Notas da Autora: Olá!

Depois de muito tempo sem atualizar (acho eu que mais de dois anos), resolvi reescrever essa historinha. Agradeçam à Tatá Calderon que deixou uma review e me lembrou dela.

Essa era minha segunda história sobre o mundo de Harry Potter. Decidi reescrevê-la porque ela era muito fraquinha. Ah, e imaginem que A Ordem da Fênix não acontece:)

Disclaimer: Harry, Hermione e personagens conhecidos e relacionados pertencem a JK Rowling. Os desconhecidos são meus. Se me pedirem, eu deixo que usem!

Harry e Hermione

Capítulo I: A Madrinha

Era um primeiro de setembro meio frio e enevoado, mas, ainda assim, Harry James Potter não conseguiu evitar um sorriso. Confortavelmente instalado debaixo de um bolo de cobertores e edredons, o Menino – Que – Sobreviveu olhou para o despertador no criado mudo ao lado e viu que horas eram no rádio-relógio antigo que ele conseguira levar para a casa dos Weasley. Eram 7:15 da manhã. Ele, Ron e Ginny teriam tempo de sobra para se prepararem para a ida à Estação de King's Cross.

Como de costume, naquela data Harry e Rony voltariam para o interior da Inglaterra, para começarem o seu quinto ano, e Ginny começaria seu quarto, na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Se Harry não se enganava, Molly Weasley logo iria acordá-los para começarem a preparar-se para a viagem até a estação, onde tomariam o trem que os levariam até os domínios da escola.

Depois de muitas semanas de correspondência trocada com a ajuda de Fawkes e Edwiges, Harry conseguira convencer Alvo Dumbledore a permitir que ele ficasse somente a primeira semana das férias de verão na casa de seus detestáveis tios. A autora desta crê que não é preciso dizer que Petúnia e Válter Dursley ficaram extremamente felizes com esta decisão de seu indesejado sobrinho, e não se esforçaram nem um pouquinho para mantê-lo no número 4 da Rua dos Alfeneiros.

Harry ainda ficou mais quinze minutos na cama, divagando sobre o que poderia acontecer naquele ano. Afinal, desde que entrara na escola, três anos antes, ele passara por várias aventuras. A mais recente acontecera em junho, quando ele encarara seu pior inimigo, Voldemort, e vira Cedric ser assassinado diante de seus olhos. Quando o alarme começou a soar, ele levantou-se e acordou Ron. "Ron, anda. Acorda!"

"Mais cinco minutos, mãe", o ruivo disse, virando-se de costas para o amigo.

Harry engoliu uma risada e voltou a cutucar o amigo. "Não sou a sua mãe, Ron. Acorda, cara!"

Ron sentou-se na cama e encarou seu amigo, com os olhos cheios de sono. "Harry? Onde é o fogo?"

Harry deu uma risada. "Que fogo, moleque! Acorda, anda! Senão vamos nos atrasar?"

"Atrasar para quê?" Ron disse entre bocejos. Harry virou os olhos.

"Para irmos para King's Cross", disse o moreno de olhos verdes.

"Ai, Harry! Que horas são?" Ron perguntou, ainda bocejando.

"Sete e meia", respondeu o amigo.

"SETE E MEIA!?" Ron disse quase gritando, e desabou na cama. "Nem se me dessem milhões de galeões eu saio da cama a uma hora dessas!"

"Tá, então a sua mãe vai encher os seus ouvidos quando subir", Harry disse com a voz leve, virando-se para recolher as suas coisas.

"Já acordei, já acordei!" Ron disse apressadamente, pondo-se de pé de modo desengonçado. Harry deu uma risada e alimentou sua coruja com uma ração especial para corujas, comprada no Beco Diagonal quando fora comprar o material que iria precisar naquele ano.

Os dois rapazes ouviram passos na escada e uma batida breve e firme na porta. "Ron, Harry, acordem, queridos, vamos", Disse uma voz feminina, que veio abafada pela madeira da porta e que Harry reconheceu como sendo da senhora Weasley.

