Avisos Iniciais:
- Fanfic em UA (Universo Alternativo). Contém palavrões (nada realmente grave) e uso de bebida alcoólica.
- Perdão pelos personagens OOC. Karin tem um motivo para estar assim e o Suigetsu, que também deve ter ficado OOC... Eu não sei bem, talvez a situação tenha pedido esse comportamento o_o
- Naruto e todos os outros personagens (felizmente) não me pertencem... Ah, se pertencesse... /evil
- Espero que gostem ;D
Ruiva e Bêbada
"Como se não bastasse o fato de ser uma ruiva de cabeça quente, embriagava-se. E ainda dizia que era tudo culpa do vinho."
I. Noite do Vinho I
.
Estava parado na frente do prédio onde Karin morava há pouco tempo. Retirou o celular do bolso e verificou a mensagem novamente. Não havia qualquer nexo nas palavras escritas. Ele suspirou se perguntando o que aquela maluca estaria aprontando agora.
Subiu pelas escadas do prédio sem qualquer humor para as brincadeiras sem-graça daquela maluca.
Bateu na porta três vezes e esperou que alguém atendesse a porta. Ouviu a risada estridente vinda do outro lado e ouviu os passos de alguém que se aproximava. Quando a porta foi aberta, deu de cara com uma ruiva sorridente e que continuou sorrindo quando percebeu que ele estava ali.
Alguma coisa estava definitivamente errada.
Karin normalmente demonstrava mau humor, desagrado ou pelo menos um comentário azedo para quando ele aparecia sem que ela estivesse esperando.
- Suigetsu! Entre, entre... - Ela pediu, abrindo espaço para que ele passasse. A fala dela estava enrolada, como se a língua desconhecesse a própria "moradia".
Suigetsu percebeu que a casa estava terrivelmente bagunçada - mais até do que poderia ser considerado normal. E qualquer um com algum senso de humor perguntaria se passou um furacão por ali (e isso ele sabia por que tinha um senso de humor, mas achava que não deveria utilizá-lo até fazer as perguntas certas, antes que as esquecesse).
- Está tudo bem? - Perguntou, encarando o rosto sorridente.
- Claro! Por que não estaria? - Franziu o cenho antes de voltar a sorrir.
- Por que você está bêbada feito um gambá?
- Não seja um chato, eu estou só me divertindo... Aliás, você devia beber também. Aparentemente você está precisando melhorar esse humor, nem parece o Suigetsu cheio de piadinhas sem graça que eu conheço! - Karin falou sentando-se no sofá e tomando um gole da taça que estava na mesa de centro da sala.
- Eu não quero beber, não hoje... - Suigetsu respondeu sentando-se de frente para ela. - O que você está bebendo mesmo? - Ele arqueou uma sobrancelha, enquanto mentalmente fazia outra pergunta: "quanto ela bebeu?".
- Vinho! - Sorriu animada enquanto levantava a garrafa, como se mostrasse um prêmio que acabara de ganhar.
- Sabe que amanhã vai ser como se tivessem colocado um bloco de concreto no lugar da sua cabeça, certo?
- Qual é? Eu nem bebi tanto assim. E vinho faz bem ao coração! - Ela cruzou os braços e fingiu uma indignação que não sentia. Na verdade, Karin estava se sentindo leve e feliz.
O rapaz suspirou enquanto pensava no que faria: deixá-la ali, afundando cada vez mais no álcool? Ou simplesmente passar mais algum tempo com aquela Karin bem humorada (e bêbada)?
A única coisa a qual Suigetsu conseguia se lembrar era de um pequeno ditado de bêbado que dizia: a bebida entra e a verdade sai. Seria verdade?
Não custaria tanto assim tentar arrancar algumas verdades daquela maluca, certo? Ele não tinha culpa se ela era uma perdedora que se embriagava com vinho de forma tão leviana e ainda o fazia ficar preocupado. Tch, ele, por mais que não quisesse admitir, estava preocupado com o que ela estivesse aprontando e temeu ser algo que ele não pudesse reverter.
Mas ela só estava se divertindo a base de álcool e parecia feliz demais até.
- Há quanto tempo você está bebendo? - Ele perguntou tentando parecer despreocupado enquanto procurava deduzir quanto ela bebera. Ele sabia que era muito mais fácil fazer aquela pergunta diretamente, mas temia que ela lhe enrolasse, mesmo estando tão bêbada para conseguir elaborar uma resposta convincente e não tão reveladora.
