Ok… primeiro fic, não sejam muito duros comigo.
Não vou escrever o resumo da história porque nunca tive jeito para esse tipo de coisas. Isto é um ItaHinaSasu fic, e não é triangulo amoroso, eles os três vão andar enrolados uns com os outros mais p'ra frente.
É universo Naruto com algumas (muitas) mudanças. Existem vozes em cabeças nos próximos capítulos, mas depois é explicado.
Outros pares são
NejiIno
Kibatenten
NaruSaku
E um pouco de HinaIno
Se não gostam de Incesto, Yaoi ou de Sasuhina e Itahina, não aconselho este fic…
Não, não sou dona do Naruto… pff, quem me dera.
Capitulo 1
Traição….
Olhos de gelo miravam a família de quatro há sua frente. Avaliavam cada pessoa, cada pormenor facial, cada cor, cada ruga.
Três homens e uma mulher, poderiam os olhos de gelo dizer. Um todos eles de cabelos negros compridos, lisos e sedosos com a excepção do mais novo, cujos cabelos eram curtos e desalinhados.
O mais velho tinha um ar duro, autoritário. Um pai de família com receio de mostrar os seus sentimentos, preferindo esconde-los numa máscara de frieza.
A mulher era o oposto. Sorria docemente para os que acompanhavam, acenado alegremente para as pessoas que passavam.
O filho mais velho era a cara da indiferença. Nem era frio, nem era quente. O rosto sem qualquer expressão enquanto analisava o que se passava á volta com olhos escuros.
O mais novo, tal como a sua mãe, sorria abertamente e, tal como o irmão, analisava a paisagem, se bem com mais entusiasmo.
Hyuga Hiashi erguia-se ali, face passiva e olhos atentos. Mas todos os olhos Hyuga eram atentos. Ao seu lado estava a sua filha mais velha que, apesar de estar parte escondida nas roupas do pai, mirava a família á sua frente com tanta atenção quanto o homem a que estava agarrada.
O pai de família avançou até Hiashi. Olharam-se nos olhos, carvão tocando no mais puro gelo.
_ Hiashi-san.
_ Fugaku-san.
Foi assim como se cumprimentaram. Sempre fora e sempre será. Fugaku olhou para traz, apontando para a família.
_ Lembra-se da minha mulher, Mikoto. – Ela sorriu e vez um pequena vénia. Hiashi retribuiu. – O meu filho mais velho Itachi. - O rapaz limitou-se a baixar a cabeça m pouco – E o mais novo Sasuke. – O rapazinho copiou o gesto da sua mãe.
_ Era difícil esquecer, Fugaku-san.
_ Mas o senhor nunca nos apresentou a sua família. – O pai da família Uchiha tinha reparado na pequena forma escondida atrás de Hiashi.
Uma pequeníssima sombra de sorriso, tão pequena que foi quase despercebida aos hábeis olhos negros da família, passou pelos lábios de Hiashi. Afastando-se ligeiramente revelou a rapariguinha que se escondia atrás de si.
Mikoto sorriu docemente e curvou-se em direcção da menina. Não deveria ser mais velha que o seu filho Sasuke.
_ Esta é a minha filha mais velha, Hinata. – Disse Hiashi num tom monótono. A rapariguinha corou com a atenção que recebia.
_ Vamos para dentro? O Inverno está a chegar e o frio já aperta. – Disse Hiashi apontando para as portas de correr. Depois virou-se para a filha, mirando-a calmamente – Hinata, porque não levas o Sasuke e o Itachi para o dojo? Tenho a certeza que rapazes fortes como eles gostariam de conhecer a área de treino.
Sasuke sorriu com aquilo e olhou para a rapariguinha.
_ E-está b-bem. – Gaguejou ela.
_ Vão. – Ordenou Fugaku aos filhos.
Os dois rapazes seguiram Hinata. O mais novo olhava para todo lado, comparando o estado dos Hyuga com os do Uchiha. O mais velho avaliava a herdeira do Clã que visitavam.
_ A-aqui é onde t-treinamos… - Disse ela simplesmente, sem se livrar do gaguejar.
A sua pequena e pálida mão estendeu-se em direcção da porta de correr, abrindo-a timidamente. Preparou-se para entrar, mas ao olhar para quem lá estava dentro, paralisou.
Itachi e Sasuke repararam na súbita paragem da herdeira dos Hyuga. Seguiram o olhar branco da rapariga até caíram sobre a outra figura presente.
