Rachel Berry trocava os livros dentro do armário pela segunda vez no dia. Desta vez a aula seria a fascinante literatura nacional, em que o livro didático eternizava os nomes canônicos reverenciados pelas mais intelectuais esferas da sociedade, mas que o público ordinário preferia mesmo as novelas convencionais sobre romances adocicados vendidas em lojas de esquina. A mocinha era uma sofredora, o mocinho um cavalheiro em armadura branca, e havia a fundamental cena de sexo com especial descrição ao coito. Era literatura ruim, mas ao menos entretinha e era permitida. Não que Rachel fizesse uso dela.

Era uma aluna aplicada que, aos 17 anos, estava prestes a enfrentar os testes de seleção em que colocava diante dos alunos a possibilidade de ser aprovados em uma universidade onde se preparariam para os melhores empregos e que lhes daria status e, talvez, alguns subsídios governamentais. Quem não fosse escolhido para ser um profissional de elite podia escolher entre servir aos órgãos de segurança e controle, ou se virar no mercado de trabalho regular em empregos considerados inferiores dentro da construção daquela sociedade. Havia, claro, aqueles que se arriscavam na criminalidade que agia nas sombras. Claro que não eram apenas os marginais que andavam pelas sombras, mas os senhores da lei não faziam a menor distinção.

Como aluna, Rachel estava acima da média e próximo ao quadro de honra da escola que contemplava os melhores em cada série. Tinha alguma chance de ir à universidade pelo desempenho escolar, mas não queria ter tanta expectativa em relação ao futuro. A meta dela não era a elite, mas sim sair da cidade ou, preferencialmente, do país. Era uma das razões para falar com botões.

Entre livros aceitos academicamente, os preferidos dela eram os proibidos, aqueles que apresentavam ideias consideradas subversivas. Não que naquela sociedade ser proibido fosse difícil. Até as ideias mais liberais eram consideradas perigosas em um ambiente ideologicamente tão controlado. Nos tópicos literários estavam tanto os autores históricos, clássicos, quanto também os ditos revolucionários que ajudavam a justificar e a perpetuar o pensamento dominante. Era como a rotina seguia, e Rachel tentava lidar da melhor forma que poderia dentro de um ambiente de liberdade condicionada de expressão e lavagem cerebral ideológica. Era assim que o país funcionava desde quando era pequena. Era assim que os jovens cresciam para apoiar e legitimar todo tipo mensagem dito pelo regime. Era assim que eles se transformavam em ovelhas obedientes. Rachel não era uma ovelha. Só fingia ser uma para a própria segurança.

Ainda no armário, ela percebeu que havia um objeto familiar na frente dos livros. Um botão preto de um centímetro de diâmetro. O que tornava aquele botão peculiar era o raspado na borda.

"Se não é a pequena órfã?" Quinn Fabray se aproximou e Rachel revirou os olhos antes de encarar a moça de cabelos dourados escuros e olhos de cor amendoada que ficavam verdes conforme a luminosidade. Eram simplesmente lindos. Tanta beleza para um gênio tão ruim. O mundo não era mesmo justo.

"Entediada a essa hora do dia?" Rachel a encarou. Como sempre, Quinn estava acompanhada de Santana, a guarda-costas número um, embora a cheerio preferisse o título de melhor amiga, um título que soava como pura balela.

"Controle a sua boca." Santana Lopez praticamente rosnou, mas Rachel não estava impressionada com os arroubos da colega. Eram corriqueiros demais para se temer: vazios demais. Rachel tremeria caso uma atleta como Santana a agredisse fisicamente, mas os assaltos verbais não lhe faziam diferença.

"Eu não seria valente agora se fosse você." Quinn aproximou-se de forma agressiva. "Minha mãe vai organizar uma festa neste fim de semana, algo mais informal. Precisamos de pessoas que sirvam e queria saber se vocês e seus amigos perdedores não gostariam de um trocado?"

