O ENIGMA DA SIRENE

BY DAMA 9

Nota: Os personagens de Saint Seya não me pertencem, apenas Laura é uma criação única e exclusiva minha para essa saga.

Boa Leitura!

CAPITULO 1: O MAGO

As cartas estavam sobre a mesa, ergueu os orbes para a jovem a sua frente, enquanto afastava as xícaras de café. O sabor dos grãos torrados inebriava-lhe os sentidos, enquanto colocava uma a uma, as laminas sobre a mesa. Dispostas perfeitamente viradas para baixo, ocultas para ambas. Em quatro fileiras retas das quais, três continha sete cartas cada uma e a última apenas três.

-A nossa história começou de maneira bem simples; Laura falou com um fino sorriso nos lábios, enquanto as mãos delicadas corriam sobre as laminas tombadas, antes de desvirar uma.

-Que carta é essa? –Celina indagou curiosa.

-O Mago! –a jovem de melenas azuis explicou. –Foi essa carta que mudou a nossa vida. –O Mago representa a vontade humana, o livre arbítrio, os fatores do intelecto, da determinação e da percepção que diferenciam a razão do instinto animal. Mas ela simboliza algo bastante claro; ela continuou com um olhar enigmático. Antes de separar a carta num canto da mesa.

-O que? –a amazona indagou.

-Há uma escolha a ser feita! E foi assim, que tudo começou; Laura completou deixando a mente vagar para as profundezas de suas lembranças, quando tudo acontecera, a exatos dezoito anos atrás...

.::I- Ares::.

Todos os guardiões estavam reunidos no último templo, àquela era a primeira noite que se encontravam ali depois que todos haviam sido sagrados cavaleiros. Infelizmente apenas um não estava presente. Saga de Gêmeos, que estava há alguns meses desaparecido.

Aioros seu grande amigo, enviara vários cavaleiros em sua busca, mas todos voltaram da mesma forma, com as mãos abanando. Nenhuma noticia, nem ao menos uma pista que dissesse se o guardião do quarto templo estava vivo, ou não.

Observou os garotos conversando entre si, era bom saber que todos estavam se dando bem apesar da diversidade étnica que possuíam. Recostou-se melhor no trono, sentindo-se incomodado com aquela mascara dourada pesando sobre seus ombros.

Suspirou pesadamente, sentia falta dela. Queria simplesmente passar o cargo a Aioros e ir encontrá-la no Tibet o mais rápido possível, mas ainda não podia, não enquanto não resolvesse aquele problema em Star Hill.

-Irmão; Ares falou aproximando-se de si.

Seu irmão mais jovem, Ares atual cavaleiro de prata de Altar, também seu conselheiro. Baixou os olhos por alguns segundos, mesmo que o irmão não pudesse lhe fitar, ele saberia dos conturbados sentimentos que povoavam sua mente e coração naquele momento.

Observou-o se aproximar, se não estivesse com aquela máscara, todos poderiam notar a incrível semelhança entre os dois. Ares também possuía os mesmos cabelos longos e volumosos de tom loiro-esverdeado que os seus, mas os olhos não eram violeta como os seus e sim, rosados. Tão rosados que em dados momentos quando o irmão estava irritado, eles pareciam se tornar vermelhos.

Ele era o último que poderia chamar de família naquela Era. Porque todos aqueles que restaram do continente perdido, já haviam deixado esse mundo na última guerra e isso já fazia pouco mais de duzentos anos.

Lemuria também fora um continente lendário, como Atlântida e outras mais, que povoaram lentas e mitos ao longo dos séculos, mas ele bem sabia que o continente não fora apenas um mito e sim, seu lar. O lar dos armeiros, os mestres treinados para confeccionar e criar as sagradas armaduras a pedido de Athena para proteger essa Terra.

Qualquer cavaleiro poderia ter acesso a esse tipo de informação se olhasse bem na biblioteca do último templo. Todos os registros estavam lá, deixados pelo último Grande Mestre, que até mesmo ele não sabia a identidade do cavaleiro.

