Capítulo 2

Ywe continuou a voar e parecia que não iria falar mais nada. Sakura não agüentou e perguntou.

"Aonde você está me levando Ywe?"

Silêncio. Nenhum olhar.

"Yweee..... , quer me responder, por favor?" – Sakura já estava impaciente, quando avistou ao longe uma construção, no meio de um bosque.

Ywe pousa suavemente, colocando-a no chão.

"Onde estamos? Que lugar é esse? Por que me trouxe aqui?" – Sakura não estava entendendo nada.

Quando virou-se para obter as respostas que queria, Ywe já tornara-se Yukito.

"Yukito? O que está acontecendo? Se você não começar a falar agorinha mesmo, eu vou embora." – e já colocando ação às suas palavras, ela virou-se para partir.

"Calma Sakura vamos entrar, você terá todas as respostas lá dentro."

Sakura olhou-o afastar-se para entrar na casa, e como curiosidade era uma dos seus defeitos, ela seguiu-o.

A casa era simples, toda de pedras, dentro a decoração primava pela simplicidade. Yukito abriu uma porta e indicou que ela entrasse. Era um escritório, com todo um equipamento ultra moderno de computação, TVs ligadas em vários canais, e uma grande mesa a frente de uma janela, alguém estava sentado nela olhando o jardim. O silêncio já estava ficando incômodo, e quando Sakura ia manifestar-se, a poltrona girou, e ela ficou sem fala por ver quem estava sentado ali.

"Touya? Se isso é algum tipo de brincadeira? Eu vou fazer você pagar bem caro por isso." – Sakura estava danada da vida.

"Calma Sakura...."

"Chega, estou cansada de ser calma. O que você está fazendo aqui? Por que o Yukito me trouxe para esse lugar? Que lugar é esse afinal?"

"Eu trabalho aqui. Yuki te trouxe por que eu pedi. Esse é meu escritório."

"Como assim, seu escritório? Que eu saiba você e o Yukito trabalham com segurança e seu escritório fica no centro de Tóquio." – ela tentava soar calma, mas a tarefa se mostrava impossível diante da tranquilidade do irmão.

"Aquele é o trabalho que eu quero que os outros saibam. Assim como você tem o Antiquário."

Sakura assustou-se com o que ouviu.

"O que você quer dizer com isso?"

"Sakura, às vezes eu me pergunto se você tem mesmo 26 anos de idade, é tão imatura." – Touya debochava da irmã, do mesmo jeito que fazia quando ela era criança.

"Touya, quer parar com isso? Eu não estou entendendo nada, estou cansada, suja, e machucada, então desembucha."

"Está machucada? Por que não disse antes?" – ele falou, preocupado, começando a levantar-se, mas antes que ele chegasse até Sakura, Yukito entra com uma bandeja, trazendo mercúrio e bandagens para o ferimento de Sakura."

"Yuki! Eu não disse para você proteger a Sakura? Como ela se machucou?"

"Eu protegi a Sakura, mas tive que esperar que ele se mostrasse, antes de atacá-lo, Sakura cuidou muito bem da situação."

"Cuidou bem da situação? Se ela tivesse ido bem, não estaria com esse corte no pescoço." – gritou Touya, morto de preocupação com a irmã.

"Você precisa confiar mais na Sakura Touya..." – Yukito não teve Changce de continuar.

"Chega! Querem parar de falar como se eu não estivesse presente? E pode deixar que eu limpo Yukito." – disse ela não muito educadamente, retirando a gaze que ele segurava. – "Estou esperando." – disse ela, limpando o ferimento, enquanto os dois trocavam um estranho olhar.

Touya deixa escapar um longo suspiro.

"Eu sei que você é agente secreta Sakura."

A revelação caiu como uma bomba sobre Sakura. Ela achava que tinha escondido bem, mas pelo jeito enganara-se.

"Como?"

"Eu a recrutei."

"O quê?" – ela não poderia estar mais surpresa.

"Posso dizer que foi muito contra minha vontade, mas na época eu achei que essa seria a melhor solução, em vista do que você estava passando."

"Você.... Você....me recrutou? Mas como? Touya, quem é você?" – perguntou como se nãp reconhecesse aquele homem a sua frente.

"Eu faço parte da divisão para a qual você trabalha, de fato hoje eu sou diretor dessa divisão."

"Mas e meu chefe?"

"Ele reporta-se a mim."

Sakura estava de queixo caído. Mal podendo acreditar no que estava ouvindo. Touya, seu chefe? E lançou um olhar a Yukito.

"Eu trabalho com seu irmão Sakura."

"Meu Deus! Meu Deus! Eu não estou ouvindo isso. É, só posso estar sonhando, ou melhor, tendo um pesadelo. Meu irmão é agente secreto, Yuki é agente secreto, eu sou agente secreta...." – e soltou uma risada misto de ironia e incredulidade.

Depois de alguns segundos em que fez-se um completo silêncio, Sakura vira-se para o irmão.

"Por quê Touya?"

"Era o melhor lugar para usarmos nossas habilidades."

"Não. Por que está me contando isso agora? Por que não me contou a sete anos atrás? Por que hoje?"

Touya virou-se para o jardim, mas não antes de lançar um olhar de ajuda para Yukito. O silêncio estava ficando pesado demais.

"Touya..."

Enfim, ele encarou-a com preocupação.

"Sakura. Nós temos uma divisão em cada país no mundo, essas divisões trabalham com várias informações, e por acaso, descobrimos que estão querendo te matar."

"O quê? Me matar? Quem?" – ela estava estranhamente calma.