- Um tempo aí... - Deu de ombros. Exatamente aquele tipo de resposta que ele não queria. Era melhor parar de se preocupar com aquilo, pensou.
- Onde você guarda suas taças? - Ele perguntou levantando-se.
- Uou! Alguém decidiu beber! Na parte de cima do armário da cozinha... O que fica perto da janelinha. - Ele teve problemas em compreender o que ela dizia, por conta da bebida. Parecia que ela estava com preguiça de falar somado ao fato de ter uma língua que não estava em seu "perfeito estado".
- Beber acompanhado é melhor, não acha? - Ele perguntou da cozinha, enquanto abria o armário, tirava uma taça e a lavava.
- Não sei. Talvez. - Deu de ombros novamente. - Depende da companhia. - Disse depois de dar um longo gole no líquido que estava em sua taça.
- Eu não sou bom o suficiente pra você? - Ele vinha da cozinha com uma expressão séria no rosto. Por um momento, depois de pronunciar a pergunta, ele pensou que talvez a frase tivesse um duplo sentido que Karin logo perceberia.
- Ah, não esquenta. Você serve. Por enquanto. - A situação talvez estivesse pior do que ele imaginava.
Suigetsu colocou um pouco de vinho em sua taça e não fez mais que somente molhar levemente os lábios com a bebida. Observava Karin e se amaldiçoava por estar se metendo onde estava.
- Você não acha que já bebeu demais? - Ele arriscou.
- Ainda não... Tenho uma outra garrafa de um bom vinho me esperando quando eu terminar essa~- Falou quase cantarolando, apesar da dificuldade inicial em falar qualquer coisa que seja.
- Você não tem jeito... - Suspirou.
Karin nunca foi realmente tolerante para a bebida, mas insistia em dizer que era uma expert no assunto e acabava exagerando ao tentar forçar o próprio limite.
Suigetsu a viu beber em oportunidades especialmente raras. A última, na festa de formatura do colegial, quando alguns dos garotos que estavam com eles contrabandearam bebida alcoólica para a festa, alegando ser perfeitamente normal eles fazerem isso, não foi o que ele chamaria de sucesso.
A ruiva não precisou de muito para ser uma das mais animadas na festa, apesar de ter chegado contrariada por conta da padronização das cores dos vestidos que as garotas deveriam usar. Logo ela estava passando cantadas em alguns homens que passavam por perto, ou cantarolava uma música terrivelmente brega. Ela ainda tentou subir em uma das mesas para tentar "tornar as coisas mais divertidas", mas a fizeram descer de lá, temendo que algum acidente mais grave acontecesse.
Os garotos que levaram a bebida foram descobertos e acabaram levando uma advertência da direção, mas eles estavam saindo do colégio, não era como se eles estivessem preocupados com aquilo.
Karin só ficara realmente arrependida de beber por conta do vexame que dera na frente do Sasuke e, segundo ela, ele nunca mais a olharia nos olhos (na verdade, Karin passou a evitar por um tempo os locais que ela sabia que ele frequentava, para não ter de encará-lo, mas não demorou muito para que a situação voltasse ao normal).
Depois disso, ele não soube se ela voltara a exagerar na bebida, aquela seria a primeira vez em todo esse tempo que passou desde então.
- Karin, lembra-se da última vez em que bebeu? - Ele perguntou para satisfazer a curiosidade que nascera repentinamente sobre os hábitos de bebida dela.
- Já faz algum tempo... Acho que foi na festa de formatura. Por quê? - A ruiva perguntou, séria. Suigetsu pensou que ela tivesse voltado ao seu "normal".
- Por nada. Eu só... Queria saber. - Comentou displicentemente.
Não tardou para que uma sonora gargalhada soasse por todo o ambiente. O rapaz olhou para Karin, esperando pacientemente para saber o que desencadeara tal ataque de riso.
- Eu me lembro de ter dançado em cima da mesa apesar de todo mundo estar dizendo para eu descer. - Conteve o riso ao lembrar a noite. - Mas não é como se eu me lembrasse de muita coisa...
- Que bom pra você... Isso te livra de memórias desagradáveis, você sabe.
- Isso é realmente bom... Quer dizer, exceto pelo fato de que eu não sei se tenho que me arrepender e do quê eu teria que me arrepender. Mas o que os olhos não veem, o coração não sente. - Ela comentou animada.
