Se for destino...
By: Anna C. Lennox
Beta: Kyhara
Dedicado: Lanah
Ele estava ali, tão perto e tão longe de si! Era pecado amar o próprio irmão... Era pecado amar e até mesmo morrer.
Setsuna...
Ele, um ser tão perfeito, uma parte de sua carne, tinha os seus olhos e quase a mesma cor de seus cabelos. O tom da pele era perfeita e o mesmo sorriso.
Setsuna... meu irmão...
Levando as mãos aos cabelos ondulados, Sara apertou os olhos castanhos claros com força desnecessária, querendo encontrar um simples antídoto contra aquele amor cruel que assolava com força descomunal a sua frágil e virgem entranha.
O que fizera de tão grave, que Deus, com todo o alento do seu lado perverso, conjurara as piores maldições que poderia ter.
Sara Mudou, amava o seu sangue com todos os viveres de uma mulher apaixonada. Sofria! Tolerava ainda mais ver a dor nos olhos de seu querido irmão. Ele também a amava! Era visível até mesmo aos olhos de sua mãe, cujo puritanismo era maior do que o carinho maternal.
Mas quem entenderia?
Nervosa, sentiu sobre o baquinho humilde, ao pé de uma grande frondosa cerejeira, que exalava por todos os cantos a sua áurea magnânima. Com a cabeça apoiada no tronco, Sara olhou para o céu primaveril com tons azul que não possuía nenhuma nuvem que pudesse depor contra a sua beleza.
Ninguém compreenderia aquele amor incestuoso? Ninguém poderia saber que ambos mantinham um caso...
Não, ninguém compreenderia...
E ela sofria...
-O amor pode romper as barreiras do céu e do inferno, minha cara. - sussurrou a voz esdrúxula como um piar de um passarinho.
Assustada, Sara olhou para os lados e nada pode ver. Contraindo as mandíbulas voltou novamente a fechar os olhos, não querendo, de maneira nenhuma, presenciar a cena de assedio, no qual, sua melhor amiga dava em cima de seu amante-irmão.
-O ciúme é tão amargo como um fruto podre de uma árvore. Não pense! não se aponte! Ele é seu e a culpa não é sua.
Em alerta, a jovem mais uma vez olhou para os lados e nada viu a não ser um casal apaixonado, que mais adiante se amassavam sob a sombra da cerejeira.
-Devo estar louca! - falou sacudindo a cabeça.
-Não, não está!
-Quem é você? - murmurou ela novamente sacudindo a cabeça.
-Eu sou aquela que mora entre os humanos e que não pode ser vista!
-Meu anjo da guarda?
-Não, não chego a ser tão pura! - respondeu entre rizinhos. - Sou tão humana como você.
Sim, eu sou uma maluca! Deveria ter procurado aquele maldito analista que mamãe havia indicado. Além de amar o único homem que não podia, estou escutando vozes de seres "sobre-humanos".
-Sei...
-Não se deixe envergar pela posse inimiga, cara. - Sara olhou para o irmão que sorria timidamente para Ruri.
Tinham que manter a aparência. Hahaha, hipocrisia maligna, que perverter a minha alma, vendendo cada dia um pedaço ao diabo.
A noite vinha e escuridão corrompida cobria com brumas perversas o pecado que se apossava do seu corpo e inundava seus lábios.
Dando as costas, Sara levantou rapidamente. Não queira presenciar mais uma cena daquele romance maldito. Não queria ver os lábios, que pertenciam apenas a ela, tocar a boca execrada de Ruri. Caminhando, caminha para traição pérfida, no qual ela teria que engoli o asco para não debulhar em lágrimas.
Ele te ama...
Ele a deseja...
Apenas você que é a luz dele...
E por apenas você que ele acende...
Engula o asco...e espere a noite fria, que ele vai voltar para seus braços.
Colocando o boné azul começou a andar. Não olhava, não queria, não podia! Tinha que seguir cega, por que, senão não conseguiria.
Caminhou por minutos até chegar ao seu destino, o Sedan prateado parado devidamente no meio fio. Não pensou duas vezes antes de ligar o carro e partir. Setsuna e Ruri que pegassem um ônibus. Ela que não queria ter o pecado, que se chamava amor, esfregado em seu semblante pálido! Uma mentira sem face, e que jamais teria fim.
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Sara não estava em seu quarto. Ela se encontrava muito longe, longe de mais do murais do castelo invisível de seu leito. Estava deitada sobre a relva mágica da ilusão, estava sobre nuvens de algodão, sua mente não havia culpa, não a recriminava pela sua constante iniqüidade.
Era o prazer do gozo, o toque amalucado em seus seios e pescoço. Era o contato dos corpos, era o carinho da paixão.
Sara era Setsuna... e Setsuna era Sara. Abraçados, formando um só corpo! A palavras não merecia ser falada. A magia, que sobressaia de seus corpos, exalava um cheiro que só apenas eles poderiam entender.
Sabiam que o destino era compassivo aquele amor e logo colocaria empecilhos. Quem sabe um marido para Sara e um filho para Setsuna! Ruri já planejava um casamento imaginário, que ele, por fraqueza, estava concordando em participar.
Cristo, por que novamente cedi aos carinhos dos dedos dele? Por quê? Por que não dizer não aos afagos e aos seus beijos?
Sou uma doente! Estou amontoada de amor.
-Sara...sara... - sussurrava ele, beijando os seus cabelos que caiam como cascata em seu torso liso e magro. - O que fizemos?
-Você quer que eu ainda responda, Setsuna?
-Não...não é necessário.
Realmente não era. Ele parecia ser tão livre de culpa, aliais, o tolo parecia ser afetuoso a ele. Acarinhando a face reta e bem adornada, Sara sorriu com amor e com uma pontada de dor.
-O meu inferno é te amar, Sara.
-Não me ame... é mais fácil...
-Não, não é. - beijando carinhoso. - Essa nunca foi a solução e temo que jamais será!
Nunca haverá outro homem para mim! Deus não era nada bom ao me dar essa certeza. Sempre seria uma pecadora, uma pérfida que compartilharia a cama com o irmão. A consangüinidade não seria barreira para traição e eles sempre seriam amantes da escuridão, pois era justamente quando tudo era quieto e escuro que as suas almas se concebiam em uma só.
-Não me importa o amanhã, Setsuna, se hoje, eu ainda o tenho entre braços.
-Sara...
-Shhh, por hoje, apenas por hoje, acaricie meus cabelos e durma do meu lado!
O beijo cálido e natural calou o seu espectro atormentado e no contato doce das línguas, Sara aceitou o seu traiçoeiro destino!
Fim!
N/A: Bem, dedico essa fic a querida Lanah fanática por AS e que me ensinou a ser fã da Kaori Yuki. Ainda não sei muito sobre Angel Sanctuary, contudoestou aprendendo coisas interessantes sobre esse maravilhoso mangá. Mas acho que deu para entender um pouco a fic...não atrevi a adentrar muitos nos pontos principais dele e por esse motivo, e por issoquero contar com a compreensão de todos.
Agora, espero que tenham gostado. Não hesitem em deixar a sua review! Please eu preciso dela...
Obrigada pela atenção!
Beijos!
Anna C. Lennox
