O Dote de Percy

Ele tinha muito orgulho de seu dote.

Era sempre a mesma coisa: quando o expunha para fora da cintura, todas as garotas do Acampamento Meio-Sangue ficavam com os olhos brilhando de admiração. De início pequeno, bastava que Percy desse alguns petelecos em sua ponta para que começasse a crescer, estender-se como se nunca parasse de aumentar. Ao atingir o tamanho máximo – comprido e rijo, quase tão grande quanto um braço – chamava atenção de longe, talvez nem Hércules com seu bíceps sendo capaz de competir se estivessem lado a lado.

O tom bronzeado que possuía remetia a miragens paradisíacas, nem o Colosso de Rodes em tempos antigos tendo uma presença tão intensa. Sob o brilho da tarde, o comprido objeto, meio cilíndrico e meio liso, causava calor; causava furor.

Percy era sempre sensação com seu dote. Volta e meia, acabava visto em algum lugar do acampamento fazendo flexões apoiado nele, como se junto com as pernas compusesse um tripé. Os outros garotos morriam de inveja, por não terem aparato tão grande – e as más bocas afirmavam inclusive que Ethan Nakamura, filho de Nêmesis, se bandeara para o lado de Luke por se remoer de tanto querer um dote como aquele.

Até mesmo Clarice, filha de Ares, ficava incomodada com o trunfo de Percy; não raro dizendo aos quatro ventos, durante as refeições ou treinos, que podia e ia conseguir um dote maior que o do rival – atraindo olhares de constrangimento e até amedrontados em sua direção. Já outros juravam de pés juntos que o centauro Quíron tinha um dote bem maior, mas só o exibia dentro da Casa Grande – não que fosse algo que alguém quisesse realmente ver...

E quando o Sr. "D" ou Quíron convocavam alguma missão, então? O dote de Percy já ficava todo agitado diante da perspectiva de se aventurar, e as garotas trocavam burburinhos sobre só Annabeth poder ir com ele. No fundo queriam todas estar no lugar dela – porém sabiam que a grande Atena era uma deusa que já brotara de Zeus com a lança na mão, então não tinham o mesmo preparo que uma filha desta.

Ano após ano, surgiam histórias e mais histórias sobre Percy Jackson, enfiando seu dote nas entranhas de temíveis monstros e criaturas. Muitos sentiam arrepios com a mera ideia de estarem em tal situação, mas isso não afetava o filho de Poseidon. Fazendo-o crescer e encolher, enrijecer e murchar, sabia que, mesmo se o perdesse, tinha a garantia de que sempre voltaria para si...

A sua espada, Contracorrente.

P.S.: A maldade está nos olhos de quem vê através da Névoa...