Aviso 1: Contém SPOILERS! Já vou avisando, pq o início da minha fic coincide com o final do anime e do mangá. Então, se você ainda não terminou de assistir e mesmo assim quiser ler ( o que me deixaria mto feliz, massss...) faça isso por seu próprio risco.
Aviso 2: Essa é minha primeira fic. Já escrevi vários originais, mas uma fic e ainda por cima Yaoi é novidade para mim. XD Sooo... quem puder dar sua opinião vai fazer meu kokorozinho muito happy xD Pode ser elogio, crítica, reclamação, soco no olho... Desde que me digam o que acharam. (OK, esquece o soco no olho ¬¬") Estou aberta a opiniões construtivas.
Aviso 3:Sobre "Lemon ou não, eis a questão" eu ainda não sei se estou apta a escrever. Então dependendo de como for, quem sabe? XDD Avisarei se for o caso...
Aviso 4: Ahhh, não tenho mais nenhum aviso não... Só fui no embalo mesmo xDD
É isso, espero que gostem! \o
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Capítulo 1 – Entre o Céu e o Inferno
Aquele velho ancoradouro cheirava a mofo. Ao longe, ainda era possível sentir um leve odor de maresia. As hélices giravam lenta e enfadonhamente, sem perceber que era essa única coisa que conseguiam fazer para provar sua existência.
Girar em círculos... Talvez não tão diferentes da maioria dos humanos.
Apesar disso, mundo exterior pouco importava naquele momento.
Nenhuma diferença fazia se aqueles olhares temerosos agora pesavam sobre sua testa. Nenhuma diferença fazia o sangue que escorria abundantemente pelo seu braço direito e por várias partes de seu corpo. Nenhuma diferença fazia se aqueles idiotas não compreendiam a sua justiça.
Só o que importava naquele momento era uma verdade. A pior e mais dolorosa de todas as verdades possíveis.
Ele havia perdido.
Seis anos investidos no seu propósito, na sua justiça divina.
O mundo estava mudando de verdade. Os criminosos o temiam, as ruas estavam mais pacíficas, a corrupção praticamente se extinguira. Ele já se tornara o Deus do novo mundo. Estava incrivelmente perto. Tão perto que bastava esticar o braço e fechar os dedos para que o futuro glorioso de um mundo justo pudesse ser finalmente alcançado.
Então, tudo terminou.
De maneira patética, mas terminou.
"Eu não quero morrer! Isso é uma piada! Eu não quero morrer! Eu não posso morrer! Por favor, eu não quero morrer!"
Ele mesmo não conseguia se reconhecer, entre os soluços, as lágrimas e o desespero.
Mas simplesmente a morte não deveria ser uma opção. Perder, quando a vitória já estava ao alcance dos dedos... Eis a pior sensação do mundo.
De repente, uma dor se alastrou em seu peito. Como se seu coração corresse a mais de cem quilômetros por hora, e repentinamente se chocasse com um muro de concreto.
Então, isso era morrer... Era assim que tantos outros haviam se sentido antes dele.
Ninguém saberia, mas numa fração de segundo antes de tudo escurecer ele se lembrou de uma partida de tênis, há tanto tempo atrás. A partida em que vencera Ryuuzaki e que resumia bem o rumo que sua vida levou a partir do momento em que encontrou o Death Note.
E, mesmo ele não saberia explicar – talvez sequer houvesse se dado conta disso – mas o último desejo que teve antes de morrer não foi o de poder voltar no tempo e vencer a "guerra" contra Near.
Seu último desejo – e seria tão ridículo reconhecer aquilo – foi o de ter perto de si alguém que o amasse, pelo menos no último segundo de sua vida. Alguém para reconfortá-lo, mesmo sabendo que nunca mais abriria os olhos novamente. Alguém para quem ele pudesse dizer "Estou com medo" e que, sem receio algum o abraçasse, até que todo o medo passasse.
Mas não havia ninguém assim por perto.
E Raito Yagami, a pessoa mais indicada para se tornar o Deus do novo mundo morreu ali mesmo, no sujo e fedido ancoradouro, mais conhecido "Yellow Box". Humilhado e rancoroso com seu destino. Não como um Deus, mas como uma criancinha assustada. Como o ser humano fraco que dormia em sua alma fria e calculista...
"Céu e Inferno não existem. Não importa como viveu sua vida, o pós-vida é o mesmo. A morte é igual para todos. Após suas mortes o destino de toda alma humana é a imensidão do vazio,
o MU."
Mas...
