N/A: Oi, pessoas! Bom, com o fim de A Cidade dos Anjos, tivemos também o fim de uma trilogia. Mas, eu não sou capaz de abandonar essa realidade alternativa que eu criei. Não consigo parar de escrever sobre Tony e Michelle como pais. Jack e Chloe. As crianças - filhos deles - são personagens preciosos que eu não posso simplesmente passar a ignorar. Então, essa fanfic será uma coleção de One Shots, quase totalmente independentes um do outro (quando dependerem, direi de qual capítulo) e cada capítulo é uma nova história. Uma nova memória. O título da fic, assim como os nomes dos capítulos, estarão em inglês. A tradução será posta como uma "N/A" no começo de cada capítulo. Para esse começo, o nome da fanfic, em uma tradução livre: "Fazendo memórias de nós." - E do capítulos: "Nossas doces crianças." Espero que gostem!


Making Memory of Us.

Capítulo Um: Sweets children of mine.

Ela sempre sonhara com esse dia. Desde criança, ela fantasiara sobre como seria. Onde viveria. E o mais importante, com quem estaria. Naquela época, o cenário na sua cabeça era completamente diferente. Seus pais a olhariam com um novo brilho nos olhos. Um brilho que ela identificaria como encantamento. Seus sorrisos a aqueceriam por dentro, e ela se jogaria nos braços deles, os três se entregando a um momento único. Inédito.

A realidade é que o futuro nunca é exatamente como a mente de uma criança o produz. Às vezes é melhor. Na maioria das vezes, muito pior. Ela não sabia em que classificação o seu se encaixava. Por um ângulo, era muito, muito pior. Por outro, e pelo qual ela se guiava, tão bom quanto ela poderia desejar ao longo da sua trajetória.

Anos atrás, ela diria que sua vida estava acabada. Sem esperanças de qualquer tipo de felicidade. Sua mãe estava morta. Seu pai se culpava por isso e se deteriorava a cada dia. Seu melhor emprego era como a de uma babá. Seu namorado era apenas... um namorado.

E então, seu pai estava de volta. Vivo. O herói não só dela, mas de todo um país. Seus estudos foram retomados pela Univeridade de Santa Mônica – uma insistência do seu pai e que ela aceitara com uma enorme satisfação – e ao se graduar, um emprego garantido: agente federal da Unidade Contra Terrorismo de Los Angeles.

Não era o emprego dos sonhos. Nem de perto. Aquele era o local onde seus pesadelos começaram. Em alguma sala obscura, fora onde ela perdera a pessoa mais importante da sua vida. Ainda assim, ela aceitou. Sabia o que aquilo significava para o seu pai. E para seu futuro. No fim, acabou sendo um divisor de águas: ao sair dali, perdendo o namorado – que não era apenas um namorado -, cresceu como pessoa. Como mulher.

Ela conhecera Eric por acaso, em um passeio pelo parque quando os dois se esbarraram e ela caiu no chão, os dois rindo do acontecido depois de ele verificar uma dúzia de vezes que ela estava realmente bem. Ela não chamaria de amor à primeira vista – não acreditava mais nisso -, mas o olhar que eles trocaram ao se despedirem era cheio de promessas e ela teve a confirmação de cada uma delas ao longo do seu relacionamento.

O primeiro encontro. A primeira vez. O noivado. O casamento. Ela sempre sorria ao analisar dessa forma, cronologicamente. Pela primeira vez, dera certo. E ela queria que fosse a última. Você sabe quando ele é o homem da sua vida. Quem pode resistir?

"Kim?" – Ela levantou os olhos da mão em seu colo para a direção de onde veio a voz. – "Você está bem?"

"Eu estou ótima, Eric." – Ele voltou a olhar para a estrada, seu cenho franzido com descrença.

"Eu conheço você, Kimberly Bauer. E você não mente tão bem quanto pensa."

"Crawford."

"O que?"

"Kimberly Bauer Crawford." – Ela observou o rosto dele se iluminando com um sorriso.

Ela não se importou em mudar o nome. Ou melhor, acrescentar o nome dele ao seu próprio. Simbolicamente, era o que o casamento significava. A união de duas pessoas. Duas almas. É claro que os homens deveriam carregar o nome das suas esposas também, mas era algo cultural que nem mesmo uma Bauer poderia lutar contra. Novamente, ela não se importava.

"Você está com medo de como seu pai vai reagir?" – Ele parou o carro no acostamento e virou seu rosto para olhá-la melhor.

"Não. Eu sei exatamente como ele vai reagir."

