Fic nova!

Surgiu mei que na louca, através do twitter. Creiam-me. Vi uma frase postada no (arroba)frasesbonjovi e fui atrás da musica que tinha no tal post que nem uma ensandecida. A musica se chama Save a Prayer, mas ela não vai ser exatamente a musica tema da fic, pq ao pé da letra ela não tem muita coisa a ver, só algumas frases, que vão aparecer no decorrer dos capítulos.

Espero que vocês gostem.

DISCLAIMER: SAINT SEIYA PERTENCE A MASSAMI KURUMADA, TOEY E EMPRESAS LICENCIADAS. O resto dos personagens são meus.

Fanfiction: Wake me.

Capitulo I: Você já sentiu?

"Querida você poderia me dizer?

Querida você poderia me ajudar?

Eu preciso saber.

- Vamos Ajax! Pare de brincadeiras e me dê isso logo.

- Não dou! HAHAHA! Se você quiser vem pegar Adela! – o menino de cabelos castanhos e olhos verdes saiu correndo levando algumas cenouras eu havia puxado da cesta de Adela.

A moça havia feito algumas comprar na pequena feira do Santuário e agora retornava para casa. Vinha o tempo todo sorrindo e cumprimentando a todo que encontrava. Seu bom humor costumeiro associado a uma bela manhã.

- Vem Adela! – gritou o menino, ainda correndo e dando voltas em torno dela.

- Ajax pare com isso. Vai acabar se machucando e machucando alguém desse jeito.

- Você não me pega!

- Ora volte aqui e me devolva isso seu pestinha!

Os dois começaram a correr um atrás do outro.

- Você vai estragá-las! Devolva-as!

- Não devolvo! HAHAHA! Não dev... – o menino parou ao ter esbarrado em algo ou alguém.

- Devolva isso a moça. – disse uma voz séria, porém um pouco melancólica.

- Ah não. Ajax!

- Uau! Você é um...

- Eu disse para devolvê-las.

- Está tudo bem senhor. Ele é meu irmão. Estava apenas brincando. Viu? Eu disse pra você, mas você nunca me ouve. – sussurrou ela para o menino.

- Adela, olha! Olha! Ele é um cavaleiro de ouro! – o menino dizia-lhe puxando a barra do vestido.

- Desculpe senhor, nós não queríamos incomodá-lo e tampouco atrapalhar seu caminho. Perdoe-nos por isso. – disse ela de cabeça baixa.

- Deveria tomar mais cuidado. – disse ele ainda sério, porem sem ser grosso, apenas sem tanta emoção como antes.

- Sim senhor. Não acontecerá outra vez.

- É um cavaleiro de ouro, Adela! Olha só! Olha só!

- Quer parar com isso? Você já o irritou demais por hoje! – sussurrou outra vez para o menino – Com licença, senhor.

O homem de armadura dourada fez um rápido aceno com a cabeça e saiu, passando por ela. A capa branca moveu-se com os passos largos, mas não apresados do cavaleiro. A pequena corrente de ar que a mesma levantou chamou a atenção de Adela, que permanecia de cabeça baixa. A moça virou-se rapidamente para trás, para ver de quem se tratava, mas não conseguiu ver nada além da capa branca e o brilho da armadura entre as pessoas.

- Adela! Adela! Você viu como a armadura dele brilhava?

- Ajax, quer parar de puxar meu vestido? Vai acabar me deixando sem roupas desse jeito. E devolva logo essas cenouras!

- Desculpa. Não queria te aborrecer. Só queria brincar. – disse num muxoxo e devolveu as cenouras para a cesta.

- Ei... – Adela ajoelhou-se para ficar na altura do irmão. – Não me aborreceu. Mas da próxima vez me prometa que vai me ouvir. Você incomodou um cavaleiro de ouro. Pode não ter tanta sorte dele não fazer nada outra vez.

- Ele não me machucaria. Cavaleiros de Ouro não fazem isso.

- Mas você estaria bem encrencado. Vem, vamos voltar pra casa. Vou ter preparar algo que você goste.

- Podem ser aqueles bolinhos com calda de amoras silvestres?

- Claro que sim!

Os dois irmãos prosseguiram no seu caminho, abraçados e sorrindo. Não perceberam os profundos olhos azuis observando-os de longe.

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- Eu poderia comer seus bolinhos o dia todo Adela!