Um rapaz, provavelmente um ano ou dois mais velho que Sasuke, atirava Kunais para um alvo, acertando mortalmente no centro. Tinha os olhos fechados, veias salientes no seu rosto. O seu cabelo castanho baloiçava por cada movimento que fazia.
Então parou. Virou o seu rosto para a porta, as veias tinham desaparecido. Olhos de gelo avaliaram Sasuke e Itachi até caírem em Hinata, enchendo-se de ódio profundo.
_ Hinata-sama. – Disse o rapaz com desdém.
_ N-Neji… - Gaguejou. O rapaz avançou e saiu pela porta, ignorando os visitantes – …Nii-san. – Terminou ela tristemente.
Os dois irmãos Uchiha observaram-na tristemente. Pelo menos, Sasuke estava. Itachi apenas transportava aquela máscara de indiferença.
Sendo a alma caridosa que era, Sasuke colocou a mão no ombro da rapariga. Sorriu-lhe quando ela olhou para ele.
_ Não te preocupes, Hinata-chan, a mãe diz que quando um rapaz te maltrata é porque gosta de ti. – Ele parou de falar, reflectindo as suas palavras – Apesar de eu nunca ter percebido isso… Nii-san, isso é verdade?
Itachi revirou os olhos. As coisas mais estúpidas que a sua mãe dizia ao seu Otouto…
_ Sasuke isso é uma parvoíce.
_ Oh. – Fez Sasuke tristemente, os seus argumentos para animar a rapariga dos Hyuga foram abalados.
Mas Hinata lançou-lhe um tímido sorriso, agradecida por alguém ter-se importado pelos seus sentimentos.
_ Hum… A-ali s-são os a-alvos. – Gaguejou a rapariga, começando a numerar os conteúdos do espaço de treino – A-ali o sitio o-onde guardamos a-as F-facas K-kunai e a-as K-katanas. Ali s-são as m-marcas q-que utilizamos p-para treinar o-o B-byakugan.
_ Byakugan? – Sasuke estava confuso, já ouvira a palavra, mas nunca soubera o que era.
_ Kekkei Gekkai dos Hyuga. – Explicou Itachi olhando para os marcos com interesse – Em que consiste o treino?
_ O-oh. É s-simples, a-activamos o B-byakugan e-e o-olhamos a-atravez dos marcos… T-teremos d-de dizer t-tudo o q-que v-vemos.
Itachi anuiu. Porém o seu Otouto estava confuso, olhando para a parede onde estavam desenhados os marcos. Desde quando é que olhar para uma parede é uma forma de treino?
_ Byakugan permite aos que o possuem ver através das paredes. – Explicou Itachi ao notar na confusão do irmão.
_ Wow… então… é melhor que o Sharingan?!
_ Não diria melhor… nem pior. São diferentes. Cada um tem as suas forças e fraquezas. O Byakugan supera o nosso Sharingan em alguns aspectos e vice-versa.
Hinata estava perplexa. Um completo estranho sabia tanta coisa sobre o olho que tudo vê dos Hyuga. Era admirável. O rapaz mais velho deveria ser muito inteligente… pelo menos aparentava ser.
_ Tens o Byakugan, Hinata-chan? – Perguntou Sasuke animado.
Ela baixou a cabeça, envergonhada.
_ P-por e-enquanto, n-não.
O seu primo Neji já o possuía, sendo apenas um anos mais velho que ela. Isso era motivo para que a desilusão chegasse aos olhos do seu pai, tendo a sua herdeira superada por um mero guarda-costas.
_ Sasuke, Itachi! – Chamou a doce voz de Mikoto.
Olharam os três para a bonita mulher que se aproximava. Hinata sentiu a tristeza a invadi-la. Aquela mulher fazia lembrar a sua mãe que morrera a dar á luz Hanabi. Já tinha passado um anos. Olhou para os dois rapazes, invejando-os pela sorte que tinham.
_ Aqui estão. Espero que não tenham dado trabalho aqui á Hinata-chan. – Disse a mulher, lançando um olhar interrogativo ao filho mais velho. Ele limitou-se a olhar para ela. – Venham vocês os três, existem assuntos a tratar.
_ Tens a certeza que queres fazer isto, Hiashi? – Dentro de paredes eles deixavam as formalidades.
Os olhos brancos do chefe Hyuga miravam as folhas que caiam com a brisa do fim do Outono. Comprimiu os lábios, antes de levar a chávena de chá aos lábios.