Era um legado passado por todas as gerações, mas que infelizmente agora achava um fardo pesado demais para carregar. Ter de passar adiante tudo que ocorrera na última guerra, a localização dos lacres, as profecias de Athena, o contato com os Oráculos, as técnicas de leitura de estrelas em Star Hill. Tudo! Tudo aquilo que pertencia apenas ao Grande Mestre, que deveria com certas limitações instruir a nova geração quanto ao que esperar.

Mas seu irmão sempre esteve ali consigo para lhe ajudar a lembrar-se que ainda era humano. Como Ilyria sempre fazia. Embora o tempo de vida do irmão fosse tão diferente dos mortais quanto o seu, ele também estava fadado a deixar essa terra um dia, mesmo que já mais viesse a saber da verdade. Toda ela; ele pensou voltando-se para o cavaleiro que esperava por sua atenção.

-Sim!

-Estive reparando numa coisa; Ares começou, aproximando-se de forma que pudesse falar, sem que outra pessoa alem do irmão pudesse ouvir.

-No que?

-Seu pupilo; ele falou levando uma das mãos ao queixo, fitando o jovem de melenas lilases conversar com os demais, mantendo uma expressão tranqüila e atenciosa, o que apenas incentivava os outros a não pararem de falar. –Ele me lembra alguém;

-Quem? –Shion perguntou de maneira ponderada.

-Com licença; Aioros falou aproximando e impedindo Ares de continuar suas indagações.

-Algum problema Aioros? –Ares perguntou.

-Não, não...; ele apressou-se em responder, os tranqüilizando. –Só vim perguntar se mestra Eraen não virá? –o rapaz explicou.

-Eraen não pode vir, Aioros; Shion respondeu num tom de voz impassível e inexpressivo. –Ela teve alguns problemas de caráter pessoal para resolver e ficará um tempo longe do santuário;

-Ah sim; Aioros balbuciou um pouco desapontado. –Bem, obrigado mesmo assim, com licença; ele falou se despedindo e afastou-se em seguida.

-Esta acontecendo alguma coisa com Eraen, Shion? –Ares perguntou preocupado, voltando-se imediatamente para o irmão.

-Não se preocupe, não é nada que ela não possa resolver; Shion respondeu calmamente.

-Se voz diz; Ares respondeu um pouco desconfiado.

Havia alguma coisa ali que não parecia normal, Saga desaparecera, Eraen deixara o santuário sem mais nem menos. Suspirou pesadamente, não deveria estar se preocupar com ela. Eraen deixara bem claro na última conversa que tiveram que não precisava dele nem de suas preocupações.

Baixou os olhos com pesar, porque tudo com relação a ela tinha de ser mais complicado em sua vida. Fora ela a cair de pára-quedas em sua vida e vira-la de ponta cabeça. Jamais deveria ter aceitado aquela missão de ir a Asgard, há alguns anos atrás, quando se conheceram.

-Ares, está tudo bem? –Shion perguntou, vendo-o serrar os punhos nervosamente.

Droga! Há quem estava querendo enganar com isso. Sentia a falta dela, mas sabia que tinha sua parcela de culpa naquele distanciamento. Afinal, naquela noite ela estava apenas tendo uma conversa amigável com o outro cavaleiro, antes de ele surtar por ciúmes e acusá-la de uma serie de coisas, das quais ainda se arrependia. Sem contar outra coisa que não deixava de atormentá-lo por um segundo; ele pensou.

-Sim, tudo; limitou-se a responder.

De nada iria adiantar ficar se martirizando, só pedia aos deuses que quando se encontrassem de novo, ela pudesse lhe dar uma chance para concertar os erros que cometera. Jamais se perdoaria se a perdesse. Ela era sua vida... Sua senhora!

-O que você esta dizendo mesmo, antes de Aioros chegar? –Shion indagou, chamando-lhe a atenção.

-Uhn? –ele murmurou, voltando-se para o irmão e em seguida seus olhos vaguearão pelo salão, encontrando um par de orbes verdes sobre si.

