Regras Quebradas... Destinos Mudados.
Capitulo 1 – Favores Dolorosos.
O dia estava escuro, muito escuro.
Dumbledore olhava entristecido para suas mãos, uma delas enegrecida. O barulho cadenciado do relógio era a única coisa que ressoava na sala. Nem Fawkes ousava quebrar aquele silêncio pesado.
E era exatamente na palavra Quebrar que Alvo pensava.
O velho mago tocou com extremo cuidado uma caixa de marfim.
Era até mesmo visível que suas mãos estavam tremendo ao fazer aquele gesto.
Um barulho indicando que alguém subia pela escadaria e estava quase entrando na sala, fez Alvo despertar. Ele não levantou a vista para ver quem entrava e se sentava calmamente na mesma poltrona que ele. Ele a conhecia demais para se surpreender com ela. Apesar dela o surpreender de inúmeras maneiras constantemente.
Alvo após alguns minutos de silêncio a olhou. Ela estava lá o olhando com carinho. Seu semblante levemente carregado.
E foi ela quem rompeu o silêncio entre eles.
- nós temos que encontrar outra solução, Alvo... – Minerva tinha os olhos avermelhados, e se alguém desse um olhar mais intenso sobre ela, notaria o visível cansaço e as marcas de lágrimas em seu rosto.
- nós já temos a solução Minnie... – Minerva deu um sorriso triste ao ouvi-lo a chamar pelo apelido que ele lhe dera há muitos anos quando ambos eram jovens e jamais imaginariam os rumos que suas vidas poderiam tomar.
- porém eu não aceito, e nem acho nenhuma dessas soluções agradáveis. – ela tocou a mão enegrecida dele com cuidado, temendo feri-lo, mas ela sabia que não... Aquela mão estava morta. Mas o gesto foi de um acalento imenso para Alvo, que o fez fechar os olhos e se permitir aquele segundo de felicidade que apenas o toque dela podia proporcionar a ele.
Eles ficaram ali sentados juntos em silêncio por um longo tempo até ouvirem outros passos, Minerva se levantou e foi se sentar na poltrona em frente a ele.
Ambos se assustaram ao ver a aparência de Remus Lupin que entrou e sem esperar um convite sentou-se em frente a eles.
Seu cabelo estava grudado em seu rosto extremamente pálido. Marcas enormes eram visíveis em sua face. Marcas de noites mal dormidas, de noite dolorosas e principalmente a falta do brilho "esperança" em seus olhos.
Alvo ficou em silêncio esperando que ele falasse primeiro, apesar de já saber que ele não lhe trazia noticias boas.
- eu pesquisei, Dumbledore, passei todos os minutos livres pesquisando, porém não encontrei outra solução... – havia derrota na voz de Remus. – mas deixarei bem claro, que não concordo com esse plano, mesmo ele sendo o único que temos...
- eu sei Remus... – Dumbledore também parecia mais entristecido do que antes. – eu sei...
Minerva se levantou e antes de sair trocou um olhar rápido com Alvo.
-irei chamar Severus...
Os dois bruxos ficaram em silêncio, mas suas mentes fervilhavam.
Duas grandes mentes, um único problema e a única solução que ambos acharam iria destruir antes para salvar depois.
Não demorou muito para Severus Snape entrar na sala e os encontrar, seguido por Minerva.
Pelo seu semblante ele já devia supor o resultado daquela conversa.
- sente-se Severus. – Alvo disse sem olhar realmente para ele. – aceita uma xícara de chá?
Severus recusou com um olhar e se sentou. Apenas um leve tremor quase que imperceptível em suas mãos poderia revelar o que havia em sua alma.
Alvo resolveu não mais enrolar, já era tarde demais até mesmo para isso.
- esta noite eu acabo de trazer Horácio de volta, ele ensinará poções e você meu caro amigo, - Alvo olhou com um olhar melancólico para Severus. – me fará o primeiro de muitos favores dolorosos esse ano, assumindo DCAT.
Snape ficou mais pálido, porém apenas concordou com a cabeça, até que um brilho trespassou pelos olhos dele.
- talvez Remus aceitasse novamente o cargo. – ele agora olhava o lobisomem ao seu lado – seria melhor do que continuar permanentemente se arriscando nas infiltrações entre os lobisomens...
Mas Remus negou com a cabeça.
- ainda não posso abandonar os planos, Severus, temos que contar com essa ajuda por menor que ela seja.
Se alguém fora daquela sala ouvisse Snape naquele instante não entenderia.
Ele que sempre deixara claro seu interesse naquela cátedra, agora declinava da sua chance. Mas ali, naquela sala, todos bem sabiam que esse interesse fora como várias outras atitudes de Severus ao longo dos anos. Um disfarce perfeito.
Ele suspirou resignado.
- conte comigo professor, para esse encargo. – ele ficou reticente antes de continuar. – agora o senhor já decidiu o que fará a respeito de Draco?
Alvo trocou um olhar com Minerva que apenas com o brilho de seu olhar lhe transmitiu forças.