_ Não existe outra hipótese. Ela não consegue melhorar os seus dotes de Hyuga, terei que a treinar de outra maneira. A minha herdeira não será fraca.
_ Talvez devesses dar-lhe tempo. Ela ainda é nova. E enquanto for fraca o seu primo a protegerá. Já vi o rapazinho lutar. É bastante impressionante. – Fugaku olhou para o amigo Hyuga – Eu estou a tentar dar tempo ao meu mais novo.
_ O teu filho mais novo está á altura do Neji, Fugaku. Não o podes comparar com a Hinata.
_ Mas posso compara-lo com o Itachi. O miúdo não lhe chega aos calcanhares, tal como a tua filha não chega aos do primo. Mas sei que com o tempo Sasuke vai ficar tão bom como o irmão. Apenas precisa de mais trabalho.
_ Ambos os teus filhos são fortes, Fugaku. O mesmo não posso dizer da minha rapariga. É por isso que ela precisa de alguém que a treine.
Fugaku não disse nada por um momento. Olhou para a chávena que tinha na mão, vendo o seu olho negro reflectido na superfície do líquido avermelhado.
_ Queres que o meu filho treine a Hinata. – Era uma afirmação, não uma pergunta.
_ Ele tem onze anos e é um Jounin. Quem melhor para a treinar que o génio do clã Uchiha?
_ Acho que tens razão… não sei mas é se ele aceitará. – Disse Fugaku calmamente – Ele sempre foi um rapaz estranho.
Hiashi acenou com a cabeça.
_ Os génios… são sempre estranhos. – Ele via pelo caso do sobrinho.
_ Quer que eu treine a rapariga?
Apesar do rosto estar inexpressivo os seus olhos negros mostravam a irritação que sentia. Itachi mirou o pai e o chefe do Clã Hyuga. Achavam aqueles dois que ele não tinha uma vida?
Hinata e Sasuke olhavam os ninjas mais velhos com interesse e Mikoto suspirava, desejando que o seu filho mais velho aceita-se a proposta. Ela sempre quisera uma filha.
_ Itachi… para bem do meu clã, por favor treina a minha filha.
_ Com todo o respeito, Hyuga-sama, eu não tenho tempo nem paciência para aturar rapariguinhas de seis anos. – "O Sasuke já dá trabalho o suficiente" Acabou ele em pensamento.
Hiashi viu a determinação no olhar do génio dos Uchiha. Ele não iria aceitar. Mas ele necessitava disto, o clã necessitava que a sua herdeira ficasse forte para o proteger.
_ Ela é uma Hyuga. As suas técnicas terão de ser do seu clã, não do meu. – Continuou Itachi. Ele realmente não queria perder o seu tempo com uma rapariguinha que era mais fraca do que o seu Otouto – Certamente não irá querer que as técnicas do seu clã sejam esquecidas pela sua própria herdeira.
_ É claro que não. Nunca disse que iria deixar de treinar a minha filha. Apenas quero que a deixes forte o suficiente para se conseguir defender propriamente. De resto poderás deixar comigo.
O Jounin de onze anos semicerrou os olhos.
_ E não consegue fazer com que a sua filha se defenda?
_ Ela… ela não se dá bem com as nossas técnicas.
O rapaz ergueu a sobrancelha escura. Virou o rosto inexpressivo para a rapariga de cabelos azulados que se situava ao lado do seu Otouto. Então ela não conseguia executar as técnicas do seu próprio clã? Mas que noticia tão… interessante. Ela poderia ser um desafio. Poderia ele, Uchiha Itachi, génio e herdeiro do seu clã, transformar Hyuga Hinata numa Kunoichi decente? Mas ela ainda não estava na academia, tal como o seu Otouto, só entraria dali a três meses, portanto qual era a pressa?
Mesmo assim, a miúda era um desafio. Ele adorava desafios.
_ Muito bem… eu treinarei a sua herdeira.
_ Outra vez. – Disse ele num tom frio.
Hinata levantou-se com dificuldade, pegando na faca Kunai que perdera na queda. Olhou para o herdeiro dos Uchiha de forma decisiva. Com um impulso, avançou, correndo, na sua direcção, levantando o braço para o apunhalar com a arma que possuía.
A mão dele, vinda do nada, agarrou-lhe o pulso, apertando-o com força. Hinata lançou um pequeno gemido de dor, deixando cair a faca de novo. Outra mão empurrou-a para o chão, onde caiu como um fardo pesado.