"Já estamos acordados, mãe" Disse Ron, terminando de vestir um par novinho de calças jeans, presente de Harry, e uma camiseta laranja do Chudley Cannons. Seus cabelos estavam despenteados, e os olhos continuavam meio sonolentos. Ao lado dele, Harry usava uma camiseta branca e calças compridas, e se ocupava em dobrar suas roupas para que estivessem bem organizadas no malão.

"Ótimo, queridos. Não demorem. O café está servido lá embaixo", a sra. Weasley disse, e afastou-se para, provavelmente, ir arrancar Ginny da cama.

Quando os dois decidiram que seus pertences estavam bastante organizados, com as corujas presas nas gaiolas, o material escolar guardado e as vestes pretas simples acomodadas no malão, desceram para a cozinha. No caminho, passaram pelo quarto de Ginny.

No mesmo exato momento, a ruiva saiu de seus aposentos, acompanhada por duas outras jovens, que davam risadinhas. Os rostos das duas visitantes se distenderam em largos sorrisos vendo os dois rapazes, e os dois amigos corresponderam ao sorriso de uma delas com sorrisos educados, e sorriram genuinamente para a outra.

Uma das duas jovens – a que ganhara sorrisos genuínos – era uma morena de cabelos cacheados e castanhos, olhos também castanhos e corpo delgado. A outra era uma loira de cabelos longuíssimos e lisos, olhos azuis como o céu de verão e pele alva como alabastro.

"Harry, Rony, esta é Annabella Bertucci. Ela vai para o quarto ano, assim como eu" A caçula dos Weasley explicou, apresentando a loira aos dois rapazes. Ron, Harry percebeu, ficara encantado pela jovem loira, fitando-a embasbacado.

Já a morena fixara o olhar em Harry, com um sorriso divertido nos lábios carnudos. Harry correspondeu ao sorriso, mas sentiu uma súbita urgência para abraçar a jovem e beijar-lhe a boca bem-feita e rosada.

"Não reconhece mais as amigas, Harry?" A morena disse com uma risada descontraída, ajeitando uns cachos de cabelos atrás da orelha. Ginny e Annabella deram risadas junto com ela.

"MIONE?" Harry e Rony disseram, juntos. Entretanto, o ruivo estava mais interessado em examinar a loira desconhecida, enquanto Harry fitava de modo perplexo sua amiga e fiel escudeira.

A belíssima morena era mesmo Hermione. Mas, que diferença! A jovem esticara em altura e tomara corpo. Deixara de ser a garota magrinha e sem curvas, mais com jeito de menina do que de mulher. Hermione usava um par de calças jeans justas nos quadris e uma blusa branca curta que ressaltava seu bronzeado e exibia uma barriga bem-feita. Seus cabelos estavam encaracolados e longos até a cintura.

A aparência de Harry não passou despercebida à sua amiga. O moreno também encorpara, ficando um bonitão de fazer inveja. Aos 15 anos, estava com 1,80 metros de altura e, devido aos exercícios que Gui e Carlinhos lhe infligiram naquele verão, tomara corpo e ganhara músculos. Seus braços estavam definidos e Hermione podia ver os feixes de músculos pela malha fina da camiseta.

Os olhos verdes refulgiam intensamente, sem um vidro a escondê-los. Hermione notou, entre satisfeita e surpresa, que Harry escolhera usar lentes de contato naquele ano. A moreninha teve que lutar para esconder sua surpresa. Harry estava tornando-se um homem, e era um homem bonito.

Envolta em suas divagações a respeito do amigo, Hermione sentiu um par de braços fortes abraçando-a, e um delicioso e cítrico perfume masculino atingiu suas narinas. Ela surpreendeu-se ao notar que os braços e o cheiro eram de Harry. Que abraço gostoso, disse ela, correspondendo ao abraço e deliciando-se ao sentir os braços de Harry ao redor de sua cintura.Eles encaixavam-se perfeitamente em torno de sua cintura fina. Como se tivessem sido moldados para envolvê-la.

