Título: A Dementor's Kiss

Autora: Dark K.

Gênero: vamos de 'T', já que tem morte de personagem.

Ship: Harry P. X Dementador (é. Pois é.)

Capa: no profile


A Dementor's Kiss

Por Dark K

Nunca soube o que era tempo, porque tempo não sente. Tempo é. E nunca entendera o conceito de ser porque nunca havia sido.

Apenas existia.

Absorvia o que estava a sua volta, mesmo que quase nunca pudesse absorver algo de bom e raras vezes imaginava que, se pudesse absorver algo bom, talvez não fosse tão negro; mas tais pensamentos se perdiam em segundos, pois não fora feito para pensar.

Não sabia nem mesmo se havia sido feito, se existira desde sempre, se nunca fora real. Era feito de medo, por tudo que havia ouvido de tal sentimento ao longo dos milênios em que ouvira. Ou então de dor, por tudo que havia percebido de tal sensação em todos os milênios que estivera ali.

Não lembrava de haver estado em outro lugar, e tudo era, na verdade, nada. Definições, conceitos e noções eram nada, porque não passavam de pensamentos, flashes de lembranças.

Não sabia se lembrava.

Só existia, mesmo que não o soubesse.

As celas eram pequenas portas, as grades pequenos pontos, as paredes eram sempre frias, mesmo que não soubesse o que era frio.

Todo o lugar cheirava a loucura e tinha gosto de insanidade. Todo o lugar, menos aquela cela.

Aquela cela tinha gosto de verde. Cheirava à inocência. Não via para saber que era um garoto pálido que estava lá, emagrecendo a cada dia, definhando, morrendo, morto pelo peso dos pesadelos que o assolavam a cada vez que algum de seu povo estava perto. Ouvia os gritos roucos de dor alheia, mas não conseguia perceber culpa. A verdadeira, a de saber ter cometido um crime, ter matado, ter enganado, ter posto em risco... Não percebia culpa, apenas remorso e inocência, mesclados uns aos outros em um sabor distinto, indescritível, alheio e estranho a ele.

E descobriu como se sentia fascínio.

Mas os gritos eram tantos, e tão doídos, e tão roucos, que também descobriu que queria evitá-los. E só vinha à cela à noite, quando verde dormia e inocência o encobria. O ar gelado que fazia o garoto tremer.

E quis.

Era um mistério e um sentimento e querer era novo e estranho, mas fascinante, tanto quanto verde e inocência.

Quis tocar.

Pela primeira vez desde que existia, quis poder ver.

Mas não via.

E não viu os olhos abrirem-se em pânico quando sua boca se aproximou da dele, nem o corpo sem vida, que agora só existia como ele. Só soube que da cela já não sentia nada, mas sentia inocência esverdeada nele, na alma que habitava em si e... doía.

Doía nele a inocência morta. Doía nele. E ele nunca havia conhecido dor, apenas a observava. Nunca havia sentido tristeza. Nunca havia sentido amor e desespero.

E quis ver o sol.

E no amanhecer, todos os sentimentos que nunca tivera em si acordaram como que num chamado coletivo de tudo o que desconhecia e agora queria.

E as brumas da praia erguiam-se em ondas, e o sol se erguia, e se sentiu leve e cada vez mais claro.

E então já não era ou queria ou sentia ou percebia.

Era bruma.

Era luz.

Era paz.

Era nada.

E era o fim.


Não faço idéia de onde surgiu essa fic, provavelmente do mesmo lugar que surgiu Epilogue/Relief... Hum. Então. Sejam amores e

R E V I E W !