Castelo de cartas.
Sempre tive raiva de você.
Desse seu jeito frio, com total autocontrole, sem demonstrar emoções, sem nada. Era simplesmente irritante. Xingava você com todos os palavrões que eu conhecia, queria até inventar novos, quando os antigos acabavam.
E o que você fazia?
Nada. Você simplesmente continuava a montar seus quebra-cabeças, a fazer suas mini-cidades de dados ou seus castelos de cartas.
E, por dentro, isso me fascinava. Odiava isso, odiava o fato dessa sua frieza me fascinar. Eu só te xingava mais, em resposta ao seu silêncio.
Mas isso era só uma barreira. Na verdade, eu queria me sentar e te observar. Eu comeria meus chocolates e te veria terminar de montar seja lá o que você estivesse montando.
Eu queria que, se essa situação acontecesse, fosse um castelo de cartas. Adorava te ver montando castelos de cartas, porque eu não tenho e nunca teria paciência para fazer um. Achava fascinante a sua expressão séria, compenetrada, enquanto você montava.
E me odiava mais por isso. Odiava por te achar fascinante e por achar aquele maldito castelo de cartas quase tão fascinante quanto você. Talvez aquela fosse sua fortaleza, aquele seu jeito de se proteger. Matt fumava, eu comia chocolates e você construía.
Você construía para depois destruir.
Você fazia fileiras de dominós e, quando acabava, derrubava todos. Você montava quebra-cabeças de mil peças e depois desmanchava. Nunca entendi isso. Mas, reparei uma coisa.
Com os castelos de cartas, você tinha cuidado.
Você não gostava que os outros se aproximassem muito, algo podia dar errado e as cartas caírem. Sempre sentia vontade de andar até você e soprar o castelo, ver todas as cartas voarem. Ver se você faria alguma expressão. Mas não conseguia.
Para mim, era como um ritual. Era mágico te observar montando aqueles castelos com tanta indiferença. O mais estranho era que aqueles castelos eram fortes e firmes. Assim como eu pensava que você era.
Mas eu havia me esquecido de que, com uma simples brisa, o castelo cairia.
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N/A: não me perguntem de onde isso surgiu. Ah, e, gostou do presente, Hee-sama?