Ginny percebeu o abraço apertado dos dois amigos, e mordeu o lábio. Sentiu uma intensa inveja corroendo-lhe o coração e envenenando-lhe a alma. Não era boba e há muito tempo desconfiava que entre Harry e Hermione rolava algo mais que simples amizade. Aquele abraço, terno e intenso, apenas serviu para atiçar-lhe as suspeitas e os ciúmes.

Fred e George saíram de seu quarto naquele exato momento, e encontraram Harry e Hermione abraçadinhos, sob o olhar flamejante de ciúme de Ginny. George deu um cutucão no gêmeo e apontou com um olhar malicioso Harry abraçado a Hermione. Fred engoliu uma risada e uma provocação que estava na ponta da língua, pois não queria provocar os ataques de raiva da irmã.

Já Ron parecia mais interessado em arrancar informações sobre Annabella da própria loira, sem notar o abraço de seus melhores amigos, e sem notar que a garota não lhe dava brecha. Fred, entretanto, percebeu isto, e deu um riso silencioso. O irmão não tinha chance com Annabella.

Logo depois, Percy saiu de seu quarto, e, vendo Harry e Hermione ainda abraçados, pigarreou. "Vamos deixar de namoro no corredor? Vocês não vão se atrasar para apanhar o trem?" Ele disse. Ouvindo-o, Harry e Hermione se tocaram de como seu abraço havia durado, coraram e se largaram como se um fosse feito de fogo. Fred deu uma risada e uma piscada maliciosa para Harry, que ficou ainda mais vermelho.

Num silêncio interrompido apenas pelas perguntas insistentes de Ron a Annabella, os jovens desceram. Encontraram a sra. Weasley lavando louças e o sr. Weasley tomando calmamente seu café. Ele pareceu sinceramente surpreso de estarem todos acordados, arrumados e bem-humorados.

"Ora, ora, bom dia, garotos" Ele disse, com um sorriso e sem conseguir esconder sua satisfação. Afinal, já era conhecido de todos que sair da Toca rumo à estação significava uma bagunça total. Harry sorriu de volta para o homem ruivo. "Café?"

A conversa amena foi interrompida pela voz da sra. Weasley, que estava no jardim. "ARTHUR!" A mulher gritou, do lado de fora "CORRA AQUI!"

Atraído pelos berros, e alarmado imaginando terríveis catástrofes que poderiam ter acontecido com sua mulher, o senhor Weasley correu para fora, acompanhado pela legião de filhos e convidados.

Para o alívio de Arthur, não fora uma tragédia ou uma catástrofe o que causara os berros de Molly. Na frente da Toca, limpinho, lustroso e com cara de novo, estava o velho Ford Anglia azul turquesa da família, que há três anos residia na Floresta Proibida de Hogwarts. Bill dirigia-o, tendo Charlie ao lado no banco de passageiro, e os dois rapazes conversavam alegremente com duas garotas que vinham no banco de trás. Harry reconheceu-as quase instantaneamente.

"Angelina! Katie!" Os gêmeos gritaram, sem conseguir disfarçar sua alegria com a chegada das duas moças.

Angelina Johnson e Katie Bell, ex. colegas de Harry, Fred e Jorge no time de quadribol da Grifinória, saíram do carro e cumprimentaram a todos com sorrisos nos rostos bronzeados. Fred abraçou Katie com força, levantando-a do chão, e beijou-a no rosto. Jorge fez o mesmo com Angelina.

Depois da substancial refeição, que fora consumida com a costumeira tagarelice de sempre, com o senhor Weasley fazendo perguntas sobre objetos trouxas a Harry, e Ron assediando ostensivamente Annabella, Edwiges chegou trazendo uma carta de Sirius, para a alegria de Harry, que há semanas não tinha notícia do padrinho.

Harry,

Faz tempo que não dou notícias, e, se você for um pouco mais parecido com sua mãe, sei que está muito preocupado comigo. Pois então relaxe. Estou hospedado na casa daquele meu velho amigo; ele lhe manda lembranças. Hoje, não sei por que motivo, eu estou lhe escrevendo para lhe contar algumas coisas sobre uma pessoa que não participa muito de sua vida atual: sua madrinha.

