Agradecimentos: À Ivana, por ter me inspirado a escrever com esses três, mesmo sem saber.

Ao Marck Evans, por ter lido e betado esta história e agüentado meus ataques de ansiedade (obrigada, leonino!).

Avisos: Todos os personagens contidos aqui pertencem apenas à JK Rowling. Eu só proporciono diversão a eles. :)

Contém slash (relacionamentos entre homens), sexo consensual, voyerismo e algumas coisinhas que virão depois. Bom, né? ;)


Desejo...

01. ...de ver

Quando Severus Snape e Harry Potter começaram a namorar, todos que conheciam os dois ficaram espantados. Não pelo fato dos dois serem homens, isso era comum no Mundo Mágico. Nem pela diferença de idade, isso também não era tão raro assim.

O que espantou a comunidade bruxa, e principalmente os amigos de Harry, foi ele ter se unido à pessoa que mais parecia odiar em todo o mundo. Ron e Hermione, apesar de terem aceitado com relativa tranqüilidade aquela união (em parte graças à habilidade de Hermione em preparar poções calmantes para o namorado), não conseguiam esquecer todos os traumas que sofreram com seu antigo Mestre de Poções quando eram alunos dele.

E Severus também não fazia o mínimo esforço para ser aceito por ninguém. Mas sarcasmo e frieza eram tão inerentes a ele que com o tempo todos acabaram se acostumando. Passados alguns meses, Severus e Harry continuavam atraindo alguma atenção quando eram vistos juntos, mas já não causavam o mesmo frisson de antes. Todos pareciam ter finalmente aceito o relacionamento dos dois.

Corrigindo: quase todos.

Porque Sirius Black ainda sentia vontade de se atirar de uma ponte sempre que os nomes Severus e Harry eram mencionados juntos.

Desde o começo Ron e Hermione, os primeiros a saberem da novidade, ficaram bastante apreensivos sobre como contar a Sirius que seu afilhado estava envolvido com seu maior rival. Harry ficava adiando o confronto, temeroso da reação que seu padrinho teria quando soubesse. Ele era sua única referência familiar, e Harry se desesperava ao imaginar que Sirius pudesse se revoltar a ponto de rejeitá-lo.

A situação se prolongou por tanto tempo que Severus foi obrigado a tomar uma atitude.

No dia do casamento de Remus Lupin e Nymphadora Tonks, Sirius estava radiante como padrinho do noivo. Muitos não o viam tão feliz há bastante tempo e nada parecia perturbar sua alegria. Snape chegou a comentar que toda aquela felicidade era porque Black "comera a fruta e deixara o caroço pra Tonks", mas ninguém entendeu o que ele quis dizer, visto que não havia frutas no cardápio da recepção.

A revelação veio quando a noiva jogou seu buquê. Hermione, Ginny e Luna correram para tentar apanhá-lo, pois todas queriam ser a próxima a estar no lugar de Tonks. Foi uma surpresa quando o buquê fez um estranho arco – como se tivesse sido convocado – e caiu sobre o colo de Severus, que tinha um sorriso irônico no rosto.

- Parece que seremos os próximos, Harry.

E, para espanto de todos, Severus se inclinou e beijou a boca de Harry que, após um momento de hesitação, correspondeu com entusiasmo.

Até hoje há quem diga que tudo não passou de um plano sórdido do professor para causar um ataque cardíaco em Sirius Black.

O plano pode não ter dado certo - ele não morreu, embora tenha sido necessária toda a habilidade de Dumbledore para impedir que o casamento também virasse um funeral – mas agora sabia do relacionamento dos dois.

Como era de se esperar o Animago esperneou, gritou, reclamou, sugeriu que Harry estava sobre efeito de Imperius ou de alguma poção preparada por Snape e terminou emburrado e resmungando sobre o karma na vida de algumas pessoas.

Mas de nada adiantava, pois os dois continuavam juntos e visivelmente apaixonados.

Agora, quase três anos depois, eles estavam reunidos em Grimauld Place para celebrar a formatura de Harry na Academia de Aurores. A antiga Mansão Black, antes triste e abandonada, fora completamente reformada quando Sirius foi declarado inocente. Desde então Harry morava lá, e Sirius se esforçara ao máximo para que a casa fosse o mais aconchegante possível, pois queria manter a promessa de dar um lar para seu afilhado.

