Capítulo 1: A nova integrante da família.
Carlisle POV
-"Dr. Cullen, ela irá morrer."- A velha enfermeira ao meu lado falou com a voz carregada de tristeza, olhando a garota na cama de hospital à nossa frente com pesar. –"Mas, será que não há mais nada que possamos fazer?"– Ela parecia um pouco esperançosa apesar de já saber a resposta.
-"Ainda não existe cura para a leucemia Sra. Johnson. Há alguns tratamentos disponíveis para que o portador dessa doença possa viver por mais algum tempo, mas ainda assim estará sujeito a conviver com ela e aceitar o fato de que nunca irá se livrar dela por melhor que esteja se sentindo com o tratamento, coisa que será por pouco tempo até seus sintomas atacarem novamente."– Parei para fingir tomar um pouco de fôlego, como um humano normal faria. –"Os tratamentos disponíveis não são uma cura como alguns acham, mas sim um jeito de prolongar um pouco mais o tempo de vida das pessoas, e os que o fazem sabem que um dia irão morrer. Talvez no futuro descubram uma cura completa para ela."– Terminei a explicação calmamente sem desgrudar os olhos da menina.
-"É uma pena que uma moça tão jovem e bonita como ela, mesmo doente, tenha a vida encerrada tão cedo por culpa desta maldita doença que a atormenta."– A velha Sra. Johnson balançou a cabeça negativamente em desaprovação e soltou um suspiro de pesar. –"Ao menos a família dela não sofrerá com sua morte. Afinal, o pai dela há muito que morreu, e a mãe faleceu há poucas semanas vítima da mesma doença."
Só assenti levemente com a cabeça em sinal de concordância, enquanto a senhora ao meu lado se virava para sair.
-"Dr. Cullen" – Ela pôs a mão no meu ombro. –"Também fico triste pela perda de um paciente, ainda mais sendo uma jovem que tinha toda uma vida pela frente. Mas, é como o senhor mesmo falou, não há cura para a leucemia. E todos já fizemos tudo ao nosso alcance. Então não fique muito abalado, nem se culpe por nada quando ela morrer. O que ocorrerá em breve como já foi previsto por toda a equipe médica."
Só assenti novamente com a cabeça e senti sua mão saindo do meu ombro.
A verdade é que antes de morrer, a mãe daquela garota havia me pedido, na verdade suplicado, para que eu fizesse todo o possível para salvar sua única filha, e eu a prometi que faria o que estivesse ao meu alcance para salvá-la. Ela havia deixado a filha em minhas mãos. A confiara a mim, e agora era eu o responsável por ela. Eu havia me afeiçoado a aquela menina de verdade... Como se fosse seu pai. E todos haviam feito o que podiam, agora era a minha vez. Ainda poderia fazer uma coisa por esta garota. A única coisa que poderia salvá-la desde o início. Algo que eu sabia que teria de fazer para salvá-la. Algo que queria fazer, mas tive de esperar até que não houvesse outra saída para a garota...
-"Ainda precisará de mim hoje Dr. Cullen?"
-"Não Sra. Johnson. Pode ir. Pela manhã ela já deverá estar morta, como já foi previsto, então providenciarei o que for necessário."
-"Sentirei muito pela menina."– Ela suspirou de novo e lançou um último olhar de tristeza para a garota. –"Tenha uma boa noite Dr. Cullen."
-"A senhora também, Sra. Johnson."
Ouvi os passos da enfermeira se afastando gradativamente à medida que ela se afastava do quarto e se dirigia a saída do hospital.
Planejei sem pressa o que faria, enquanto a Sra. Johnson saia do hospital. Depois de passadas 4 horas que ela entrara no carro e partira para casa, é que comecei a agir.
Só havia um único paciente naquele quarto, e ninguém do hospital presente para ver algo além de mim. Então peguei a garota no colo com delicadeza, a arrumando confortavelmente em meus braços para não perturbar seu sono. Ela parecia tão frágil e abatida por culpa da doença... E mesmo assim – era obrigado a concordar com a Sra. Johnson – continuava muito bonita para uma humana. Mesmo com as luzes apagadas, eu era capaz de enxergar perfeitamente bem, os seus longos cabelos – no momento caracolados - castanhos escuros, lábios vermelhos, pele clara estranhamente branca, e olhos que apesar de no momento estarem fechados, eu sabia perfeitamente que eram da cor de chocolate.
