Título: You've Got to Hide Your Love Away
Autora: Danny Says
Completa: Não
Disclaimer: Harry Potter e seus parceiros de crime não pertencem à mim, e sim à J.K. Rowling. Não ganho dinheiro com fanfictions, infelizmente ):
Avisos: Contém cenas de homossexualidade e, talvez, sexo explícito mais a frente. Se não gosta ou tem algum tipo de preconceito, sugiro que não leia.
Casal: Harry Potter e Draco Malfoy.
N/A: Sou minha própria beta, então, caso encontrem erros, me perdoem mil vezes. Bom, esse é minha primeira fanfiction que de fato resolvi completar, então, paciência comigo! O título da fanfiction veio da música homônima composta por John Lennon (tradução: Você tem que esconder seu amor), que me inspirou a fazer essa estória. A sinopse veio de uma música do Engenheiros do Hawaii, com algumas modificações.
Capítulo I
"Malfoy falando." Transpassou a mão esquerda para atender o telefone do outro extremo da mesa, já que a direita rabiscava sua assinatura em uma pilha de intimações que deveria ter entregado no dia anterior. Soltou um lânguido suspiro antes de a voz se pronunciar, e talvez tenha sido por isso que a pessoa que o ligou demorou algo entre dois e três segundos para se pronunciar. Dissera a sua secretária para encaminhar todas as ligações para outro lugar, mas se ela deu ouvidos? Claro que não.
A voz severa do outro lado da linha o fez se aprumar na cadeira imediatamente, lembrando-se da postura correta - costas eretas, qualquer sorriso suspeito disfarçado, cara de quem está trabalhando até o cérebro escorrer pelo nariz - que deveria assumir na presença do Ministro da Magia. Bom, ele não estava ali, mas... Que seja, alguns hábitos eram simplesmente muito difíceis de largar. Umedeceu os lábios.
"Como vai, Sr. Malfoy?" Perguntou bastante cordial. Draco achou que fosse levar alguma advertência por ter atrasado a entrega dos papéis, mas não foi o que aconteceu. Talvez o Ministro sabia que não adiantaria reclamar, pois o loiro não mudaria. Continuava a trabalhar para não ficar entediado, pois ainda tinha uma fortuna considerável para viver deitado com os pés para cima.
"Muito bem. Agradecido." Pigarreou, achou sua voz um tanto quebradiça e fina. Repetiu e dessa vez estava grossa e séria, como a de um genuíno Malfoy.
"Isso é ótimo." Houve um minuto de silêncio em que não se ouviu nada a não ser o barulho de respirações no fone, o Ministro certamente precisava de um 'e você, como está?' para continuar a conversa. Isso não incomodava Malfoy nem um pouco. Muito pelo contrário, até gostava de sentir as pessoas desconfortáveis por essa sua falta de consideração. "Bem, Sr. Malfoy, queira perdoar minha aspereza, mas preciso ser breve." Recomeçou no mesmo tom e Draco ergueu uma sobrancelha. Largou a caneta em um canto qualquer e pousou o queixo na palma da mão agora desocupada, dando-o um suporte. Não estava tão interessado assim e até revirou os olhos, agradecendo por não ter alguém para dá-lo um puxão de orelha pela insolência.
"Sim, fale."
"O Ministério fará uma pequena confraternização, por assim dizer, para funcionários e convidados amanhã. Compareça, é sempre caloroso ver os camaradas mais informalmente, não?" A afirmação fez Draco rir pelo nariz, e concordou com um rápido 'certamente que sim'. Todos seus amigos estavam mortos, mas sim, vamos lá, sempre é bom esfregar seu sucesso na cara de alguns muggles de departamentos mais bobinhos. O Ministro prosseguiu com alguns comentários desinteressantes sobre qualquer coisa sem importância. Ouviu-o comentar sobre seu trabalho excelente no Ministério e como as pessoas estavam passando a ignorar a Marca Negra em seu braço, coisas do tipo. Concordava com murmúrios esporádicos, não estava muito atento. O Ministro podia até pedir toda sua fortuna para gastar com torradas e ainda assim, responderia um desleixado 'unrum'. Não estavam nem no mesmo planeta, quando mais separados por apenas alguns milhares quilômetros de fios telefônicos. Estranhou apenas o fato estar em uma ligação com um bruxo. Costumavam se comunicar por cartas, mas relevou.