Observou-o arquear a sobrancelha de forma petulante, lhe desafiando. Sentiu o sangue ferver nas veias, ainda se perguntava como o irmão conseguira treinar um fedelho tão atrevido; Ares pensou, vendo o mesmo voltar-se para os outros cavaleiro e comentar alguma coisa, lhe ignorando. Não sabia o que era pior, não saber onde Eraen estava ou ter de agüentar aquele garoto, que a cada momento que lhe fitava era como se dissesse "Idiota!" para si.

-Nada, não era nada; ele falou despedindo-se do irmão antes de se afastar.

.::II – Mú::.

Dois meses e meio já haviam se passado desde que chegara ao santuário, sua vida mudara radicalmente... Para pior é claro; ele pensou serrando um dos punhos nervosamente sobre a alça do caixão de ébano, enquanto ele e os outros três cavaleiros entravam no mausoléu.

Quantos cavaleiros já não haviam sido enterrados ali? Muitos possivelmente, mas nunca pensou que ele estaria entre os demais.

Jamais perdoaria o que aconteceu, num instante os orbes verdes perderam o brilho, tornando-se opacos e sem vida. Aquela desculpa não o convencera.

Velhice!

Idade!

Que patético!

Quem era idiota a ponto de acreditar que seu mestre fosse morrer por velhice, quanto em muitos momentos ao longo dos anos que conviveram juntos, ele mostrara-se com uma disposição maior que a sua.

Colocaram o caixão sobre o espaço destinado a ser seu tumulado dali por diante. O símbolo da primeira casa estava sobre o tampo de mármore, onde fora escrito em letras gregas o nome do mestre. Fechou os olhos por alguns instantes, não era justo que ele estivesse sendo enterrado apenas como um cavaleiro, quando fora o Grande Mestre, aquele escolhido por Athena para preparar a nova geração.

Era inconcebível essa situação; Mú pensou com amargor. Nem mesmo o inferno que vivera no último mês, lhe preparara para a dor que sentia agora. Tudo aquilo parecia tão ínfimo se comparado com esse momento.

Ouviu os passos se afastarem, cada guardião despediu-se do mestre a sua maneira, em silêncio o deixaram sozinho, para um último 'Adeus'. Apesar de tudo, todos iriam sentir a falta de Shion, ele não fora apenas um mestre e sim, um amigo.

-Sinto muito, Mú; alguém falou em tom consolador apoiando a mão em seu ombro.

-Não, não sente; ele vociferou, afastando-se dele com um olhar enojado.

-Mú, sei o que esta sentindo e-...; o homem vestindo finas vestes de linho azul e uma mascara de bronze ocultando-lhe a face, falou tentando se aproximar, compadecido da dor que via refletida nas íris esverdeadas.

-Você é um idiota se acha que esse sentimentalismo barato me convence; o ariano ralhou.

-Olha o respeito, garoto; uma voz ecoou no mausoléu, chamando-lhes a atenção.

-Shaka de Virgem; o novo Grande Mestre falou surpreso.

Deixara para conversar com o ariano sozinho, mas pelo visto cometera um grave erro ao se esquecer de que Shaka poderia ter se demorado mais ali. Foram poucos os cavaleiros que levados pela conveniência do momento, não contestaram quando se tornou o Grande Mestre, mesmo depois do que acontecera há pouco menos de um mês e Shaka era um deles. Ele não parecia se importar com quem era o Grande Mestre, ele apenas cumpria aquilo que tinha como obrigações básicas de um cavaleiro.

-Tenha mais respeito para com o mestre, Cavaleiro de Áries; Shaka avisou.

-Ou se não? –Mú rebateu com um sorriso de escárnio.

-Você é ousado demais para um novato, fedelho; o virginiano falou em tom perigoso. Mesmo que não tivesse compactuado com a vontade de Ares com relação à substituição do primeiro guardião, há um tempo atrás, não queria dizer que admitia atrevimentos.

-Não tenho medo de você, Shaka; Mú rebateu de maneira imponente.

-Cavaleiros, por favor; Ares pediu, colocando-se entre os dois.

