Capítulo Um
Coração Partido
Ginny Weasley
Tenho vinte e seis anos e continuo pateticamente apaixonada por Harry Potter. Fazendo as contas são já dezasseis anos assim. Houve aqueles pequenos namoros pelo meio mas nada sério, porque meu príncipe encantado sempre foi e será o Rapaz-Que-Sobreviveu. E mesmo quando fui abandonada por ele, este meu coração idiota não deixou de gostar dele. E esperou. Esperou que ele voltasse.
E adivinhem! Ele voltou, já faz dez anos que ele voltou. E eu continuo no mesmo lugar. Apaixonada mas sem Harry Potter algum do meu lado. Vejo-o todos os dias, trabalhamos juntos no Departamento de Aurores e falo muito com ele, saímos juntos várias vezes mas namoro sério nem sinal. Sei que no fundo ele também gosta de mim. Acho que ficou um pouco traumatizado depois da guerra e anda com problemas em se deixar envolver com alguém. Mas que estou eu dizendo? Já passaram dez anos desde que ele derrotou Voldemort! Ele já deveria ser capaz de chegar ao meu pé e dizer: Ginny, quero namorar contigo!
Isso ainda não aconteceu, mas eu sempre fui uma pessoa persistente e tenho a certeza que mais dia, menos dia ele irá me pedir em namoro em vez de ficarmos por aí nos beijando e agarrando ás escondidas.
Ás vezes acho que estou esperando em vão e considero-me a mulher mais idiota do mundo. Também chego a pensar que meu amor não é correspondido e que estou apenas me agarrando ás memórias do passado.
-Bom dia, Gin! - A voz do homem que amo me afasta de meus pensamentos.
Eu olho para a porta e sorriu.
-Bom dia, Harry! - Também ele tem um grande sorriso nos lábios. Parece uma criança que acabou de receber a sua primeira vassoura. Se calhar até foi isso, ele comprou uma nova vassoura. Homens!
- Estás muito alegre. - Comento.
-Hoje é um dia especial, muito especial! - Ele me diz e dá um sorriso cheio de significados secretos e pisca o olho. Meu coração salta. Será que é hoje que ele finalmente me pede em namoro? Só pode, afinal que mais podia ser? É nestes momentos que me convenço que não é sonho nenhum.
Vejo-o caminhar em direcção ao escritório dele muito sorridente e cumprimentado toda a gente.
-Tenta ser mais discreta. - Lavender Brown, a minha colega acorda-me do meu transe. - Estás fazendo uma figura um pouco triste.
-Não estou nada. - Resmungo.
-Qual é a tua história com o Harry, afinal? Ele abandonou-te há onze anos, mas mesmo assim ainda andas atrás dele? Depois deste tempo todo, sendo ignorada por ele?
-Ele não me abandonou e eu não sou ignorada por ele!
-Oh não. É verdade! Vocês saem ás vezes, quando ele se lembra que existes! Vá lá, Ginny, admite, é um pouco... Patético!
Eu sei que é patético mas jamais admitiria isso, nem para uma amiga como a Lavender.
-O amor não é patético!
Lavender encolhe os ombros e abana a cabeça dando a perceber que eu era um caso perdido. Mas eu sei que é hoje que Lavender engolirá as palavras.
Passei o dia agitada, distraída e sorridente. Pareço uma adolescente idiota que deu seu primeiro beijo. Eu tento ficar séria e fazer o meu trabalho direito mas não dá. Tenho a certeza que Harry vai oficializar a nossa relação no jantar de Natal de hoje.
Finalmente chega a hora de deixar o escritório e me preparar para a festa. As minhas mãos estão tremendo e tenho que fazer a maquilhagem três vezes. Sinto como se tivesse borboletas no estômago. Meu Deus, É HOJE!
Acho que nunca me senti tão ansiosa antes. Olho-me ao espelho uma última vez e materializo-me na entrada do restaurante. Vejo Lavender sentada, tomando firewhisky.
-Não vejo a hora disto começar! Estou morrendo de fome. - A morena diz-me, enquanto me sento ao lado dela. Eu simplesmente ri. Estou demasiado nervosa para falar. Acho que se abrir a boca vão sair borboletas em vez de palavras. Não consigo controlar um sorrisinho.
Lavender ergue uma sobrancelha e olha para mim desconfiada.
-O que tens hoje? Parece que algum Cupido te mordeu!
-Não tenho nada. - Eu digo mas continuo rindo.
Lavender encolhe os ombros e volta a sua atenção para a sua bebida.
Vejo Harry chegando e levanto-me. Ele sorri-me. As minhas pernas perdem as forças e vejo-me forçada a sentar. Ele vem até ao meu pé. Imediatamente Lavender sai dali, mas não sem me lançar um olhar que diz claramente: Patético!
-Estás linda, Gin. - Eu derroto-me ali mesmo. Acho que até devo ter babado.
-Obrigada! – Sinto-me corar um pouco. Se calhar Lavender tem razão, sou um pouco patética mas não é vergonha nenhuma estar apaixonada. Eu abri a boca para devolver o elogio mas...