A melhor amiga de Lilly em Hogwarts era uma garota da Lufa-Lufa, nascida trouxa como ela: Catherine Blackstone era uma garota americana, loira e muito bonita. As duas eram inseparáveis, Lilly via em Catherine uma verdadeira irmã. Como Lilly, Catherine também tinha problemas com seus irmãos, que eram todos trouxas e não aceitavam que a caçula da família fosse uma bruxa em formação.

Por ser amiga de Lilly, Catherine tornou-se amiga de James por tabela e, também por tabela, tornou-se nossa amiga. Mas ela sempre foi mais próxima de James do que do resto de nós. Quando ele pediu Lilly em casamento, foi Catherine quem o ajudou a escolher o anel. E, no casamento deles, ela foi a madrinha de Lilly.

Anne-Marie, a irmã de James – portanto, sua tia –, iria ser sua madrinha quando você nascesse – era uma promessa de Lilly à cunhada, que ela seria madrinha do primeiro bebê dos dois. Você pode ver Anne na foto: ela é uma garota alta, morena, de cabelos longos e lisos, olhos azuis.

No entanto, quando você nasceu, Anne-Marie havia morrido há alguns meses. Como todos os Potters até você, ela foi vítima de Voldemort, que a matou pessoalmente.

Com a morte de Anne, Lilly praticamente convocou Catherine para ser sua madrinha. Catherine estava morando nos Estados Unidos, morrendo de medo de também ser assassinada por Voldemort, mas não podia deixar de atender ao convite de Lilly. E veio para seu nascimento, e em Londres ficou até que você fosse batizado. Nesse meio tempo, ela se apaixonou. Poucos dias depois do seu batizado, Catherine se casou com seu namorado, um trouxa chamado Edward Figg. Como estava sendo perseguida, ela também mudou seu nome e desapareceu, nunca mais dando notícias a nenhum de nós, e deixando Lilly quase morta de preocupação.

Ao saber por James que Lilly estava levando-o à loucura querendo saber de Catherine, Dumbledore jurou-nos que ela estava viva e bem, e que nós saberíamos dela quando fosse a hora apropriada. Lilly ficou mais serena com essa garantia do diretor.

Bem, acho que já lhe fiz revelações demais.

Cuide – se,

Snuffles.

Harry sentiu o coração disparar ao terminar de ler a carta do padrinho. Edward Figg? Aquele nome e aquele sobrenome eram-lhe familiares... De onde ele os conhecia?

De repente, a resposta a essa pergunta veio-lhe como um estalo, e ele pôs-se de pé como se fulminado por um raio. Ele saiu da cozinha, sob os olhares perplexos de todos e, logo, Hermione pôs-se de pé e foi atrás dele. Ron encarou a mãe e fez um aceno negativo com a cabeça. Molly sossegou e sentou-se ao lado do marido, entabulando conversa com ele.


Hermione encontrou o amigo sentado sob o plátano, de rosto baixo e com as costas coladas ao tronco nodoso da árvore. Aproximou-se cautelosamente dele, e abaixou-se de modo que podia encará-lo. "O que houve, Harry? Más notícias de Sirius?" Ela perguntou, apavorada e preocupada. Apenas algo com o padrinho poderia abalar Harry tão profundamente.

Quando o moreno ergueu o rosto, Hermione sentiu uma ternura invadir seu peito, aquecendo-a por dentro.

Harry estava chorando silenciosa e copiosamente. Lágrimas corriam fartas e incansáveis, por seu rosto másculo e bonito. Seus olhos brilhavam rasos d'água, quase como esmeralda líquida. E a tristeza refletida nas piscinas verdes fez nascer um impulso irresistível na jovem: ela abraçou o amigo com força, e Harry escondeu o rosto em seu pescoço, chorando sem parar.

