Perfídia Sentimental.
Disclaimer: Bleach não pertence a mim, e por isso está esse caos!
Shipper: Unohana/Zaraki; Unohana/Ukitake
Perfídia – Traição; Deslealdade.
"I feel my soul, take me your way
Sinto a minha alma, leve-me do seu jeito
Soo tatta hitotsu o
Talvez todo mundo
Kitto daremo ga zutto sagashiteiruno
procure o tempo todo
Sore wa guuzen dewa nakute
Uma coisa única
Itsuwari no ai nanka ja nakute
que não é um acaso, nem um amor falso
You're right all right
Está bem, tudo bem
You're right all right, scare little boy
Está bem, tudo bem, menino assustado"
Feel My Soul – Yui
Capitulo Primeiro: Julgamento Túrbido
A brisa primaveril soprava as pétalas para longe dos galhos, que bailavam graciosas como se dançar fosse algo que houvessem nascido para fazerem. O sol se punha calmamente o horizonte, deixando tudo com um toque alaranjado, era lindo de se observar.
Inconstante alma que vaga sem um rumo, pobre, mal sabendo que o rumo traçado mesmo não conhecido por seu lado racional é certo, preciso. Unindo as linhas, formando laços. E por ser tão real o experimenta, e diz que é passageiro, que nada daquilo vai durar mais do que uma chuva de verão. Os amantes negam, mas ainda sim conhecem a sua fraqueza.
Os dias na Sou Society era sempre assim, tranqüilos, cheios de significados para aqueles que estivessem dispostos a extrair.
Os fios que se ligam a alma podem ser facilmente emaranhados a outros, se estes cruzarem o seu caminho, sendo então, os seus próprios fios não são seus, apenas. São de todos aqueles com os quais já tiveres contato, breve ou não. Que formam seu caráter, conduta e personalidade. Algo que julga ser apenas por mérito seu, verdadeiramente pode ser por mérito de terceiros. A vida é assim, não há como passar por ela sem ligar-se a outros. Não há como não depender de ninguém, não há como não dever nada a ninguém. Mesmo que se possa pagar com um sorriso.
O haori branco estalava com o balançar do vento, seu fundo salmão absorvia a luz do crepúsculo tornando-se mais alaranjado. Os cabelos negros e visivelmente sedosos pouco se moviam, contidos pela caprichosa trança que eram sua clausura. Unohana Retsu, Yon Bantai no Taichou. Uma mulher séria e conhecida por sua generosidade. Tida como a mais forte capitã do Gotei treze, muito embora não gostasse de usar sua força.
Os olhos azuis, sempre tão calmos e serenos, esboçavam culpa. Culpa esta que ela ressentia, remoia por não ser forte o suficiente para livrar seus sentimentos. Confusa buscava em todo o ocorrido algo para se apoiar em sua própria defesa, mas quando se tudo tinha sido com o seu total consentimento. E o que julgava ser pior era que, ainda traía-se ao lembrar os momentos cheios de lascívia e sentir desejo novamente.
Fechou os olhos, e os cabelos brancos que esperava ver foram substituídos por negros e revoltosos, e o sorriso aconchegante por uma gargalhada vitoriosa.
Zaraki Kenpachi a violava mesmo em pensamentos, e aquilo conturbava mais seus sentimentos. Ela não amava desde sempre Juushirou? Porque por simples capricho e desejo se envolvera tanto com aquele homem insensível que dizia amá-la?
Porque se deixara levar todas às vezes, porque retribuíra os carinhos, os beijos e os gemidos com ele? Porque permitira que ele a tocasse na alma quando estavam juntos. Começara com um capricho dele, e para ela era apenas sexo. E os dias passavam-se, e com eles a necessidade daquele corpo sobre o seu tornava-se palpável. Zaraki deixara algo nela que lentamente ia se transformando. E naquele momento, Unohana não sabia mais dizer, era amor?
Agora observava a lua, a noite chegara como ele fazia, sem notar-se. Ela afastou então os pensamentos e tomando sua Minazuki nas pequenas mãos abandonava o Yon Bantai. Do que valeria ficar ali parada, porque se ele a quisesse ela sabia, ele a possuiria em qualquer lugar. De certa forma aquilo soou excitante demais para Unohana.
Não podia, devia algum respeito à Ukitake.
E desde quando Juushirou tornara-se Ukitake para ela? Logo ele que sempre devotou todo seu amor incondicional a Unohana, e por ela lutava contra a doença que resistia em seu corpo. Juushirou era tão diferente daquele homem, a dicção perfeita, o porte ético, a sinceridade e generosidade. Ele sorria e tudo se clareava, já Zaraki escurecia tudo com sua gargalhada agourenta.
