E aí? Para começar, eu tenho que dizer que essa fanfic é a segunda temporada de "Incapaz de Amar". Apesar disso, você não precisa realmente ler a primeira para entender a segunda. Eu só vou considerar como se tudo que aconteceu na primeira já aconteceu aqui, mas os fatos desta história são novos. Eu acho.
Enfim... boa leitura. E ah, deixe review? Pooor favor. *-*
ATENÇÃO: Esta fanfiction contém spoilers do livro Percy Jackson e o Último Olimpiano. Se não quer saber parte do final sem querer, não te aconselho a ler. Para todos os outros, boa leitura.
Disclaimer: Percy Jackson e os Olimpianos não pertence à mim, e sim à Rick Riordan.
Sinopse: Rachel Elizabeth Dare finalmente conseguiu realizar-se em sua vida. Porém, o que pode acontecer se ela, de repente, perde sua razão de viver? | Nicachel.
Minha razão de viver
Capítulo 01 - Presentes
Nuvens cinzentas no céu se reuniam acima do Central Park. Nico apressou o passo para evitar pegar uma chuva. É lógico que ele poderia ter simplesmente viajado nas sombras até seu destino, mas Nico preferia não ficar usando seus poderes o tempo todo, principalemente quando se tratava de um assunto daqueles. Ele estava tentando ser um humano normal - ou pelos menos fingir, na maior parte do tempo - e viajar nas sombras não estava entre a lista de coisas que um ser humano era capaz de fazer.
Alguma coisa se mexeu nos arbustos perto de onde Nico passara. Ele virou-se de costas, procurando por o que quer que fosse, e não viu nada. Tentou se concentrar nas sombras para sentir se havia algo por ali, mas não havia. Tirando alguns monstros de costume, o Central Park estava livre de pestes. Nico prosseguiu. Ele andou o que pareceram horas de ansiedade até que finalmente chegou à saída mais próxima do parque. O céu estava cada vez mais escuro, e uma rápida olhadela no relógio fez Nico perceber que ele só tinha mais dois minutos para chegar lá.
Ele havia perdido muito tempo em uma loja de conveniências à alguns quarteirões, e decidiu que não podia chegar atrasado. Aquela era uma situação especial, e chegar atrasado hoje renderia muitos e muitos gritos da namorada extressada. Ele realmente não gostava de usar a viagem nas sombras por motivos pessoais, mas era a única maneira de chegar na hora. Nico escondeu-se em uma sombra próxima à saída do parque e concentrou-se. Sentiu o usual frio na espinha enquanto seu corpo deslocava-se vários quarteirões à frente, até parar em frente à um grande prédio cor de caramelo.
É bem verdade que, mesmo depois de todos estes anos, Nico ainda era bastante envergonhado, principalmente se tratando em falar com garotas. Mas ele não tinha tempo para ficar hesitando na porta do prédio, uma vez que lá dentro estava uma garota prestes a ficar realmente irritada com ele. Sua única cartada, no momento, eram os pacotes que tinha na mão. Só com eles Nico estaria à salvo de ser incinerado vivo.
Conforme o elevador subia até o último andar, Nico tramborilava os dedos no papel embrulho. Intimamente, ele desejou que o elevador fosse mais rápido. Quando finalmente chegou ao último andar, Nico olhou o relógio mais uma vez. Dez segundos. Por mais que aquilo parecesse ridículo, Nico correu pelo corredor até a porta certa. Cinco, quatro, três, dois...
O som da campainha acordou Rachel de seus devaneios. Ela olhou o relógio. Seis e quinze em ponto. Nossa, ele era mesmo pontual. Ela se levantou para abrir a porta, e encontrou Nico levemente cor de rosa. Talvez ele não fosse tão pontual assim, porque o olhar dele dizia claramente que Nico havia corrido até ali. Mesmo assim, uma vez que ele estava ali, Rachel não se queixaria.
- Eu queria ter vindo mais cedo. - Nico sorriu zombeteiro. Só então Rachel percebeu que ele tinha as mãos nas costas.
- O que está escondendo? - ela perguntou, espiando. Nico virou-se para que ela não pudesse ver, rindo.
- Você não vai me convidar para entrar? - perguntou com um tom falsamente magoado. Rachel saiu para o corredor e deu a volta em Nico para olhar o que havia em suas costas, mas ele girou junto com ela de forma que estivessem sempre de frente um para o outro. Rachel gruniu.