Por algum motivo, não parecia ser a primeira vez que aquilo acontecia.
É claro que morrer é uma coisa que, teoricamente só acontece uma vez na vida, se é que se pode colocar deste modo. Mas Raito sentia como se tivesse morrido muitas, muitas, muitas vezes.
Sempre a dor lancinante, o ódio de Matsuda, a experiência de derrota.
Com certeza tudo isso só havia acontecido uma vez, então porque sentia-se como se nada daquilo fosse realmente novo?
-Raito-kun...
A voz vinha de muito longe.
Ele flutuava num espaço longínquo e incolor. Um lugar que com certeza não pertencia ao mundo dos vivos. Aliás, logicamente falando, não deveria pertencer a mundo algum. Se bem que nem deveria flutuar porque sequer sentia que tinha um corpo!
Mas pensava, então alguma coisa deveria existir ali. Talvez sua alma...
-Raito-kun... Você está me ouvindo?
Uma voz gentil, meio preguiçosa. Estranhamente familiar, era verdade. Mas o fato de saber ou não quem chamava seu nome não fazia muita diferença. Aliás, seria mesmo ele o tal de "Raito-kun"? Poderia se considerar ainda a mesma pessoa? Talvez tudo não tivesse passado de um sonho muito ruim. E em breve, mergulharia novamente em todas as suas falhas do passado...
-Escute, Raito-kun, por mais difícil que seja para você. – a voz prosseguiu indiferente à indiferença do rapaz – Enquanto estiver aqui, você se torna a pessoa que acredita ser. No MU não existe nada além da mente, mas as pessoas podem se tornar matéria, caso pensem que assim o são. Ouça com atenção: você só revive aquilo que não sai de sua cabeça. Ou melhor, de sua mente porque, como eu disse, nós não temos matéria verdadeira por aqui. O que você deve fazer é pensar em um momento positivo de sua vida. Se você lembrar de um momento de vitória, vai conseguir ter forças para sair do labirinto de sua mente... Compreende o que digo?
"Compreender"? Talvez entendesse parcialmente. Um dia havia sido um gênio capaz de derrotar até mesmo L, o mais inteligente detetive da face da Terra. Mas agora... bem, agora...
-Isso. Lembre-se desse dia! O dia que você matou L!
A voz lhe incitou um flash de memória.
Seu arquiinimigo estatelando-se no chão. Seus olhos negros e fundos se arregalando num misto de dor e surpresa. A sala iluminada somente pelas luzes de emergência, o sentimento de se tornar um vencedor, os gritos desesperados dos policiais ao seu redor... Raito sentia que alguma coisa se esticava em seu rosto. Estava quase sorrindo. Mais um pouco e ele sabia que tudo estaria bem.
Então, uma sensação que até então não conseguia determinar tomou conta de suas memórias. Raiva, tristeza e temor. Tudo junto.
Naquele dia, lembrava-se bem, tinha estado eufórico, pois afinal de contas, seu maior inimigo havia sido derrotado e Raito Yagami finalmente estaria apto a pavimentar um caminho completamente novo para o mundo.
Mas agora que realmente pensava bem, uma parte sua também estava chorando.
Não pensava em admitir isso jamais para si mesmo, mas no fundo aquele rapaz cheio de manias estranhas havia sido a única pessoa com quem ele podia conversar de igual para igual, o único com quem se sentia identificado. Não havia ninguém tão digno de se tornar seu amigo quanto "Ryuuzaki". E nem mesmo quando seu próprio pai morreu aquela dorzinha inquieta havia sido tão incômoda.
Agora sabia.
Se tudo houvesse ficado naquela velha partida de tênis... Nada mais do que um jogo duplo de análise e adrenalina. Tão falso quanto a vida que levava.
Mas então... por que ele que lhe deixava tão nostálgico?
XXX
Sentia o suor escorrendo pelo rosto. As pernas ardiam e os braços estavam leves como asas.
"Vamos Ryuuzaki! Se você vai jogar desse jeito não espere menos de mim!"
A bolinha não era mais do que um borrão amarelo, voando de um lado para o outro. Ambos rebatiam com disposição e fôlego de sobra, o que fazia com que os telespectadores sentissem os queixos consideravelmente mais pesados.
Ryuuzaki era um oponente realmente formidável: quem imaginaria que por trás daquele rosto esquisito e de tanta magreza se encontrava um esportista campeão?