Ouviu o suspiro impaciente do mais velho.
_ Não levantes o braço dessa maneira quando me atacas, rapariga. – Ele lançou-lhe um olhar irado, fazendo-a encolher-se – É demasiado evidente. Qualquer inimigo coseguiria perceber as tuas intenções facilmente. Sê mais discreta.
Dois meses de treino e quase nenhuma mudança no seu desempenho. Hinata estava a ficar desesperada. Ela tinha que melhorar, ela não suportava os olhares de desiloção vindos do seu pai, ou os suspiros de irritação vindos pelo seu novo sensei.
Ouviu algo a cair perto dos seus pés e viu a sua Kunai.
_ Outra vez.
Ela estava farta daquelas palavras. Tão farta.
Agarrando o metal, Hinata correu o mais rápido que conseguiu, avançando em direcção do seu arrogante e frio novo sensei. Tentou acerta-lo com um golpe, mas ele esquivou-se, fazendo-a rugir de raiva. Saltou, levando o seu pequeno pé ao rosto atraente de Itachi. A hábil mão do Jounin impediu o pontapé. Aproveitando a destração que o seu pé tinha provocado ao seu sensei, Hinata mexeu o braço rapidamente.
O seu corpo caiu de novo na terra, lama cobrindo-lhe as roupas escuras. A sua respiração estava acelerada, provocada pela tentativa de ataque ao herdeiro dos Uchiha. Tinha falhado… de novo falhara.
_ Foi… melhor.
Olhos de pérola esbugalharam-se. O quê? Ela ouvira bem? Fora "foi melhor" que ela ouvira? Não foi " Outra vez"?
Hinata sentou-se, confusa. Mas ela falhara! Levantou a cabeça para olhar para o seu sensei, abrindo a boca para falar.
O leve fio vermelho impediu as palavras de saírem. Ali estava. Pequeno mas perfeitamente evidente naquela pele branca. Um minúsculo mas vitorioso arranhão no rosto do herdeiro. Hyuga Hinata tinha magoado o génio Uchiha Itachi! Pois, era um risquinho que quase nem se via, mas não deixava de ser um corte.
Vendo o olhar feliz da rapariga mais nova, Itachi falou.
_ Não fiques tão orgulhosa. Orgulho é algo que só poderás sentir quando eu estiver em risco de vida aos teus pés.
_ Desculpe, Itachi-nii-san. – Ele tinha-a proibido de gaguejar na sua presença, tal como não a permitia chamar-lhe de sensei. Por acaso não se parecia importar com o "Nii-san" que ela utilizava para acompanhar o seu nome.
Ele suspirou e, para grande espantou de Hinata, não fora de irritação. Sentiu a consideravelmente grande mão de Itachi no seu ombro e olhou para ele, corando ligeiramente.
_ Paramos por hoje. Amanhã tenho uma missão, treina com o Sasuke, tenho a certeza que ele vai ficar muito contente por estar na tua companhia. – Itachi fez um esforço para não revirar os olhos. O seu Otouto quase se mijava de excitação quando estava com a Hinata. Pronto, talvez ele estivesse a exagerar, mas que o rapazinho ficava contente, ficava. Ele dissera-lhe uma vez que Hinata era a única rapariga da sua idade que não o irritava, nem andava sempre colado a ele que nem uma lapa.
Hinata sorriu com aquilo. Sasuke era o seu melhor amigo desde… bem… ela nunca teve nenhum amigo, portanto Sasuke era o primeiro.
_ Vamos para dentro. Pede a Kaa-san que te prepare um banho, precisas.
Mikoto estava a preparar o jantar quando ouviu a porta de correr ser aberta. Olhou para traz, vendo a adorável rapariguinha Hyuga ali especada.
_ Hinata-chan! – Disse a mulher mais velha com um sorriso doce – Porque não entras?
_ Hum… eu estou suja, Mikoto-kaa-san. – Disse a menina timidamente – Não quero sujar o chão. – Um leve rubor apareceu nas brancas bochechas – Hum… I-Itachi-nii-san disse para lhe pedir que me preparasse um banho, m-mas se estiver demasiado ocupada eu… eu espero.
_ Não sejas tola, queridinha. Anda.
