Como todos sabem, Naruto não me pertence.
Estou postando novamente, após problemas com a formatação. Espero que agora dê certo...
Leiam as notas finais, por favor.
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I. Prólogo
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Quando saiu correndo da casa de seu pai, com os olhos transbordando de lágrimas, Hinata não sabia muito bem para onde iria. A face ainda estava queimando com o tapa que ele lhe deu, e as palavras ressoavam alto em seus ouvidos.
"Você é um estorvo para essa família... Quem dera eu nunca precisasse trazer você de volta da Europa..."
Com aquelas palavras, ela sentiu-se transportada para o Japão da sua primeira infância. Para quase vinte anos antes.
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Kurenai era conhecida, nos círculos influentes da alta sociedade japonesa, por ser uma preceptora eficiente. Seu serviço consistia em ser muito mais do que uma baby-sitter: ela tinha conhecimentos aprofundados sobre pintura e canto; dominava amplamente as noções de etiqueta; e instruía todas as crianças de que cuidava com esmero. Os seus pupilos cresciam para serem homens e mulheres de refinada educação e imensa cultura. Cobrava o salário de um rei, mas aqueles pais não se preocupavam com dinheiro. Ela atendia famílias riquíssimas... que estavam apenas um degrau abaixo da realeza.
Hiashi convocara a reunião secretamente, e ela fora introduzida na mansão Hyuuga com tantos cuidados que seria impossível para algum paparazzi sequer desconfiar da sua presença ali. Quando por fim encontrou o patriarca, viu que ele não estava sozinho. Uma pequena menina, com seus seis anos de idade, o acompanhava.
Depois que as portas da sala foram firmemente fechadas, Hiashi praticamente arremessou a menina no centro, com um firme puxão por seu pulso esquerdo. A brutalidade do ato chocou Kurenai, que não conseguiu reprimir um murmúrio chocado.
"Esta é Hinata", resmungou ele, indo direto ao ponto. "Ela é um estorvo para essa família. Até mesmo Hanabi, que é bem mais nova, consegue ser superior a ela. Hinata não nasceu com o sangue Hyuuga... portanto, não serve para esta família. Irei deserdá-la. Ela terá acesso a um fundo monetário e à melhor educação possível... mas ela viverá distante deste lugar. Sei que você é a melhor preceptora disponível, senhorita Kurenai. Viverá com ela na Europa e lá ficará até que Hinata seja adulta, ou por quanto tempo ela desejar."
Kurenai reparou que ele não perguntara se ela aceitava a oferta. Aquela era uma imposição, não um pedido. Aquilo estava longe de ser uma reunião de negócios. E, se os rumores acerca da crueldade de Hiashi fossem verdadeiros, ela sabia que seria muito perigoso dizer a ele que não.
O homem estendeu um papel a ela. Ela olhou e o leu. O cheque, já assinado, apresentava uma quantia seis vezes superior ao maior valor que já cobrara por seus serviços.
Hiashi percebeu que os olhos da mulher se arregalaram diante da quantia. Sentindo que o momento era oportuno, ele falou:
"Você vê que, embora eu a renegue, não sou cruel. Ela viverá com o melhor conforto possível. Quero que você transmita a ela todo o seu conhecimento. Quero que ela seja uma mulher culta e refinada."
Kurenai espiou a menina ainda atirada no chão, as lágrimas correndo silenciosas por seu rosto muito alvo. E aquele homem dizia que não era cruel?
Hiashi não esperou a resposta dela.
"Acho que estamos conversados, senhorita Kurenai. Vocês partirão amanhã mesmo, em meu jatinho particular.".. O homem fez menção de sair, mas, no último momento, conteve-se. "Acredito que seja desnecessário dizer que ninguém deverá estar ciente desse nosso acordo. Uma palavra, a quem quer que seja, e não viverá o suficiente para gastar um centavo sequer de seu novo salário."
Kurenai tentou, mas não conseguiu conter o arrepio que subiu por sua espinha.