-Puff! Agora só falta latir e abanar o rabinho; o ariano provocou, ao ver o outro cavaleiro recuar sob a ordem do novo mestre. –Ou melhor, sentar e fingir-se de morto, quem sabe não ganhe um ossinho;

-Mú de Áries; Ares falou de maneira grave. –Tenha mais respeito com um companheiro; ele falou tentando se impor, antes que Shaka fizesse alguma coisa.

-Sabe aonde você pode enfiar esse seu companheirismo, Ares? –o ariano rebateu com um olhar de puro ódio para ele, fazendo-o estremecer e pensar seriamente em esconder-se atrás do virginiano. –Num local onde o sol jamais poderá bater; ele completou, antes de dar-lhe as costas e sair do mausoléu.

-Mestre, vou dar uma lição nesse fedelho; Shaka falou, pronto para sair atrás do cavaleiro, mas Ares o deteve.

-Deixe-o;

-Mas...;

-Deixe-o Shaka, é uma ordem; ele falou veemente.

-Como quiser, mestre; o virginiano falou curvando-se numa breve reverencia antes de sair, rumo ao próprio templo.

O virginiano deixou o mausoléu, aproximou-se do caixão de ébano, contendo um fraco suspiro. Tocou o símbolo de Áries sobre o mármore entalhado.

-Me perdoe Ares; ele sussurrou, serrando os punhos.

-Não seja idiota! Ele iria nos atrapalhar, por isso foi eliminado; uma voz ecoou por toda a parte.

-Maldição! Ele não nos fez nada; Saga vociferou, com os orbes vermelhos por baixo da mascará, enquanto lágrimas cristalinas rolavam por sua face.

-Ele era ambicioso demais, não poderia continuar vivo; a voz falou. –Você sabe como ele era, não tente transformá-lo num santo apenas por que morreu;

-Eu não...;

-Você viu o que ele fez, tentou expulsar o pupilo do próprio irmão do santuário, acha mesmo que ele não nos causaria problemas se continuasse vivo?

-Agora jamais saberemos; Saga rebateu.

-Você é um tolo garoto, por pensar que eu realmente deixaria um reles mortal interferir em meus planos, qualquer um que se atrever a entrar em meu caminho, será eliminado. Sem exceções! –ele completou com escárnio.

-o-o-o-o-o-

Observou a casa que ocupara nos últimos dois meses, tudo parecia frio e apático; ele pensou passando por cada um dos cômodos, vendo os moveis ainda cobertos por lençóis brancos. O mestre havia lhe dito que quando voltasse de Star Hill iria lhe ajudar a mudar a casa, então na época não achou necessário descobrir o resto dos moveis, alem dos do quarto que ocupava no segundo andar.

A sala da armadura estava fechada como a maioria dos outros cômodos. Suspirou pesadamente antes de lançar um último olhar para as paredes de pedra da entrada principal. Lacrou o templo com seu cosmo. Enquanto pudesse, ninguém colocaria os pés ali.

Ainda vestia a armadura de ouro e sobre o ombro, passou a alça da mochila que continha os poucos pertencem que representavam algum valor para si. Como alguns desenhos, poucas peças de roupa e um livro que ganhara da amiga uma semana antes dela desaparecer.

-Ilyria! –ele sussurrou, contendo um suspiro de desalento.

Não importava onde ela estivesse, provavelmente a noticia da morte do mestre já teria chegado até ela. Sentia-se mal por não ter conseguido falar com o mestre e perguntar onde ela estava. Entretanto seu maior medo era que ela pudesse vir ao santuário, porque como ele, Ilyria jamais iria acreditar que Shion morrera por velhice.

Já ouvira alguns falando que aquele fora seu destino, morrer como uma pessoa normal pela idade. Mas não, não acreditava em destino. Não sabia desde quando passara a repudiar a simples menção a essa palavra e a tudo que ela representava, mas a idéia de que três senhoras sádicas tinham em suas mãos o poder de guiar seus passo e sua vida, era inconcebível.

