Narrador
Ele estava pasmo, a notícia havia o assustado, pegado-o desprevenido. Estático, ainda processava o que havia escutado no telefonema, segundos antes. Fora um choque tão grande que a pasta que ele havia em mãos, se encontrava largada no chão, ainda não havia tirado o telefone de perto da orelha. Seus olhos transmitiam tristeza e também agonia.
O único som que podia ser escutado era do latido dos cachorros do vizinho da frente, mesmo assim, pareciam longínquos o bastante para parecerem sussurros.
Instantes depois ele despertará de seu pequeno e inoportuno "sono", se conduzirá até a porta, refazendo o caminho que havia feito minutos antes do baque.
Não tinha e nem se dava ao trabalho de retirar o grosso casaco em seus ombros largos, sua mente estava martelando, quase entrando em erupção. Quando se dera conta começou a correr, foi até o carro, ainda sem dispersar os pensamentos não muito bons sobre o que acontecerá.
Em minutos, que até pareciam uma eternidade, ele chegou ao local que a voz o indicara. Estacionou o carro, apressado, fechando-o o mais depressa que pode e indo para a porta de vidro do St. Mungus. Lá dentro havia várias pessoas, com as mais diversas doenças, só que nenhuma ali lhe importava realmente. Foi atropelando que via pela frente até a bancada onde estavam algumas recepcionistas e falou logo o que queria, passando na frente de um senhor de idade.
Não era hora para educação, não mesmo, sua afobação era visível em cada parte de seu corpo. Sua voz estava mais arrastada que o costume. Não importava mais o calor que ele sentia com aquele casaco, só queria vê-la o mais rápido possível.
A mulher não quis falar onde a paciente se encontrava, porém, após a insistência do moreno, ela acabou rendendo.
Foi até o elevador mais próximo, apertou o número que a mulher indicará, quatro. Não era bom sinal.
Ele sabia que não era bom, só os casos mais graves ficavam no quarto andar.
O prédio só tinha cinco andares e o quarto sempre foi dos quadros de riscos, ele não queria pensar como ela chegará ali; só vê-la, pegar a sua mão e esperar o quanto fosse necessário para que ela acordasse.
O elevador parou no lugar indicado, um grande "4" piscava, avisando-o que ele chegará. Mal as portas se abriram e ele já saiu indo em direção ao quarto "186" que a recepcionista falara. Chegou lá e não vira ninguém, parou a enfermeira que passava e perguntou, ela disse que estavam na mesa de cirurgia. Isso só piorou.
Ele não aguentaria perdê-la de forma alguma. Não aceitaria o fato de que a mulher que amava havia ido para nunca mais voltar. Não se imaginara sem ela, não mais.
Sentou-se no banco mais próximo, sem dar um piu se quer, tentava "digerir" tudo que falaram lhe ao telefone.
"A senhora Andrômeda Tonks sofreu um acidente."