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Os colunistas de fofoca e os tablóides a adoravam. Na mídia, ela recebera diversos apelidos. Hanabi, a festeira. Hanabi, a louca. Hanabi, a farrista. Cada notícia nova era um tapa na cara da família. Com o seu poder, Hiashi ocultava muita coisa, mas nem mesmo ele era capaz de conter toda a rebeldia da filha mais nova – a herdeira rebelde, como um dos muitos jornalistas a apelidara.
Quando o carro da jovem rodou na pista, deixando um rastro de óleo quente, levou a vida dela e a do pedestre na madrugada. O assassinato de um inocente fora a gota d'água. Os exames do corpo haviam sido decisivos. Agora, os jornais tinham um novo codinome para a recente falecida: Hanabi, a cocainômana.
Hiashi abriu os cofres da família, sem reservas. Conseguiu comprar boa parte da mídia. Mas é claro que os rumores circularam independentemente da sua vontade. A mancha se grudava ao nome do império Hyuuga, comprometendo as finanças e o poder. Era preciso agir.
A reunião de emergência ocorria na biblioteca da mansão. Além de Hiashi, outros sete homens estavam ali, entre eles o seu sobrinho e prodígio da família, Hyuuga Neji. Com seu terno muito bem cortado e os longos cabelos presos, ele era o perfeito retrato do sucesso. Seu talento fez com que, mesmo tão jovem, ascendesse ao cargo de imediato, logo abaixo de seu tio na sucessão familiar. A lógica ditava que, na morte de Hanabi, ele deveria assumir, mesmo não sendo um herdeiro direto. Foi o que um dos conselheiros propôs, em tom conciliador.
"Hiashi, é a hora e a vez de Neji", disse o homem. "Só ele pode nos salvar do atoleiro moral em que estamos agora."
"Não", murmurou Hiashi. "Nem a competência de Neji nos trará a credibilidade necessária. Precisamos causar um frisson na imprensa... renascer das cinzas... com um nome totalmente limpo e novo."
Neji hesitou. Não, o tio não queria dizer que...
"Só existe uma solução, cavalheiros", falou Hiashi com o tom de voz de quem não aceita questionamentos. "Traremos Hinata de volta ao jogo".
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As luzes da boate piscavam de maneira enlouquecedora, mas Sakura só sabia olhar para um único ponto da pista: o lugar onde o jovem herdeiro Uchiha estava recostado, um copo de whisky distraidamente mexido em uma das mãos. Rebolava para ele, seduzindo, como a predadora que era. Ignorava os outros homens dali, muitos que certamente a desejavam. O curtíssimo vestido tubinho que usava parecia querer subir ainda mais, e ela explorava isso, passando as mãos ao longo dos próprios quadris, sem nunca deixar de olhar para ele. Jogava os cabelos rosas para os lados, equilibrando-se nos enormes saltos agulha, mordendo os lábios.
Sasuke sorriu de lado, e ela achou que aquela era a senha. Cruzou o espaço da pista vip, numa das mais caras boates japonesas. Parou diante dele, de pé.
"Gosta da minha dança, Sasuke?"
Ele não respondeu. Enquanto ainda segurava o copo de whisky com a mão direita, levou a esquerda para os quadris da mulher. Insinuou os dedos por aquela região, apenas para descobrir que ela não usava roupa íntima.
"Desde quando você é tão atirada?"
"Apenas sei como agradar um homem, Sasuke. Ou vai dizer que não gosta?"
Ele forçou ainda mais os dedos, introduzindo dois dedos nela de forma rude, arrancando um gemido da mulher. Aproximou os lábios da orelha dela, que esperava ouvir um convite, mas as palavras que chegaram foram:
"Sempre tão fácil, Sakura..."
Ela se afastou com um gesto brusco e o olhou, e por um momento seu olhar foi de puro ódio. Afastou-se a passos largos para o banheiro. Precisava respirar.