Mais do que isso, ele queria que Harry se sentisse tão bem em sua casa que não sentisse a menor vontade de sair de lá, e menos ainda que fosse morar com Snape.

Sirius queria fazer uma festa estrondosa para comemorar, mas Harry e Severus não aceitaram. Depois de um pouco de discussão e caras emburradas de ambos os lados, ficou decidido que apenas os amigos mais íntimos seriam chamados. Isso incluía os Weasley, Hermione, Remus, Tonks e alguns poucos amigos do tempo de Hogwarts.

Todos se divertiram com as demonstrações das novas invenções dos gêmeos Weasley e com o desespero de Remus tentando impedir que seu bebê de dois anos destruísse todos os objetos da casa. Aparentemente, o filho de Tonks herdara o mesmo talento desastrado da mãe para causar acidentes.

Harry, Severus e Sirius estavam um pouco isolados dos demais, bebendo e trocando as alfinetadas de sempre.

- Eu continuo achando que casos entre professor e aluno, ou mesmo entre professor e ex-aluno, deveriam ser proibidos pelo Ministério. – dizia Sirius, sentado em uma poltrona em frente ao sofá ocupado por Severus e Harry.

Harry revirou os olhos e se preparou para a mesma discussão que sempre surgia quando os três estavam juntos.

- Estava demorando. – Murmurou – Três anos, Sirius, quando vai se acostumar?

- Nunca. – Sirius sorriu e bebeu mais um gole de sua bebida. – Eu jamais assediaria um dos meus alunos.

- Sorte deles, Black. – Retorquiu Severus. – Nem Longbotton merece um castigo desses.

- Ao contrário de você, Snape, eu tenho senso de ridículo. E moral, claro.

- Ah, moral. – Repetiu Severus, com sarcasmo. – Confesso que não sinto a menor falta dela – Estendeu a mão para o lado e pousou sobre a coxa de Harry. – Você sente?

- Nem um pouco. – Respondeu Harry, colocando a mão sobre a de Severus. – Na verdade, acho que prefiro os imorais.

- Percebe-se. – Resmungou Sirius, bebendo outro gole – Você conseguiu corromper o filho de James, Snape.

- Eu! – Severus riu e sacudiu a cabeça - Você realmente não conhece seu afilhado, Black.

- Como assim?

- Deixe pra lá. – Respondeu Harry, disfarçando um sorriso e se levantando – Acredite, você não vai querer saber.

- Quero sim! – Exclamou Sirius, olhando Harry caminhar até o lugar em que os Gêmeos Weasley apostavam quem conseguira virar mais copos de firewhisky.

- Digamos, Black – disse Severus, a voz baixa – , que também existe um Deus do Sexo Gryffindor. ¹

- Hã?

Severus apenas deu um sorriso enigmático e se levantou, caminhando até onde Harry estava. Sirius viu quando o Mestre de Poções tocou as costas de Harry e murmurou algo em seu ouvido, fazendo seu jovem amante sorrir e virar a cabeça para trás, olhando diretamente para Sirius.

Em seguida, Harry ergueu o copo de bebida em um brinde silencioso, com um sorriso diferente de qualquer outro que Sirius já vira em seu rosto.

Um sorriso sensual, predatório.

Sirius não entendeu bem o significado daquilo, mas sentiu seu rosto corar como não acontecia há anos.


Já eram quase três horas da manhã quando os Gêmeos Weasley foram embora. Sirius resolvera entrar na aposta com Fred e George, e os três beberam quase todo o estoque de firewhisky que havia na casa. Os gêmeos estavam completamente bêbados, mal se mantinham de pé, enquanto Sirius estava apenas alto. Pelo visto, as bebedeiras e farras com Remus e James quando se formaram em Hogwarts o tornaram resistente à bebida.

Mas ele já não tinha mais dezoito anos, se sentia cansado, e seu corpo estava cobrando o preço pelas horas de diversão. Sinto te informar, Padfoot, mas você está ficando velho.

No momento a única coisa que ele queria era sua cama macia e quentinha.

Subiu as escadas devagar, quase se arrastando, e foi um alívio quando conseguiu chegar ao topo da escadaria. Já se dirigia para seu quarto quando, ao passar em frente ao quarto de Harry, ouviu um ruído que lhe chamou a atenção.

Era Harry. Gemendo.