- Me deixe logo ver, Nico! - ela esticou os braços para trás da cintura do rapaz, e ele riu. Enquanto Rachel distraía-se tentando puxar os pacotes dele, Nico foi dando alguns passos para trás, e quando os dois estavam dentro do apartamento, Nico chutou a porta atrás deles, que se fechou com um baque.
- Confesse que está morrendo de curiosidade e eu te mostro o que tenho aqui. - Nico falou com um ar desafiador.
- Anda logo! - Rachel continuou forçando-o, mas Nico era mais forte que ela.
- Diga...
- Não!
- Você sabe que vai perder.
Rachel suspirou - Está bem, Nico. Estou morrendo de curiosidade. Me deixe ver AGORA! - ela gritou, e Nico ainda estava sorrindo quando passou os pacotes para a frente do corpo e exclamou:
- Feliz aniversário!
Durante um tempo longo demais, Rachel ficou ali, parada, olhando para aquele ramalhete de flores e aquele embrulho verde riscado, tentando digerir o que estava acontecendo. Quando ela finalmente pareceu acordar de seu transe, Rachel pegou os presentes da mão de Nico e ficou ali, parada, encarando-o. Nico começou a ficar nervoso.
- Você não gosta de lírios? Eu podia jurar que...
- Eu adorei o buquê, Nico. - Rachel o cortou, colocando o embrulho e as flores sobre o sofá - Eu só... Puxa, eu achei que você tinha esquecido.
- E como é que eu ia esquecer o aniversário de vinte e três anos da minha melhor das melhores amigas? - Nico perguntou com um sorriso. A boca de Rachel de repente se tornara uma serpente trêmula, e ela abraçou-o de supetão.
- Muito obrigada, Nico. - Rachel sussurrou. Nico brincou com o cabelo dela.
- Ei, "melhores amigos" são para isso. - ele desenhou aspas com os dedos e Rachel não pôde deixar de rir - Percy disse que vai passar aqui mais tarde. Na verdade, eu estava pensando em vir depois do almoço, mas tive uns... serviços.
A expressão no rosto de Rachel tornou-se séria enquanto ela se desvincilhava dos braços de Nico. Ela desapareceu por um dos corredores e voltou em seguida com um jarro com água. Apoiou este em uma mesa e colocou os lírios dentro. Nico sentou-se no sofá e tirou os sapatos. Rachel jogou-se no lugar ao lado dele e suspirou.
- Você não vai abrir o presente? - o rapaz apontou para o embrulho que jazia esquecido no sofá.
- Ah, é mesmo. - Rachel inclinou-se para pegá-lo. Ela sorria levemente enquanto rasgava o papel.
Seu sorriso deu lugar a um gemido de choque quando Rachel finalmente pôde ver o que era. Não que fosse algo tão diferente do comum. Era uma caixa de música. O que a havia surpreendido eram os detalhes da caixinha. Havia uma garota no meio dela, com um regador na mão, e desse regador saía água. Tal como numa fonte. Mas aquilo era uma caixinha de música. E mais impressionante que isso eram a grama e as flores em miniatura que envolviam a garota, num jardim. Elas pareciam reais, e Rachel se assustou quando a garotinha parou de regar e sentou-se no chão, fazendo uma coroa com as flores.
Nico percebeu a expressão de choque no rosto dela e explicou:
- Pedi ajuda a alguns amigos para fazer um customizado. - ele coçou a cabeça, nervoso - O chalé de Hefesto me arranjou a boneca, ela é um mini-autômato, digamos assim.
- Esta... E-esse jardim... - Rachel gaguejou.
- Perséfone. - Nico respondeu ficando vermelho - Eu não gosto muito dela, mas bem, fizemos um trato. Nem foi um pagamento tão ruim, afinal, ela disse que isso era fácil.
As flores não pareciam reais. Elas eram reais. Mini-flores feitas por Perséfone. Rachel reprimiu um soluço.
- Você não gostou? - Nico perguntou ao perceber que Rachel colocara a caixa de música no chão ao seu lado, chocada - Eu... sinto muit-
A voz de Nico cortou-se em sua garganta quando Rachel voltou a encará-lo. Seus olhos verdes estavam molhados, e as lágrimas começavam a lhe descer pelas bochechas rosadas. Algo dentro de Nico o forçou a levar uma das mãos a um lado do rosto de Rachel e secar-lhe as lágrimas com o polegar. Ele pôde reparar o quão perto os dois estavam - ambos sentados no sofá, e suas pernas roçavam de tão próximas - e também o tom rosado que os lábios dela haviam adquirido, e a maneira como ela arfava emocionada.
