cadeira.
No salão, vários jovens cavaleiros circulavam, conversando com amigos e sendo apresentados a outros convidados. Algumas mães de moças na idade de se casar estudavam os bons partidos abonados como aves predadoras por trás dos leques. O favorito de Ino no momento era sir Sumiyoshi, um rapaz bonito e de boa família, com uma roupa cara verde esmeralda e azul. Sakura o achava mais parecido com um pavão do que com um guerreiro, sem contar que era muito entediante. O interesse de Ino provavelmente não duraria muito tempo. Havia também sir Nobara de Tanzaku, mais moço que Sumiyoshi, mas não tão bonito, mas Sakura tinha certeza que um dia ele seria um grande cavaleiro. Ele parecia ser desconfiado e observador e não era de comer ou beber muito, assim como Sasuke. Apesar de ser diferente dos outros Hi No Kunis, Nobara também usava o cabelo cortado como cuia, que enfatizava o rosto redondo. Apesar de não ter barba. Sasuke usava o cabelo escuro e liso solto até os ombros, fazendo inveja a muitas mulheres. Sakura se repreendeu por estar pensando em alguém que já tinha deixado a festa, apesar de ainda estar lisonjeada com os elogios.
Ao ver Yushin, um dos criados mais fortes, ela pediu que a limpeza das mesas começasse a ser feita e afastá-las, abrindo espaço para o baile. Nunca tinha dançado, mas Ino adorava.
Dirigiu-se para falar com Rena, uma criada não tão esbelta, mas muito dadivosa, que circulava pela mesa onde estavam os jovens escudeiros.
Até aquela noite, Sakura não entendia como uma mulher podia se entregar a um homem com quem não estivesse casada. Havia muito a perder, até mesmo para uma moça pobre.
Depois de ter ouvido a voz rouca de Sasuke e fitar aqueles olhos escuros, ela começava a entender como uma mulher poderia sucumbir ao desejo sem pensar nas consequências. Os elogios pareceram sinceros, era como se ele estivesse falando do coração.
Mesmo assim, qualquer prazer vindo da luxúria era muito arriscado, especialmente para uma moça bem nascida. Gerar um filho fora do casamento era o mesmo que provar ao mundo a incapacidade de resistir aos impulsos básicos. A mulher ficaria marcada pela vergonha para sempre.
Qualquer dia, Rena procuraria Sakura aos prantos, dizendo que estava grávida e não sabia o que fazer. Sakura a favoreceria com algum tipo de dote e com sorte encontraria um marido, isso é, se algum criado estivesse disposto a se casar.
Bem, deixaria para cuidar disso quando fosse necessário. Enquanto isso…
– Rena!
A criada de tranças ruivas e um nariz arrebitado entendeu que era hora de parar com os flertes.
– Sim, milady?
– Abra as cortinas perto da entrada. Está muito abafado no salão.
– Pois não, milady – Rena respondeu fazendo uma vêemencia, ignorando o desapontamento dos jovens escudeiros.
Sakura não acreditava que Sasuke fosse como aqueles rapazes, exultantes por causa do torneio ou fazendo pose como homens mais velhos, querendo persuadir alguma moça para compartilhar sua cama.
Bem, Sasuke não precisava parecer másculo, pois o poder emanava de seu corpo forte e tampouco precisaria se esforçar muito para conquistar uma mulher, já que havia centenas na fila pelo privilégio de se deitar com ele.
– Cuidado, milady – avisou Yushin, quando ela quase tropeçou ao afastar uma das mesas de apoio.
– Obrigada – murmurou, pensando que não teria apenas cuidado para mover as mesas, mas também evitar Sasuke de Otogakure enquanto durasse a visita.
Seria melhor e mais seguro.
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No final da manhã seguinte, choveu um pouco, como Sasuke havia previsto e o torneio começou. Sakura foi até a cozinha supervisionar os preparativos para a festa de encerramento da competição. Assim que se aproximou da porta, ouviu Issei gritar:
– Levante-se, seu vagabundo preguiçoso.
Ela correu até a porta e viu Abe, o pequeno ajudante, com o braço sobre a cabeça, depois de apanhar de Issei.
– Issei! Você sabe que não tolero brigas entre criados.
– Ele estava dormindo e não trabalhando como deveria – Issei se defendeu.
– Você conhece minhas regras – disse ela. – Se não quiser obedecer pode deixar o castelo.
– Mas seu tio…
– Todo mundo sabe que ele não quer se envolver em nenhuma briga. Eu sou a responsável pelos criados e tenho a responsabilidade de manter a paz. Se não quiser obedecer minhas regras, há muitos cozinheiros que ficariam felizes em tomar seu lugar. Se bater em Abe ou em qualquer outro…
Ino entrou na cozinha como um furacão.
– Eles estão voltando! O torneio já terminou! – Ela parou quando viu a expressão grave de Sakura. – Ah, desculpem, interrompi alguma coisa?
– Tem certeza? – perguntou Sakura, virando de costas para o cozinheiro.
– Kazuya disse que um dos guardas os viu com as armaduras brilhando com os raios de sol. Vamos até as ameias e tentar adivinhar quem ganhou – sugeriu Ino.
Sakura estava curiosa, mas precisaria preparar água quente e toalhas para que os competidores se lavassem antes da festa. E as mulheres também.