-Harry, andas desaparecido! - Oliver Wood apareceu. Harry levanta-se e aperta a mão do seu colega. - Temos sentido a tua falta nos nossos jogos de Quidditch.
E desaparecem os dois entre a multidão de pessoas. Fico sozinha e um pouco desapontada.
-Tu já nem tens dignidade! Ele não está apaixonado por ti, Ginny! - Lavender voltou.
-Está sim, simplesmente ele é tímido. E sabes como são os homens.
-Eu já nem abro mais a boca. Estás cega e não queres ver que ele está simplesmente te usando.
-O Harry seria incapaz disso! - Eu gosto muito de Lavender mas ela estava passando das marcas.
-Ele já não é o Harry inocente de Hogwarts, tu é que continuas ingénua! Mas eu vou me calar porque não quero discutir contigo. Vou buscar mais uma bebida, queres?
Eu afirmo com a cabeça mas continuo zangada com ela. Como ela está tão errada!
Começam a servir o jantar. Vejo o Harry ainda conversando animadamente com Oliver Wood. Encolho os ombros. Não faz mal ele ficar conversando com um amigo, afinal é hoje que finalmente vamos ficar juntos para sempre. Por dentro eu estou dando saltos de alegria.
O jantar passou devagar demais, mas quando vejo Harry se levantando e pedindo a atenção de todos meu coração começa a pular. Sinto-me corar e minhas mãos tremem violentamente. Não consigo conter um enorme sorriso.
-Obrigada pela vossa atenção! Esta noite é muito especial para mim, e devem vocês estar se interrogando porquê. Bem, hoje vou pedir a pessoa que amo para casar comigo!
Sinto meu coração querer me saltar pela boca e tenho que levar a mão aos lábios para não dar um gritinho de felicidade. Eu imaginei que ele fosse oficializar a relação mas nunca me pedir em casamento. Meu pobre coração quase que não aguenta.
-Já a conheço á muito tempo, namoramos durante algum tempo, quando andávamos os dois em Hogwarts. Há uns tempos que saímos juntos e acho que chegou a hora de admitir que não posso viver sem ela! - Ele continuou.
Preparei-me para me levantar e correr para os braços dele. Acho que se ele demorar mais eu vou ter um ataque cardíaco!
-Cho Chang, aceitas casar comigo?
Eu levanto-me sorridente, e quase corro para os braços abertos dele quando vejo uma mulher de longos cabelos negros que estava sentada ao lado dele (e que eu nem tinha reparado) abraçá-lo. Depois reflicto. Não foi o meu nome que ele disse! Sinto meu coração se despedaçar. É como se me tivessem atravessado o peito com uma espada. Sinto lágrimas nos meus olhos. A atenção das outras pessoas divide-se entre olhar para o feliz casal e para mim. Se tivesse um buraco ali, eu gostaria de estar dentro, mas a verdade é que nem consigo me mexer.
Lavender tinha razão, eu sou uma idiota! Como pude ser tão estúpida? Acreditar que ele gostava mesmo de mim? Ele sempre foi apaixonado por aquela oriental metida. Como eu a odeio!
Saio a correr dali, sem sequer ligar para o que os outros estão pensando. Minha vida acabou! QUERO MORRER AQUI MESMO!
Sinto uma dor enorme no coração e como se tivesse uma Snitch atravessada na garganta. No meu cérebro passam todas as memórias que tenho de nós juntos, o que torna tudo ainda mais doloroso. E o pior, é que nem depois disto se consigo sentir o mínimo desprezo, nem uma pinga de ódio por ele. Eu sou mesmo a maior idiota deste mundo!
Nem o ar frio, nem a chuva, nem o vento, nem mesmo o facto de já ser noite me pára. Estou correndo e não sei para onde vou. Já nem sei se a água que corre pelas minhas faces é só chuva ou se já estou chorando. Já não sei nada.
Começa a dar trovões. Só agora me dou conta que estou numa rua deserta, a meio da noite, e completamente sozinha. E sabes que mais? Eu não me importo.
Vejo um bar aberto ali perto. Sinto uma vontade enorme de fazer uma grande asneira! Tomar uma bebedeira descomunal, fazer besteira e amanhã não me lembrar de nada.
Entro no estabelecimento e dirijo-me ao bar.
-Quero álcool! Quero a bebida mais forte que tiver aqui!
-Temos firewhisky!
Óptimo!
O homem dá-me a bebida e sento-me numa mesa qualquer. Na mesa em frente está uma mulher de cabelos negros e longos, olhos castanhos-escuros que eu tenho a sensação que conheço de algum lado. Ela olha para mim e depois para minha bebida.
-Problemas com homens? - Ela me pergunta.
-Que mais podia ser? - Eu respondo, tomando um gole de bebida.
-Junta-te ao clube! - Ela diz e toma também um gole.
N/A: Este capítulo não foi betado, se alguém estiver interessado, me contacte porque a pessoa que betava minhas histórias anda super ocupada.
Eu adorei o filme The Holiday, e tive esta ideia, vão haver cenas parecidas mas terá um seguimento diferente. Espero que gostem e não esqueçam de deixar review. Beijo