A próxima coisa que Nico pôde reparar foi que os lábios de Rachel estavam sobre os dele. Ele tinha sonhado tanto com aquele momento que, por um segundo, não acreditou que fosse verdade. Ela estava beijando-o. Mesmo sem saber exatamente como, Nico fez o que pôde para corresponder. Não era como se ele tivesse experiência. Desde seus quinze anos, quando ele e Rachel assumiram um para o outro seus sentimentos, Nico e ela haviam criado uma nova categoria de melhores amigos, na qual se encontravam. A verdade é que eles agiam como um par de namorados - sempre saíam juntos, comemoravam um dia no ano como aniversário da "amizade", passavam mais tempo um com o outro do que com qualquer alguém, mandavam cartões no dia dos namorados. Exceto é claro, pela parte do namoro físico. Eles nunca haviam trocado mais do que um abraço, por conta de toda aquela coisa do Oráculo.
Quando se declarou pela primeira vez à Rachel, Nico achava que a amava. Achava. Acontece que, com aqueles anos juntos, Nico percebeu que seu primeiro sentimento estava longe de amor. Era só uma paixão, uma paixonite até. O sentimento que foi surgindo dentro dele com o tempo, este sim, Nico tinha certeza que era amor. Ele não via outro ser no mundo além de Rachel, e por isso mesmo, não tinha nenhuma experiência com qualquer namoro normal. Ele poderia jurar, pelo Estige, sua vida amorosa completa a Rachel. Ele passaria seus dias ao lado dela sendo seu "melhor amigo", se fosse o caso, mas não a trocaria por qualquer outra acessível. Ele não se importava de abrir mão de algumas coisas, coisas como...
Como beijar. Como sentir esse cheiro bom que exalava dela. Como tocá-la por mais do que alguns segundos. Como tudo aquilo que estava acontecendo agora. Aquilo estava explodindo em seu ser, milhares de pedacinhos, e Nico separou-se dela com relutancia, abrindo os olhos para apreciar a visão de uma Rachel entorpecida e corada.
- Nós... - Nico tentou dizer, recuperando o pouco de sua consciência. Rachel o deteve colocando um dedo em sua boca.
- Eu te amo. - Rachel disse antes de voltar a beijá-lo. Subitamente, uma parte de Nico tentou alertá-lo sobre a situação. Mas as palavras da voz da consciência soavam fracas e desconexas na mente de Nico. Ele pode ouvir "Apolo", "incinerar", "vocês" e "errado". Nada daquilo parecia realmente importante no momento, e Nico sabia que Rachel sentia o mesmo. Eles haviam esperado tanto por aquilo. Nada os pararia.
Com esse pensamento, Nico segurou a cintura de Rachel mais firme, e a trouxe para mais perto. A moça apertou o abraço tanto que Nico podia ter sentido dor, se não estivesse tão ocupado aprofundando o beijo. Nico quase pôde sentir o chão tremendo em baixo deles quando sua língua deslizou para dentro da boca de Rachel, e todo o mundo à volta parecia estar mais turvo. Ele devia estar pegando fogo naquele momento, porque nunca se sentira tão quente assim. Nico nem ao menos sabia que esse tipo de sentimento - desejo - existia dentro dele. Tudo parecia tão perfeito...
Crack.
O som do vidro quebrando despertou Nico e Rachel de seu momento romântico. Os dois se separaram assustados, arfando, e olharam na direção do som. Os lírios que Nico havia levado para ela estavam caídos numa poça de água, junto dos cacos do jarro quebrado. Rachel correu uma mão pelo cabelo bagunçado, Nico arrumou a camisa que ela havia puxado com tanta força. Nenhum dos dois falou por um bom tempo, até que Rachel se levantou e foi até a cozinha, voltando com um novo jarro de água depois de alguns minutos. Ela pegou os lírios do chão, colocando-os no novo jarro, e ajoelhou-se ao lado da poça, catando os cacos de vidro. Nico abaixou-se ao lado dela para ajudar.
- Eu podia jurar que ele estava bem firme agora a pouco. - Rachel murmurou, quebrando o silêncio constrangedor.
- Ouvi dizer que coisas assim podem acontecer eventualmente, e isso pode ser explicado pela física. - Nico disse em resposta. Antes que Rachel dissesse qualquer outra coisa, a campainha soou pela sala.