"Então o que a está incomodando?" – A mão dele alcançou a dela e deu um leve aperto.

"Estou nervosa. Apenas isso. É uma grande mudança nas nossas vidas e eu nunca fui muito fã de mudanças."

"Essa será uma boa mudança."

"Eu sei."

Eles compartilharam um sorriso antes do carro ser religado e a ida até a casa dos Bauers ser retomada. O dia seria longo. E diferente dos que aconteciam na CTU, com um ótimo desfecho. Ela sabia.

***

"Kimzinha! Kimzinha!" – O garoto foi o primeiro que a recebeu, correndo o jardim até colidir com ela e envolvê-la em seus pequenos braços.

"Matt!" – Ela o abraçou de volta. E seu corpo tremeu junto ao dele, os dois sorrindo.

Matthew Dessler Almeida fora a primeira criança após Megan com a qual ela havia se identificado. Passar tempo com ele, assistir aos jogos do garoto e brincar de qualquer coisa eram mais do que hobbies. Eram partes da sua vida, de quem ela era. O jeito que só ele a chamava aumentava ainda mais essa conexão entre eles. Irmão e irmã.

"Nós estamos esperando por vocês para começar o churrasco!" – Ele gritou, soltando-se dela e abraçando Eric.

"Estão todos aí?" – Ela perguntou, tendo sua mão agarrada por ele e sendo conduzida juntamente com seu marido para a parte de trás da casa do seu pai, o lugar onde sempre aconteciam as reuniões dos finais de semana.

"Sim! Nós vamos começar uma partida de futebol. Eu, Harry, tio Jack contra papai e Jimmy. Você vem Eric?"

"Claro!" – Eles dois correram, deixando Kim para trás.

"Então você é do outro time. Você sabe, papai é péssimo!" – Ela ouviu a criança dizer antes de desviar sua atenção para as outras pessoas ali presentes.

Michelle acenou perto da churrasqueira e Bill deixou os espetos na sua frente para também cumprimentá-la. Chloe e Audrey pararam sua conversa e indicaram simultaneamente uma cadeira livre perto delas onde Kim poderia se sentar. Ela sinalizou com a mão que se juntaria a elas em um instante. Por fim, sua vista chegou nas garotas: Faith, Lizzie e Anne estavam sentadas no gramado logo atrás da mesa, à direita e longe da churrasqueira – ainda que no alcance da visão de Michelle.

Ela aproximou-se das garotas e foi recebida por três abraços ao mesmo tempo, cada uma gritando seu nome e pulando ao seu redor.

"Kim!" – Lizzie foi a primeira a ganhar um abraço e em seguida, se afastou, deixando a irmã receber o seu.

"Hey, Faith." – Kim levantou a pequena do chão, seu peso de alguém com 3 anos de idade leve o suficiente para ela fazê-lo sem esforço. Após receber um beijo e cócegas, foi reposta no chão e seguiu com a irmã de volta para as bonecas na grama.

"Ann." – A sua caçula, do mesmo tamanho da caçula dos Almeidas – e também da mesma idade -, esticou os braços pedindo colo, uma ansiedade incontida nas suas feições.

A resposta da pequena foi um beijo no rosto de quem a segurava. Kim retribuiu, carregando-a até as outras garotas e sentando-a diretamente no chão. Após observá-las interagindo por alguns segundos, encaminhou-se até a mesa e se sentou no lugar separado para ela.

"Hey, Chloe. Audrey."

"Olá, Kim." – Elas falaram em uníssono.

A conversa que se iniciaria entre elas foi adiada por um grito de gol. Elas ajeitaram suas cadeiras a fim de assistir ao jogo e a tempo de verem Matt pulando e passando suas pernas pela cintura de Jack, outro grito de gol escapando por seus lábios. Harry bateu seus punhos com o do melhor amigo assim que estavam no mesmo nível.

Ao fim da partida, o time de Matt havia ganho por um gol de diferença e todos se jogaram exaustos na grama. Apenas quando Michelle gritou que o almoço estava pronto, eles se colocaram de pé e avançaram para a mesa, o cansaço sendo vencido pela fome.

"Vocês fedem, garotos." – Eles ouviram Kim comentar ao passar com seu prato por eles.

"Você quer um abraço, baby?" – Eric a perguntou quando ela estava do seu lado.

"Você faz isso e conhecerá as habilidades de uma Bauer em uma luta, querido."

Jack, que estava logo atrás do genro e perto o suficiente para escutar o que sua filha acabara de dizer, sorriu. – "Essa é minha garota."

