~ E o vilão se apaixonou pela mocinha...
...Mas a mocinha não pode ficar com o vilão...~
Eu sou um Idiota
{Grimmjow Jagguerjack}
Quer saber o que eu sou? Um idiota e um monte de outras coisas que não vou comentar. Eu me pergunto o que deu em mim para me apaixonar por aquela mulher...
O que leva um Arrankar a amar uma humana? Eu não sei. Quero saber o que é que eu vi nela... Pra falar a verdade, eu sei muito bem o que é que eu vi, só não quero admitir.
De início, eu adorei a missão. Vir até Karakura e distrair os nojentos dos Shinigamis, enquanto Ulquiorra realizava a captura da garota dos meus sonhos... Por que estou dizendo isso? Argh! Que droga...
Lá estava eu, sem o braço esquerdo, enfrentando o Filho-da-puta do Kurosaki, o Ulquiorra chega e diz "Missão completa". Eu xingo o Ichigo de novo, blá blá blá... e voltamos pro Hueco Mundo. Fomos pro salão principal do Las Noches e o Aizen estava sentado naquele "trono" olhando pras nossas caras. Ele é outro idiota. Todos os Espadas estavam presentes. Inclusive... Ela... A garota...
Foi a primeira vez que eu a vi. E não vou mentir. Uma linda garota. Perfeita. E eu continuo me achando um imbecíl por estar dizendo essas coisas.
O merdinha do Luppi, aquele gay imprestável, reclamou por ela ser o motivo da nossa missão. Eu tenho culpa se ele não conseguiu dar conta dos Shinigamis? Foda-se ele. Eu queria matar logo aquele inútil. Mas se eu fizesse isso, o maldito do Tousen iria cortar o meu outro braço, isso se não cortasse a minha cabeça...
Conversa vai, conversa vem. Aizen explicou o que era aquele poder esquisito que a garota possuía. Eu não me interessei por isso... O que tenho eu haver com o poder dela? Mas foi o que o Aizen ordenou que me deixou intrigado:
– Cure o braço de Grimmjow. – disse Aizen.
Mais uma vez o inútil do Luppi abriu a boca pra reclamar. Questionou que não era possível que ela fizesse o que foi mandado.
"Cala a boca, seu puto." Minha língua coçou para dizer isso em voz alta.
A garota se aproximou de mim. Ela tinha medo... Não sei se era medo de não conseguir cumprir a ordem, ou se era medo de mim. Eu apenas fiquei calado. Olhando para ela. Observando o que ela iria fazer. Insetos minúsculos saíram do cabelo dela. Eu pensei que ela tinha piolhos. Mas então percebi que eram as pétalas da presilha de flor que prendia a franja. Três pétalas, formando um triângulo de luz laranja. Ela disse algumas palavras. Não entendi direito, só sei que terminava em "Eu recuso".
Aquela voz... Tão doce... Tão meiga... E ao mesmo tempo, tão assustada. O som da voz dela me fez sentir algo estranho no peito. Um coração? Talvez... Sei lá! Alguma coisa foi.
Quando dei por mim, lá estava meu braço inteiro novamente. Intacto. Como se nunca tivesse sido cortado e desintegrado.
– Não é possível... Isso é uma farsa. – falou o meu "querido" Luppi. Ele não acreditava no que via.
Foda-se. Eu estiquei o meu braço. Até mesmo eu não acreditava muito no que via, mas o braço estava lá, então estava curado. Mexi os dedos. Novo em folha. Dei mais uma ordem a ela:
– Ei, mulher. Aproveita e cura mais um lugar. – eu disse virando-me de costas para ela, de modo que pudesse ver o meu número seis. Ou melhor, onde ele deveria estar. Só havia uma cicatriz de queimadura no lugar.
Ela tocou a minha pele com a ponta dos dedos. Causou um arrepio leve... Em pouco tempo eu percebi que ela estava acabando.
– O que pensa que está fazendo Grimmjow? – perguntou o meu queridinho de novo.
Por cima do ombro, eu olhei para ele sorrindo de canto a canto. Usei meu Sonido e antes que ele pudesse escapar, perfurei o abdômen dele com o meu braço restaurado. Minha mão saiu do outro lado ensopada com o sangue sujo dele.
– Maldito... – disse ele quase sem forças, sangrando pela boca e olhando pra mim com cara de mamão-chupado.
– É isso aí. – eu falei ainda sorrindo, erguendo o braço direito com um Cero em preparo. – Adeus, Ex-sexto Espada!
Lancei o meu Cero direto na cara daquele chato. Finalmente! Tudo o que sobrou dele foram apenas duas pernas, o resto foi pulverizado e desintegrado. Ótimo! Perfeito! Eu gargalhei de tanta empolgação.
– Eu voltei! Meu poder está de volta! Eu sou o Sexto Espada, Grimmjow! – eu gritava sem parar.
Felicidade a mil, matei aquele merda, Aizen disse que Ulquiorra ficaria responsável pela garota. Tudo estava bem. Espera! Por que ele e não eu? Ei! Por que eu estou frustrado com isso? Vai saber...
– Me acompanhe mulher... – disse Ulquiorra com aquela cara irritantemente triste dele.
A garota o acompanhou e os dois saíram da sala. Se o Aizen disse o nome da garota, eu não ouvi. Não estava prestando atenção em nada do que ele dizia mesmo... Se eu quiser saber o nome dela, eu vou e pergunto. Foda-se.