Ela não precisava de ajuda para tomar banho, portanto Mikoto saiu da divisão após a banheira estar cheia. Tirando as roupas cobertas de lama e colocando-as no cesto da roupa suja, Hinata enfiou-se na água quente, sentindo os músculos doridos relaxarem com a sensação.
Dali a um mês iria com o Sasuke para a academia. Esperava fazer um bom trabalho. Não queria desiludir ninguém. Treinaria mais, se fosse preciso. Tentaria acompanhar Sasuke, apesar de duvidar um pouco de tal proeza. O membro mais novo da família Uchiha poderia não ser tão forte como o irmão, mas era, sem duvida, mais forte que ela.
Fechou os olhos. Um banho daqueles quase fazia o duro e cansativo treino desaparecer da sua mente. Perguntava-se se Itachi também tivera que treinar assim para chegar ao nível em que estava naquele momento. Não… ele era um génio. Os génios conseguiam fazer tudo á primeira. Ela vira isso em Neji.
_ Como vai ela? – Perguntou Fugaku, olhando para o filho mais velho.
Sasuke olhou para o seu Aniki, inquirindo-se do que estavam eles a falar. Tinha reparado no minúsculo corte que Itachi tinha na face, perguntara-lhe onde o arranjara, mas apenas levou com dois dedos na testa.
Itachi levantou os olhos da mesa e pousou-os no pai. Um raro sorriso apareceu nos seus lábios.
_ Ela é um diamante que precisa de ser polido e cortado até ter as formas perfeitas, todo o seu brilho e glória. – Respondeu ele calmamente – Estou mais que disposto a trabalhar essa pedra preciosa.
Fugaku pestanejou algumas vezes, antes de retribuir o raro sorriso. Sasuke apenas ergueu uma sobrancelha. O seu irmão andava a dizer coisas muito estranhas.
Eram bastantes alunos, pelo que ela conseguia ver. Todos eles sorridentes, felizes por poderem entrar na academia e um dia transformarem-se nos maiores ninjas de sempre.
Hinata estava ao lado do pai, que falava com Fugaku calmamente. Sasuke dissera que o seu pai estivera para não vir, mas Itachi tinha dado a volta á coisa.
O filho mais novo do chefe dos Uchiha olhava com excitação para todos os alunos e aqueles que pareciam ser os seus futuros senseis.
_ Não vai ser giro, Hinata-chan? – Perguntou Sasuke sorrindo alegremente para a amiga.
Ela corou e olhou em volta. Várias rapariguinhas da sua idade olhavam para Sasuke com admiração e cobiça. Hinata quase conseguia ver os seus olhos transformados em corações… beh. Era apenas Sasuke, não um semideus.
_ Sasuke, vamos falar com o antigo professor do teu irmão, sim? – Disse Fugaku colocando a mão no ombro do filho, que anuiu com energia. – Até já, Hiashi, Hinata-chan.
Os dois Hyuga observaram-nos a afastar-se. Hinata suspirou, o começo oficial da sua vida como shinobi começara.
_ Acho… acho que eles não me reconhece como filho. – Murmurou Sasuke, olhando para as nuvens. – Acho que ele não acha que eu seja suficientemente bom.
Hinata olhou para ele, chocada.
_ Sasuke-kun, tu és o melhor da turma! Como é que ele não te pode achar bom?
Ele mordeu o lábio, olhos escuros semicerrando-se para as nuvens.
_ É sempre a mesma coisa! "Espero que sejas tão bom como o teu irmão", "Tal e qual o teu irmão", "Muito bem, não esperava melhor vindo do Otouto do Itachi". – Sasuke bufou, frustrado – Já alguma vez alguém pensou que o que eu faço é mérito meu e não dele? Quero dizer, ele não me treina. Eu sei muito bem que ele não passa a vida contigo e com as missões, por isso poderia passar algum tempo comigo. Se assim fosse, ainda compreendia os elogios. Mas ele não fez nada!
Hinata abraçou o amigo, afagando os seus cabelos negros.
_ Eu não te comparo com ele.
_ Não? – Perguntou Sasuke em voz baixa.
_ Não. Para mim ele é o meu Nii-san e sensei. Ele é muito forte e não o vou negar. Para mim tu és o meu melhor amigo e o melhor da turma. És também muito forte, e é uma força diferente.
Ele afastou-se um pouco para olha-a nos olhos.
_ Como assim?
_ Tu trabalhas muito para conseguires o que queres. Ele não. Para mim és melhor que ele.
