Título: Não quero ser seu amigo
Autora: Duo-chan Maxwell
Timeline: Para variar, aquele mundinho pós-Hades com todo mundo vivo. Ou não. Considerem a fic um TWT =P
Advertências: Yaoi/Shonen-ai, OOC (não criem expectativas!), PoV indireto
Classificação: NC-17 (Ou M)
Completa: [ ] Sim [X] Não
Resumo: Camus x Milo, Camus PoV (indireto). Os dois são amigos, mas Camus não agüenta mais essa situação, enredado e confuso.
Disclaimer: Saint Seiya não me pertence. (o que é uma pena) Todos os direitos são de Masami Kurumada. Esta história não tem fins lucrativos e contém yaoi – relacionamento homoafetivo entre homens. Não indicada para menores de 18 anos.
Camus estava sentado em sua recamier [1] em mogno maciço, entalhada com capricho e forrada de couro caramelo macio, na área íntima da casa de Aquário, usando apenas uma bermuda de linho cru, fresca e confortável, perfeita para aquele calor infernal que fazia no Santuário, os cabelos longos enrolados em um coque feito com um certo desleixo que lhe era estranho, presos negligentemente com uma caneta, alguns dos fios lisos e sedosos escapando do arranjo e esvoaçando com a brisa que entrava pela janela escancarada, arrepiando-lhe a pele e fornecendo parco alívio, um livro aberto sobre o colo. Os olhos frios percorriam as letras impressas sem captar seu significado, os dedos longos alisavam as páginas envelhecidas, mas bem conservadas, de maneira mecânica, buscando conforto para sua mente agitada.
Oras, agitada é a condição rotineira de sua mente. A maioria das pessoas pensava que ele é tão plácido por dentro quanto se mostrava por fora. Entretanto, mal sonhavam que dentro dele borbulhava um caldeirão fervente de pensamentos e idéias. Naquele dia, sua mente se encontrava invulgarmente agitada, a ponto de incomodá-lo. Incomodar sua necessidade de estabilidade, de se centrar, sua necessidade de se manter frio e impassível, seu treinamento tantas vezes repetido que se tornou um instinto. E lá estava ele, gelado por fora (como sempre, aquela parcela mordaz de sua mente fez questão de acrescentar) e em ebulição por dentro.
Sempre gostou de autoconhecimento, sempre se orgulhou de saber exatamente o que se passava dentro de sua mente. Esse gosto e esse orgulho foram seus piores inimigos quando aquela brecha de dúvida se insinuou. Num frenesi silencioso, vasculhou e dissecou seu âmago (pela enésima vez, recebeu como complemento). E foi então que a descoberta que fez o deixou num estado completamente aturdido e indignado.
A situação era ridícula. Sentia-se como a mocinha protagonista de um daqueles romances baratos de banca de jornal. [2] Enfeitiçado e seduzido, confundindo sentimentos. Amando o melhor amigo. Aquele de quem aprendeu a apreciar as qualidades – determinação, lealdade, uma brilhante mente estrategista, jovialidade, sensualidade (com certeza a que você mais aprecia, não? Ato contínuo, sua mente fazia questão de provocá-lo) – e também a aturar os defeitos – teimosia, rigidez, uma língua ferina e venenosa, e uma disposição extremamente vingativa.
Milo. O único que conseguia fazer com que o sempre impassível aquariano saísse de sua casca de gelo, mesmo que por alguns instantes. Seu melhor amigo (provavelmente, seu único amigo. Dessa vez teve que dar o braço a torcer.), era o que sempre vinha à mente quando pensava na situação em que se encontrava.
Notas da Autora:
1 – Recamier é um tipo de divã, parecido com um sofá. Para quem quiser ver a fonte de inspiração: www(dot)faccents(dot)com(slash)item538(dot)HTML
2 – Para quem conhece World of Darkness, considerem a vozinha chata na cabeça do Camus como sendo uma Sombra. Porque o seu pior inimigo é você mesmo XD
3 – Romances baratos de banca de jornal = Julia, Sabrina e essas porcarias com nome de mulher.