Só esperava que por um milagre, independente de qualquer coisa, que Ilyria ficasse bem e não se aproximasse do santuário. Enquanto ele, bem... Ainda não sabia que caminho seguir, mas primeiro, voltaria a Jamiel e decidiria o que fazer antes de tomar qualquer outra decisão mais importante.

É, não podia decidir nada, enquanto o ódio que sentia por Ares não se acalmasse. Sempre se orgulhou de ser uma pessoa controlada e calma. Entretanto os últimos meses só serviram para mostrar que com Ares, isso era impossível. Aquele idiota prepotente ainda iria queimar no inferno por tudo que fez; ele pensou.

Era melhor ir de uma vez, não iria ficar mais ali, não se tornaria um capacho daquele bastardo, como os outros idiotas que simplesmente aceitaram com extrema naturalidade o fato dele ter se tornado o novo Grande Mestre. Por direito de sucessão, o próximo seria Aioros, mas como o Sagitariano havia morrido, Dohko deveria assumir o santuário, não um cavaleiro abaixo do poder de hierarquia, concedido aos cavaleiros de ouro, guardiões dos doze templos.

Virou-se para tomar a saída, quando uma sombra projetou-se atrás de si. Apenas arqueou levemente a sobrancelha refinada.

-Pensei que seu templo fosse o de cima, Aldebaran; Mú falou de maneira fria e indiferente.

-É, mas é minha obrigação também proteger o primeiro templo quando o guardião não se encontra; o brasileiro respondeu com ar sério, notando as pretensões do cavaleiro, com a mochila nas costas.

-Entendo... Bom proveito então, pois você vai passar um bom tempo por aqui; ele completou sem esconder o sarcasmo impregnado em sua voz ao se afastar. –Pois não pretendo mais pisar aqui;

-Mú de Áries! –uma voz chamou-lhe a atenção, vindo das escadarias de Touro.

-O que quer, Escorpião? –o ariano indagou com os orbes verdes cintilando perigosamente.

-Se deixar o santuário, será considerado um traidor; Milo avisou, aproximando-se vestido com a armadura dourada e uma longa capa branca sobre as costas.

-Não me interessa; Mú respondeu voltando-se para o cavaleiro que instintivamente recuou um passo. –Não vou ficar aqui;

-Como ousa ir contra as ordens do mestre? –o Escorpião exasperou.

Ares havia ordenado que não permitisse a saída de nenhum guardião dos doze templos, principalmente o do primeiro. Só não entendia porque tanto interesse nisso?

-O mestre morreu, Escorpião; Mú falou fitando-o inexpressivamente. –Mas se você prefere bancar o cãozinho e servir a um idiota, que mal sentou o traseiro naquele trono e já se sente Henri Tudor, fique a vontade, não tenho estigma para capacho; ele completou dando-lhe as costas.

-Ah, mas você não vai a lugar algum; Milo falou jogando a capa de lado e avançando sobre ele.

Uma aura avermelhada envolveu o guardião de Escorpião, no mesmo momento que finos feixes de luz cortaram o espaço entre ele e o ariano. Entretanto as agulhas de Antares mal chegaram até o guardião. Uma parede surgiu entre ambos e o cosmo do ariano manifestou-se de maneira aterradora.

O cristal da parede ressoou como prata de encontro ao gelo. Foi tudo muito rápido e quando viu, não foi capaz de desviar. As agulhas se chocaram contra o cristal e voltaram potencializados em sua direção.

Os mármores de algumas colunas do templo cederam quando o Escorpião foi lançado contra elas, recebendo em seu corpo o choque de próprio golpe.

-Se tentar me impedir de novo, eu mato você; Mú avisou, desaparecendo em seguida.

-Você esta bem, Milo? –Aldebaran perguntou, aproximando-se dele, que tentava se levantar com dificuldade.

-Aquele idiota, vai pagar caro; Milo resmungou, levando uma das mãos até o canto dos lábios, onde um fino filete de sangue escorria.

-Deixe-o Escorpião; uma voz serena falou, chamando-lhes a atenção.

Viraram-se imediatamente em busca da voz e depararam-se com aquele tido por 'Mais belo entre os guardiões', Afrodite de Peixes. Que aproximou-se com uma bela rosa vermelha entre os dedos.