Mas Raito sabia exatamente o que fazer: um golpe de efeito mandaria a bola para a extremidade à direita de seu oponente tão rápido que ele não teria tempo de impedir o Match Point. Tinha certeza que acabaria assim. Afinal, já tinha feito isso outra vez.
"Acabou Ryuuzaki. Mas foi bom lembrar de você. Na verdade, eu até gostaria que você ficasse um pouco mais..."
De repente, o rapaz de cabelos negros e desgrenhados correu com velocidade alucinante para o lado direito da quadra, como se soubesse o que iria acontecer. E, da mesma maneira, conseguiu alcançar com a ponta da raquete a esfera, que fez uma elipse alta no céu antes de cair, a poucos centímetros da rede, no lado de Raito.
Todos os alunos da faculdade que pertenciam a memória do rapaz sumiram de repente. O lugar ficou vazio, a exceção de seu adversário.
-Eu não caio num mesmo truque duas vezes – disse o detetive esguio enquanto tirava a poeira imaginária da roupa – Você faz muito pouco de mim, Raito-kun.
-Ryuuzaki?!
Aquilo não deveria estar acontecendo. Era ele quem deveria ter sido o vencedor do jogo. Estava tudo muito errado. Tinha alguma coisa estranha acontecendo.
-Onde estão as pessoas?! Estavam aqui até agora, mas "evaporaram" quando você fez uma das suas esquisitices!
-Eu fiz "esquisitices"? - o detetive mostrou uma expressão meio confusa – E o que seria isso? Te vencer?
-Não! Não! Isso está muito errado! Essa partida de tênis... VOCÊ ESTÁ ERRADO! EU SEI QUE GANHO!
-Ganhar é tudo o que importa para você, não é?
L sorriu discretamente, do outro lado da rede. Um sorriso muito diferente de tudo que Raito já havia visto, pois misturava ironia, orgulho e... escondidinho lá no fundo, um pouco de doçura.
Era mais difícil rebater aquele sorriso do que suas bolas de efeito.
-Você está morto – o estudante falou, largando a raquete e caindo de joelhos no chão – E eu estou louco.
-Não sei quanto à segunda assertiva, mas a primeira é cem por cento verdadeira.
-Então... - a cabeça do rapaz girava e ele tinha vontade de vomitar – Por que está aqui? Tá... Tá tudo errado hoje. Isso é um sonho? Eu... Já não entendo mais nada. – admitiu, cheio de dificuldade.
-Quer a resposta verdadeira ou a mais agradável? - L encostou as costas levianamente na rede, observando do alto com o polegar na boca o garoto agachado no chão.
Por mais que estivesse frágil e sofrido, Raito não queria ouvir mentiras. Sacudiu a cabeça afirmativamente, trêmulo e sem forças.
-Me diga... o que está acontecendo.
Talvez tivesse mudado de idéia se soubesse que a resposta que viria seria a seguir:
-Você também morreu.
Raito sentiu o desespero lhe dominar sem perdão.
Em um segundo todo o ambiente se misturou, enlouquecido: ainda havia uma rede de tênis, mas o chão era de concreto. Ainda vislumbrava a faculdade de longe, mas o cheiro de podridão invadiu suas narinas. Ainda caíam linda e graciosamente flores de cerejeira, mas seu braço sangrava como nunca. Os estudantes admirados voltaram a cercá-lo, porém agora ecoavam os berros alucinados de Matsuda.
O garoto gritou, gritou com todas as suas forças. Mas era como se sua voz sequer escapasse de sua garganta e estivesse pronta para explodi-la.
Percebeu que estava voltando para armazém de carga e descarga.
Lentamente, o mundo da partida de tênis sumia e o momento de sua morte retornava com força total.
Fechou os olhos, desesperado para nunca mais assistir de camarote ao seu fim patético. Mas mesmo com os olhos cerrados ainda enxergava! Olhou, sem desejar, ao redor e viu que estava numa poça formada pelo seu próprio sangue. Como doía...
-Não... - ele conseguiu balbuciar – Não! Não!! NÃO!! EU NÃO QUERO MAIS VIVENCIAR ISSO! JÁ FOI RUIM UMA VEZ! EU NÃO AGÜENTO MAIS! NÃÃÃO!!
Se encolheu em posição fetal.
-Por favor... - chorava abertamente – Por favor... Já chega! Maldição... Já chega. Eu não agüento mais...
Seu corpo parecia ser formado de cacos de vidro despedaçados. Era como se toda as dores e emoções voltassem cinco vezes mais fortes.
Então, alguma coisa morna tocou seu rosto.