Sirius sentiu todo o cansaço ser varrido para longe quando tentou imaginar o que estaria fazendo seu afilhado gemer daquela maneira. Talvez fosse o álcool, ou talvez fosse apenas a mente de Sirius que se recusava a pensar em Harry + sexo na mesma frase, mas a verdade é que a primeira reação que ele teve foi andar depressa em direção ao quarto para ver se Harry não estava ferido.

A porta estava entreaberta e Sirius já estava quase entrando no quarto quando ouviu a voz de Harry novamente:

- Isso, Sev, assim, assim!...

Imediatamente a compreensão se espalhou pelo rosto de Sirius, que abriu a boca espantado e congelou no mesmo lugar, a mão que se preparava para empurrar a porta paralisada no ar.

De onde estava não podia ver o que se passava dentro do quarto, mas nem precisava. Os gemidos que vinham de lá não deixavam dúvidas. Aqueles dois sacanas!

Seu primeiro impulso foi dar meia-volta e sair correndo para o seu quarto. Ele já se afastava da fresta quando ouviu Harry murmurando:

- Oh, Severus... Ninguém faz isso melhor do que você...

A curiosidade foi mais forte que qualquer outro sentimento, e Sirius se viu obrigado a olhar o que Severus Snape sabia fazer de tão bom assim. Uma olhadinha não vai fazer mal a ninguém, eles nem vão perceber que estou aqui..., disse aquela vozinha que sempre aparece para dar maus conselhos nessas horas.

Aproximando-se da abertura, Sirius empurrou um pouco mais a porta e olhou para dentro do quarto. De onde estava conseguia ver a cama de Harry, e o que viu o fez prender a respiração.

Harry estava deitado na cama completamente despido e com as pernas abertas. Severus, também nu, estava abaixado entre as coxas de Harry, os cabelos negros caindo sobre sua cabeça como um véu que não permitia que Sirius visse seu rosto. Os olhos de Harry estavam fechados, e ele ondulava os quadris para cima e para baixo, as mãos segurando o lençol com força. O rosto estava muito corado e ele mordia os lábios, mas não conseguia impedir os gemidos abafados que saiam deles.

Um desses gemidos saiu tão alto que Severus levantou a cabeça e deu um meio sorriso, e Sirius pode ver o que até então só imaginara. Com uma das mãos, Severus segurava os testículos de Harry enquanto a mão direita estava escondida mais embaixo.

- Aqui? – Perguntou Severus, flexionando o braço direito e fazendo Harry arquear o corpo e gemer ainda mais alto.

- Si...sim... – Ofegou Harry, abrindo mais as pernas para facilitar o trabalho de Severus.

Severus deu outro meio sorriso e flexionou o braço de novo e de novo, fazendo se Harry se arquear e gemer várias vezes, completamente entregue.

Fascinado, Sirius tentou se apoiar na porta, que abriu ligeiramente. Foi rápido mas suficiente para que Severus percebesse o movimento. Harry, de olhos ainda fechados, não viu nada.

Sirius congelou no lugar quando os olhos negros de Severus se cravaram nos seus. Piscou atordoado, esperando pela fúria que viria, mas nada o preparou para o que aconteceu em seguida.

Severus apenas sorriu para ele, um sorriso repleto de luxúria que fez Sirius se lembrar do sorriso de Harry mais cedo.

Ainda sem acreditar, Sirius viu Severus abaixar o rosto e lamber lentamente toda a ereção de Harry, da base à ponta, a língua úmida esticada para que Sirius pudesse vê-la. Repetiu o mesmo gesto duas vezes, até parar na pontinha e lamber a pequena abertura que havia lá, para em seguida chupar a glande rosada com vontade, arrancado mais gemidos de Harry.

E fez tudo isso sem desgrudar os olhos de Sirius, que assistia a tudo estupefato.

- Pare, Severus, não agüento mais... Não quero gozar tão rápido...

Sirius achou que Severus ignoraria Harry, mas se surpreendeu quando ele se ergueu e deitou-se sobre Harry, ajeitando-se entre as pernas do rapaz e se inclinando para o lado para apanhar sua varinha que estava em cima do criado-mudo.

Sirius achou que Severus faria um feitiço lubrificante em Harry, mas se surpreendeu novamente quando viu Severus apontar a varinha para uma camisa preta caída sobre a cama e transfigurá-la em uma comprida faixa de pano acetinado.

- Severus?... – Perguntou Harry, abrindo os olhos.