Não era a primeira vez que Quinn fazia tal tipo de proposta. Os Fabray faziam parte da elite e Russell Fabray, o pai, fazia parte do parlamento local. As festas informais, como clamava Quinn, eram algumas recepções que Judy Fabray organizava junto com as excelentíssimas esposas de outros parlamentares ou damas da sociedade. E se eram informais, queria dizer que o único intuito era fofocar e ostentar. Tudo era política. Rachel já havia trabalhado em duas delas servindo canapés e outros quitutes. O pagamento não era ruim. Ela tirava a metade para suas economias. Desde pequena que guardava dinheiro para dar o fora do país assim que fizesse 18 anos e terminasse a escola. Estava disposta a colocar dinheiro nas mãos de um coiote para tentar atravessar a fronteira para o Leste. Era a alternativa que cogitava caso os botões não ajudassem.

"Eu vou falar com os meus amigos perdedores. Devo ligar para a governanta da sua casa?" Rachel raramente falava com Glória. A governanta era quem organizava os empregados fixos e temporários. Era também amante de Russell. Rachel os flagrou uma vez nos jardins da mansão. Não contou a ninguém a respeito. O momento certo surgiria.

"Faça isso. O meu recado já foi dado."

Quinn virou as costas e Santana empurrou Rachel de leve contra os armários antes de seguir a líder. Demonstração desnecessária de poder. Rachel balançou a cabeça em desaprovação. Os amigos perdedores eram Sam, Matt e Puck. Às vezes, Tina e Mike topavam alguns trabalhos dependendo de como estivesse o humor ou se os pais tinham condições de dar a mesada do mês. A ausência da mesada indicava que estariam dispostos a fazer algum bico.

Mas antes de tudo, ela olhou para o botão preto mais uma vez. Suspirou e o colocou dentro de uma bolsinha que deveria ser de moedas, mas só existiam botões iguais de diversas cores. Exceto pelo botão preto raspado, os de Rachel eram um pouco maiores e tinham as bordas pintadas de dourado. Pegou um botão branco e o empurrou para dentro de um armário. Entrou em contato com a governanta e ocasional empregadora. Era uma festa simples. Bastavam três pessoas para servir mais um auxiliar de cozinha. Matt era o auxiliar perfeito de cozinha. Ele ia estudar para ser um chefe e já acumulava certa experiência em eventos do tipo. Mesmo estudando em outra escola, Matt era um dos amigos mais próximos de Rachel, afinal, ele também falava com botões. Mandou mensagem de texto para os amigos e logo conseguiu a equipe de garçons: ela, Puck e Sam.

Puck na casa dos Fabray? Significava que o seu 'irmão' ficaria até mais tarde para tentar a sorte com Quinn. A líder das cheerios posava de virgem na escola, mas a verdade é que secretamente ela era sexualmente ativa: havia transado pelo menos duas vezes com Puck e existia certo burburinho de que teve relações Sam também. Oficialmente, o namorado de Quinn era Finn, e este ainda pelejava conquistar a segunda base. Rachel tinha pena de Finn e se revoltava com as coisas que eram feitas nas costas dele, inclusive pelos amigos próximos, mas o garoto rico não falava com botões e nem havia demonstrado ser confiável ou ter bons motivos para começar a falar com eles.

Entre amigos e adversários, ironicamente todos se reuniam no coral da escola. Não queria dizer que isso os fazia mais ou menos próximos. Rachel estava lá porque seu talento era nato: o mesmo se podia dizer de Kurt e Mercedes. Finn frequentava o coral porque cantar o fazia se sentir bem e mais ainda por ser o líder do grupo. Foi ele que motivou a entrada de Puck, Sam e Mike. Quinn entrou para fazer média com o namorado e arrastou com ela, Santana e Brittany. Havia também Tina e Artie, que gostavam de cantar, mas que não exerciam voz ativa dentro do grupo.

...

A caminho de casa, Rachel pedalava concentrada no caminho. Não gostaria de ter problemas com a polícia, sobretudo numa semana em que foi instituído o toque de recolher no bairro dela e vizinhanças por causa de um protesto violentamente reprimido. E quando a força de segurança aplicava o toque de recolher em alguma região da cidade, quando não em toda, os agentes prendiam sem direito a choro.