Foi seguida por Yamanaka Ino, ao mesmo tempo amiga e uma espécie de rival. Loira, de olhos azuis e corpo deslumbrante, ela observara toda a cena, e fora capaz de adivinhar o que acontecera, mesmo sem estar perto o suficiente para ouvir as palavras.
"Nem venha com seus sermões para cima de mim, Ino", vociferou Sakura. "Se não foi hoje, será outro dia. Não há nenhuma outra mulher no Japão que tenha dele o que eu consigo, mesmo que seja mínimo."
"Você precisa se atualizar, queridinha", respondeu Ino. "Ou não sabe que o Uchiha tem um alvo novo?"
Algo na mente de Sakura piscou. Um alvo novo?
"Isso mesmo, meu bem" – Ino respondia à pergunta não formulada. "Hyuuga Hinata está de volta ao Japão."
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O destino de Hinata tinha sido o teto de um dos muitos edifícios comerciais do centro. Aquele, em especial, pertencia a sua família. Por isso, não questionaram quando entrou no saguão e pediu acesso ao topo. No táxi, imaginou mentir que iria ao encontro de um helicóptero. Nem precisou. Ao reconhecerem aqueles olhos, os seguranças do turno noturno não ousaram questioná-la. Ser um Hyuuga abre muitas portas, pensou Hinata, amargurada.
Agora no topo, só precisava reunir a coragem necessária. Nunca imaginou que desejaria chegar a um ponto daqueles. Nunca a tristeza parecera tão profunda, nem mesmo quando seu pai a abandonara, porque ali tivera, em troca, o amor de Kurenai, uma mãe que a vida lhe oferecera. Tivera que voltar para uma realidade estranha, em que não a queriam, para batalhar em nome de uma família que a considerava uma aberração indesejada, porém necessária.
O vento oscilava por seus longos cabelos. O receio da altura aumentava, à medida que se aproximava da beira. Num impulso, decidiu retirar as sandálias de saltos baixos. O contato da sola do pé com o chão gélido a arrepiou por inteiro. Hesitou por um instante, juntando coragem.
Aos poucos, aproximou-se da beira. Agora, evitava olhar para baixo. Quarenta andares a afastavam do térreo, muitos metros abaixo. Será que ainda estarei viva quando chegar lá?
Fechou os olhos, impotente contra o vento e as lágrimas que voltaram a cair, em um fluxo contínuo que sacudia o seu pequeno corpo em grandes soluços.
Eu vou, pensou Hinata. Vamos acabar com isso.
Três... dois...
Uma mão estranha interrompeu a ordem do destino, puxando-a pelo braço esquerdo com força, trazendo-a de volta ao prédio, justamente quando estava prestes a cair.
Com o impulso que a puxara de volta, desequilibrou-se, tropeçando nas próprias pernas, e caiu sobre o corpo estranho de seu salvador. Ainda trêmula, ergueu a cabeça.
Um homem loiro, de intensos olhos azuis, olhava diretamente para ela. Parecia profundamente indignado. Ela nunca o vira antes. Quando ele falou, sua voz era rouca pela tensão.
"Você enlouqueceu?"
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CONTINUA...
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Algumas perguntas surgem. Por que voltar ao mundo das fics, sabendo que nunca dispõe de tempo, e justamente para iniciar uma história nova?
Bem, sempre fui louca por Naruto e Hinata. Entrei em surto de alegria com o fim do mangá e com The Last. E sempre procurei por fics deles, especialmente com temas mais adultos e complexos. Encontrei muito poucas que valessem a pena - aceito indicações.
Então decidi escrever uma fic, que não sei se será boa ou ruim, mas que atende a esse meu amor antigo pelo casal. E a vontade de escrever uma UA sobre eles estava aqui, há muito tempo.
Se houver alguém aí para ler: adoraria saber sua opinião.
Se houver alguém aí que leu Sina: não esqueci dela. O último capítulo vem em breve.