– Não posso – disse Sakura, dirigindo-se a algumas criadas em seguida: – Rena, Tomoe e Ryoko, levem água quente para os quartos dos convidados.
As criadas suspiraram em uníssono, pois não era fácil carregar baldes de água quente.
– Ah, por favor, venha comigo, Sakura! – Ino implorou. – Ainda dá tempo e você não precisa chegar perto da ameia. Eles nem chegaram ao portão externo ainda.
– Então, Kazuya pode ter se enganado. Tomoe, Rena, Ryoko não levem a água antes de termos certeza, se não vai estar fria na hora em que eles chegarem.
– É verdade. Vamos conferir nós mesmas – disse Ino.
– Tudo bem, mas posso ficar pouco tempo – Sakura concordou. Afinal precisava mesmo saber se o torneio tinha terminado.
Ficaria perto da torre onde não precisaria olhar para baixo. O medo de altura tinha começado desde criança, antes de os pais morrerem de febre, e por alguma razão se chegasse à beirada de algum lugar alto tinha a nítida sensação de que cairia.
As duas correram pelo corredor que unia a cozinha ao salão nobre. O vestido de Ino era verde com uma sobreveste leve, os cabelos brilhavam como fios de ouro. Sakura estava com um vestido mais simples de lã marrom com as mangas arregaçadas, expondo os braços e mãos. Seus cabelos castanhos estavam presos numa trança como sempre.
Desviando dos cães, elas atravessaram o salão, cheio de criados estendendo toalhas limpas sobre as mesas e espalhando alecrim fresco pelo chão. Yushin se ocupava de colocar velas novas nos candeeiros. Apesar da pressa, Sakura avaliou o trabalho dos criados enquanto passava.
– Tenho certeza de que sir Sumiyoshi ganhou o dia – disse Ino ao subir os degraus até a passarela que ladeava a muralha. – Ele foi o escudeiro de sir Gaara de Suna.
– Ele é muito bonito.
– Não é por isso que acho que ele tenha ganhado – disse Ino, movimentando a cabeça. – Ele treinou muito.
Ele pode ter treinado, mas não é sir Sasuke, pensou Sakura, ralhando consigo mesma em seguida por estar pensando num cavaleiro Uchiha. Quando chegaram ao alto da torre, Ino foi direto se debruçar na ameia, enquanto Sakura ficou encostada à parede. Ino apontou para um grupo de homens que entrava no pátio.
Alguns estavam montados, outros vinham a pé e mais atrás estavam os escudeiros, carregando os escudos e espadas.
– Lá estão eles. Não consigo dizer quem ganhou. O que você acha?
Sakura não viu nenhum cavaleiro liderando o grupo com pose triunfante de um vitorioso. Sumiyoshi estava com os ombros curvados, provavelmente não tinha vencido. Ao perscrutar o restante do grupo, ela viu Sasuke. Ele era um dos últimos, puxando o cavalo negro e com o braço enlaçado na cintura de outro cavaleiro. Não devia se sentir desapontada… Mas não pôde evitar.
– Lá está a Cobra de Oto – disse Ino como se tivesse lido os pensamentos de Sakura. – Ele está ajudando sir Nobara de Tanzaku a andar.
– Sir Nobara não deve estar muito ferido, caso contrário estaria numa maca ou teria ficado na tenda.
Sakura tinha providenciado uma tenda, um barbeiro-cirurgião e criados no lugar do torneio para cuidar daqueles que se machucassem.
– Sir Sasuke não parece tão imponente agora, não é?
– Não mesmo.
– Agora que perdeu, quem sabe ele corte o cabelo. Ele certamente não é nenhum Sansão.
– Eu não me arriscaria em sugerir.
– Se eu puder não me aventuro nem a falar com ele – Ino suspirou e meneou a cabeça. – Nunca vi ninguém com aspecto tão ameaçador. Acho que ele não falou mais do que três palavras desde que chegou.
Ao contrário do que Ino achava, Sasuke tinha dito bem mais do que três palavras, mas Sakura não corrigiu a prima, pois não tinha intenção de contar a ninguém sobre o furtivo encontro no pátio, o que ele tinha dito, a maneira como a tinha olhado e principalmente o que havia sentido.
Não compartilharia com ninguém aquele sonho.
– Além disso, ele é tão pobre que não tem nenhuma influência na corte. Ele possui uma pequena propriedade que ganhou de sir Ryoshu.
– Quem é sir Ryoshu? Não me lembro desse nome.
– Trata-se de um lorde de pouca importância que era amigo do meu pai. Ele não vem aqui há anos. Meu pai disse que ele deve estar senil. A propriedade não é grande e o castelo deve estar em ruínas com poucos soldados e criados. O lugar se chama Otogakure, significa Vila do Som.
– Lady Sakura!
As duas se viraram para trás quando Kazuya apareceu correndo das escadas. Tratava-se de um rapaz pequeno para a idade, que costumava levar recados para os habitantes do castelo. Estava sempre com a franja nos olhos e as sardas no nariz conferiam-lhe uma aparência de mais novo, mas muito vivaz.
– Lorde Yamanaka está lhe chamando, milady – disse ele a Sakura. – Ele disse que tem de ser agora.
CONTINUA
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Se tiver bastante comentários, posto outro capítulo sexta-feira ou sábado. Essa história é simplesmente viciante, garanto que vai valer a pena!
Beijos!
#JehSanti