-Afrodite!

-Pelo menos ele teve coragem de seguir em frente, e nós... Como ele mesmo disse, agora não passamos de cães do Ares; o cavaleiro completou antes de passar por eles, rumo ao último templo zodiacal. A casa de Peixes.

.::III – A Cigana::..

Um guiso tilintou, enquanto o corpo esguio movia-se ao som de uma música imaginaria. Os longos cabelos azuis esvoaçavam conforme rodopiava e o brilho intenso dos orbes rosados, pareciam dois rubis incandescentes.

Muitas pessoas se aproximaram para vê-la dançar, acompanhando fascinados os movimentos ágeis da jovem, que parecia viver um momento a parte daquele dispensado aos demais mortais.

-"Venha! Estou lhe esperando"; ela pensou dando um baixo suspiro.

Os braços antes suspensos no ar, acompanhando os rodopios, caíram ao lado de seu corpo. Relaxou, antes respirar fundo e curvar-se numa breve reverencia aos espectadores, em forma de agradecimento.

Ouviu assovios e aplausos, mas manteve a face inexpressiva, intocável. Passou a mão levemente pelos cabelos tirando vários suspiros, que de nada lhe significavam. Ouviu o som de metal batendo contra o chão, quando varias moedas foram atiradas a seus pés.

Deixou os orbes correrem pela multidão, agora frios e inexpressivos, antes de dar-lhes as costas e afastar-se do aglomerado. Não precisava daquilo, alias, não fazia aquilo por dinheiro algum. Havia mais coisas em jogo do que apenas moedas, mesmo que a sorte já houvesse sido lançada.

A praça de São Pedro esvaziou-se rapidamente, enquanto aproximou-se de uma fonte para sentar-se. O vestido simples de cores azuis e alças finas caia sobre seu corpo de maneira delicada, combinando com os cabelos e a pele alva dos ombros. Observou a imagem refletida pelo espelho dágua. As mechas de um azul quase prateado caiam sobre seus ombros, chegando ao meio das costas.

Como sempre, aparentava uma juventude que não tinha há muito tempo. Como se o tempo houvesse simplesmente parado para si.

Ergueu os orbes para o céu, novamente nublado; Laura pensou, respirando mais regularmente agora. Abaixou os olhos, fitando a palma de sua mão, onde uma lamina surgiu.

O Mago

Sim, logo as escolhas seriam feitas e muitos destinos traçados e entrelaçados e um deles, seria o seu; ela pensou levantando-se em um rompante. Assustando algumas pombas que ciscavam ali perto e levantaram vôo.

Ele logo chegaria, a espera estava chegando ao fim. Era melhor voltar a dançar, logo ele estaria ali e queria que ele lhe visse antes que conversarem. Só assim saberia se ele era realmente a pessoa certa e quem procurava há tanto tempo.

Continua...

Domo pessoal

O que acharam do primeiro capitulo? A história da Laura ainda esta longe de se revelar, mesmo porque, existem muitas outras entrelaçadas a dela com o Mú, mas pelo primeiro capitulo vocês já podem ter uma previa de quando tudo começou e qual foi o tiro inicial.

Muitas surpresas vêm pela frente, esse é só o primeiro de muitos capítulos que vem para revelar os segredos que 'Ilyria' não contou.

Eu particularmente sempre achei o Mú um cavaleiro extremamente fascinante e a pelo menos dois anos se não mais, o 'O Enigma da Sirene' começou a tomar forma na minha cabeça. Contar a história de Saint Seya sob a perspectiva dele, mas foi a pouco tempo que a história começou a criar vida e a Laura nasceu.

Ela é uma garota de temperamento forte, como vocês vão comprovar não decorrer da trama, cheia de segredos e muito misteriosa, porém ela é a figura de maior importância na vida do Mú, aquela que representa tudo que ele foi e tudo que ele é.

Espero sinceramente que gostem dessa nova fic.

Ademais, um forte abraço e até a próxima...

Dama 9