Era um mundo louco aquele. Reprimido, violento, castrado. Que anestesiou a maior parte da população pelo medo. Depois da grande crise econômica mundial, guerras civis eclodiram e elas evoluíram para além das próprias fronteiras, como uma epidemia maldita de sangue. Impérios caíram, países foram divididos e uma nova ordem mundial foi estabelecida. Desde então existe um equilíbrio delicado nas relações entre nações. O país estava cercado de estados com governos aliados, menos a fronteira do Leste, que para alguns era o vislumbre da liberdade. Mas voos comerciais entre esses blocos políticos rivais não existia e aquele pedaço de fronteira era a mais vigiada. Nada de diferente do que acontecia no passado. Nesse aspecto, a humanidade não mudava. Não que o país fosse pobre, não que fosse comum ver miseráveis vagando pelas nas ruas – até porque os mendigos eram retirados das ruas, como cachorros frente à carrocinha, e levados a um centro 'de apoio' onde muitos não saíam. A mobilidade entre classes sociais era pouca, mas as pessoas não se incomodavam: liberdade e justiça não eram tão importantes quanto o pão em cima da mesa.

Quinn chamou Rachel de órfã. Não era verdade. Os pais dela de fato morreram condenados e executados por incitação a movimentos subversivos, conspiração contra o governo e por cometer atos de atentado ao pudor em público (eram gays e se beijaram durante uma passeata). Hiram, o mais politizado, participava de uma passeata não-autorizada, era militante de um grupo radical e de fato arrastou o companheiro Leroy, mais comedido, a desafiar o establishment. Quando Rachel tinha 12 anos, os pais foram executados depois de cumprir os cinco anos de prisão previstos para encerrar qualquer processo quando a pena era de morte. Mas a mãe cruzou a fronteira quando Rachel era ainda uma criança de colo e, desde então, nunca mais teve notícias dela. Ela só sabia do nome: Shelby Corcoran.

Sem pais e nem mãe, Rachel deveria ser encaminhada para um abrigo, mas foi acolhida pelos Puckerman, família pobre sustentada por Anna, mãe de Puck e da pequena Eleonor. Não foi por bondade: foi graças a um programa de governo que dava uma mesada às famílias que acolhessem órfãos e menores de idade. O autor do projeto, o parlamentar Pierce, que conversava com botões, e Rachel foi uma das primeiras órfãs beneficiadas. Desde então, mesmo não sendo o lugar mais acolhedor, a casa dos Puckerman era um lar para Rachel e Puck era como um irmão.

Pedalando pela rua do bairro de operários, entrou na pequena casa amarela de jardim malconservado e com a cerca quebrada. O portão vivia caindo e Puck nunca arrumava direito. Ele era apenas um adolescente preguiçoso para trabalhos domésticos e se dedicava boa parte do tempo entre amigos, garotas, nos reparos ao carro que montava e no trabalho de jardinagem de fim de semana em casas do bairro mais abastardo da pequena cidade, afinal, todos tinha o compromisso de ajudar a manter a casa, exceto Eleonor, que tinha apenas sete anos.

"Boa tarde, Anna." Cumprimentou a benfeitora.

"Oi." Respondeu no habitual tom desinteressado.

Anna era auxiliar numa creche e sempre ficava estressada com o trabalho exaustivo e o pouco dinheiro. Por isso Rachel aprendeu a não falar muito. Fazia primeiro as tarefas domésticas, depois os deveres de casa. Ajudava Anna com o jantar e com as louças sujas. Tomava banho e ia dormir. Isso se não tivesse um compromisso com seus botões.

"Arrumei um serviço para este fim de semana. Vou servir numa festa dos Fabray."

"Será que eles vão servir torta de limão outra vez?" Anna melhorou o tom de voz. Sempre que podia, Rachel trazia para casa um pouco do que sobrou da comida e a tal torta de limão havia se tornado uma lenda.

"Vamos torcer. Puck também vai trabalhar."

"Eu sei muito bem por que." Anna quase rosnou. Ela sabia do envolvimento do filho com Quinn Fabray. Longe de uma oportunidade, aquilo cheirava a encrenca.

"O trocado vale à pena."

"Não a vida do meu filho. Sei muito bem que o sr. Fabray seria capaz de matar Puck caso descubra que aquelazinha da filha dele abra as pernas para ele sempre que pode."

"Puck é esperto." Rachel disse de forma automática.

"Puck é um estúpido que só pensa com o pinto. A gente pode ter as nossas diferenças, Rachel, mas agradeço profundamente por você nunca ter dado bola a ele."

"Ele é como se fosse um irmão." Rachel ficou meio enojada com a ideia de ter um envolvimento de natureza amorosa com Puck.