"Ministro, dentre os convidados..." Disse quanto, finalmente, o Ministro parou de falar. Pausou por uns milésimos de segundos, para ponderar se devia ou não tocar no nome de Harry Potter. Resolveu que não ligava para o que Kingsley Shacklebolt fosse achar. Além do mais, caso dissesse "nada, esqueça", passaria a imagem de quem mede palavras. E ele não media, não tão descaradamente. "Potter não vai, certo?" Falou firme para camuflar a hesitação de sua voz quando começou a pergunta. O Ministro se calou por uns segundos. Harry Potter era uma nome de peso no mundo mágico, ele deveria ser o convidado de honra. Mas desde que tivera Lily, quase não saía mais de casa para eventos sociais.
"Acredito que todos os funcionários irão, Sr. Malfoy. Não tenho certeza, mas deixemos as desavenças de lado por um momentinho, sim?" Sugeriu o Ministro e o queixo de Draco foi parar nos pés. Então Potter também trabalhava no Ministério? Por Deus, como não soubera disso antes? Tudo bem, não costumava ficar escutando as conversas alheias pelos corredores, mas estava pasmo por não ter ouvido comentários sobre o famoso Harry Potter trabalhar no Ministério da Magia. As bruxinhas atrevidas estariam se descabelando por causa da presença do bruxo lá, com certeza teria notado esse tipo de alvoroço, mesmo não querendo. Ah, mas... Claro, não havia pensado nessa hipótese. Para os outros, Potter e Malfoy continuavam sendo inimigos notáveis, e por isso, quem sabe, as pessoas estavam tentando manter o fato de os dois trabalharem no mesmo departamento por baixo dos panos. Daí tudo fluiria calmamente, como é de ser, e todos trabalhariam em paz. Malfoy se sentiu extremamente insultado com isso. Afinal, era um adulto responsável e maduro, crescido o suficiente para deixar no passado o que aconteceu no passado — ou disposto a tentar. Engoliu o coração, que saiu do peito e lhe foi à boca ao saber da notícia. Assentiu sem se abalar.
As festinhas estúpidas do Ministério costumavam ser cheias demais para encontrar o certo homem de óculos redondos e cicatriz esquisita na testa a quem dedicou toda sua adolescência, mas não se podia negar que havia uma boa porcentagem de se esbarrarem servindo ponche, ou pegarem o mesmo par de talheres sem perceberem, ou seus olhares se cruzarem por alguma obra do destino, ou, ou, ou... Eram infinitas possibilidades. Além de um possível contato com o bruxo que estava tentando, a todo custo, esquecer, podia ainda ter que ser simpático com algum amante-de-muggles novato desavisado de sua arrogância. Por algum motivo, todos sentiam que podiam chegar perto de Draco Malfoy. Nessas horas, odiava não ter mais a fama de mau caráter que tinha na escola ou alguns anos depois da guerra. A Marca Negra continuava em seu braço, mas todos achavam que só estava ali por não existir meios de tirá-la. Balançou a cabeça levemente, como que para despertar de seus devaneios, e só então percebeu o burburinho em seu ouvido. Era Shacklebolt, exaltado na conversa. Brigava com alguém que Draco não conseguiu identificar, e pouco se importava. Voltou a atenção para o homem no telefone e, por sorte, pegou algo do que ele falava e teve como respondê-lo quando ele o pediu uma opinião. Suspirou e respondeu polidamente, mas queria logo desligar e descansar um pouco.
