1º Capítulo- O casamento.

"Os sábios dizem que só os tolos se entregam,
mas eu não posso deixar de me apaixonar por você.
Poderia ser?
Seria um pecado se eu
não pudesse deixar de me apaixonar por você?
É como um rio que flui indo certamente para o mar.
Querido, então ele vai,
algumas coisas são para acontecer.
Pegue a minha mão,
pegue toda a minha vida também
pois eu não posso deixar de me apaixonar por você..."

"Can't help falling in love- U2"

O ano era 1938 e ele estava com 26 anos de idade, nem muito jovem, nem muito velho. Mesmo cuidando dos negócios do pai já falecido, ainda encontrava tempo para diversões: bebidas, mulheres, bailes e jogos.

Agora, estava prestes a deixar tudo isso para trás, porque fizera um acordo com um homem a quem devia uma alta soma em dinheiro: dava uma parte em notas vivas e a outra transformava em uma obrigação de casar- se com a filha mais velha do mesmo.

Ainda que estivessem no final da década de 30 e o pensamento sobre os direitos femininos estivesse fazendo a cabeça das mulheres, o homem trocou a filha como mercadoria e ele aceitou. Entretanto, havia um porém: a moça era- lhe totalmente desconhecida.

__Draco, não estamos mais na idade da pedra; hoje as mulheres têm muito mais personalidade, não se case com alguém que nunca lhe viu na frente!- foi o que disseram seus amigos Harry e Ronald, mas ele não lhes deu ouvidos.

E, neste momento, estava às portas de uma igreja, vestindo uma bela roupa, prestes a casar- se. Draco ia avançando pelo caminho e cumprimentando os amigos e conhecidos com um aceno de cabeça e um ocasional abanar de mãos.

Por dentro estava desesperado, como um animal acuado, louco por liberdade e rezando para que a moça, no mínimo, lhe agradasse à primeira vista. Então, quando adentrou as portas de madeira duplas, atrasado pelo menos uma hora, a avistou.

Junto dos degraus que subiam para o altar, ladeada por duas outras moças, estava sua noiva. Alguns anos mais jovem do que ele, de loiros cabelos lisos que chegavam à cintura, pele clara e grandes olhos azuis brilhantes. Parecia um anjo, uma linda estátua graciosa, mas ele a odiou como jamais pensou que poderia.

Não amor à primeira vista, mas aversão!

Com ela deu-se o contrário; já ansiosa e com um leve mal- estar, estava com suas amigas Ginny e Hermione que a acalmavam e arrumavam o vestido e os cabelos.

Quando viu o belo rapaz alto, espáduo, loiro e de lindos olhos azuis acinzentados, sorriu e implorou aos céus para que fosse seu noivo.

__Quem é aquele?- perguntou às amigas.

__É Malfoy, seu futuro marido.- respondeu Ginny, mas não sorriu e seu rosto mostrava desagrado.

__Você não devia casar- se com ele, Luna. Não passa de um aproveitador, mal- educado, sem escrúpulos!- sentenciou Hermione, contrariada, verbalizando os pensamentos de Ginny.

Mas as palavras delas foram silenciadas quando, recebendo um olhar de advertência do pai da noiva, Malfoy cobriu a distância que o separava de Luna e estendeu- lhe a mão, flexionando levemente os joelhos, e disse:

__ Aí está minha futura esposa. És linda, lhe digo, e seremos felizes!

Ginny e Hermione entreolharam- se surpresas, mas nem por isso convencidas. Já Luna sentiu o coração derreter e as pernas enfraquecerem, enquanto se perdia nos olhos do rapaz. Tão belo e educado que sua natureza romântica e dócil tomou- o como único e verdadeiro amor!

Draco entrelaçou seu braço firme ao frágil e trêmulo braço da garota e cuidou de fitá- la o menos possível durante a cerimônia, para não ver- lhe os olhos cheios de admiração que tanto o enojavam.

Ela jurou ama- lo e servi- lo de coração e na fina e doce voz que pronunciou o "sim", podia- se sentir o pulsar do amor. Malfoy disse as suas juras e os seus "sins" porque faziam parte do ritual e porque os olhos do Sr. Lovegood, pai de Luna, queimavam- lhe a nuca de tão intensos.

Quando o padre pediu- lhes que se beijassem, ele uniu seus lábios ao dela, o menos possível, e sentiu a inexperiência do beijo que ela lhe deu. Seria um casamento de aparências e quem tivesse apostado seu amor nele estava fadado a sofrer.