Kim assentiu para o que o pai acabara de dizer e continuou seu caminho, sentando-se entre Bill e Harry.

O almoço foi como qualquer outro que eles compartilhavam, menos o final, quando Kim se levantou e pediu a atenção de todos os outros presentes na mesa. Os adultos a olharam confusos e as crianças imediatamente se calaram, encarando-a curiosos.

"Eu uh..." – A expectativa a fez perder as palavras. A mão de Eric na sua – que também se levantou, fazendo os outros trocarem olhares – foi o suficiente para ela retomar sua linha de raciocínio. – "Nós temos algo a contar para vocês." – O sorriso que lentamente apareceu na face de Michelle e o leve aceno positivo de cabeça que ela deu quando seus olhos encontraram os de Kim a encorajou a continuar. – "Seria mais fácil se vocês tivessem o sexto sentido de Michelle." – Ela falou, fazendo piada para aliviar sua própria tensão.

"Está tudo bem, Kim. Conte a eles. Se algum deles reagir mal, você pode finalmente usar aquelas habilidades de uma Bauer, lembra?" – Michelle disse, diminuindo ainda mais o nervosismo da outra.

"Okay." – Kim respirou fundo e olhou diretamente para o pai antes de comunicar-lhes. – "Eu estou grávida."

E ele foi o primeiro a reagir, abrindo a boca e os olhos com sua genuína surpresa. Ela manteve seus olhos nele até uma mão girá-la pelo ombro para o outro lado.

"Kim, você sabe que eu te amo mais do que nunca, não sabe?" – Ela o lançou um olhar totalmente confuso. Tony sorriu ainda mais, virando-a na direção de Jack e falando mais alto para assim todos o escutarem. – "Você acabou de transformar o grande Jack Bauer em avô!"

Todos gargalharam, e pararam no momento que Jack se levantou da cadeira, uma expressão misteriosa em seu rosto. Ele estava peito a peito com o melhor amigo quando finalmente falou.

"Você tem sorte que eu, por algum motivo sobrenatural, não consigo odiá-lo." – Ele deu um tapa brincalhão no ombro de Tony, sorrindo para ele e em seguida se colocando Kim em seus braços.

Ela retribuiu, agarrando-o pela nuca e respirando aliviada. Ele estava feliz.

"Posso falar com você um minuto?" – Jack a segurou pela mão, e quando obteve uma resposta positiva, guiou-a para perto da piscina, longe de todos os outros. – "Como você se sente?" – Ele a questionou, ficando de frente para ela e sem soltar sua mão.

"Nunca estive tão feliz como estou agora, pai." – Ele abriu um sorriso que sempre fazia o coração dela bater mais rápido. – "Como você se sente?"

"Velho." – Ele sorriu junto com ela. – "Kim..." – Começou hesitante e ela franziu o cenho.

"O que, pai?"

"Sua... sua mãe ficaria orgulhosa. Onde quer que ela esteja... está muito feliz agora."

Kim sentiu seus olhos encherem de lágrimas, e não as impediu de rolarem livres pela sua bochecha. Ela havia pensado bastante na sua mãe nos últimos dias, imaginando como ela receberia a notícia e de que forma a aconselharia. Como a acompanharia durante a gravidez. Fazendo compras, ensinando coisas básicas sobre maternidade, sendo a mãe de uma futura mãe.

"Eu sei." – Ela fechou os olhos ao sentir um dedo do seu pai limpando suas lágrimas e depois os lábios dele na sua testa. – "Eu tenho saudades dela." – Admitiu, controlando um soluço e enterrando sua cabeça no peito dele.

"Eu sei, minha querida. Eu sei." – Ele alisou as costas dela por um longo tempo, esperando que a respiração dela voltasse ao normal.

"Desculpe, pai. Hormônios."

Ele riu, afastando-se para fixar seus olhos azuis nos azuis dela.

"Eu tenho uma idéia, Kim."

"Qual?"

"Você gostaria de ir até o cemitério comigo? Nós podemos ver sua mãe e você pode contar a ela."

As lágrimas voltaram e ele se arrependeu de ter feito a proposta.

"Okay, okay, nós não precisamos ir."
"Não, pai. Eu quero ir. É uma idéia maravilhosa. Eu só não... esperava que você fosse propor. Quer dizer, nós nunca mais fomos até lá juntos."

Ele assentiu, colocando uma mecha do cabelo da filha atrás da orelha dela.

"Nós vamos algum dia da semana que vem. Tudo bem?"

"Está perfeito."

"Vamos voltar ou eles podem ficar preocupados."

Ela se deixou levar por ele, sua mente antecipadamente projetando aquele momento com seu pai.