"No Ministério será, então." Tentou por fim na conversa ao voltar com o assunto original da ligação. Sabia como mostrar estar incomodado sem ser óbvio demais, coisa que aprendera com a mãe. Ela, sim, era uma mulher de classe que deveria ser muito bem valorizada.
"Isso, Sr. Malfoy. A festa começa às sete." Anunciou.
"Parece ótimo." Concordou inabalado, mas profundamente irritado e, ao mesmo tempo, ansioso. "Bem, tenho alguns compromissos agora, senhor" Pôs fim a conversa e ele novamente pediu uma confirmação da presença de Draco. Ele, com certa arrogância e impaciência, pensou que ia caso o Ministro parasse de importuná-lo, não estava a fim de bancar o educado e polido. No entanto, apenas disse que adorava demais essas reuniões animadíssimas e que não perderia uma delas por nada nesse mundo. Falou mesmo, e encharcou suas palavras com um sarcasmo ferino. Desligou o telefone e passou a mão nos cabelos quase sem cor, tentando voltar a realidade. Harry Potter no Ministério da Magia. Quem diria... Draco correu os dedos pelos números e discou o número de sua mais que conhecida secretária.
"Traga algo para minha dor de cabeça. E seja rápida." Disse rudemente e sem qualquer educação, tão logo escutou o barulho do telefone saindo do gancho.
"Pois não!" Falou a voz fina e alegre. "Algo mais? Uns biscoitos, um café..." Sua voz ficou mais baixa e cúmplice, quase um sussurro atrevido. "Ou uma coisa mais mágica, como uns-"
"Cale-se!" Vociferou antes que a menina começasse a tagarelar feito uma perfeita idiota. Tinha contratado a ex-namorada por falta de pessoal qualificado. Não que ela fosse qualificada, mas se esforçava para agradá-lo e servia como seu saco de pancadas. Sempre ali para fazê-lo feliz!
"Desculpe, eu não quis..." Começou com uma voz chorosa.
"Basta. Deixe na mesa ao lado da porta e se fizer barulho, vá pra casa e não se incomode em voltar." Bateu o telefone no gancho e se desmontou na cadeira, para logo depois se ajeitar novamente e apertar 'redial'.
"Escritório do Sr. Mal-"
"E diga a Astoria que vou levá-la para jantar hoje. Nove e meia." Interrompeu a saudação da moça. "Mande-a ficar bem bonita pra mim." E, dessa vez, desligou mesmo. Tirou a gravata que parecia mais asfixiá-lo e também o paletó, jogando ambas as peças em um canto qualquer da sala. Astoria era um ótima companhia e gostava bastante de conversar com ela, não era uma má ideia desperdiçar uma ou duas horas de seu dia com a adorável moça. Além do mais, era a única que conseguia acalmá-lo quando tudo ao seu redor só parecia mantê-lo puto da vida. Astoria simplesmente diria que se Draco não sabia que Potter também trabalhava no Ministério até hoje, nada ira mudar de agora em diante. Só que Draco não estava certo disso. Merda, não iria parar de pensar no fato de Harry ter estado perto dele por sabe-se lá quanto tempo sem ele nem ao menos perceber. Não estava acreditando que o famoso por sua gentileza e integridade Harry Potter seria capaz de jogar fora tão simplesmente a pessoa que namorou durante a escola.
Mas e se Potter estiver me evitando e não quiser falar comigo? Ele pode ter pedido para ninguém falar dele pra mim.
