"Na guerra, você ganha ou perde, vive ou morre e a diferença está num piscar de olhos." — General Douglas MacArthur

A lua brilhava no deserto, refletindo no chão. Como sempre, o sargento James Potter falava o tempo todo com seu "marido" Remus, ele era realmente louco pelo outro. O capitão Sirius Black sorria discretamente enquanto os dois faziam a sua patrulha rotineira. Sirius andava mais a frente, atento.

James ria quanto uma explosão sacudiu o ar, a dor atravessou Sirius enquanto ouvia James gritar:

- Remus! Remus!

A sua carne queimava e doida tanto que ele nem conseguia falar, as imagens embaçaram, não conseguia ver com o olho direito, tentou se mover e ouviu um helicóptero se aproximando, a ajuda estava a caminho.

- Re-mus – ouviu James murmurar e conseguiu virar a cabeça.

- James, você esta bem?

- Não o deixe de afundar e se esconder, não...não o deixe sozinho...cuida dele...cuida...

- Precisa se acalmar – falou outra voz. Um medico? Sirius se sentia apagando – Você precisa poupar energia.

Então tudo escureceu.

Sirius acordou encharcado em suor. Abriu os olhos, mas só enxergou escuridão. Acendeu o abajur da mesinha de cabecei ra e sentou na cama, ofegante, como se tivesse corrido uma ma ratona. Mesmo curado há muito tempo, instintivamente passou a mão no olho direito. Naquela noite, não tinha conseguido ver porque o sangue de sua cabeça ferida descera como uma corti na sobre seu olho.

Depois de meses de fisioterapia, ainda mancava. Talvez mancasse para sempre, mas podia correr. Podia tudo, exceto ser um fuzileiro naval. Sempre soubera que não ficaria na cor poração para sempre, mas não esperava ser dispensado tão cedo, mesmo com honras.

Olhou pelo quarto, no centro de reabilitação, e sentiu-se in quieto. Já estava ali há muito tempo e pronto para ir embora e deixar para trás aquele sentimento de choque e fraqueza. O seu corpo e sua mente estavam se robustecendo.

Suspirando, escorregou na beira da cama, levantando, e mancou até a janela. Olhou para a noite lá fora e lembrou da última vez que tinha visto James Potter vivo. A mina terrestre levara James e deixara Sirius, que ainda não entendia o motivo, mesmo se questionando a cada minuto.

Estava sofrendo da síndrome do sobrevivente, o que demo rava um pouco para passar, dizia a equipe médica.

Os gritos de James pelo amante ecoavam em sua cabeça. Fe chou os olhos, lutando contra a sensação. Talvez nunca conse guisse esquecer ou ter paz. Ficar sentado no centro de reabili tação não resolveria nada. Podia terminar a terapia sozinho.

Precisava encontrar uma maneira de viver a sua vida, acal mando a sua culpa. Missão Impossível. O que podia fazer por um homem morto?

Pensou novamente no "viúvo" de James. Todos aprenderam a respeitar James, ele não era menos homem por ser homossexual, aprenderam a respeitá-lo e admira-lo, e era até gostoso ouvir suas historias sobre o marido, porque o modo como James falava de Remus, fazia todos se sentirem melhor, mais esperançosos, mais perto de casa.

Sirius suspirou. Talvez pudesse viver um pouco melhor se honrasse o último pedido de James.