Odeio partidas. Porque eu sempre fui o tipo de pessoa que fica, que espera, que suporta.

Você faz parte do outro lado da moeda e pela primeira vez, na minha cômoda posição, eu detestei ficar. Eu deveria ter ido. Eu podia pelo menos ter tido a chance de te seguir. Porque é difícil ser deixada pra trás, ninguém pensa pelo lado de quem acaba ficando.

Eu teria te seguido por todos os infernos que você precisasse passar. Eu teria ficado em todos os lugares que você precisasse ficar quando ficasse cansado de só ir.

E naquela noite, você agradeceu.

Eu cuspi minha alma em forma de palavras para que pudessem alcançar você, mudar sua expressão, fazer você reagir. Você agradeceu. Por alguns instantes, milésimos de segundos, pensei que você ficaria. Mas não ficou.

Naquele dia, quando acordei, vi que você se importou.

Eu acordei num banco da praça, no banco da praça, naquele banco de praça. O banco onde você me rejeitou da pior forma que alguém poderia ser rejeitada. Naquele dia, eu te irritei; e continuei te irritando todos os dias em que pude ficar com você, mesmo inconscientemente, querendo apenas que você me notasse. Mas no último dia do banco, em especial, você se importou.

E nesse mesmo dia, eu implorei.

Implorei a Naruto, implorei a qualquer um que pudesse ouvir meu apelo.

Eu precisava de você de volta. Nem eu consegui te fazer ficar. Nem eu, disse o Shikamaru. Nem eu, e você agradeceu, e você se importou. Então por que você foi?

Odeio o tempo. Porque o tempo não cura todas as feridas; elas permanecem. Com o tempo, nossa mente protege a própria sanidade e cobre as cicatrizes. Mas não, as feridas não se curam. O tempo é a maior distância entre dois lugares e o tempo ainda não te trouxe de volta.

Dessa vez, a moeda se virou. Você ficou onde está e eu vou a todos os lugares na minha mente pra achar você.