- Mas vai comer só mais um, senão você não janta. Já foi bem difícil convencer você a me deixar fazê-los só depois do almoça.

- Posso continuar brincando lá fora quando terminar?

- Pode. Mas não demore para voltar, entendeu?

- Sim.

O menino saiu correndo pela porta, ainda com o ultimo pedaço de bolinho nas mãos. Adela riu da espontaneidade do irmão. Aquilo era o que mais amava nele, mesmo que algumas vezes aquilo o pusesse em confusões, como a daquela manhã, com o cavaleiro de ouro. Aliás, o que foi aquilo que sentiu vindo dele? E quem era ele? Ficara tão assustada com o que poderia acontecer ao irmão quando viu o brilho dourado da armadura de longe, e tão preocupada com a bronca que poderiam levar que nem viu qual dos doze cavaleiros estava ali na sua frente. Manteve a cabeça baixa o tempo todo. Mas aquilo que sentiu quando ele passou por ela foi estranho demais. Tristeza. Penitência. Já havia sentido aquilo antes, vindo de um cavaleiro como ele.

Perguntou-se mais uma vez quem poderia ser aquele homem.

Havia nascido no Santuário, mas não havia sido criada lá. Ainda nova havia ido morar com a família numa pequena ilha que servia de lugar de treinamentos para os novos cavaleiros, mas durante a Guerra Santa contra Hades a ilha fora destruída e muitas pessoas haviam morrido, entre elas, seus pais. Adela tinha então que aprender a viver só, com o agravante de ter um irmão pequeno para cuidar. Ficou na ilha pelo tempo que pode, mas as coisas por lá nunca mais seriam as mesmas. Foi quando decidiu partir e voltar para o Santuário.

Já tinha visto vários cavaleiros de ouro andando pela vila, mas sinceramente, nunca havia ligado tanto para isso. Preocupava-se apenas em manter-se afastada para evitar confusões. O difícil era manter Ajax longe delas.

Adela sabia que havia cavaleiros de todas as estirpes ali. Já tinha ouvido várias histórias. As mais populares eram as do cavaleiro de escorpião. Mas relacionado ao que sentira... Havia ouvido pelo vilarejo algumas poucas pessoas falando sobre o quando um determinado cavaleiro havia mudado depois que sua vida lhe fora devolvida com o fim da Guerra Santa. O tal cavaleiro afundara-se em sua dor e nunca mais fora o mesmo. O cavaleiro de ouro daquela manhã só poderia ser Gêmeos.

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- Ora, então você saiu de casa! Que tipo de milagre é esse? – perguntou Kanon vendo o irmão subindo a escadaria de acesso à casa da qual era guardião. – Sempre que o vejo você está fazendo o caminho inverso. Está sempre descendo do Salão do Grande Mestre.

- Fui apenas verificar algumas coisas na vila. Há algumas reclamações de ladroagem praticadas por alguns garotos.

- Ah claro. Saga por favor! Quando você vai parar com isso? Entendo que se preocupe com suas responsabilidades, mas isso já é demais! Você só pensa nisso!

- Fale o que quiser. Já conversamos sobre isso. Não vai conseguir fazer com que eu mude o que penso.

- Eu sei. Mas espero, e torço fervorosamente, que apareça alguém na sua vida que o faça mudar de idéia e o faça enxergar que você perde um tempo precioso se preocupando com essas suas divagações e esse seu senso de responsabilidade e penitência.

- Não são divagações! Você sabe que tratam-se de fatos que...

- Todos nós cometemos erros, Saga! – Kanon interrompeu o irmão utilizando um tom de voz mais alto – Todos nós! Você não é o único culpado de algo grave aqui no Santuário que tenha se arrependido bastante do que fez!

- Você não entende como me sinto. Não compare minha conduta com a sua!

- Não comparo e já nem tento mais entender. Mas não admito que você faça isso consigo!

- Se não entende, então como pode não admitir?

- Eu sei que isso está te fazendo mal.

- Agradeço sua preocupação comigo, Kanon, mas eu decido o que me faz bem e o que me faz mal.

- Ótimo. Decida então se você realmente é um penitente ou se você é um idiota miserável. Eu fico com a segunda opção.

Kanon deixou o irmão sem esperar qualquer resposta e desceu rumo a Touro, onde iria encontrar Aldebaran para treinar. Saga apenas continuou a subida até o Salão do Grande Mestre, onde passava a maior parte de seu dia.