Dirigi-me à janela e a abri, flexionando os joelhos para logo dar impulso. Tomando cuidado, é claro, para não machucar a menina enquanto pulava. Cheguei ao chão sem fazer barulho algum e sem acordá-la. Segui em direção a Mercedes preta estacionada não muito longe. Abri uma das duas portas de trás, e a deitei confortavelmente no banco espaçoso, me afastando em seguida e fechando a porta sem fazer barulho.
Voltei ao quarto pela janela, fechando-a após minha passagem por ela e atravessando a porta do quarto em direção à recepção, onde outra enfermeira de uns 29 anos estava postada em pé, atrás de um balcão de mármore, com o cabelo loiro preso em um coque. Vestida com o uniforme branco impecável do hospital, carregava um crachá com seu nome e função sobre o peito esquerdo, os olhos presos a uma prancheta que segurava nas mãos.
-"Srta. Colin."– A chamei e a vi levantar os olhos para mim e arregalá-los em surpresa. Ouvi seus batimentos cardíacos começarem a acelerar do nada, e sua respiração parar por alguns segundos antes de ela recomeçar a respirar de novo.
Acho que a assustei.
-"Sim Dr. Cullen? Posso ajudá-lo?" – Ela respondeu depois de mais alguns segundos abrindo um sorriso prestativo ao qual correspondi.
-"Sim. A paciente do quarto 407 acaba de falecer às quatro horas e quarenta e três minutos da madrugada. Já pedi a alguém que a removesse para um local mais apropriado. Imagino que já saiba o que fazer."
-"Sim, senhor. Mais alguma coisa?"
-"Não Srta. Colin, isto é tudo. Obrigado. Meu turno já encerrou a algumas horas, então estou indo para casa. Tenha uma boa noite, ou, se preferir, um bom dia."
-"O senhor também Dr. Cullen." – Ela aumentou o sorriso e eu simplesmente dei um aceno de cabeça antes de virar-me em direção à saída.
Comecei a andar calmamente na velocidade de um humano. Depois de três segundos ouvi a enfermeira começar a analisar a prancheta que tinha entre as mãos, passando algumas folhas até parar em uma, para em seguida ofegar de susto. As batidas de seu coração haviam acelerado novamente.
-"Dr. Cullen?" – Ela me chamou com a voz um tanto trêmula, um tanto chocada.
-"Sim?"
Parei de andar e a encarei. Ela estava paralisada.
-"A paciente do 407... é a garota de 17 anos, Isabella Swan?"
-"Sim." – Confirmei e a vi ficar mais chocada.
-"Que pena. Meus pêsames doutor."
-"Obrigado Srta. Colin."
Voltei a virar-me e andei até a saída, atravessando logo as portas duplas de vidro, e entrando no estacionamento do hospital. Poderia parecer estranho o fato de a enfermeira ter dado os pêsames a mim, mas desde que Bella – ela preferia ser chamada assim – entrara no hospital, eu a tratava como se fosse minha filha. Mesmo estando no estacionamento, ainda pude ouvir a Srta. Colin falar algo como, "É realmente uma pena.", "Morreu tão cedo.", "tinha toda a vida pela frente.", e "Imagino o quanto o Dr. Cullen deve ter ficado triste, era a paciente com que passava mais tempo e fazia mais visitas.".
Abri a porta do lado do motorista e a fechei assim que me acomodei no banco de frente para o volante. Olhei para trás e lá estava Bella. Ainda dormindo. Passei de onde estava sentado, até o banco de trás, mas não sentei nele, ajoelhei-me no chão do carro. A vi mexendo os olhos um pouco, para depois abri-los devagar e me encarar.
-"Dr. Cul... digo... Carlisle."– Ela se corrigiu quando franzi o cenho. Já a havia dito que me chamasse por meu nome. Ela desviou os olhos para olhar em volta e vi a surpresa espalhar-se por seu rosto, enquanto seus olhos ficavam um pouco mais abertos. –"Onde estamos? Isto é um carro? E o hospital? O que aconteceu?"
-"Calma Bella."- Pedi e ela me encarou paciente. Os olhos castanhos encarando os meus. –"Sim, isto é um carro. Na verdade estamos no meu carro, no estacionamento do hospital."- Expliquei com paciência ainda vendo a confusão em seu rosto.
-"Mas eu não entend..."
-"Bella, eu estou tentando te ajudar."- Eu a interrompi, empurrando seu ombro delicadamente para baixo quando ela tentou se levantar do banco. –"Estou tentando lhe salvar da sua doença."
-"Mas não há cura para a..." – Ela simplesmente fechou a boca sem completar a frase, e sem falar o nome da doença que tinha.
