Hey, Little Brother
Sam tomou mais um gole da cerveja e sentou-se na varanda da pequena casa. Observou o quintal bem cuidado e seu pequeno jardim de rosas, Dean lhe chamaria de maricas se ainda estivesse ali. Bebeu mais um pouco e pousou a garrafa ao lado, olhando a própria mão depois.
Estava velho.
As mãos cansadas apresentavam marcas da idade e seus cabelos grisalhos não eram mais sedosos e brilhantes, mesmo que teimasse em deixá-los no comprimento dos ombros, mas tinha se livrado das costeletas alguns anos antes. Respirou fundo enquanto ouvia apenas o barulho dos grilos.
Nenhum telefonema, nenhum caçador, nenhum monstro.
Devia agradecer, mas a sensação incomoda de que a carreira de caçador estava acabada lhe fazia querer voltar ao passado, quando ainda podia correr mais que alguns metros antes de sentir caimbrã em uma das pernas, e quando era mais ágil em cortar fora a cabeça de um vampiro.
Os óculos que agora escorriam pelo nariz também não ajudavam.
_Eu devia mesmo me aposentar. - resmungou, para depois ouvir alguns passos do lado da casa.
_Devia mesmo. - a voz enérgica o fez virar-se para o lado.
_Ah... Oi. - disse sem entusiasmo.
_Nossa, continua tão rabugento quanto antes. - o outro brincou, sentando-se ao seu lado.
_Cala a boca, Dean. - e tomou mais um gole de cerveja.
_Vamos, Sam... Se anima... Eu vim aqui só pra te ver. - os olhos verdes brilhavam e as bochechas coradas ainda salpicadas de mais sardas. - Você não devia ser tão rabugento com seu irmão.
_Hum... Você é mesmo irritante. - e viu o loiro torcer os lábios em desagrado. - Sinto sua falta, mesmo assim. - comentou depois e o viu sorrir, infantil.
Ficaram em silêncio por mais algum tempo, as mãos de Sam nos cabelos curtos e arrepiados do irmão, enquanto este resmungava uma música qualquer.
_Não vai demorar muito... E aí vamos estar juntos de novo. - disse.
_É... Eu sei. - comentou. - Na verdade... Tem algo que está me intrigando desde que você apareceu a primeira vez.
_O que é?
_Por que você sempre vem na forma de menino? - perguntou, vendo aqueles olhos grandes se fixarem em seu rosto, inocentes e brilhantes, mas ele apenas sorriu, dando de ombros depois. - Rum... Irritante. - resmungou de novo.
_Não seja tão rabugento Sam. - disse e então levantou, puxando a calça jeans um pouco mais para cima. - Eu preciso ir... O Cas vai me levar a um lugar especial hoje.
_Hum... E ele está bem? Quero dizer... Está conseguindo sobreviver a você?
_Qual é?! O cara me ama! - ele disse corando. - Ele não conseguiria sobreviver sem mim.
_Sei, sei. - disse fazendo um movimento com as mãos. - É o tal negócio do laço profundo não é? - perguntou e Dean sorriu.
_É, é sim.
_E suponho que seja recíproco?
Dean arqueou uma das sobrancelhas.
_Claro, claro. - respondeu, depois de Sam explicá-lo o que a palavra difícil queria dizer. - Agora eu preciso ir. - e olhou para cima, do mesmo modo que Castiel costumava fazer tempos atrás quando estava entre eles nas caçadas.
_Tá bem... Até mais Dean. - e sorriu para ele.
_Ah... Sam...
_Sim? - perguntou, levantando os olhos cansados para o irmão mais velho.
_Jéssica disse pra não demorar... - ele falou baixinho. - É algo sobre o laço profundo de vocês. - continuou. - Talvez a gente se veja mais cedo do que imagina, e finalmente vamos estar todos juntos. - ele sorriu. - O Cas e eu, o Bobby, o papai, a mamãe, a Jess e... Você. Até breve. - acenou.
Sam mordeu o interior das bochechas e acenou para ele, então Dean sumiu.
Levantou-se devagar, pegou a garrafa vazia e entrou na casa de madeira. Sentou no sofá e bocejou, os olhos pesados enquanto esticava as pernas em cima da mesinha de centro.
Fechou os olhos e não acordou no outro dia.