(Atenção… personagem com pensamentos impróprios nesta passagem)
Hinata olhou para Sasuke, que parecia estar estranhamente feliz. Ergueu uma sobrancelha.
_ Passou-se alguma coisa?
_ Consegui…
E não disse mais nada. Hinata pestanejou algumas vezes. Agora esta mais confusa que antes. O seu amigo sentou-se na relva, o seu grande sorriso não saindo no rosto. Ele era, sem dúvida, o Uchiha macho que sorria mais.
Hinata semicerrou os seus olhos de pérola. Se ele não lhe diria a bem, diria a mal.
O riso de Sasuke chegou aos ouvidos de Itachi. Era estranho, nunca tinha ouvido o seu Otouto rir-se daquela maneira, com gargalhadas.
Decidido a descobrir o que estava a fazer o miúdo rir-se daquela maneira, Itachi caminhou em direcção da voz de Sasuke.
Faltava-lhe o ar. Ele esbracejava e pontapeava mas nada parecia ter efeito. Raios, a Hinata tinha utilizado a técnica ninja mais perigosa de todas.
Cócegas mortais. (Técnica totalmente inventada pelos dois putos)
Os minúsculos dedos da Hyuga passeavam pela barriga do jovem Uchiha. Serpentearam habilmente por de baixo da camisola, pois com o contacto na pele o efeito seria maior.
Hinata estava praticamente em cima dele, sentara-se em cima do rapaz para lhe impedir qualquer escapatória. Sasuke, vendo que não podia fugir, fez a única coisa que podia.
Retribuía da mesma forma.
Os seus pálidos dedos rapidamente se enfiaram pelo casaco da rapariga, tocando na pele leitosa. Uma gargalhada pouco característica escapou pelos lábios da Hyuga.
Era uma luta complicada. Hinata continuava por cima, mas a sua força fraquejava. Ela tinha que ter a resposta o mais rápido possível.
_ AH-AH… Po-por que é que… AH! E-estás t-tão Ah-ah! Hi! Fe-feliz… AH-AH!
_ F-Finalmete Hahaha! Con-consegui HE-he-ha-ha c-cuspir Ah! A b-bola d-de f-fogo hahaha! PÁRA AH-AH!
Pararam ao mesmo tempo. Hinata caiu em cima dele, ofegante.
E foi assim que Itachi os encontrou. Hinata em cima do seu Otouto, ambos exaustos e em busco de fôlego. Os rostos das crianças estavam corados da sessão de riso e os cabelos num desalinho total.
Para ele, um rapaz que acabara de atingir a adolescência e as hormonas apareceram aos saltinhos para o atormentar, aquela cena era bastante… erótica. E tanto o seu Otouto como a sua aluna estavam estranhamente apetitosos… e não no sentido de comida.
O herdeiro Esbugalhou os olhos "Espera aí! Acabas-te de pensar que o teu irmão e a tua aluna, dois putos de oito anos, eram apetitosos? Não! AH! Eu sabia que iria ter uma preferência sexual estranha e provavelmente uns fetiches esquisitos, mas ser um Pedófilo Bissexual Incestuoso não estava nos meus planos."
Virou costas aos dois amigos, pronto para tomar um banho gelado para aliviar o problema que tinha dentro das calças.
Era de noite. Sasuke e Hinata caminhavam em direcção do estado do clã Uchiha. Vinham da academia, cansados pelo dia de estudos e treinos.
Uma brisa suave fez os cabelos curtos de ambos esvoaçarem ligeiramente, folhas verdes passando por eles com os seus rodopios constantes.
_ Foste muito bom a atirar shurikens (a.n:? ) … quase fico invejosa. – Disse Hinata, recordado a maneira certeira como as armas cortantes atingiram o alvo.
_ Não foste má, Hinata-chan. Só falhaste dois.
Ela corou com o pequeno elogio. Entraram em silêncio de novo. A falta de conversa entre eles nunca fora um problema, sempre ficaram confortáveis com o pouco barulho.
_ Itachi-nii-san… anda muito estranho ultimamente… - Comentou Hinata. Era verdade, o seu sensei andava mais silencioso que o normal, não a olhava nos olhos e nunca estava na sua presença sozinho a não ser nos treinos.
Sasuke anuiu.
_ Ele tem andado assim desde que vieram lá os tipos da polícia de Konoha acusa-lo da morte de do nosso primo.
_ A-acusaram-no da m-morte do Shisui-san? – Gaguejou ela horrorizada.
