Sobre Pesadelos e Ligações na Madrugada
Dean morde os lábios encarando o visor do telefone, são 3:00 hrs da madrugada, mas isso não faz com que ele hesite em digitar os números rapidamente.
_Olá, Dean. - a voz dele não parece cansada ou aborrecida, é apenas rouca e reconfortante.
_Oi, Cas. - ele responde, meio trêmulo.
_Aconteceu algo? - Castiel é sempre preocupado.
_... Nada não... - e a próxima frase soa ridícula. - É que eu tive um pesadelo.
_O Inferno de novo? - ele suspira.
_Sim. Sempre.
_Hum... - ele não sabe o que dizer, não é bom com emoções, mesmo não sendo mais um anjo e mesmo que conviva com os humanos a tempo suficiente, ainda não se acostumou a esses sentimentos confusos que pouco a pouco chegam até ele.
_Parecia tão real dessa vez, como se eu tivesse voltado para lá, como se você nunca tivesse me salvado... Acordei chorando. - mordeu os lábios, estava sendo tão infantil. - E decidi te ligar.
_Está tudo bem agora. Eu te salvei Dean, você não está mais lá, nunca mais vai estar. - ele ouve um soluço. - Você está bem... Dean?
O outro demora a responder, ainda pensando no Inferno, naquele cheiro tão conhecido de carne queimada e podre.
_Tá... Tá tudo bem sim.
_Hum...
Dean levanta da cama quando escuta um barulho perto da janela do motel, Sam não está ali esta noite, algo sobre ir ver a Amélia. Pela primeira vez Dean sente medo, talvez fosse um dos cães do Inferno vindo pegar sua alma novamente, apenas esse pensamente faz suas pernas tremerem e ele arregala bem os olhos tentando enxergar através do vidro sujo.
_Cas... - a voz sai mais aterrorizada agora.
_Sim, Dean.
_Estou com medo. - confessa, enquanto fecha a cortina. - Que merda! Isso é tão infantil!
Castiel ri do outro lado, aquela risada rouca que arrepia os pelos do pescoço de Dean, e o loiro se permite sorrir. Dez minutos se passam, e então de repente Dean escuta alguém bater na porta.
_Tem alguém aqui. - ele diz com a voz trêmula, o terror voltando e fazendo seus ossos gelarem. - Vou desligar, Cas.
_Espere.
_O que foi? - Dean sussurra, como uma criança amedrontada.
_Abre a porta pra mim. - ele diz simplesmente e Dean sente o coração falhar uma batida.
_O que você está fazendo aqui? - a voz é mais aguda agora e ele vai até a porta, a mão quase alcançando a maçaneta.
_Você disse que estava com medo, então eu vim dormir com você, e te proteger, eu ainda sou seu anjo afinal.
Dean sente as bochechas afogueadas.
_Cas...
_Dean...
_O que foi? - pergunta, mordendo os lábios.
_Tá frio aqui fora... E eu tenho certeza que vai chover... - Depois de dois minutos Dean ainda está mudo e não há nenhuma movimentação na maçaneta. - Abre a porta. - Castiel finalmente pede.
Com as mãos ligeiramente trêmulas e uma ansiedade insana, Dean gira a chave e abre a porta. Castiel ainda tem o celular na altura do ouvido esquerdo e lhe dá um sorriso pequeno.
_Olá, Dean. - ele diz simplesmente.
Todo o medo que Dean sente vai embora como num passe de mágica e ele puxa Castiel para dentro, apertando-o num abraço esmagador e que só vai terminar quando Dean finalmente sentir que está realmente vivo e bem e com Castiel ali com ele, para sempre. Sem Inferno, sem demônios, sem almas torturadas.
Apenas o caçador e seu anjo.