- Shhhhh – Murmurou Severus, passando as mãos sobre os olhos de Harry e fechando-os de novo – Confie em mim...

Deixando a varinha de lado, Severus apanhou a faixa e tampou os olhos de Harry, aproveitando as extremidades para atar os pulsos do jovem à cabeceira da cama, o pano negro contrastando magnificamente com a pele clara e delicada.

- Você está possessivo hoje, meu amor – Harry sorriu.

- Eu quero te mostrar quem é que manda – Disse Severus, olhando significativamente para Sirius, que entendeu o recado.

Aquela frase não era para Harry, era para ele. Como seriam todas as outras frases e ações de Severus dali em diante.

- Humm... Eu vou gostar de saber quem manda. – Suspirou Harry, mordendo os lábios quando ouviu Severus murmurar um feitiço lubrificante e erguer seu quadril.

- Ah, tenho certeza que sim – Respondeu Severus, sem tirar os olhos de Sirius – Você vai adorar cada minuto disso. E nunca mais vai esquecer.

Sirius engoliu em seco, assistindo fascinado quando Severus começou a fazer movimentos lentos de vai e vem, pra frente e pra trás, avançando e recuando para dentro de Harry, que se agarrara nas faixas negras e virara a cabeça de lado, em direção a porta, de onde Sirius podia ver a dor ser substituída pelo prazer no rosto dele.

Severus também percebeu que o corpo de Harry estava totalmente acostumado à invasão, pois começou a acelerar os movimentos, cada vez mais fundo e mais forte, arfando e arrancando gemidos do rapaz, que passara as pernas em volta de sua cintura e tentava acompanhar o ritmo de Severus.

- Gosta disso? – Perguntou Severus, os lábios roçando a orelha de Harry e os olhos cravados no rosto de Sirius – Gosta de me ver assim?

- Sim... – Harry gemeu baixinho, e Sirius continuou calado, sem ter coragem de responder nada.

- Eu não ouvi! – Exclamou Severus, encarando Sirius e dando uma estocada mais profunda que arrancou um grito de Harry.

- Sim! – Gritou Harry, apertando ainda mais as faixas que prendiam seu pulso.

- Sim. – Murmurou Sirius, movendo apenas os lábios e recebendo um sorriso vitorioso de Severus.

- Eu sabia... – Sussurrou Severus, fechando os olhos. - Eu sempre soube...

O coração de Sirius batia descontroladamente e ele quis correr, fugir para conseguir acalmar seu corpo que parecia queimar e pulsar de desejo. Mas ao mesmo tempo ele sentia uma necessidade de ficar e ver tudo, ver o rosto de Severus quando chegasse ao final e ver a expressão de Harry quando atingisse o clímax.

O que não demoraria muito tempo, a julgar pelos movimentos de Severus, que se tornavam cada vez mais rápidos, e pelos gemidos de Harry, cada vez mais altos.

O próprio corpo de Sirius parecia estar sincronizado com os dois amantes à sua frente. Sentiu, mais do que viu, o momento em que Harry estremeceu violentamente e gritou, o corpo se arqueando sob Severus.

- Ahhhhhh! ²

O rosto de Severus se contorceu em êxtase e ele se impulsionou ainda mais para frente, para dentro, um gemido abafado saindo de seus lábios enquanto ele enterrava o rosto na curva do pescoço de Harry e desabava sobre ele em seguida.

Sirius sentiu sua cabeça latejar e, antes que desmoronasse ali mesmo, deu meia-volta e saiu correndo para seu quarto, batendo a porta ao entrar e se jogando na cama.

Não viu o momento em que Severus se ergueu e retirou a faixa dos olhos de Harry, nem quando o Menino-que-Sobreviveu sorriu e perguntou:

- E então?

- Funcionou.

CONTINUA... o.o"


Notas:

1. Nunca gostei muito desse título, Deus do Sexo Slytherin, mas precisei dele neste diálogo. Sem contar que nunca o vi sendo usado para o Harry. :)

2. Esse grito foi para a Paula Lírio, que adora gemidos em fics e leu pacientemente cada parágrafo que escrevi.

Comentários:

Espero que tenham gostado, e que ninguém tenha tido nenhuma parada cardíaca com esse primeiro capítulo. XDD

Essa fic terá três capítulos, e o próximo já está pronto. Se vcs forem bonzinhos e deixarem reviews, eu prometo postar bem rapidinho! -modo chantagista ativado-