- Já vai! - Rachel gritou, deixando a limpeza de lado e indo até a porta. Nico terminou de juntar os pedaços do jarro e jogou-os no lixo.
- Feliz aniversário, Rachel! - Percy exclamou quando a porta foi aberta, seus braços estendidos. Rachel abraçou-o.
- Obrigada por lembrar, Percy. Annabeth. - Rachel disse por cima do ombro do amigo, acenando para sua namorada. Annabeth sorriu.
- Parabéns. - ela disse, e Rachel esperou que os dois entrassem para fechar a porta - Espero que você goste do presente, é mais uma lembrancinha... - Annabeth estendeu um pacote cor de rosa para Rachel, que o pegou com um sorriso.
- É claro que eu vou gostar. - Rachel disse antes mesmo de abrir, brincando com o embrulho - Só de vocês estarem aqui eu já estou feliz.
Percy jogou-se no sofá ao lado de Nico, tirando os sapatos e bocejando.
- Cara, como eu tô cansado. - suspirou. Rachel terminou de abrir o presente e sorriu.
- Olhe, Nico! - falou enquanto estendia a caixa na direção do rapaz para que ele pudesse ver - Não é bonitinho?
Nico levantou os olhos para o que parecia ser um cachorro de plástico. Olhando melhor, ele pôde perceber que o cachorro era apenas um efeite - e servia para decorar um pote que devia servir para colocar biscoitos ou algo assim. Não era feio, mas Nico não achou aquilo tão fofo assim. Porém, uma coisa que aprendera naqueles anos de convivência foi que se Rachel o fazia uma pergunta que começasse com "Não é...?", a resposta deveria ser "Sim, é claro, querida" a menos que ele quisesse sentir dor.
- Muito. - Nico respondeu, sorrindo para ela. Annabeth e Percy trocaram olhares. É lógico que eles já haviam percebido, há muito tempo, que Nico e Rachel tinham alguma coisa um com o outro. Prefiriram, porém, fingir que não sabiam, até porque se os amigos não haviam falado nada sobre o assunto era porque não queriam que ninguém soubesse.
- Vocês estão esperando mais alguém? - Annabeth perguntou enquanto se sentava em ao lado de Percy. Rachel sentou-se em uma poltrona e virou-se na direção deles.
- Não. Meus pais almoçaram comigo hoje. - Rachel comentou, e por um momento pareceu amarga. Sacudiu a cabeça - Nico tinha dito que passaria aqui em casa, então fiz um bolo. Mas na verdade eu não convidei ninguém.
Percy recostou a cabeça no ombro de Annabeth após mais um bocejo.
- E o bolo é de que? - perguntou, esperançoso.
- Chocolate, é claro. - Rachel deu um meio sorriso - Quem não gosta de chocolate?
- Nico já te entregou o presente? - Annabeth perguntou, e a ansiedade em sua voz dizia que ela estava se segurando para não perguntar antes.
- Ah, é mesmo. - Rachel se levantou e foi até o lugar onde deixara a caixa de música - Tenho de guardá-la.
- Posso ver? - Annabeth perguntou, estendendo os braços na direção do presente com os olhos brilhando. Rachel riu e entregou a caixa a ela - É mesmo muito bonito. Quem me dera se o Percy se esforçasse tanto na hora de me dar presentes.
Percy percebeu o veneno na voz de Annabeth e lançou-lhe um olhar de repreensão. Antes que os dois pudessem discutir, Nico sugeriu:
- Por que não vemos um pouco de televisão? Um filme, que tal?
Raquel aproveitou a distração de Annabeth para pegar a caixa de música de sua mão e, após pegar o pote de biscoitos também, desapareceu novamente pelo corredor.
- Pode ser. - Percy finalmente respondeu, e Nico pegou o controle remoto. Haviam coisas que nunca mudavam.
-x-x-x-x-x-x-x-x-x-
Já eram quase nove horas quando Percy sugeriu que cortassem logo o bolo. Eles seguiram para a cozinha e Rachel retirou um bolo médio com calda de chocolate da geladeira. Eles cantaram juntos happy birthday to you e Rachel partiu o bolo. Ela separou um pedaço farto e brilhante e o estendeu para Nico.
- Obrigado. - murmurou o rapaz, pegando o prato e dando uma garfada no bolo. Percy gruniu.