- Se eu fosse você eu não ficaria animada. Bêbado é um ser completamente imprevisível e sem qualquer noção do ridículo. - Falou levando a taça aos lábios mais uma vez, tomando um pequeno gole.
- Ah, não fale assim. Ser bêbado é ser feliz! - Suigetsu ainda se surpreendia com as besteiras que bêbados falavam. Como é possível ser feliz sendo bêbado com todos os contras de ingerir bebida alcoólica?
- Não me diga que você se sente bem depois de beber? Quer dizer, ressaca nem de longe é a melhor coisa do mundo.
- Quando se bebe, Suigetsu-estraga-prazeres, não se liga muito para ressaca. E o durante é o que importa, eu acho... - Franziu as sobrancelhas e procurou ponderar sobre o assunto, mesmo que o mundo começasse a girar para ela e pensar não fosse o seu forte naquele estado.
- Você está sendo teimosa como sempre... - Ele suspirou e encarou o céu através da janela.
Alguns minutos de silêncio se passaram, enquanto Karin enchia seu copo com mais vinho, antes que qualquer um dos dois resolvesse falar algo.
- É por isso? - Ele perguntou sem mirá-la.
- Por isso o quê? - Suigetsu devia estar ficando doido, conversando com ele mesmo ou pensando alto, mas Karin, mesmo que estivesse sóbria - ela tinha certeza - não entendia o que ele queria dizer.
- Que você está bebendo? Não se sente feliz normalmente? Não me admira que seja tão amargurada normalmente...
A pergunta pegou a garota de surpresa. Tanto que ela ignorou o comentário maldoso que viera depois. Era certo que os motivos que a levaram a beber naquela noite envolviam falta de contentamento, sim, mas sobre felicidade normalmente? Ela não tinha a menor ideia.
- Eu não sei. - A voz soava triste aos ouvidos de Suigetsu e ele imaginou que tivesse acertado em algum ponto. Se era o que doía mais, ele não sabia. - Mas e daí? Essas coisas não importam agora. - O sorriso que ela dera era um tanto quanto forçado, ele percebeu, mas preferiu ignorar aquilo.
O rapaz olhou para o relógio e resolveu ir embora, já que tudo estava aparentemente normal. Suigetsu ainda levantou e olhou para a garota que olhava para o fundo da taça com interesse.
- Eu já vou indo... - Comentou enquanto se dirigia para a porta. - Vê se não bebe o suficiente para virar uma porca de ressaca amanhã.
- Não vai... - Quase implorou. No rosto uma expressão assustada, ele diria, e triste. O que a bebida não fazia? Quando ele imaginou que ela o impediria de ir embora com aquele olhar, quando normalmente ela o enxotaria na primeira oportunidade, gritando impropérios? - Por favor?
Ponderou um pouco, mas optou por ficar mais um tempo - talvez o suficiente para fazê-la ir dormir, ou pelo menos parar de beber.
- Suigetsu, acha que eu sou feia? - Ela perguntou, subitamente, enquanto ele sentava de volta no sofá.
- Não. - Que tipo de pergunta sem contexto era aquela? Por acaso ela o achava com cara de espelho da Rainha má? Ele viu o rosto dela se iluminar temporariamente até que ele completasse o que estava em sua mente - Mas também não é bonita.
- Porra, Suigetsu! Dá pra parar de brincar e me dar uma resposta objetiva? - Impressão dele ou a voz dela saía cada vez mais enrolada? - E-eu só queria... Eu só queria não me sentir sozinha, sabe? Mas acho que sou feia demais para alguém me querer?
O rapaz suspirou e revirou os olhos enquanto se perguntava se o que estava ouvindo era o início de uma crise de choro típica de alguns bêbados. A alegria que antes ele vira parecia ter virado fumaça.
- Então é por isso que você está desse jeito? - Pareceu a conclusão mais lógica considerando toda a situação.
Ela ficou em silêncio por um tempo, olhando para a garrafa seca de vinho. Não queria responder àquela pergunta, que nem ela mesma sabia ao certo responder, e seus olhos não a ajudavam a se concentrar direito na pergunta, já que suas pálpebras pareciam mais pesadas que o normal.
