A saga Instrumentos Mortais e seus personagens não me pertence, e sim à Cassandra Clare.
Magnus bateu a porta de seu apartamento com força, se jogando na poltrona. O gato do feiticeiro se aproximou, eriçando seus pelos. O homem o acariciou na cabeça, o bichano ronronando em seguida. Magnus não conseguia parar de pensar em Alec. "Mas o que havia para pensar?"
Alec era muito fechado e ao mesmo tempo tão aberto. Magnus conhecia-o como a palma da mão, mas mesmo assim sentia que o garoto não confiava nele. Não completamente. Ele era tão inseguro, tão perdido. E o feiticeiro não o culpava. O garoto tinha apenas dezoito anos e Magnus tinha novecentos, compreensão era o que ele mais tinha pelo Caçador de Sombras. Mas Alec tinha tanto medo de envelhecer e se por algum milagre o feiticeiro continuar com ele, apenas para vê-lo morrer, que não pensava em como Magnus sentia-se a respeito. A ser o único que ficaria para trás, tendo que conviver com a saudade, com as lembranças.
E Magnus adoraria ver seu Alec crescer, amadurecer, assim como ele fizera ao revelar seu relacionamento com o feiticeiro na frente de todos em Idris. Para Magnus, não podia haver coisa mais maravilhosa do que ver a pessoa amada conseguir atingir objetivos em sua vida, mas Alec escolhera agir pelas suas costas, procurar um modo de se tornar imortal e no ato de desespero até mesmo considerar tirar a imortalidade de Magnus. Não era esse o motivo do feiticeiro ter rompido o namoro. E sim a falta de confiança.
Ao contrário do modo de que muitos imortais agiam, Magnus era diferente. Ele já namorara outros imortais antes, como Camille, que o traíra com um mundano e voltou para ele como se não houvesse feito nada errado. Por serem imortais, acreditavam que não tinham que ser fiel a ninguém, mas o feiticeiro só queria alguém para se entregar completamente.
Lembrou-se da primeira vez que beijou Alec, quando este veio até seu apartamento para agradecer por ter salvo sua vida, mas é claro que nenhuma pessoa no mundo – ainda mais um Caçador de Sombras por um ser do Submundo – percorreria um caminho tão longo apenas para agradecer. Havia sido uma breve conversa, que terminara em um beijo. O primeiro beijo do garoto, cujo rosto totalmente pálido e gelado começou a queimar nas bochechas.
- Realmente preciso controlar essa minha queda por cabelos escuros e olhos azuis – Magnus disse, para si mesmo.
Alec sentia as lágrimas já secas no rosto, mas seus pensamentos sobre Magnus foram totalmente apagados quando vira Jace. Seu parabatai finalmente estava de volta, sem ser controlado por uma força do mal. O garoto se sentiu bem por ver ao outro apenas como amigo. Como um irmão.
Seu coração pesou. Magnus.
Como ele pôde estragar tudo? Se houvesse alguém perfeito em uma relação Magnus era o mais próximo disso, confortando-o com suas palavras, seus toques e beijos mesmo quando Alec não dizia nada. Isabelle sabia que havia algo errado, ela o olhava com uma expressão preocupada, mas ambos agora estavam apenas aproveitando a companhia de Jace.
Depois de se despedirem de Jace, Alec foi até seu quarto, encontrando em cima de sua cama o cachecol que Magnus lhe dera. Pegou-o e o aproximou no rosto, sentindo seu tecido aveludado, como se pudesse sentir o toque do feiticeiro novamente. Talvez aquele não fosse o fim, talvez Magnus estivesse apenas no seu limite e Alec dera a gota d'água. Um tempo separados faria bom para eles. Para Alec começar a confiar mais nas pessoas. E era isso que ele faria quando tivesse a chance com Magnus. Confiar mais no feiticeiro.
Ele pelo menos esperava que tivesse uma chance.
