Prólogo
O tempo passa. Mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada batida do ponteiro dos segundos dói como o sangue pulsando sob um hematoma. Passa de modo inconstante, com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, mas passa. Até para mim.*
*Trecho retirado do Livro Lua Nova, cap. 4
Com a dor da perda, o tempo parece passar mais devagar. Mas eu não estava pronta para isso, para largar tudo de mão beijada. Não depois de finalmente ter encontrado a felicidade.
Olho para minhas mãos, segurando aquela carta que tanto me assustou, tanto me machucou. E que tanto me fez pensar.
"Não há nada que você possa fazer para salvar-nos. Desista! (...) Esse jogo já está ganho e você insistindo só está piorando. Por favor, não insista. Foi muito bom enquanto durou, agora só quero deixar essa paixão boba para trás e esquecer tudo. (...) Você foi ótima, até que me cansou e eu alcancei meu objetivo. Mais uma vez, por favor, não insista." – Dizia a carta
Olhei para frente, pro espelho e vi meus olhos mais uma vez se encherem de lágrimas, mesmo tendo passado tanto tempo...
Mas, como eu já disse antes, o tempo passa, mas nem sempre apaga tudo aquilo que passamos e que nos fizeram sofrer.
Mas, agora, eu estava decidida. Voltaria e retomaria minha vida, sem deixar nada me abalar. Não mais. Não depois disso tudo que eu passei. E, principalmente, não depois de ter reaberto essa carta, tanto tempo depois de tê-la recebido.