- sim. – ele sorriu. – você fará o que tiver que fazer quando a hora chegar, Severus...
Remus sentiu um aperto em seu peito.
- professor... – ele disse, cruzando o seu olhar com o de Minerva e Snape.
- mais vale a vida de um jovem do que de um velho que já viveu demais... – e olhou para Snape. – e a sua vida também meu caro não pode correr riscos, se tudo chegar a esse ponto, você deverá provar sua lealdade a Voldemort e continuar com seu fardo...
Remus viu todas as emoções passarem nos olhos de Severus, a raiva, a descrença, a dor...
E não o invejou.
Snape deu as costas para o trio e saiu os deixando.
Minerva trocou um olhar nervoso com Alvo.
- deixe-o, é para ele que está sendo entregue o fardo mais pesado, por hora... – ele deu um sorriso triste. – e isso nos leva ao outro assunto.
Remus se empertigou.
- isso é absurdo...
- é, não é... – Alvo disse baixo. – mas você mais do que qualquer pessoa sabe que tudo no mundo é absurdo, uma guerra não seria diferente nem os sacrifícios que temos que fazer para que haja paz.
- quem você tem em mente Alvo? – Minerva perguntou com cautela.
- eu... – Remus disse. – eu irei. – ele tinha a voz forte e sem emoção.
- você sabe que não pode... – Alvo disse, pois já sabia que seria essa a atitude do amigo - você está lá...
Eles ficaram em silêncio, temendo quem seria a pessoa que Dumbledore escolhera.
- eu escolhi Hermione...
Minerva ficou mais pálida e Remus se levantou indignado.
- estás louco... – ele ficou vermelho... – ela ainda é uma criança, professor...
Alvo sorriu...
- nós sabemos que não há ninguém melhor que ela, Remus, e que ela não é uma criança, ela vem nos ajudando secretamente há dois anos, e tem feito um trabalho fabuloso...
Minerva ficou calada.
Aquela garota que ela vira crescer tinha se tornado a filha que a vida lhe negou. E agora estavam ali, conversando sobre destruir a vida dela. Uma imensa dor tocou sua alma. Mais intensa ainda por saber que Alvo estava certo, se havia uma pessoa capaz de realizar o ritual essa seria Hermione.
Um aperto maior doeu em seu peito ao se lembrar que fazia apenas meses desde que ela quase morrera em uma batalha...
Ela era tão nova... E já marcada pela guerra.
Remus passou as mãos pelo cabelo nervoso. Fora ele que convidara Hermione, logo após o torneio tribruxo, para ajudá-lo nas pesquisas e casos da Ordem. Fora ele que começara a ensiná-la em segredo técnicas avançadas de feitiços e ritos. E agora ele sabia que ela era perfeita para a tarefa, mas não podia deixar de se destroçar por dentro por ela...
- ela está sendo treinada por você e por Severus, é a melhor bruxa que nós temos. Se não for ela, teremos que gastar muito tempo treinando talvez Ninfadora ou outra bruxa mais nova ainda, como Luna Lovegood. – Minerva disse com dificuldade. – se eu fosse mais nova...
Alvo olhou para a amada e sorriu tocando gentilmente seu ombro.
- ainda estás na flor da idade...
O galanteio de Alvo passou despercebido por Remus que trabalhava febrilmente para encontrar outra opção.
- se nós mandássemos um bruxo?
Ele falou esperançoso, mas sua própria mente prática o desanimou. O ritual deixava claro que teria que ser uma mulher.
Os três se calaram.
- eu irei falar com ela Alvo ou você prefere lhe contar?
Minerva estava assustada, realmente pela primeira vez.
- eu gostaria muito que você falasse com ela por nós, minha cara...
Minerva saiu da sala.
Todos sabiam que ela estaria indo dar um longo passeio antes de ir para a Toca, onde Hermione estava hospedada.
Ela tinha medo...
Regras Quebradas... Destinos Mudados.
Hermione recebeu uma coruja, e silenciosamente saiu da cama, com muito cuidado. Já tinha chamado a atenção de Gina anteriormente pelos seus sumiços no meio da noite. E não pretendia arranjar mais problemas com a mente maliciosa da amiga que insistia em saber com qual de seus irmãos a amiga andava se encontrando no meio da noite.
A morena sorriu ao imaginar que se Gina descobrisse que na verdade não eram encontros românticos, mas sim encontros oficiais a serviço da Ordem ficaria chateada.
Não por inveja de Hermione, mas por desejar também ajudar Harry.
E pior se Rony e Harry descobrissem isso, aí sim é que ela teria problemas.
Mas por um momento Hermione desejou que realmente fossem encontros românticos...
Desceu as escadas em silêncio encontrando apenas Carlinhos sentado no banco do jardim da Toca. Ele estava pálido e seu semblante carregado.
Hermione pensou por um segundo que ele também fora convocado por Minerva.
Mas pela surpresa do Weasley mais velho, que corou furiosamente ao vê-la, ela logo deixou esse pensamento para trás.
Hermione o viu esconder algo atrás de si antes de lhe cumprimentar.
