O MEIO
(...)
Era verde.
Aquele maldito vestido de cetim que o faria sonhar por décadas. Nefasto pedaço de pano que acabara de lhe demonstrar toda a sua fragilidade, toda a amargura do simples e metódico fato de poder ver, desejar e não poder tocar. Sentir, apalpar e degustar os contornos daquele corpo alvo e delicado feito por Deus para ser dele. Por que ela era dele. Só dele – mesmo que ela não soubesse.
E doía saber que ele era dela. Como moldes intrínsecos, mas mesmo assim desconexos.
Os nós de seus dedos encontram a aspereza da porta por três vezes e então ela abre. E ele não pode ficar mais maravilhado ao ver o brilho nebuloso daqueles olhos felinos, únicos – os dela. Ele permanece ali, olhos fixos nos dela como em uma briga, ele não irá se afastar, ele simplesmente não agüenta mais.
E em um impulso de mais puro desejo, ele a enlaça por entre seus braços e cobre sua boca rosada com seus lábios esfomeados. Não é um beijo calmo, sereno, isso poderia vir mais tarde, quando eles fossem um, mas agora o que ele mais quer e beijá-la loucamente, fazer com que ela perda os sentidos, quer imprimir sua boca na dela e quem sabe, quem sabe alcançar aquele coração arredio.
A dança de línguas continua, e ele se torna insaciável. Suas mãos vasculham sem pudor aquele corpo; desejo correndo a mil em suas veias quentes, bucólicas. Ele empurra com o pé a porta, a fim de encostá-la e segue em direção a parede levando-a consigo.
A parede gelada faz seus ombros se arrepiarem por um instante, mas a boca dele está esmagada contra a sua e ela mal pode respirar, mal pode pensar, ela o quer, quer ele inteirinho para ela que chega a doer, a moer seu corpo. Suas mãos estão enterradas naquele cabelo deplorável, puxando com força, obrigando-o a mais. Os lábios dele mudam e vão diretamente para sua clavícula e então ela pode sentir o cheiro amadeirado de seu pescoço, pode sentir a veia dele pulsar fortemente quando ela lambe o seu pescoço deliciosamente devagar. Degustando, provocando.
Aquele corpo era como um espelho em que ele navegava com profusão, aquela pele alva, aqueles pequenos gemidos, aquele gosto almiscarado em sua língua, ele iria enlouquecer se não escutasse o que era preciso. Ela tinha que dizer, tinha que sentir o mesmo fogo que consumia o seu peito e fazia faltar ar. Porque ele a queria, unicamente ela e somente desejar era muito pouco.
Ele cessa o beijo, deixando vermelha a clavícula ora alva, e alastrando fogo pelo caminho que a ponta de sua língua faz por entre seu pescoço até sua orelha. Ele respira profundamente ali, fazendo um arrepio fino subir por suas costas até a raiz de seus cabelos. Ela sente que esta derretendo e fica pouco constrangida por saber que seu coração está batendo tão alto que com certeza reverbera até ele pela distancia zero entre eles.
Ele umedece os lábios, e ela sabe que isso não é bom.
Ele se encosta mais ainda nela, suas mãos calejadas descem por entre a pele nua de suas costas até a sua derrière apalpando lascivamente, passam por sua coxa e gentilmente levantando sua perna, enlaçando-o. Ele se aproxima mais ainda e ela pode sentir uma distinta dureza pressionada contra seu baixo ventre e então ela mal respira.
- Eu quero você.
Ela diz em um sussurro.
Ele a encara nos olhos e se surpreende ao ver o mesmo desejo que com certeza está no seu,mas no fundo tem algo, um brilho que esperançosamente pode representar algo a mais. Ele quer algo a mais.
- Você quer?
Ele diz com sua voz rouca procurando desesperadamente por amor naqueles olhos, tentando ao máximo não olhar para seus lábios.
Ela engole seco a saliva, e assenti com a cabeça;
- Mas tem que ser pra sempre...
Ambos se olham inebriados um pelo outro e então ela desafia a sua própria insegurança e o beija, mas antes de seus lábios tocarem os dele, ela diz:
- Eu odeio te querer...
A partir desse momento tudo é fogo, autocombustão de um desejo contido. O beijo se torna mais profundo e os corpos parecem querer se fundir de imediato. As mãos dele estão por todo seu corpo, tateando, apertando, arrepiando seu corpo e seus sentidos; seus lábios já inchados nem parecem mais sentir as mordidas dadas. E ela se encontra desesperada, desesperada para tê-lo.
Não há necessidade de respirar quando ela está em seus braços, e daqueles lábios tão amargos de tantos insultos tudo se tornou doce naquele instante e ele se descobre viciado. As mãos dela ora puxando seu cabelo ora em seu peito, ombros, costas o faz tremer, seus joelhos ficam moles, mais ele quer mais, ele quer tudo dela.
Ele solta a cascata ruiva e sorri por entre o beijo. Os gemidos dela o enlouquecem e a fricção entre os corpos e inegavelmente dolorosa. Ele desce sua mão e delicadamente sobe ainda mais o vestido verde dos deuses, sua mão toca levemente aquele pedaço de pano...
As mãos dela são ágeis e mesmo se encontrando pela primeira vez nessa situação seu corpo parece lhe guiar, o desejo é o combustível e a falta de ar a alavanca. Ela desafivela o cinto, abre o botão e desce o zíper...
As mãos suadas dele encontram novamente sua cintura e ele esta impossivelmente mais perto dela. As mãos delicadas de dedos finos enlaçam seu pescoço e em um movimento rápido tudo que se pode ouvir é um uníssono gemido...
E James descobre que aquilo era pouco, muito pouco.
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Voltei! E espero que alguém leia isso a não ser eu e minha beta.
Saibam que estava morrendo de saudades e espero que gostem tanto quanto eu desta fic. Fiquem despreocupados. O capitulo seguinte será postado nesta próxima sexta e está Mara!
Críticas e elogios serão bem vindos. Review?
Ah, e prestem atenção neste prólogo, a estória esta super relacionada a ele.
Beijocas N. Baudelaire.