"Sabia, Mia, que a minha madrinha esteve ao meu alcance durante todos esses anos, e eu nunca soube aproveitar o tempo que passava ao lado dela?" Ele murmurou, a voz abafada no pescoço de Hermione. "Ela era a melhor amiga da minha mãe e, se eu tivesse sido esperto, ela teria me dito tudo o que sabia sobre ela e sobre meu pai... Mas não! Eu não escondia dela que ia para a casa dela forçado, e não abria brecha para que ela se aproximasse!"

Hermione não sabia de quem Harry estava falando, mas deu seu melhor para acalmá-lo. "Harry, por favor, não chore!" Ela exclamou, acariciando as costas dele. "Não é culpa sua! Ela devia saber a que inferno seus tios lhe submetiam, e compreendia, eu tenho certeza!"

Hermione abraçou o amigo, e os dois ficaram assim, abraçados, mesmo depois que as lágrimas de Harry serenaram. O silêncio reinava gostoso entre eles, e Harry dava graças a Merlim por ter Hermione ao seu lado, firme e confiável como uma rocha. Já ela pensava em como poderia distrair o amigo.

Nenhum dos dois notou que uma sombra observava-os de longe, e queimava de raiva, de inveja e de ciúme.


Enquanto Harry chorava abraçado a Hermione no jardim, Ron ficava mais e mais encantado com Annabella. Ela era meiga, doce, inteligente e divertida, além de linda, e sabia de muitas coisas. Ron já havia arrancado dela que ela havia nascido em Roma, e era filha de uma bruxa sangue-puro, saída de uma tradicional família bruxa italiana, com um bruxo meio-a-meio – ou seja, filho de trouxa com bruxo.

Depois de um breve e turbulento relacionamento com Hermione – que terminara quando os dois perceberam que eram mais amigos do que namorados – Ron estava interessado em paz na sua vida amorosa. Queria sossegar o coração e curtir a vida. Mas Annabella chegara e virara sua vida de ponta-cabeça.

Entretanto, havia um detalhe de Annabella que Ron desconhecia, mas que chegou a seu conhecimento naquela manhã, com a chegada do correio para Annabella. A linda coruja castanha da garota, que ela batizara de Bella, entrou ventando pela janela da cozinha, e sua dona deu um imenso sorriso.

"Ora, ora! Parece que enfim o Draco cedeu e me mandou uma carta! Eu sabia que ele não ia suportar ficar seis semanas nem ter notícias minhas, Ginny!" Disse ela com seu sotaque italiano.

Ron levantou-se, com o sangue fervendo e derrubando a cadeira com um estrépito. A irmã e Annabella, além do resto da família, viraram-se assustadas para o lado dele, e o rapaz gritou, encolerizado, enciumado e cego de raiva, para a caçula. "Como você tem a cara de pau de convidar a namorada do Malfoy para a nossa casa?!"

"A casa é minha, a amiga é minha! Não sei por que você está tão irritadinho por ela ser namorada do Malfoy, Ron! Mas não é problema meu, é seu, Ron, e apenas seu!" Ginny também gritou, aproveitando para descontar sua irritação no irmão. "Tá chateadinho porque ninguém quer papo contigo? Nem aquela guria de sangue sujo que não dá um passo que não seja atrás do Harry!?"

Os queixos de todos desabaram. Ninguém conseguia imaginar que Ginny fosse capaz de dizer isso de Hermione, de quem era tão amiga. Molly deu graças a Merlim por Hermione estar do lado de fora com Harry, pois sabia que a menina jamais perdoaria a filha por aquele insulto.

Perplexa com o barraco, Annabella esgueirou-se para fora da cozinha, no que foi seguida por Bill, Charlie, Percy, os gêmeos, Katie e Angelina. Instalou-se entre os jovens um clima de visível desconforto, que apenas aumentou quando Hermione apareceu seguida por Harry.

"Deu pra ouvir a gritaria lá fora", a garota disse, confusa. "Por que eles estão brigando agora?"

"Aparentemente o Ron não sabia que nossa loira convidada namora o Malfoy", Charlie disse com voz neutra.

Hermione encarou Annabella, com um sorriso maroto, e disse para ela, em tom de gracejo, "Te avisei que ia ser um desastre se o Ron soubesse que a namorada do Malfoy está debaixo do teto dele".

