CDZ não me pertence. Se pertencesse, já teríamos Saint Seiya 3D.
Essa história contém cenas que devem ser consideradas YAOI.
Se vc não curte esse tipo de coisa, ou é sensível demais e apaixonado/a
por um dos personagens envolvidos, simplesmente não leia.
Se você ler, please, deixe uma review.
Itálico - Pensamentos
Um Segredo, Uma Caverna
Capítulo 1 - Operação Familiar
Estava demorando mais do que eles esperavam para alcançar aquela caverna. De acordo com os habitantes do vilarejo, estava localizada em algum lugar ao redor do topo da montanha, perdida profundamente dentro da floresta, nos arredores da vila. As pessoas mantinham uma distância daquele lugar porque uma força sobrenatural afastava tudo, de animais até a vegetação. Essa era a pista.
Sisyphos suspirou cansado, enquanto forçava seu caminho por entre a densa vegetação. O calor tropical o fazia suar mais do que ele estava acostumado.
Ele enxugou a transpiração de sua testa com as costas da mão, e disse, "Nós estamos andando faz uma tempão... Quanto mais até chegarmos lá?"
Sua companhia não respondeu. Ao invés disso, ele cortou um largo tronco de árvore apodrecido com um movimento rápido de sua mão, abrindo uma trilha que estava completamente bloqueada com uma enorme facilidade.
Isso forçou Sisyphos a dar um passo para trás, surpreso. "Que susto!"
O outro homem parou em seu caminho, virou e o encarou com um olhar que parecia dizer 'Sério? Aquilo te assustou!'.
Sisyphos piscava os olhos e perguntou, "O que foi, El Cid? Tem algum bicho na minha roupa?"
O cavaleiro de Sagitário começou a passar as mãos pelo sobretudo que vestia, esfregando feito um maníaco todos os lugares que conseguia alcançar. El Cid revirou os olhos e prosseguiu em seu caminho, deixando seu parceiro cheio de problemas para trás.
"Espera, El Cid! Espera aí! Me ajuda aqui!"
Contraindo sua mandíbula, ele podia sentir algo como raiva penetrando sua mente e seus pensamentos. "Ajude a si mesmo..." ele falou baixo.
Eles estavam numa parte afastada, no interior da floresta no topo da montanha. Havia muitas árvores altas que impediam que qualquer raio de luz iluminasse os largos troncos centenários. O chão era um verdadeiro cemitério de folhas mortas em decomposição, e ninguém poderia dizer o que mais se rastejava por entre elas.
Faltavam poucas horas para o pôr do sol, e isso significava que eles provavelmente teriam que encontrar um lugar mais ou menos seguro para passarem a noite, se eles não encontrassem logo a caverna.
Eles ouviram rumores de que uma caverna ao sul (bem ao sul) do Santuário continha umas escrituras e desenhos rupestres em suas paredes, contendo segredos sobre o Deus do sono, Hypnos. Claro que não passavam de rumores, e El Cid sabia que isso acabaria sendo mais uma rua sem saída, levando-os de volta a estaca zero. Eles já tinham investigado várias outras 'cavernas' e tumbas antigas, todas contendo segredos sobre Hades e os deuses que o seguiam.
Finalmente Sisyphos o alcançou, e, dentre alguns resmungos, ele falou, "El Cid! Por que você me deixou para trás daquele jeito? Nossa, mas que calor, hein?" Notando que El Cid se mantinha completamente indiferente às suas queixas e também ao calor que os rodeava, Sisyphos resolveu enfim parar de tentar puxar conversa...
...pelo menos por dez segundos. "Ah, é, você é da Espanha, não é? Esse clima quente não deve ser–"
Com um movimento rápido (e também com uma genuína satisfação), El Cid calou a boca de Sisyphos com uma mão e o empurrou e o pressionou contra uma árvore larga que estava próxima dos dois.
Eles agora estavam aos pés de um pequeno desfiladeiro que oferecia uma visão perfeita da tal caverna da qual tanto ouviram falar, e isso por causa de dois motivos principais. O primeiro era que ela batia totalmente com a descrição que eles ouviram: a caverna parecia mais com um abismo esculpido na rocha da montanha, e a vegetação fazia uma volta enorme para rodear a entrada, ficando a uma distância de mais ou menos cinco metros. O segundo motivo, e o mais importante e esclarecedor, era que um grupo de Espectros de Hades guardava a entrada.
Sisyphos protestou de início, mas então viu El Cid gesticulando para que ele ficasse em silêncio. Logo ele percebeu a presença tão... antinatural de seres que não poderia estar vivos.