"Exceto que ele não é. Além do mais, nunca se sabe..."

Rachel desceu até o porão, onde ficava o quarto dela. Não reclamava. O local era bem arrumado e digno. E tinha a vantagem de ser o mais privativo daquela casa. Puck havia implorado mais de uma vez apara que ela trocasse de quarto, pois assim ficaria mais fácil levar as meninas e não se preocupar tanto com os barulhos por casa da mãe que dormia no cômodo ao lado. Nem pensar. Ali ela tinha um banheiro próprio, a cama, o pequeno guarda-roupa e uma pequena televisão. Também tinha certa liberdade para convidar amigos para uma tarde de refrigerante e pipoca. Ou mesmo o namorado: Kurt Hummel. O garoto era gay, mas ele não podia ser ele mesmo na escola ou estaria enrascado. Rachel concordou em ser a namorada apenas para fazer jogo de cena. Os dois almoçavam juntos no refeitório, às vezes se beijavam pelos corredores (sempre nos lábios, nunca de língua), andavam de mãos dadas ou abraçados vez ou outra. Kurt e Rachel falavam com os botões.

Foi por causa do botão que ela precisou sair. Estava quase na hora do toque de recolher no bairro. Depois das 23 horas, só agentes e demais autoridades podiam circular naquela área da cidade, todo resto seria preso e obrigado a se justificar. Rachel não pertencia a esse grupo privilegiado. Despediu-se de Puck e Anna com a justificativa de que dormiria na casa do namorado. Ninguém se importava. Pegou a bicicleta antes do toque de recolher e pedalou até próximo ao centro da cidade. Entrou num beco e destrancou uma porta de ferro que ficava nos fundos de uma pizzaria. O lugar parecia um depósito empoeirado com caixas de papelão empilhados num canto e uma geladeira enorme e estranha do lado oposto.

"Não esperava vê-la aqui hoje, Rach." A jovem levou um susto quando um homem de meia idade saiu das sombras ao lado das caixas com um cigarro numa das mãos e um celular em outra.

"Por deus, senhor Ramon." Rachel falou com a mão no tórax e deixou a bicicleta cair. A respiração ficou ofegante por um minuto ou dois. "Achei que estivesse sozinha."

"Dia da contabilidade. Desculpe por ter te assustado."

Sócrates Ramon era o proprietário de uma das melhores pizzarias da cidade: exatamente a que funcionava naquele mesmo edifício. Era um lugar movimentado até a meia noite, hora em que o estabelecimento fechava as portas, assim como todo comércio da vizinhança. Era uma rua boêmia e ninguém reparava se alguém entrava ou saía dos becos no auge do movimento.

"Razão especial para estar aqui?" O homem alto perguntou.

"Botão preto."

"Outro?" Ele resmungou. "Vocês jovens são muito complicados. Se quiser, pode pegar uma mini pizza. É por conta da casa."

"Obrigada, não estou com fome."

Enquanto Ramon saiu do depósito, Rachel tomou a direção contrária. Encostou a bicicleta nas caixas de papelão e ficou diante da geladeira. Abriu a porta e entrou no interior da geladeira sem prateleiras. Ela odiava aquela parte, pois o lugar era realmente frio. Pegou o botão metálico e o inseriu num pequeno painel.

"Senha." Era a mensagem que piscava em letras verdes numa pequena tela escura. Rachel digitou cinco números e a mensagem da tela se modificou. "Bem vinda Berry, Rachel."

A geladeira, ou melhor, o elevador começou a descer. Rachel odiava essa parte porque odiava a sensação de locais tão apertados e fechados. Além disso, aquele era um elevador lento. Ela já havia contado inúmeras vezes: 25 segundos do térreo até o destino no subsolo. Quando a porta se abriu, o painel "cuspiu" o botão metálico, que Rachel pegou no suporte e o guardou antes de sair do elevador-geladeira. Então olhou para o familiar salão e sorriu. Ela adorava aquele lugar.

Tratava-se de um amplo salão no subterrâneo equipado com sofás, uma biblioteca com livros proibidos, discos de artistas banidos, cultura do Leste, um tapete macio, um televisor grande, uma mesa de reuniões e três portas. Uma porta era um banheiro, a segunda porta era um quarto e a terceira porta sempre estava trancada e Rachel não tinha acesso a ela, mas sabia que se tratava de uma espécie de centro de comando e controle: uma sala cheia de telas e computadores. E o conjunto era o que chamava de Mundo das Maravilhas: o centro de conveniência dos Botões.