- olá, Mione, boa noite... – Carlinhos deu um sorriso radiante para a amiga.
- boa noite, Cal... – ele corou mais ainda, porém Hermione não percebeu pela escuridão que estava ao redor deles. – gostaria de ficar, mas preciso me encontrar com Minerva...
Carlinhos ficou sério, tirando de seu rosto o sorriso que deixava Hermione inebriada.
- alguma missão? Não estou sabendo de nada...
Ela sorriu para ele. Carlinhos era provavelmente após Remus e Snape a pessoa com quem mais trabalhava desde que entrara na Ordem, depois vinham Tonks e Gui.
- eu ainda não sei do que se trata, talvez sejam apenas algumas informações e detalhes sobre Harry, soube que ele chegou há poucas horas.
Carlinhos apenas concordou com a cabeça. Imaginando o porquê de Hermione não ter ido imediatamente falar com Harry quando este chegou.
Ela estava olhando atenta ao redor para o menor sinal da chegada de Minerva, e parecia um pouco tensa.
- você o ouviu chegar? – Carlinhos perguntou ansioso.
Hermione se virou para ele e sorriu.
- sim, mas estava escrevendo uma carta. – ela olhou para trás ao ouvir o barulho de uma aparatação. – e quando dei por mim ele já tinha adormecido, resolvi esperar para falar com ele amanhã... – ela viu Minerva e estranhou que ela não se aproximasse – vou falar com Minerva, lhe vejo mais tarde? – Hermione corou levemente – quer dizer ainda hoje?
Carlinhos sorriu.
- sim...
E ela se afastou dele a caminho da conversa que mudaria sua vida.
Regras Quebradas... Destinos Mudados.
Dumbledore olhava a porta por onde Minerva acabara de passar.
Um silêncio pairou no ar entre ele e Remus.
Os retratos trocavam olhares uns com os outros e estavam tensos.
Já os dois bruxos trocaram outro olhar este mais longo do que os anteriores. Também com mais significado.
- pretende apagar a memória dela? – Remus perguntou, sendo que Alvo apenas confirmou com a cabeça. – você sabe o quanto isso pode ser infinitamente preocupante? – ele tinha raiva. – sabe quantas coisas podem acontecer?
- mas você sabe que existem algumas regras que não podem ser quebradas...
- mas estamos quebrando a maior delas, estamos alterando o passado! – Remus olhava entristecido para Dumbledore.
- exatamente por isso, ela tem que ter a memória apagada, ela não pode alterar o curso do destino propositalmente, se ela não souber o que vai acontecer, ela pode ter um futuro lá, uma nova chance de reconstruir a vida...
- eu gostaria de primeiro descobrir um ritual, sortilégio qualquer coisa que pudesse fazer com que ela andasse no elo temporal livremente, que não estivéssemos a prendendo ao passado...
- mas talvez, seja justamente ela que salve o nosso futuro...
Remus então compreendeu que havia ainda muito mais nos planos de Dumbledore do que simplesmente resgatar o maldito anel...
- mas você já imaginou a catástrofe que pode vir daí? Já imaginou ela alterando o destino deles, já imaginou, porque isso vai acontecer! Sirius Black dando em cima de Hermione? Ou James se apaixonando por ela? E vice e versa?
Alvo então sorriu...
- talvez seja você Remus que ganhe o coração dela, talvez outra pessoa... Não temos como adivinhar isso e mesmo que ela se lembrasse de tudo, quem impediria um desses futuros de existir?
Remus apenas balançou a cabeça derrotado.
Precisava do artefato destruído se quisesse ter a chance de exterminar Voldemort.
E o único ritual capaz de quebrar o elo temporal, era claro.
Uma bruxa de poder incrível que permaneça de coração puro, filha única, herdeira de seu sangue e batizada em sangue...
Hermione era uma bruxa incrível, mas seu coração não se corrompera, era filha única e já havia participado de uma batalha em qual seu sangue fora derramado...
Era apenas doloroso demais...
Eles ficaram em silêncio e após algum tempo, Remus foi tentar dormir, teriam um longo dia pela frente.
Fim do capitulo 1.
Regras Quebradas, Destinos Mudados. ® Vivis Drecco. © 06/2007.
Nota de beta:
Ok... Eu não acredito que vais fazer uma fic viagem no tempo... Tens noção do quanto eu adoro isso.. Agora eu fiquei foi mais curiosa do que nunca... Com quem ficará a mione… nessa viagemzinha?!?!!?
Nota de Autora:
Bom o que dizer desta fic, além de que comecei escreve-la a mais de três meses, é sério... então se houver spoiler foi sem querer...
Espero que embarquem comigo neste meu novo projeto, em troca me esforçarei ao máximo para não atrasar os outros que já estão em andamento...
Um obrigado imenso a Mari, que está mais uma vez embarcando comigo em meus devaneio potterianos e sendo minha inestimavel beta!!!
Ao Vínicius que já leu, este cápitulo e desde então ficou me cobrando para postar e deixar ele ler o próximo... e como sempre sendo o meiogo de sempre...
E aquele que habita meu coração...
