Título:Frágil
Autora:Nayla (não, você não leu errado)
Beta:Marcia Litman
Categoria:MS 6º livro - Embora fuja um pouco porque eu meio que re-escrevi a cena [Gincana 3 anos] Desafio Ficlet I, Diversidade
Classificação:PG
Capítulos:um
Completa:sim

XXX

Você terminou comigo e eu já sabia que você faria isso. Você é nobre demais para não fazer, para não proteger a todos, para não me proteger. Eu poderia lhe odiar porque eu não preciso de proteção, nunca precisei; eu poderia lhe odiar por estar se afastando de mim, se eu não te amasse ainda mais por isso. Então eu olhei dentro dos seus olhos verdes que eu tanto amo, acariciei seu rosto e seus cabelos, que ficavam cada vez mais desgrenhados com o vento, e não tem nada a seu respeito que eu não ame com todo o meu coração, Harry.

Eu posso ter começado a amar o garoto que sobreviveu no meu primeiro ano em Hogwarts, mas esse não é quem você é, Harry, não é quem você quer ser. Sei que você trocaria tudo, toda a sua maldita fama por uma vida normal, por uma família, para que seus pais, para que Sirius ou Dumbledore, para que todos pudessem viver. Você nunca pediu para sobreviver; você já me confidenciou essas palavras em tom secreto e terrivelmente triste e eu lhe beijei, eu lhe beijei como beijo agora, numa tentativa desesperada, louca, de lhe fazer entender o quanto você é importante.

Você retribui ao beijo relutante, e minhas mãos passeiam pelo seu rosto, pelo seu pescoço e eu quero tocar em cada centímetro seu, para que eu possa esculpir sua imagem na minha mente e guardá-la no meu coração; porque você está indo embora, você vai embora e eu já sinto uma saudade tão grande que seria capaz de me arrebentar o peito. Nós ainda estamos nos beijando, mas a única coisa que eu consigo pensar é que, por Merlin, eu não lhe beijei o suficiente...

- Gi... – Você chama, seus lábios ainda roçando de leve nos meus.

Nossas bocas se separam, mas só o bastante para colarmos nossas testas uma na outra. – Só... Tome cuidado. Cuide-se. – Você engole em seco e franze as sobrancelhas, como se tivesse coisas demais a dizer, mas não soubesse como. – Prometa para mim que você vai ficar bem.

Eu devia dizer que sim, que claro, que eu faria qualquer coisa por ele, porque eu faria. Mas agora é um caso a parte; agora estamos em guerra. Meus amigos não estão a salvo, minha família, meu... Harry, você não está a salvo. E eu não vou descansar, não vou ficar para trás, não vou desistir, e você sabe disso. Talvez seja por isso que você esteja sorrindo. Adoro seu sorriso, ele sempre consegue me fazer sorrir de volta na mesma hora e é ridículo.

É ridículo porque estamos os dois sorrindo um para o outro em vez de trocarmos "adeus."

- Eu só... Eu ficarei bem se você ficar bem. – Eu arrisco e acho horrível a maneira como a minha voz sai rouca, como se as palavras tivessem sido arrastadas por toda a garganta, e frágil. Não sou frágil.Não preciso de proteção, não preciso.

- A gente se vê, Gi. – Você sorri para mim de novo e essa é a primeira vez, a primeira e, se Merlin quiser, a última, que não sinto vontade de retribuir o sorriso. Não, tenho vontade de lhe abraçar, Harry, de lhe tomar nos meus braços, ou lhe beijar novamente, de não lhe soltar nunca mais.

Não me movo, não respondo. Sei que se fizesse, sei que se lhe tocasse outra vez, não deixaria com que partisse; não conseguiria parar. Talvez eu não seja forte o bastante. Você vira suas costas para mim e eu giro nos calcanhares, começando a caminhar para ainda mais longe porque não consigo ver você ir embora. Não consigo, não sou forte. Desculpa, desculpa, Harry.