Havia ali uma sala ampla e reservada, num misto de escritório e biblioteca e era onde o cavaleiro de Gêmeos encontrava-se naquele momento e dali só sairia no inicio da noite.

Já não havia muita coisa a ser feita naquele dia, mas ele não queria sair dali. Aquele era o único lugar onde conseguia realmente ficar sozinho.

Ao final da Guerra Santa contra Hades, ele, assim como todos os outros cavaleiros mortos em combate, foi trazido a vida novamente. Decidiu então que buscaria a remissão de seus pecados. Seria difícil, mas precisava fazer aquilo. A dor que carregava dentro de seu peito era pesada demais. Durante algum tempo conseguiu fazê-lo, com atividades no Santuário. Aquilo deu certo até determinado momento, mas ele sentia que algo ainda estava errado. Estava faltando algo. Estavam faltando respostas. Estava faltando um sentido para tudo aquilo. Então ele se perdeu dentro de si mesmo, totalmente solitário e arrependido e com a falsa idéia de que estava fadado a viver daquele jeito, como o castigo pelos seus pecados. Afastou-se mais dos amigos, passava muito tempo inerte em seus pensamentos, remoendo seus atos, revivendo seu passado errôneo em lembranças, sentindo-se cada vez mais culpado.

"Todos nós cometemos erros, Saga! Todos nós! Você não é o único culpado de algo grave aqui no Santuário que tenha se arrependido bastante do que fez!"

Kanon tinha razão. Todos cometeram erros e tinham suas parcelas de culpa, mas nenhuma se comparava às parcelas que ele carregava. Ninguém havia causado mais dor e sofrimento naquele lugar do que ele próprio. Carregava nas costas muito mais mortes e punições injustas do que qualquer um. Merecia todo aquele castigo.

Sabia então que estava fadado a passar o resto da sua vida, não sozinho, mas solitário. Triste. Vazio. Distante até de si mesmo. O problema era que ele não se sentia confortável com aquilo e este desconforto o irritava. Porque ele sabia que não era certo!

Diante de tantos pecados não era certo desejar ter alguém para ouvi-lo desabafar e chorar (como chorava naquele momento). Não era certo querer sentir outra coisa que não fosse aquela dor e toda aquela angústia. Não era certo desejar ser diferente do homem que era. Não era certo querer sentir sua vida novamente.

- Você foi um monstro Saga. Um verdadeiro monstro. E não tem o direito de desejar tudo isso. – disse ele para si mesmo, escondendo o rosto com as mãos.

Tentava o tempo todo esquecer aquela vontade de reaquecer seu coração como quando viu a moça dessa manhã cuidando do irmão. Sentiu falta daquilo, mas sabia que não o merecia. E esse era um dos motivos que o levava a preferir ficar sozinho. Não queria que ninguém o visse vulnerável daquele jeito. Principalmente porque ninguém o entenderia.

- Saga? O que ainda faz aqui?

- Desculpe Shion. Não queria incomodá-lo. – disse enquanto se recompunha e enxugava as lágrimas rapidamente.

- Não incomoda, mas me pergunto o que ainda faz aqui. Nunca o vi passar tanto tempo nesta sala.

- Apenas perdi a hora. Mas já estou indo.

- Algum problema?

- Nenhum.

- Nos vemos amanhã então.

- Claro. Boa noite Shion. – disse retirando-se da sala.

- Boa noite, Saga. – respondeu o Mestre do Santuário observando Gêmeos afastar-se.

Aquele que saía por aquela porta nem de longe lembrava o homem de anos atrás, antes de sua própria revolta.

"Pobre alma perturbada. Que os deuses o ajudem a retornar a si, Saga. Você não pode ajudar ninguém, nem a si mesmo desse jeito." – pensou Shion.

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Havia mesmo perdido o horário, perdido em seus pensamentos. Já devia ser por volta de oito da noite. O céu vermelho e sem estrelas indicava que logo cairia uma boa chuva. Na verdade, o vento forte e frio já trazia algumas pequenas gostas. Era ótima a sensação que elas causavam quando tocavam seu rosto. Por um instante esquecia todo o peso em seu coração. Era maravilhso.

E seria ainda mais maravilhoso se pudesse durar para sempre.

"Você já se sentiu desesperado?

Você já se sentiu como uma ferida aberta?

Você já sentiu como se o perdão não existisse?"

Continua.