-"Bella, você sabe o que eu sou. Não é mesmo?"– Ela assentiu com a cabeça concordando. – "Pois muito bem. Você sabe que irá morrer dentro em breve se continuar doente. Mas eu posso salvá-la. Você sabe que posso. Se você deixar, fechar os olhos e confiar em mim."
Ela encarou-me por alguns segundos e deu-me um pequeno sorriso. Senti-me imensamente feliz quando a vi fechar os olhos e respirar fundo. Sorri e aproximei-me mais dela. Depositei um beijo em sua testa e sussurrei um "Obrigado.". Inclinei sua cabeça para um lado, deixando seu pescoço exposto e aproximando-me dele devagar...
...
...
...
Estacionei o carro dentro da garagem. Saí de dentro dele e dirigi-me as duas portas detrás, abrindo novamente uma delas e pegando Bella no colo. Ela estava com os olhos fechados e o rosto sem muita expressão. Também não emitia nenhum ruído. Devia ser a morfina. Ela devia estar fazendo efeito, e por isto Bella não gritava ou contorcia-se.
Bella havia tomado muitos analgésicos no hospital. Sabia que isto poderia acontecer e eu mesmo havia aplicado morfina em seu organismo. Agora era torcer para que fizesse efeito.
Comecei a andar com ela nos braços. "Edward, reúna todos na sala, por favor. Tenho uma notícia importante para dar a todos.", pensei e sabia que meu filho tinha escutado.
Pude ouvir Edward chamando todos, e depois o barulho deles se acomodando na sala à minha espera.
Respirei fundo desnecessariamente e passei pela porta da frente. Todos imediatamente me encararam, e em seguida a pessoa em meus braços antes de olharem para mim novamente, esperando uma explicação. No entanto, antes que eu conseguisse falar qualquer coisa, Edward, que parecia tenso desde que entrara, levantou-se de uma vez como se estivesse preparando-se para atacar, com os olhos grudados em Bella. Graças a Alice ter dito um "Segurem ele!" pouco antes, Emmett também se levantara junto dele, e antes que Edward pudesse fazer qualquer coisa, o segurara por trás com força, enquanto Jasper se aproximava para acalmá-lo. Por instinto eu trouxe Bella para mais perto de mim, envolvendo-a em meus braços mais protetoramente, "Por favor, filho, acalme-se.", pedi em pensamentos. Esme encarava Edward, preocupada. Rosalie olhava Bella com interesse e um tanto de curiosidade.
-"O cheiro do sangue dela é melhor para ele do que o de qualquer outro humano. Infinitamente melhor." – Alice explicou às perguntas mudas ao comportamento estranho de Edward. Provavelmente ela o vira dizendo isto.
Edward fez um aceno de cabeça positivo em concordância às palavras de Alice. Eu também o olhei preocupado.
-"Podem me soltar." – Ele pediu depois de alguns segundos, relaxando os músculos e trincando o maxilar, parando de respirar em seguida, mas ainda encarando Bella intensamente.
Emmett o soltou aos poucos, e logo se postou ao lado de Rosalie no sofá, também olhando Bella com curiosidade e interesse. Jasper continuava perto de Edward, Alice ao seu lado. Esme sentada no sofá tinha o rosto virado em minha direção.
Agora todos olhavam Bella. E em seguida me olharam esperando explicações. Menos Edward que continuava fitando Bella.
-"Sei que todos esperam uma explicação de minha parte. O nome dela"- Indiquei Bella em meus braços. –"É Isabella Swan. Ela prefere que a chamem de Bella. O pai morreu há algum tempo, e também a mãe a algumas semanas de leucemia. Bella também tinha leucemia, e sua mãe morreu fazendo-me prometer fazer o possível para salvá-la."
-"Ela tinha leucemia?"- Rosalie levantou uma sobrancelha indagando, os outros me olharam esperando interessados pela resposta.
-"Sim. Tinha."- Confirmei. –"A doença iria matá-la hoje ou amanhã... Então a transformei em uma de nós. Ela está começando a passar pelo processo de transformação, e a partir de hoje, ela é..." – Abri um sorriso ao ver Esme me encarando com expectativa e um sorriso de alegria já começando a enfeitar suas feições. –"A mais nova integrante da nossa família. Espero que todos a ajudem a adaptar-se."
Continua...
Bem, oi pra todo mundo. Esta é a primeira vez que tento escrever algo de Crepúsculo. Espero sinceramente que gostem e comentem pra eu saber se devo continuar escrevendo.
Ótima semana pra todo mundo. Beijos, e muito obrigada a todos que leram este capítulo.
Ziza.