"Parabéns, Kim!" – Audrey foi a próxima a parabenizá-la. Um a um, todos demonstraram o quão felizes estavam com a vinda de mais uma criança para a vida deles. Por fim, Michelle se aproximou, um enorme sorriso em seu rosto. Um brilho nos seus olhos e Kim rapidamente os identificou, igual ao nos seus sonhos de criança. Encantamento.

"Parabéns, Kim." – Ela recebeu o último abraço e ao dar um passo para trás, sentiu sua mão sendo pega pela da agente. – "Nós podemos conversar?"

"Claro, Michelle."

Elas regressaram ao mesmo lugar onde Kim tivera sua conversa de pai para filha. Michelle também não soltou sua mão.

"Escute, Kim," – A loira esperou calada. – "Eu sei que você ama sua mãe e gostaria que ela estivesse aqui agora, mas uh..." – Ela respirou fundo, sem saber exatamente como continuar ou qual seria a reação que receberia. – "Eu estou aqui para você. Como amiga, é claro, mas como qualquer coisa que você quiser. Sei que você pode lidar com tudo por sua conta, você é uma garota esperta. Mas,"

"Michelle, você não precisa,"
"Não, escute. Você é como uma filha pra mim, Kim. Há um tempo, você é exatamente isso. Uma filha mais velha. Não espero que você sinta o mesmo por mim. Claro que não. Não conheci sua mãe, mas sei exatamente o quanto você a amava. Ama. Sei que você ainda sente saudades, especialmente agora." – Michelle deu um passo a frente, limpando as novas lágrimas que caíam pelo rosto da sua interlocutora. – "Se você precisar de conselhos, de alguém para ir com você até o shopping fazer compras, decidir a cor do quarto, a decoração, comprar roupas e brinquedos, você tem a mim. E você pode me chamar a qualquer hora. Como eu disse, eu estou aqui para você, Kim."

Ela foi pega de surpresa ao sentir o corpo da futura mamãe junto ao seu em um forte abraço.

"Obrigada, Michelle." – Kim falou ao soltá-la. – "Significa muito para mim."

"Sempre aqui, Kim."

"Eu sei. E apenas para você saber, há um tempo eu secretamente a considerava como uma mãe para mim."

"Sério?"

"Sério." – Elas sorriram uma para outra. – "Eu quero você comigo durante essa gravidez, Michelle. Eu preciso de você."

"Eu vou amar estar com você." – Ela a puxou para outro abraço. – "E Tony também. Ele sempre se considerou seu segundo pai."

"Eu sei. Obrigada."

"Não precisa agradecer."

Após um último sorriso, elas voltaram para perto dos outros, a gravidez sendo o motivo de comemoração e o único tópico até o fim daquele dia.

***

"Eu quero ver a cara do seu pai." – Michelle já ria antecipadamente, Kim ao seu lado imitando-a. Elas andavam a passos lentos pela entrada da casa dos Bauers, a barriga de 5 meses de Kim não permitindo, nem que elas quisessem, andarem mais rápido.

Elas foram atendidas na segunda batida na porta, o próprio Jack recebendo-as.

"Hey, pai."

"Kim." – Ele a abraçou, acariciou sua barriga e depois pôs Michelle em seus braços. – "Obrigado por fazer isso."

Todos estavam esperando por aquele dia, quando sua filha descobriria o sexo do bebê.

"Onde está Eric?"

"Ele precisou voltar ao trabalho. Deixou eu e a Michelle aqui."

Jack indicou a sala e elas o seguiram, encontrando Chloe, Anne e Jimmy se divertindo no chão com alguns brinquedos ao redor.

"Então?" – A analista perguntou assim que se pôs de pé. Ela percebeu o olhar trocado pelas duas outras mulheres, um olhar de cumplicidade.

"Eu terei gêmeos!" – Kim anunciou, e gargalhou diante das expressões assustadas do seu pai e madrasta.

"Gêmeos? Dois de uma vez só?" – Jack queria ter certeza.

"Bom, geralmente é assim que funciona, Loiro." - Michelle o provocou.

"Oh, Deus. Me diga que são dois garotos." – Ele dramaticamente fechou os olhos, fazendo as três mulheres rirem e recebendo um beliscão de Chloe pela atitude.

"Sim, pai. Mais dois garotos Bauer na família."

Ele comemorou levantado o punho no ar, e cantando em vitória, depois recolocou a filha em seus braços. A felicidade era tangível. E dupla. Por esse ângulo, o futuro dela, agora presente, era muito, muito melhor.