"Mas o Draco não é o que todo mundo pensa!" A garota disse, veemente. "Ele é uma pessoa doce, gentil e tranqüila" Annabella defendeu o namorado, sob os olhares céticos de Harry, Fred e George. "Todos acham isso, que o Draco é frio, arrogante, impessoal... Mas ninguém conhece o Draco como eu! Ninguém"

"Nossa!" Harry interrompeu a loira, visivelmente impressionado com a veemência da garota na defesa de Malfoy. "Você está mesmo apaixonada pelo Malfoy".

"Estou sim", a garota disse, sem disfarçar seu orgulho. Harry, Fred, George e Hermione se entreolharam – aparentemente, Annabella não havia percebido o interesse de Ron.


Horas mais tarde, Arthur reuniu os gêmeos, Annabella, Hermione e Harry na sala. "Primeiro, eu peço desculpas a você, Anna, pelo escândalo armado pelos meus filhos", ele disse, contrito, mas a garota sorriu.

"Relaxe, sr. Weasley. Eu estou acostumada".

"Bom". Arthur sorriu. "Bill, você vai levar Harry, Fred, George, Hermione e Annabella à estação. Eu e Molly levaremos Ron e Ginny amanhã. E mandarei uma coruja a Dumbledore explicando por que eles só irão amanhã".

"Sim, papai", Bill disse, olhando para o relógio. "Acho que está na hora de irmos. Senão vamos chegar atrasados", ele disse para os outros.

Os alunos de Hogwarts correram para cima, recolhendo seus pertences e, quinze minutos depois, todos estavam perfeitamente acomodados no Ford Anglia. Bill dirigia, tendo Annabella ao seu lado, e Katie, Angelina, Hermione, Harry e os gêmeos espremidos no banco de trás.

"Vocês se cuidem, Harry, não saia da escola, porque Voldemort quer você, e você sabe disso", Bill recomendou, uma vez na estação.

Harry acenou afirmativamente, e entrou no trem. George e Fred encontraram Lee Jordan e enfiaram-se numa cabine. Logo depois, Crabbe e Goyle chegaram, de cara amarrada, e rosnaram para Annabella que Draco já havia chegado e queria vê-la.

Hermione, é claro, riu da coragem da amiga. "A Anna é louca. E o Malfoy deve estar muito apaixonado, não esconde de ninguém que tá namorando uma não-sonserina".

"Olha só a cara da Pansy Parkinson", Harry disse com uma risada. A sonserina com cara de buldogue olhava Annabella de cima a baixo, com evidente desdém e ciúme no rosto. "Olha, uma cabine", o moreno disse, puxando sua amiga para uma cabine vazia.

Os dois estavam instalados lá há uns vinte minutos, quando foram surpreendidos pela chegada de um velho amigo, que vinha acompanhado de perto por uma mulher bonita, morena de olhos claros, e de uma menina de uns onze anos.

"Professor!" Disseram em coro. Remo Lupin sorriu.

"Harry, Hermione", ele disse amigavelmente. E, percebendo os olhares dos dois adolescentes para a mulher e a menina, apresentou-as. "Essa é minha irmã, Kelly, e minha sobrinha, Marina".

"Olá", a menina disse, simpaticíssima. "Pode chamar de Nina".

"Bom, Nina, acho que você está em boas mãos. Harry e Hermione podem fazer-lhe companhia até Hogwarts – se, é claro, não for problema", ele disse, dirigindo-se aos jovens.

"Não será problema nenhum, professor", Hermione disse, afavelmente. Marina despediu-se da mãe, que abraçou-a com dezenas de recomendações – seja boazinha, escreva-me todos os dias, divirta-se, cuide-se – e deu um beijo no rosto do tio, que logo em seguida pôs um braço no ombro da irmã, e os dois desaparataram com um estalido seco.

Nina sentou-se no banco diante dos dois amigos, e Hermione sorriu-lhe. "Caloura?"

E assim os três começaram a conversar.

CONTINUA