Não havia cogitado essa possibilidade, seu ego não suportaria nem pensar no quão ridículo isso soava. Havia esquecido que foi ele, Draco Malfoy, o cara que levou o pé na bunda. Que era ele que não tinha mais valor. Que havia sido ele, e só ele, a pessoa sofreu com a porcaria do rompimento. Afinal, Potter arranjara outra pessoa tão rápido que Draco ainda estava se recuperando do choque de ter sido chutado, não esperava saber em menos de um dia que tinha sido, como se não bastasse, trocado. Pela Weasel fêmea, porque pouca desgraça não tem graça. Se sua existência era apenas uma mancha no passado do perfeito Harry Potter, não sabia, mas desejava do fundo do coração que fosse mais do que apenas algo que ele estava tentando apagar da memória. Ou talvez nem quisesse isso de verdade, só estava preocupado com sua auto-estima. Ser esquecido por Potter não faria mal a seu coração de modo algum, apenas ao seu muro de egoísmo e auto-absorção, e sempre havia gente para lamber seus pés e inflar seu ego. Sentiu-se melhor com essa hipótese, mesmo sabendo que era uma mentira deslavada. Mas o que quer que acontecesse, Draco estava feliz por ter uma vida a qual voltar, ao contrário do que ocorreu no colegial. Astoria nem sequer suspeitava do envolvimento de seu marido com o bruxo Potter anos e anos atrás, e mesmo que os dois quisessem reviver os tempos de glória, Malfoy não perderia muito caso fosse chutado novamente pelo Testa Partida. Levaria um tempo para apanhar os cacos de sua cara do chão, e também seria difícil consertar o buraco do peito ao ter seu coração arrancado para ser pisoteado. Mas, por Merlin e todos os magos, era Draco Malfoy. E Malfoys nunca, nunca se deixavam abater.
E Potter que se explodisse. Não precisava de sentimentalismo Gryffindor em sua vida, quanto mais o senso de honra e ética do bruxo mais poderoso e famoso do mundo, blá blá blá, coisa e tal. Mesmo que os momentos com Harry tivessem sido ótimos, seria injusto dizer o contrário, havia sim situações nas quais tudo o que queria era puxá-lo pela gravata e meter-lhe um soco certeiro bem no meio daqueles estupidamente atraentes olhos verdes. Brigava com ele mais do que bebia água, quase sem exageros. Não havia um dia sem um bate boca, e isso o estressava com tanta eficácia que teria rugas antes de chegar aos 20 anos.
Mas o sexo de reconciliação era...
Paft. Draco deu um sonoro tapa na testa, não devia estar pensando na porcaria do sexo de reconciliação (que era o melhor. Merda, brigava com o bruxo só para isso!), e sim no quão estúpido Potter conseguia ser de vez em quando. Tinha a mania de fingir se afetar pelo modo como Draco o mandava para seu quarto depois de terem feito coisas erradas, sentindo-se só um mero gigolô. E também da exigência de tomar café da manhã nos fins de semana com Malfoy, escondidos mais pela reputação do loiro do que por sua própria. E como esquecer, Harry lembrava de todas as datas idiotas e esquecíveis, aquelas que ninguém nunca se dá ao esforço de lembrar, e as comemorava. O dia do primeiro encontro. O dia da primeira transa. E, claro, a porra do dia em que Draco, em apenas dois gloriosos segundos, pediu H. Potter em namoro. Certo, Malfoy riu feito um maníaco depois, se achando um completo bicha, mas o valor do pedido era o mesmo.
Que seja. Draco decidiu que não iria se importar com o fato de ter descoberto apenas há alguns minutos que Harry trabalhava com ele todo esse tempo. Se Potter casualmente o chamasse para beber alguma coisa, iria, mas só por cordialidade, para mostrar que o que sofreu naquela época, já tinha esquecido. Não falaria nada agradável, seria mais arrogante que nunca, o cortaria milhões de vezes e diria o quão feliz estava agora. Se o bruxo moreno se afastasse depois de toda essa encenação, bem, melhor ainda, também não queria se desestabilizar por causa de uma paixonite que durou só uns... 20 anos. Harry Potter sairia por baixo disso tudo. Sairia sim.
Merda, merda, merda.
Continua...
Fim do primeiro capítulo! Obrigada por lerem, e caso eu receba reviews, o próximo capítulo sai em... 10 dias? É, acho que 10 dias. Obrigada de novo!