- Mas que puxa-saco... - resmungou.
- Não começa, Cabeça-de-Alga. - Annabeth o repreendeu, e Rachel empurrou dois pedaços de bolo para os dois. Em seguida, foi até a geladeira e pegou uma garrafa de água.
- Você não vai comer? - Nico perguntou, vendo que Rachel estava apenas servindo água para si mesma.
- Estou meio enjoada. - ela admitiu, fazendo uma careta.
Nico lançou-lhe um olhar preocupado, mas Rachel sorriu.
- Não é nada. Só um enjôo. Vai passar.
O rapaz não pareceu exatamente conformado, mas assentiu. Rachel bebeu dois copos de água e se sentou, levemente tonta. Aquela vertigem viera de repente, pouco depois que Percy e Annabeth chegaram - Rachel soube que havia exagerado ontem à noite em suas pinturas, e pensou que seria uma boa ideia ir dormir mais cedo hoje.
Depois de mais algum tempo juntos e rindo, Percy e Annabeth finalmente decidiram que era hora de ir embora. Eles se despediram de Rachel e Nico, desejaram-lhe uma boa noite e juízo e foram para casa. Rachel começou a juntar as louças, mas Nico ofereceu-se para o trabalho.
- Você não estava enjoada? - ele perguntou, enquanto lavava um dos pratos.
- Sim... mas posso lavar as minhas próprias louças, di Angelo! Ora bolas, nem são tantas! - Rachel reclamou, orgulhosa.
- Por isso mesmo. Não me darão trabalho nenhum. - Nico deixou o primeiro prato de lado e partiu para o segundo. Rachel emburrou a cara para ele, mas estava cansada demais para discutir. Ela sentou à mesa da cozinha e ficou assistindo Nico lavar o resto da louça. Quando ele terminou e virou-se de costas, Rachel estava com a cabeça apoiada nos pulsos, cochilando. Nico sorriu. Ele chegou perto da mesa e sussurrou:
- Ei, acho que é hora de eu ir para casa.
Rachel abriu os olhos lentamente e se sobressaltou quando percebeu o quão perto Nico estava. Ela corou enquanto gaguejava:
- E-eu... dormi? - perguntou, envergonhada.
- Acho que sim. - o sorriso de Nico se alargou - Estou indo embora. Acho que você precisa ir deitar.
- Ah. - Rachel ajeitou-se como pôde - Não estou com sono. Você pode ficar mais um pouco. Eu-
Suas palavras foram interrompidas por um bocejo que Rachel não pôde conter. Droga.
- Para mim você parece estar com bastante sono! - Nico disse, e Rachel se levantou.
- Está bem, eu te acompanho até a porta. - ela resmungou relutante, e os dois seguiram para o hall de entrada. Pararam então na frente da porta e se encararam, como se esperassem que a coisa certa a dizer surgisse.
- Então... - Nico começou.
- Muito legal vocês terem vindo. Adorei os presentes. Obrigada. - Rachel despejou as palavras. Nico deu-lhe um sorriso tímido, e Rachel sentiu-se quase que forçada a abraçá-lo. Ela não podia resistir a isso.
A sensação de estar nos braços de Nico fez Rachel tremer. Ela instantaneamente lembrou da pequena cena dos dois antes de Percy e Annabeth chegarem, e um arrepio quente percorreu sua espinha. Ela nem sabia que arrepios podiam ser quentes. Nico parecia estar sofrendo da mesma sensação, pelo jeito que ele a olhava quando se separaram.
- Sinto muito por... - ele tentou encontrar as palavras certas - Não ter me segurado naquela hora.
Rachel sacudiu a cabeça negativamente.
- A culpa não foi sua, Nico. Eu queria aquilo. Eu fiz aquilo. - ela afirmou convicta, tentando mostrar um sorriso confiante.
- De qualquer forma, vou ser mais cauteloso. - Nico insistiu e Rachel sentiu um pouco de... decepção. Ela não queria tanto auto-controle da parte dele, apesar de saber dos perigos que corriam ao estarem juntos. Se Nico percebeu sua tristeza, ele não demonstrou - Boa noite, Rach.
- Boa noite, Garoto dos Mortos. - ela abriu a porta para ele e Nico desapareceu pelo corredor, não sem antes virar-se para acenar.
-x-x-x-x-x-x-x-x-x-
Sejam legais e deixem comentários para que eu saiba se valhe mesmo a pena continuar com essa ideia! :D
