Parte I
Ele pegou seu casaco e saiu apressado, a porta fechou com um estrondo às suas costas. Martin se jogou de costas contra a porta e escorregou até o chão. Como pudera deixar isso acontecer? Como pudera deixar a pessoa que mais amava acabara de escapar por entre seus braços, por entre seus lábios. Mas ele não desistiria tão fácil, aquela última palavra pronunciada pelos lábios de Gerard não fora convincente. Flashback- Acabou Martin./flashback- Doces memórias voltaram. Elas têm que voltar.Martin se levantou e foi ao banheiro secar suas lágrimas.
Três dias, três dias insuportáveis. Era doloroso demais ver Gerard com outro, mas ele também cometera erros, não houvera demonstrado seu amor de forma convincente e o havia traído. Como pudera ter traído aquela pessoa que depositou toda sua confiança nele, todo seu amor. Amavam-se mais do que qualquer outro casal, mas alguns erros de ambas as partes trouxeram fim àquilo. Quem sabe não fosse o fim de tudo, talvez fosse o fim da primeira parte apenas, quem sabe ainda haveria uma segunda parte, uma segunda chance, que os aproximaria cada vez mais. Gerard dissera que ainda o amava, mas seria verdade? Martin dissera o mesmo à Gerard e ele também duvidara. Se Martin realmente o amava ele não o teria traído; ou teria? E se ele amava Martin como ele poderia ter se apaixonado por outro?Martin vestiu seu sobretudo e saiu de casa, andando em meio à neve com passos largos e apressados. Durante o caminho ele ia decidindo o que falaria para Gerard, não tinha certeza se falaria ou não, talvez no momento em que Gerard abrisse a porta ele ficasse com medo e desistisse. Mas ele precisava fazer isso. Bateu os nós dos dedos contra a porta de madeira, ele tinha a chave, Gerard não pegara de volta, mas não se achava no direito de entrar em sua casa. Ouviram-se passos do lado de dentro da casa, Martin se afastou um pouco da porta e logo depois ela se abriu. - Ah. É você. - Gerard a gente precisa conversar. Não está legal dessa maneira. Gerard se afastou deixando espaço para que Martin entrasse, os dois foram para sala, o celular de Gerard tocou, ele atendeu e respondeu sem dar tempo para que a pessoa do outro lado da linha falasse. - Depois eu ligo pra você amor. Martin abaixou a cabeça. - Fala Martin. - Gerard eu não vou conseguir continuar desse jeito. Você tem todos os motivos do mundo pra não me querer mais, mas eu não sei por que eu fiz aquilo, eu não sei nem como eu pude fazer aquilo já que é só em você que eu penso.
- Martin eu já ia terminar com você, só estava esperando o momento certo, se é que existe um momento certo para acabar com uma coisa dessas, e a traição, bem foi o momento. - Mas se não foi pela traição... Gerard se inclinou no sofá e segurou as mãos de Martin. - Eu sempre te amei muito, mais do que qualquer outra pessoa. Os momentos que eu passei com você não poderiam ser mais perfeitos, mas eu não tinha certeza se o que você sentia por mim era igual. - Mas eu sempre te disse que você era a pessoa mais importante da minha vida Gerard. - Eu sei Martin, mas quantas pessoas não falam coisas simplesmente por falar? Acho que o medo de que você decidisse terminar comigo por não me amar superou meu amor por você Martin. Gerard soltou as mãos de Martin e abaixou a cabeça. - Gerard me desculpa. Desculpe-me pela traição, me desculpa por não ter te demonstrado tudo que eu sentia, me desculpa por eu não ter dado valor à você, por não ter retribuído seu amor da maneira certa. Eu só, não sabia como fazer. Desculpe-me Gerard. Por favor. - Martin não se preocupe; você não precisa me pedir desculpas, eu fui estúpido em deixar que o medo superasse o que eu sinto por você.Martin levantou a cabeça. Então Gerard ainda o amava?- Espera Gerard você disse... - Sinto. É sinto. Eu ainda te amo Martin. Eu percebi isso ontem, eu percebi que eu estou acabando com alguém que eu digo que gosto sendo que é só em você que eu penso e eu não posso, eu não vou conseguir terminar com ele. - Mas comigo você conseguiu, porque não com ele?- Com você eu não sabia se você me amava de verdade Martin, eu tinha medo, já disse. Mas com ele, ele realmente demonstra o que ele sente. - E você demonstra?- Sim. - Mas é de verdade?Gerard ficou em silêncio.
- Gerard eu não estou te obrigando a fazer nada, quem sou eu pra lhe dizer o que fazer? Faça o que você achar certo, eu só quero que você saiba que eu te amo e que eu me arrependo muito de tudo que eu fiz. E que eu estou disposto a tentar de novo e tornar tudo melhor, reparar todos os meus erros. Eu te amo Gerard. Dito isso Martin saiu andando com os mesmos passos largos e rápidos com os quais foi à casa de Gerard enquanto este pensava deitado no sofá. Gerard se levantou e ligou o rádio. O que faria? Qualquer uma das decisões de Gerard magoaria alguém. Ou reataria seu namoro com Martin, torcia para que tudo fosse melhor e terminava seu namoro atual com alguém que ele tinha certeza que o amava ou continuaria com o namoro atual e magoava Martin. Passaram horas, senão dias, pensando no que fazer e finalmente havia se decidido.