"Foi a nossa divisão na China. Um agente infiltrado em uma organização terrorista ouviu os planos sobre sua eliminação. Você tornou-se uma pedra no sapato deles, estragando vários de seus planos ao longo dos anos."

"Então o ataque de hoje não foi por acaso?" – ela tentava seguir o raciocínio do irmão. – "E Yuki não estava na garagem de passagem, não é mesmo? Estava me protegendo." – ela disse lançando um olhar ao amigo.

"Isso mesmo. Ywe vem protegendo você a alguns meses."

"Meses? E só agora fico sabendo que estou sendo caçada?" - Sakura irritava-se com a calma do irmão.

"Não sabíamos quando tentariam algo, precisávamos ficar de olho em você."

"E não poderiam me avisar?" – ela disse com ironia.

"Sinto muito Sakura. Fiz o que achei melhor para você."

"Eu fui contra." – manifestou-se Yukito. – "Na minha opinião você teria que ficar sabendo para proteger-se, desde a primeira tentativa."

"Primeira tentativa? Então ouve outra além dessa?" – ela pergunta a Yukito.

"Três."

"Yuki!"

"Touya, se é para ela saber, que saiba de tudo." – e continuou a falar virando-se para Sakura. - "Nas três vezes Ywe protegeu você, foram emboscadas nas suas missões, até pensamos que havia um espião na agência, vasculhamos tudo, mas não deu em nada. Desconfiamos que eram ciladas para pegá-la. Mas as tentativas acabaram abruptamente, e pensamos que eles tivessem desistido, aí concordei com Touya, que o melhor era não preocupá-la. Mas hoje tudo mudou." – conclui Yuki com preocupação na voz.

"Vocês sabem quem são eles? E aquele com a espada? Ele era muito forte, eu não pude vê-lo muito bem, pois a garagem estava escura."

Mais uma estranha troca de olhares, irritou Sakura.

"Querem parar com isso? Vão falando o que sabem, se não, eu vou embora daqui e nunca mais falo com vocês dois."

"Sakura, nós só sabemos que é uma organização que atua na China. Você uma vez recuperou alguns documentos que tinham sido vendidos por um traidor chinês do departamento de defesa, a um político, ele era o atravessador, você entrou na casa dele e pegou os papéis de volta."

Sakura lembrava-se da missão, como todas as outras ela apenas infiltrava-se na calada da noite para roubar ou destruir algo. Pensando nisso agora, ela lançou um olhar mortal a Touya.

"Então é isso. É por isso que minhas missões são sempre fáceis. Você está por trás de todas elas." – Sakura acusa seu irmão.

Ele a olha sem esconder a surpresa por ela ter sido tão rápida em perceber seu estratagema para protegê-la. Yukito cai na risada, ao ver a cara de Touya.

"Sakura, entenda, você é a coisa mais importante para mim, chamá-la para fazer parte da agência foi uma última atitude de desespero da minha parte para tirá-la do abismo em que você estava se jogando, mas eu não queria de jeito nenhum que você se machucasse, na época achei que você fosse levar, o boneco e Ywe junto em suas missões, quando você decidiu não fazer isso, quase voltei atrás, mas Yukito me fez ver que você não correria perigo, e afinal, eu que a mandava nas missões. Mas foi tudo para protegê-la."

Sakura ouviu tudo que seu irmão disse, encarando-o seriamente. De fato na época estar em treinamento e depois as missões, por mais fáceis que foram, a ajudaram muito, e ver que outras pessoas precisavam de sua ajuda, tornou-a mais realista com o que acontecia ao seu redor, e isso foi o que a tirou do mutismo em que andava.

"Sakura?" – Touya chamou-a.

"Tudo bem Touya. Eu entendo."

Ele deu um suspiro de alívio, mas ela não tinha terminado.

"Mas, eu não te perdôo por ter me deixado na ignorância todos esses anos, e por ter me feito de idiota, não contando que sabia da minha vida, e eu aChangdo que estava escondendo muito bem, quando não tinha necessidade nenhuma disso. Touya, eu tenho vontade.... tenho vontade de te bater." – Sakura estava com raiva, muita raiva.

Virando-se em direção a porta ela foi saindo.

"Onde você vai?"

"Vou para casa. E não quero ver você durante um longo tempo."

"Mas os atacantes?"

"Eu posso muito bem cuidar deles."

"Como hoje?" – ele ironizou.

Ela virou-se, os olhos verdes dardejando fúria em sua direção.

"Se você tivesse me contado antes, eu estaria melhor preparada. E não ouse me seguir." – ela completou olhando para Yukito.

Saiu como um furacão, pegando a Carta Alada, voou de volta em direção a cidade.

"Quer que eu a siga Touya?" – Yuki pergunta observando-a distanciar-se.

Touya olha a irmã afastar-se morrendo de preocupação pelo que poderia acontecer com ela.

"Acho que é melhor deixá-la algum tempo sozinha, até ela acalmar-se. Você não acha Touya?" – Yuki buscava uma resposta, mas Touya estava como em transe, com os pensamentos longe.

"Era ele Yuki?"

"Eu não sei. Talvez sim. Você não vai contar a ela?"

"Não. Temos que ter certeza."

Mais uma vez ele esconderia a verdade dela, para protegê-la.

Continua

N.A.: Olá pessoal! O segundo capítulo... talvez esse seja o único que não tenha ação, a partir do próximo as coisas irão mudar, por isso não desanimem.

Meus agradecimentos a Lupi, Lally, Miaka, Cherry, Diana, Dark Dragon, pelos reviews.

Kath e Andy, valeu pelos comentários mesmo vocês já tendo lido a história. Muito obrigada!

Escrevam e me digam o que acham do desenrolar da história, adoraria ler suas opiniões.

robm@teracom.com.br