_ Sim, tu não estavas lá… - Ele calou-se durante um bocado – foi… assustador. – Depois disso sorriu-lhe – Mas agora já está bom outra vez, hoje de manhã bateu-me com os dedos na testa e tudo!
Ela riu-se suavemente, a sua mãozinha cobrindo a boca.
_ Fico feliz por a Mikoto-kaa-san me ter convidado para jantar… já faz algum tempo que não a vejo.
_ Pois é…
Continuaram a conversar calmamente, caminhando sem pressa. A lua estava cheia, uma enorme esfera que brilhava na no manto de escuridão.
_ Onde é que está toda a gente? – Perguntou Sasuke olhando em volta. Tinham acabado de chegar aos portões do estado dos Uchiha.
As ruas estavam desertas, invadidas por uma escuridão arrepiante. Não se ouvia um único som, pois o silêncio penetrava cada recanto daquele espaço.
Hinata engoliu em seco. Tinha um estranho pressentimento.
_ Pergunto-me porque está tão escuro. – A voz do rapaz saía num murmúrio – Ainda falta muito para a hora de dormir.
Hinata não respondeu. Passou a sua mão pelo cabelo azulado, desalinhando-o um pouco. Havia um cheiro no ar. Um aroma que a enervava. Um cheiro que ela fora obrigada a identificar com os intensivos treinos com o Itachi. O cheiro a Morte.
Sentiu a mão de Sasuke na dela. Ouviu um sussurrado "anda" vindo do seu amigo e viu-se a ser puxada. Observou o rapaz, que lhe lançou um grande sorriso encorajador.
Porquê?
Porque é que ela tinha aquela sensação?
A sensação de que aquele sorriso…
… Seria o último.
Sentiu as lágrimas nos olhos, o silêncio começava a invadi-la. A escuridão estava em todo lado, sufocando-a. Ela não queria estar ali.
Sai daqui…
Vai-te embora…
Agora, Hinata!
Eram esses os pensamentos que enchiam a sua cabeça, mas não foi, não iria abandonar o seu melhor amigo.
_ O que…
Ela ergueu a cabeça ao ouvir o sussurro horrorizado. Lágrimas rapidamente escorreram pelas suas faces brancas. O seu estômago deu uma volta e ela teve que reprimir um vómito.
Os corpos mutilados estendiam-se no chão. Sangue carmim derramado, pintando as paredes com a sua glória vermelha. Rostos sem vida com expressões de horror miravam-nos com os seus olhos vazios. O glorioso clã Uchiha estava dizimado.
Sangue… tanto sangue… quem poderá… quem fez algo tão… tão…
_ H-Hinata-chan. – A rapariga olhou para Sasuke que tentava superar o medo, mágoa e choque. – Fica aqui, eu vou… eu vou ver o que se passa.
Não!
Não vás!
SASUKE!
Mas nenhuma palavra lhe saiu. A voz perdera-se. Olhos de pérola miraram o amigo embrenhar-se na escuridão. Perdera-o de vista. Não sabia para onde fora para além dos cadáveres que jaziam no chão frio e duro.
Por favor…
Kami-sama…
Sasuke… volta rápido, por favor.
Ela chorava abertamente. Cobria a boca com a mão para abafar os constantes soluços. As lágrimas tinham colado fios de cabelo azul ao seu rosto, contrastando com a palidez quase doente que a sua pele transportava naquele momento. E se o assassino ali estivesse? E se ela fosse morta? E se Sasuke fosse morto?
Não…
Não o vou permitir
Ele não vai morrer… não… não vai…
Um grito de pura agonia sobrepôs o silêncio. O coração de Hinata palpitou violentamente no seu pequeno peito. Era um grito horrível, uma voz que ela conhecia muito bem.
_ SASUKE! – Gritou ela, correndo na mesma direcção que ele fora minutos antes, na direcção dos corpos.
O que teria acontecido? Estaria ele ferido? Estaria… estaria ele… morto.
NÃO!
KAMI-SAMA!
Ela olhou em volta, tentando não vomitar com os corpos sem vida que a rodeavam. Onde teria o Sasuke ido? Para que lado? Para que casa?
O pânico atingia cada pedacinho do seu corpo. Se ao menos ela fosse forte… se ao menos ela fosse competente nas artes da sua família… se ao menos ela já possui-se o Byakugan…
Estava com dificuldades em respirar. Era uma tortura… o que se estava a passar? Porque tinha aquilo acontecido?