Ukitake era tudo o que uma mulher desejaria, ele era respeitador, sincero, romântico e fiel. Mas, era nos braços de Zaraki que ela sentia-se realmente mulher. Sexo com Juushirou eram juras de amor e toques carinhosos, já com Kenpachi era pura Luxuria e ganância.
- Onde fui me meter. – ela se indagou ao abrir a porta de seus aposentos.
O cheiro de rosas invadiu suas narinas, e um belo buque encheu seus olhos. No bilhete escrito a mão Unohana notou a caligrafia fina de Juushirou.
"De que me vale o tempo arenoso,
se apenas os grãos de areia não se contam
Mostro nestas flores castas,
a veracidade do que sinto,
e mesmo que em pranto me encontre.
Mesmo que eu já tenha partido,
por teu sereno comando retorno.
Pois teus braços é tudo do que preciso."
Sempre teu... Juushirou.
As lágrimas não pode conter, pois ela desperdiçava um amor tão puro por algo tão mundano como sexo. E o sexo mundano tornava-se algo mais substancial, porém Zaraki nunca seria homem para ficar junto, ele era selvagem demais.
Assustou-se com batidas contidas na porta. Limpando seu pranto contido abriu a porta junto com o sorriso. Do outro lado do batente, esperava-a com a jura de amor eterno no sorriso o dono dos versos sinceros.
Unohana não soube exatamente o porquê, mas o tomou em um beijo carregado de sentimentos, apertando o corpo frágil contra o seu como desculpas de uma relapsa escorregada. Mas aquilo apenas não bastava para se redimir.
- Retsu, não sabia que tinha gostado tanto.
- Shiii...
A porta de fechou e novamente os beijos recomeçaram, seguindo caricias e juras ao pé do ouvido. Os toques que Ukitake era quentes e tranqüilos, seu beijos cheios de significado. Os corpos amantes se reconheciam tato, olfato e paladar. E os desejos mesclaram-se aos suspiros ofegantes e gemidos contidos. Ukitake deitado em sua cama, tranquilamente adormecido, e Unohana sentia falta daquela pressão insuportável, das marcas pelo corpo e do cansaço que ele deixava. Por mais que Unohana se desse a Ukitake, ainda iria esperar por aquele bruto capitão.
- Eu não presto mesmo... – ela disse para si enquanto olhava a lua.
Amor de alma e amor carnal, porque os dois não poderiam coexistir em uma única pessoa? Assim sofreria menos e sentir-se-ia completa. Porque vivia traindo seus sentimentos por ambos se o que queria era os dois em um só.
Desfaz-me em muitos, e me sufoca com todos. Deixe-me com nada e nada seja para mim. Retire-me a alma e a leve consigo, cuide e cultive. Eu que podia ter tudo, escolhi o nada, minha penitencia era amar, amar mais de uma existência. E sofrer por não poder escolher, se escolhesse também sofreria. Então no descuido de amar, me permiti ter mais do que merecia.
As pessoas podem sentir-se culpadas, mas isso não as impede de continuar a fazer o que julgam ser errado. Porque ainda são simples pessoas, cheias de defeitos e falhas. Por isso buscam as preencher.
Quanto tempo mais Unohana sofreria sem poder saber qual amor era mais valioso para si. Quando estava com Ukitake sentia-se a mulher mais amada do mundo, e cada gesto dele, cada silaba que escapada daqueles lábios pontuava aquela certeza. E já com Kenpachi, sentia-se mulher como nenhuma nunca antes se sentira, e cada toque e cada gemido denotavam o quanto ele poderia lhe tornar mulher. Será que se pedisse a Mayuri Taichou, ele com toda aquela mania por criação, conseguiria unir ambos em um único ser?
Que mal tinha em ser amada e sentir-se completa? Então porque ainda assim sentia-se tão suja que mesmo após tendo transado com Juushirou, desejava estar debaixo do corpo de Kenpachi?
Eles não a completavam cada qual de sua maneira? Seria tão errado assim querer ter os dois? Seria tão incompreensível amar os dois ao mesmo tempo?
Ukitake a deixou no meio da noite, beijando-lhe a testa e desculpando-se. Ele era comedido demais, não queria que ninguém soubesse antes do tempo. Não queria que sua amada fosse falada.
Unohana estava a meio caminho do sono quando sua inconsciência clamou por ele.
- Kenpachi... – ela sussurrou. – Não demore a voltar...
E o sono violentou suas pálpebras, fechando-as com ferocidade.
Zaraki no mundo real abria o Portão Senkai. Já passara da hora de seu retorno, seu corpo pedia pelo dela, clamava. E tinha certeza de que ela o queria com a mesma intensidade. Aquela mulher de olhos caídos tornara-se seu vicio e sua cura.
N/A: Eu sei que muitos não entendendem a minha fixação entre Zaraki e Unohana, mas basta imagina-los que você acabará dando o braço a torcer.