Tá legal. Eu também fui embora. Usei o Sonido e fui pro único lugar onde eu podia ficar sossegado.
Por um buraco que eu mesmo fiz, passei para o teto do Las Noches. De onde eu posso ver o céu negro e aquela Lua que nunca muda de forma. Sempre aparece pela metade. Uma meia lua. Sentei-me no topo de uma das pilastras gigantes e fiquei lá, olhando pro meu braço restaurado.
– Como ela fez isso? – perguntei a mim mesmo.
Fiquei procurando alguma falha. A mínima que fosse, mas não achei nenhuma.
– É. Esse poder esquisito pode ser bem útil.
Fiquei por lá durante várias horas, me questionando sobre quem era aquela garota. Sem nem mesmo entender por que estava pensando nela.
Resolvi que não queria discutir com Tousen sobre onde eu estava. Desci e voltei ao Las Noches. Caminhei pelos corredores para chegar ao meu aposento. No caminho, eu ouvi alguém chorar...
Segui aquele som triste. O motivo? Pura curiosidade de um idiota que não tinha nada para fazer. Cheguei a uma porta solitária. O lugar de onde vinha o choro. Ulquiorra acabara de sair de lá. Podia sentir o rastro da Reiatsu dele. Foi ai que percebi, aquele é o quarto onde ela está confinada.
– O que você fez com aquela garota para ela estar chorando desse jeito? – perguntei erguendo uma sobrancelha e olhando pra cara dele.
– Disse que ela morrerá aqui, e que os amigos dela não poderão vir salvá-la. – ele respondeu friamente.
– Que maldade. – falei com um sorriso sínico.
– Mas é a verdade. – ele fechou os olhos, colocou as mãos nos bolsos e foi embora. Deixando-me sozinho de frente a porta do quarto da garota.
– Acho que vou me divertir um pouco. – disse baixinho a mim mesmo com um sorriso torto.
Com a mão direita no bolso, me aproximei da porta. Toquei na mesma com a esquerda que estava livre e empurrei. Não entendi o que aconteceu, pois na mesma hora que eu a vi de joelhos no chão, com o rosto escondido, mergulhada em prantos, minha idéia de diversão se desfez...
Automaticamente a porta se fechou atrás de mim. Fiquei imóvel olhando para ela. Escondia o rosto entre as mãos. O cabelo longo caia-lhe sobre os ombros. Não usava mais as mesmas roupas com as quais veio para cá. Usava vestes parecidas com as nossas. Brancas com as bordas pretas. Eu tinha que admitir que ficaram muito bem nela.
Ou ainda não tinha percebido minha presença, ou não tinha força suficiente para erguer o rosto. Meio sem saber o que falar, eu quebrei o silêncio com uma pergunta muito interessante para mim:
– Tá chorando por quê? – falei de um modo bem "delicado".
– O... O que? – ela estava soluçando.
Tirou o rosto das mãos e olhou para mim. Eu não tinha percebido aqueles olhos. Belos olhos. Mas agora estavam tristes... E por que eu estou me importando com isso?
– Perguntei por que cê ta chorando... – eu disse sem tirar os olhos dela.
– Por... Por nada. – ela respondeu enxugando as lágrimas com as mangas da roupa.
– Aham... Sei... – eu disse meio que em deboche. – Ai... Como é o teu nome?
– É Inoue. Inoue Orihime.
Ouvir o nome dela me deu a esperança de uma chance. Espera ai... Uma chance de que?
– E... E o seu? – ela perguntou com medo visível.
Quase disse "Não te interessa". Mas alguma coisa me impediu. Meu cavalheirismo? E por que eu quero ser gentil com ela?
– É Grimmjow. Grimmjow Jagguerjack. – eu respondi olhando meio de lado.
– É bem complicado. – eu pude notar que ela corou um pouco.
"Kawaii..." eu sou um idiota por pensar isso.
– O seu também não é tão fácil... I... Ino... Err... – empaquei nas palavras.
– Inoue. – ela me corrigiu.
– Ou isso... – eu cocei a nuca.
Pude ouvir uma risadinha discreta vinda dela.
– Do que está rindo garota? – perguntei olhando diretamente para ela.
– Nada, senhor. – disse ela corando levemente de um jeito realmente fofo.
– Pode me chamar só pelo nome. – permiti a ela nem sei por que.
– Certo. Grimm... Hum... Grimmy... – ela franziu a testa, tentando dizer o meu nome.
– Grimmjow... – eu ajudei.
– Isso! Grimmjow! – ela pareceu empolgada por acertar.
O modo como ela disse o meu nome, me fez corar de tal forma que ela me olhou fixamente. Aqueles olhos enormes e penetrantes pareciam vasculhar os meus pensamentos. Ficamos nos olhando por vários minutos.
– Err... To saindo... Você é humana, tem que... Dormir... Tchau... Até... Amanhã... – disse eu quebrando o silêncio e desviando meu olhar do dela. Sentindo-me completamente inútil por ter me complicado para falar. Ainda mais por que um Arrankar também dorme.
Dei meia volta e caminhei em direção a porta e toquei na mesma. A outra mão dentro do bolso.
– Você é o Sexto Espada? – ela me perguntou.
– Sim. – eu respondi, sem me virar para ela.
Segui meu caminho e a deixei sozinha.