- Ok, já chega por hoje. - Ele falou se levantando e estendendo uma mão para que ela se levantasse ao perceber que os olhos dela começaram a tentar, de forma exagerada, permanecerem abertos. - Hora de ir dormir. - Suigetsu franziu o cenho diante da ordem que ele dera, parecia até a mãe (ou, pior, a babá) da garota.
Karin deixou-se ser conduzida aos tropeções para o quarto, enquanto tentava inutilmente se manter em pé. Quando estava chegando ao quarto, o mundo pareceu girar com mais velocidade e ela precisou apoiar-se na parede do corredor para não cair de vez. Suigetsu olhou preocupado para a figura que tinha os olhos fechados e parecia cantarolar uma música antiga.
As bochechas levemente coradas por conta da bebida e a condição de dependência a deixavam bastante vulnerável, diferente da Karin forte e decidida que ele conhecia. Achou até que ela tinha alguma beleza escondida por trás dos óculos de armações grossas, mas se ela continuasse a beber daquele jeito, ela jamais poderia ser efetivamente bonita - além de que aquilo mais prejudicava do que ajudava (faz bem ao coração, ela dissera... francamente!).
- Sabe, garota? A beleza não está na aparência, mas no que você tem por dentro. Então pare de bancar a tola. - Comentou sem esperar por uma resposta, enquanto ela ainda se mantinha encostada à parede.
- Suigetsu? - Murmurou de modo quase inaudível, enquanto passava os braços ao redor do pescoço dele.
- O que você tá fazendo? - Ele perguntou segurando na cintura dela, para que ela não apoiasse todo o peso só no pescoço dele. O cheiro inconfundível de álcool entrava pelas narinas dele mesclado com o aroma de lavanda que vinha dos cabelos (provavelmente recém-lavados) e ele praguejou baixinho por estar naquela situação.
- Eu não quero ficar sozinha... - Falou ainda de modo quase inaudível.
Antes que Suigetsu pronunciasse o que quer que estivesse planejando falar, ela o beijou. O gosto do vinho invadiu a boca dele assim que sentiu a língua de Karin em contato com a sua e ele correspondeu ao beijo, seguindo o ritmo que ela impunha - um tanto quanto forte... ousado...
Aos poucos, o beijo que começara de modo voluptuoso tornara-se delicado. Quando Karin voltou a encarar Suigetsu, tudo o que fez antes de dormir ali, abraçada a ele, foi dar-lhe um sorriso que ele não saberia definir bem.
O rapaz levou-a até o quarto, depositando-a na cama, e em seguida saiu. Apagou todas as luzes e usou a chave reserva - que ela escondia em uma gaveta na cozinha - para trancar a porta, levando-a consigo.
Enquanto ia para casa e sentia a brisa gélida da noite, ele sorriu.
Bêbados eram realmente imprevisíveis.
.
.
.
N/A: E então? Será que Karin ainda terá algo para chamar de cabeça quando acordar? E o estômago dela estará intacto depois dessas boas doses de vinho? Ela suspirará de amores por Suigetsu (-q)? Ou ela o esganará por se aproveitar da situação? Hahaha.
Então, minha Suigetsu e Karin que vai ter, ao todo, quatro capítulos (se vai ter um epílogo eu não faço a menor ideia) - eu sei, não vai ser uma fic enooorme, mas eu quero ir dando um passo por vez, aumentando gradualmente o tamanho das minhas fics. A ideia eu tenho há algum tempo, mas só agora conseguir passar para o word. Não sei se ficou bom, tenho minhas dúvidas.
* Nota para alguém, especificamente: A ideia inicial era de que essa fic fosse um presente (você sabe do que eu estou falando), mas está bem atrasado (o quê? três meses? Quatro?) e não sei como andam as coisas. Pode ser que você nem queria mais saber de Suigetsu&Karin, quem sabe? Mas avise se tiver gostado, que eu escrevo uma dedicatória lá em cima, q tal? Ela será sua se não for rejeitada [hahahahahahah].
E desculpem a Karin totalmente OOC - justificado é claro. E eu meio que a vejo assim (às vezes), tentando ser forte, mas com problemas internos que vez ou outra precisam ser liberados (a bebida foi a solução que ela encontrou dessa vez e ela acabou ficando um tanto quanto patética, admito). Próximos capítulos as coisas voltam ao normal (ou não). Espero que tenham gostado... Reviews?
*30 Cookies - Set: Inverno - Tema 19. Vinho