Por um instante, Raito achou que fosse mais sangue escorrendo, mas percebeu que ele estava sendo sentado e que sua cabeça pendia no peito de alguém. Podia ouvir os batimentos altos e ressonantes, de modo que faziam pressão sobre seus ouvidos. Dois braços envolveram sua cintura e uma aura calorosa e aconchegante o protegeu.
-Está tudo bem – disse L apertando o rapaz com mais força – Enquanto eu estiver aqui vai ficar tudo bem. Eu não vou deixar você sofrer mais. Estou aqui agora.
-Eu... - nunca ele imaginou que seria justamente para seu arquiinimigo que revelaria toda a sua fraqueza – Eu estou com medo.
Seus dedos se afundaram na blusa de L, dispostos a nunca mais soltá-la. Um dos braços do detetive acariciaram seus cabelos, sem pressa.
-Eu sei. Mas agora estou com você.
Os batimentos cardíacos, juntamente com aquele aninhar cálido e gentil, vagarosamente embalavam Raito como uma canção de ninar. Os gritos foram ficando mais distantes, bem como o cheiro desagradável. Mais uma vez estava sobre a grama, agora embaixo de uma árvore de cerejeira. Já praticamente não sentia dor alguma. A única coisa que existia no mundo era o abraço de Ryuuzaki. E seu calor.
Não importava o que motivava o outro a fazer aquilo, mas o fato é que era muito bom. Que estava aliviado e feliz como nunca estivera antes. Mas foi justamente aquele tamborilar cardíaco que o lembrou de uma coisa que agora precisava ser dita, mesmo que em vão. Mais tarde pensaria a respeito.
-Ryuuzaki?
-Sim?
-Obrigado. E...
"Me desculpa".
Então, adormeceu em sono profundo.
XXX
Observando o rapaz de cabelos castanhos que dormia em seu colo, Ryuuzaki teve que concluir definitivamente: como parecia com uma criança, Deus do céu! Mesmo sendo a pessoa mais inteligente que conhecera em vida, sempre fora inegável para ele que havia muita infantilidade nas atitudes do garoto. A própria inconformidade ao ser derrotado comprovava essa sua tese.
Mas também havia uma certa graça: a maneira como se agarrava às suas costas mesmo em sono profundo, os lábios que abriam e fechavam com delicadeza como se discutissem, seu corpo mole e meio estremecido... Sem querer, L sentia-se levado a um estado de transe.
Não fazia muita diferença para ele quanto tempo durariam os sonhos do outro: literalmente, tinha todo o tempo do mundo. Mais do que isso, ele próprio já tinha aprendido como controlar suas aspirações humanas. Raito não sabia disso pois ainda era um novato, mas no MU você só tem necessidade de dormir quando acredita que isso é necessário para restabelecer suas forças.
Normal.
É comum que as pessoas permaneçam atadas às sensações do corpo, mesmo quando o seu já foi cremado ou enterrado há muito tempo. Afinal de contas, trata-se de um velho hábito difícil de se deixar para trás.
E, na verdade, era até melhor que o jovem estivesse dormindo. Seria mais fácil explicar seu plano mais tarde. Muito menos estressante, sendo sincero.
O ex-detetive suspirou pondo os olhos no céu, pintado de um falso azul, recheado de nuvens rechonchudas e rosadas, como algodão doce. Teve vontade de rir.
"Quem iria imaginar que um lugar feliz para o "inescrupuloso Kira" seria tão clichê assim? Sempre achei que algo mais... moderno teria muito mais a ver com ele. Ou seria essa uma manifestação de seu mundo perfeito e sem crimes? Se for realmente isso, então me parece bastante... bizarro."
Agora que estava ali precisava levar ao fim. Mesmo com um ou outro contratempo no percurso.
Raito murmurou alguma coisa ininteligível e L mais uma vez suspirou, sentindo-se cansado antes mesmo de começar.
Disse para si mesmo enquanto esticava os braços em um despreguiçar:
-E tudo porque eu estava entediado...
CONTINUA...
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Nyaaaaa! Minha primeira fic, pessoas! XDD Pleaaasee, quem puder dê o seu review porque vai ser super importante para mim. \o/
A idéia anterior era fazer um ONESHOT mas várias loucuras pipocaram na minha cabeça, então dependendo do que vcs acharem pretendo continuar. Sei que começa meio bizarramente, mas depois o ritmo muda.
Estou com alguns problemas com a formatação do FF , mas espero que não esteja problemática demais.
É isso people. See ya! \o
