N.A.: Obviamente, eu não owno os direitos autorais dos personagens abaixo, que são totalmente da Clamp. :) (Acho =P)


Querida Kinomoto-san,

Ohisashiburi desu ne? Faz tempo que não nos falamos e muita coisa aconteceu nesse meio tempo. Gostaria de poder conversar com você mais vezes, mas sinto que o tempo – com sua cruel imparcialidade e o peso de seus passos arrastados (e cada vez mais rápidos) – parece nos afastar mais e mais. Como está o clima por aí? Ouvi dizer que o inverno em Tomoeda está realmente pesado este ano. Espero que você esteja se cuidando direito. Espero que ele esteja cuidando direito de você. Espero, também, que ele não se incomode por essa carta mal-escrita (e que não fique bravo com você por a estar lendo).

Por aqui o tempo está confortável: ainda não esfriou de vez e, nesse clima de Natal, até a neve parece estar com preguiça de cair. É interessante como os hábitos estão mudando por aqui com essa história de globalização. Na universidade, as aulas já terminaram; entreguei as últimas notas semana passada, e estou exausto! Nunca imaginei que ser professor fosse tão trabalhoso assim, sabe? Nessas horas vejo como meu treinamento me foi útil, afinal de contas. Haja Qi para aguentar esses alunos às vezes, viu! Este ano viajarei para Hong Kong e passarei as festas com a Mei Ling e minha família de lá. Gostaria de viajar para o Japão nestas férias; sinto tantas saudades de Tomoeda. A cada floco de neve que insiste em grudar no meu cabelo, me lembro de quando éramos crianças e você atirava aquelas bolas de neve em mim de manhã, porque sabia que eu detestava chegar desarrumado na escola. O que eu não daria para chegar desarrumado assim na universidade agora...

Era uma época tão boa aquela, não era? Não tínhamos muitas preocupações, podíamos passar a tarde toda brincando (claro, depois de capturar as cartas Clow), jogando conversa fora, tomando sorvete. Lembro claramente da sua cara de raiva quando eu derrubava você do balanço, e como a Tomoyo ria de nossas briguinhas idiotas, enquanto filmava tudo. Ser criança é tão bom. Sentir amor puro é tão bom. Mas é uma pena que o tempo nos tenha afastado dessa maneira, e que hoje em dia sejamos praticamente estranhos um ao outro. Isso é tão engraçado, sabe? A gente dizia que amor verdadeiro é como um urso: hiberna por meses, mas vive por anos e anos e sempre acorda explodindo de energia e morrendo de fome. Será que essa hibernação está durando um tempo um pouco longo demais? Ou será que esse "urso" nasceu com algum problema genético e morreu um tanto quanto cedo? Ou talvez não fosse um urso, mas um cachorrinho. Ou talvez esse pequeno lobo não tenha sabido cuidar direito daquela cerejeira preciosa quando teve a chance.

Enfim, desculpe-me por esta carta sem propósito. Deve ser culpa do Natal, esse tal "Espírito Natalino" importado do Ocidente talvez esteja começando a afetar meu cérebro oriental. Aquelas pessoas são estranhas, os ocidentais: precisam de uma data no ano para lembrá-las da família e do amor ao próximo! Acho que ainda têm muito a aprender conosco. Mas, de qualquer forma, é difícil ficar imune a tudo isso.

Novamente, me desculpe por incomodá-la com essas palavras idiotas de um tolo nostálgico. Talvez eu nem lhe envie essa carta (mas se você a está lendo, obviamente é porque eu acabei ouvindo o Eriol e a enviei assim mesmo.)

Cuide-se bem, Sakura-chan. E saiba que penso em você em cada dia da minha vida. Na primavera, quando as cerejeiras florescem; no verão, com o sol escaldante (cujo calor só é superado quando lembro do seu beijo e do seu abraço); no outono, quando caminho pelas folhas rubras caídas nas calçadas do campus – como aquelas em que eu pisava quando estava indo embora e você apareceu chamando meu nome para me dar um último abraço; e, claro, no inverno. O frio só não é mais intenso do que sinto agora, aqui dentro, sem você.

Seu para todo o sempre,

Li.