Dicotomia
por Ireth Hollow
Lembro-me de teres escrito naquela tua letra tão infantil que tinhas medo da morte. Nada de estranho para mim, pois não? Eu já conhecia a tua alma, os teus medos e desejos. Eras tão previsível, Ginevra… E, contudo, ninguém podia antever o que escreverias a seguir, numa letra mais direita e segura – teriam passado meses ou segundos?
Tenho medo que morras, Tom.
Hesitei na minha resposta, abalado por um misto de incredulidade e diversão.
Eu não posso morrer, Ginny. Estou imortalizado nestas páginas. Não irei desaparecer enquanto tu me fizeres viver.
Para quê mentir quando a verdade é muito mais poderosa? Para quê dar-me ao trabalho de inventar mil e uma razões para sossegar a doce e ingénua Ginevra? Nenhuma mentira conseguiria adormecer o seu medo – sem, porém, o destruir por completo – como esta verdade, a verdade, o fez.
Viverás sempre em mim, Tom. Eu prometo.
xxx
Morre, Ginevra, morre. Morre para que eu possa viver.
N/a: Não sei se isto é o regresso a TG, não sei sequer se é o regresso às fics. Tudo o que sei é que estou temporariamente de férias e precisava de escrever. O resultado não foi nada de especial; ainda assim, comentários são bem-vindos.
Até breve (espero)