Ela não se importava com detalhes técnicos. Não era uma especialista em computação ou em coisa alguma, a não ser para o teatro e pela memória fotográfica que lhe era muito útil.

O centro estava vazio naquele instante. Sempre ficava quando não era dia de correio. Isso significava que ela podia pegar o vinil favorito e colocar a toda altura. Sabia que o isolamento acústico dali era eficiente. Colocou o disco, um rock antigo, e começou a dançar. Aquilo era sagrado: um ato de libertação. Simplesmente dançar, pular, mexer a cabeça.

"Mas que inferno!" Uma voz tentou falar mais alto do que o disco e logo o volume do som foi diminuído. Rachel olhou para o segundo visitante: Santana.

"Não tinha certeza que viria."

"Apenas para reiterar a minha resposta. Não!"

"Você já disse isso com o seu botão preto." Rachel pegou o pequeno objeto de sua bolsa e o devolveu. Poderia empurrá-lo de volta no armário de Santana na escola, mas ela gostava de fazer isso pessoalmente. "Eu quero saber a razão."

"Você ainda não está pronta."

"Você não está pronta." Santana parecia entediada. Jogou-se no sofá e procurou o controle remoto que ligava a televisão. Ela poderia também optar em pegar um filme, qualquer um da grande biblioteca, mas estava preguiçosa demais até tara isso.

"Eu estou pronta." Rachel insistiu.

"Não está. E eu sou responsável por você."

"Você não é responsável por mim. Você é responsável pelo círculo."

"E você faz parte do meu círculo, portanto..." Santana estava muito aborrecida com aquela história que se arrastava Há semanas. "Não está pronta. É descuidada."

"Não sou."

"Rachel, esse é um trabalho físico e você odeia tudo te faz suar, a não ser o seu maldito gosto para dança."

"Minha memória fotográfica pode ser útil."

"Talvez..." Santana suspirou. Jogou os cabelos negros e lisos para trás e se aconchegou um pouco melhor. "Você deveria ter trazido um lanche já que vai me fazer dormir aqui hoje. Algo que não seja a pizza do Ramon."

"E quanto ao outro assunto?"

"Você quer incluir pessoas nos botões só porque fazem parte do seu grupo. Ou seja, não tem o julgamento apropriado para distinguir quem tem ou não necessidade para entrar. Isso aqui não é só um clubinho secreto para se curtir obras proibidas."

"Eu sei disso."

"Você não faria o que fosse necessário, é muito imatura. E não é treinada e nem faz por onde para ser. Três dos nossos articuladores foram mortos semana passada e sabe-se lá como a nossa estrutura ficou comprometida. E eles eram pessoas treinadas para ficaram de bico fechado. Imagine o que fariam com alguém como você? Entregaria a sua mãe no primeiro choque."

"Mesmo assim, você confia em mim."

"É outra história. Tenho minhas razões."

"Então me treina..."

"Na hora certa."

"Diga um começo... eu faria qualquer coisa."

"Sei lá... você precisa ganhar físico, resistência... entre para algum time da escola. Algo que te dê resistência e alguns músculos."

"Atletismo?"

"Pode ser. É um começo."

"Quanto aquele meu outro pedido negado..."

"Absolutamente não."

"Seja um pouco racional."

"Minha resposta é definitiva."

Rachel procurou esparramar-se na outra parte do sofá para dormir. Era mais fácil convencer uma parede do que Santana. A pessoa em questão ainda estava olhando a TV tensa com o noticiário de falsas novidades. Rachel pensou que talvez pudesse persuadir Brittany a persuadir Santana. Brittany falava com botões. Mas como a maioria, era só um botão raso. Só tinha conhecimento de uma pequena parte do todo. Não era como ela, Matt e Santana. Mesmo assim, Matt sabia menos do que Rachel. Brittany achava que os botões faziam festas secretas. Mas Santana a adorava, era sua namorada secreta. Tinha de ser o suficiente. Rachel sentia a necessidade de participar mais. Só assim os botões dariam suporte para tirá-la dali.