Porquê?
Alguém chocou contra ela fazendo com que ambos caíssem no chão. O pânico intenssificou-se, seria o assassino? Encheu os pulmões, pronta a gritar.
_ Hinata… - Chorou a pessoa.
Sasuke.
Ela olhou para ele. O seu adorável rosto era agora uma mascar de medo. Lágrimas escorriam pelo seu rosto branco, brilhando com a luz do luar.
_ H-Hinata-chan! E-ele matou-os! T-temos que sair daqui! – Murmurou ele a voz mostrando todo o terror que sentia.
_ Sasuke, diz-me só quem… - Calou-se rapidamente, ao notar que uma sombra os cobria.
Virou a cabeça para a figura, o seu corpo tremia. Seria ele? O assassino? Iria eles matá-los?
Olhos brancos encontraram olhos vermelhos.
O alivio começou a preenche-la ao conhecer o rosto do portador de tais olhos. Ergueu-se, pronta para se aproximar.
_ Itachi-ni… - Foi cortada ao sentir uma mão não muito maior que a dela rodear o seu pulso. Virou o rosto para Sasuke e sentiu o choque a invadi-la de novo.
A maneira como o rapaz olhava para o irmão… medo, terror, horror, todas as palavras que eram o sinónimos de receio, todas as que queriam dizer dor e traição estavam representadas nos olhos negros daquele rapazinho.
A realização atingiu Hinata como uma facada.
Não…
Não pode ser…
Aquele que tinha feito esta monstruosidade
Aquele que tinha chacinado uma família inteira
A sua própria família…
Itachi-nii-san?
Com um puxão, Sasuke meteu-a atrás dele. Hinata viu e sentiu que ele tremia, ela própria tremia. O assassino estava ali, pronto a matar.
Mas o génio não se mexeu, limitou-se a olhar para eles com aqueles olhos de sangue. Porque é que ele não se mexia? Se aquele monstro os queria matar porque é que não o fazia de uma vez por todas? Porque é que ele os tinha que torturar daquela maneira?
_ Devem-se estar a perguntar porque é que eu não vos mato.
O som da sua voz nunca soara tão frio, venenoso.
_ Nenhum de vocês vale o meu tempo e energia. – Pousou os olhos no seu irmão – Irmãozinho patético…
Nenhum deles disse nada… nenhum deles se atrevia a abrir a boca.
_ Se te quiseres vingar… se me quiseres matar… odeia-me. Despreza-me como nunca desprezas-te nada antes. Agarra-te á tua patética existência com tudo o que tens. Não deixes ninguém meter-se no teu caminho. – Pousou os olhos em Hinata por momentos – Ninguém.
Sasuke não suportou mais. Caiu na completa escuridão, num sono profundo, sem sonhos.
Para longe de tudo.
_ Sasuke! – Gritou Hinata ao ver o seu amigo cair no chão.
Verificou o seu pulso, ficando aliviada por o seu coração ainda bater.
_ Falhanço. – Hinata pousou os olhos brancos no assassino ao ouvir a sua voz – É o que és. És o falhanço dos Hyuga, superada pelo primo da segunda casa e pela irmãzinha de três anos… uma desilusão… uma completa perda do meu tempo.
As palavras ecoavam na sua mente.
Falhanço…
Ela o que ela era.
_ Itachi-nii-san. – Murmurou ela. Não chorava mais, as lágrimas tinham secado completamente. Já não tinha mais para derramar.
Num piscar de olhos o rosto bonito do antigo herdeiro estava á sua frente, dois centímetros de distancia.
_ Hime… não sou teu irmão.
Lábios frios pressionaram-se contra os dela. Frios, suaves, doces… mortais. Fechou os olhos com força, tentando desaparecer.
O seu primeiro beijo.
Roubado pelo assassino dos Uchiha.
Sentiu os lábios do horrível rapaz a afastarem-se dos seus. Algo respirou contra a sua orelha.
_ E, sinceramente, ainda bem que não o sou.
Ela estremeceu com o sussurro. Sentiu os dedos dele percorrerem-lhe as costas até chegarem ao se pescoço, massajando lentamente.
Uma pancada na nunca, certeira e eficaz.
Entrou na escuridão, onde se refugiou para se esconder dos olhos vermelhos.
Aí está
Primeiro capitulo…
Não foi fácil escrever a ultima parte. -_-
Até ao próximo!