Enquanto El Cid observava atentamente os movimentos dos Espectros, Sisyphos sussurrou, "Quantos?"
"Seis." O cavaleiro de Capricórnio respondeu rápido, sem tirar os olhos do inimigo.
Ambos os cavaleiros pareciam ignorar completamente a proximidade dos seus corpos. Qualquer pessoa que os observasse de longe pensaria que eles eram amantes, porque Capricórnio tinha uma perna posicionada estrategicamente entre as coxas de Sagitário, enquanto sua mão que outrora calara a boca de seu parceiro agora segurava o pescoço de Sisyphos. O último segurava o ombro de El Cid com uma mão.
Mas ambos tinham expressões sérias, e foi então que Capricórnio sussurrou, "Cubra-me."
"Entendido."
No segundo seguinte, El Cid estava bem no meio do grupo inimigo, cortando três deles ao meio com seu cosmo em forma de espada, enquanto Sisyphos mirava a sua cosmo-energia em forma de duas flechas nos dois espectros que estavam prestes a atacar El Cid pelas costas.
"El Cid!" ele disparou as duas flechas de energia que acertaram em cheio os dois Espectros.
O inimigo que restou tentou escapar, mas o cavaleiro de Capricórnio foi mais rápido, e o encurralou, enquanto Sisyphos se posicionava atrás dele.
O tal espectro estava claramente nervoso. Ele não parecia ter nenhuma habilidade especial, e, a julgar pelo seu cosmo, não passava de um mero peão, como seus companheiros.
Encurralado, o espectro caiu de joelhos e abaixou a cabeça. O corpo inteiro estava tremendo. "Eu me rendo! Poupe a minha vida! Por favor, eu me rendo!"
Isso irritou Capricórnio ainda mais, que se preparava para lançar sua técnica mortal, quando foi interrompido por um preocupado Sisyphos.
"Espere, El Cid! Não há motivos para tirar a vida dele. Ele disse que—!" ele segurava o ombro direito de seu companheiro, encarando-o com um olhar apreensivo.
"Saia do caminho." El Cid ordenou com um olhar de pura raiva.
"El Cid! Ele não deseja mais lutar. Não precisamos mata-lo!"
"Mesmo que seja você dizendo isso, eu não vou perdoa-lo. Agora, saia do caminho!"
O espectro aproveitou essa chance, gargalhou e lançou um ataque contra os dois. "Idiotas! Morram Cavaleiros de Atena!"
Aconteceu tudo muito rápido. O ataque estava direcionado mais para El Cid do que para Sisyphos, mas o último empurrou seu parceiro e recebeu o choque inteiro. O cosmo era fraco, mas foi o suficiente para passar de raspão pelo peito de Sisyphos, deixando um corte profundo logo abaixo do pulmão.
A cena só serviu para enfurecer El Cid ainda mais.
"Seu miserável!" e sem piedade, cortou o inimigo ao meio pela vertical, logo em seguida cortando-o em vários pedaços menores. Pelo jeito como o espectro gritou antes de virar poeira, deve ter doído bastante.
Uma vez o inimigo derrotado, El Cid se virou para amaldiçoar seu parceiro, mas ficou chocado ao vê-lo agachado ao chão, segurando o lado esquerdo do peito com uma expressão de dor. Ele parecia estar com problemas para respirar.
"Sisyphos!"
El Cid apanhou-o do chão e o carregou para perto da entrada da caverna, da mesma forma que um homem carrega sua noiva. Encostando Sisyphos com cuidado contra a parede de pedra, Capricórnio buscava compreender porque o homem se comportara daquele jeito.
"Não precisava..." Sisyphos sussurrava com dificuldade, "...ter matado ele."
El Cid abaixou a cabeça. Sua raiva tinha atingido o limite. Ele se levantou, se dirigiu para a entrada da caverna e usou seu cosmo para revelar a barreira mágica que a protegia. Então, com um grito de ira ele desfez a barreira com um único golpe poderoso. A técnica foi tão poderosa que causou um pequeno tremor de terra, e fez com que Sisyphos (que estava prestes a perder a consciência) recobrasse seus sentidos e observá-lo com cuidado.
Após alguns segundos, o cavaleiro de Capricórnio caminhou até seu parceiro e se ajoelhou diante dele, furioso demais para encara-lo nos olhos.
"El Cid..."
"Cale a boca." Ele falou baixo e frio. "Eu não quero mais ouvir uma só palavra de você."
Sisyphos mordeu os lábios e se permitiu ser levado para dentro da caverna por seu parceiro sem fazer mais nenhum som. O sol estava a alguns minutos de se pôr no horizonte, e a escuridão da caverna lentamente absorveu ambos.
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