Postando a primeira fic SasuSaku que eu tive coragem para fazê-lo haha. Talvez ela não seja muito grande, mas não sei ao certo quantos capítulos terão porque ela está fluindo aos poucos. Vou deixar essa classificação por enquanto.
Enfim, tenham uma boa leitura. E pra não deixar de dizer: VIVA O CANNON!
''A maioria dos dias do ano é comum. Eles começam e terminam, sem nenhuma memória durável nesse tempo. A maioria dos dias não tem impacto no decorrer da vida."(500 Days of Summer).
Acabara de tomar o último gole da sua centésima xícara de café. Não sabia quanto já engolira; perdeu a conta na quinta vez que descera para pegar mais.
Insônia era uma coisa complicada, mas era algo com que Haruno Sakura estava habituada. Com um suspiro, deixou seu livro de medicina de lado e esfregou os olhos. Não sabia que horas eram, mas não se importava. A única coisa que sabia de fato era que estava ali por muito, muito tempo... Sentada na velha mesinha de estudos, estudando mais sobre plantas medicinais, venenos e outras coisas complicadas. Precisava colher qualquer informação preciosa depois que a guerra acabara e trouxera com ela milhares de feridos. Mas ela também rezava para que o sono finalmente chegasse. Há quanto tempo não sabia o que era dormir... Aliás, "dormir" era uma incógnita para a moça há muito tempo, mais precisamente há uns quatro anos e alguns meses. Ela até arriscava. Fechava os olhos, tentava relaxar, contava até cem – sua mãe sempre dizia que funcionava – aos poucos entrava na inconsciência, 3 2 1 e... Começava a onda de pesadelos. Sempre sonhava com o dia em que foi deixada inconsciente naquele banco frio por ele, em que declarou todo seu amor e implorou com toda a força de sua alma para que ele ficasse ali com seus amigos, ao lado dela. Sonhava coisas sem sentido, como mortes, sangue, ele, ele, ele, ele.
Suspirou.
Sasuke era a pessoa mais complicada do mundo que ela conhecia. Mesmo depois de finalmente aceitar a amizade de Naruto, salvar o mundo junto com o mesmo, reconhecer seus erros e ter aceitado de bom grado voltar pra vila, o senhor-cubo-de-gelo ainda continuava, bem... um cubo de gelo. Começava a achar que ele sofria problemas de bipolaridade. Poxa, mesmo com o fato de ele ter lhe perdido perdão – sim! O todo poderoso Uchiha Sasuke, senhor eu-sou-maior-que-vocês deixara o orgulho de lado e pediu perdão a Haruno Sakura, a garota irritante! – ele estava cada vez mais distante dela. Sakura achara que depois disso, o muro que ele criou que a distanciava cada vez mais dele viria à ruína, mas não foi bem isso. Parecia até que Sasuke reforçara esse muro, e isso ficou evidente quando ele deu entrada no hospital de Konoha. A rosada estava finalmente feliz que Sasuke finalmente voltara. Feliz era pouco, ela estava explodindo em êxtase. Louca para vê-lo e cuidar dele, dar-lhe carinho e quem sabe até abraça-lo... Mas toda sua felicidade se desfez quando soube que o moreno havia dado instruções para que ela não entrasse em seu quarto. Toda a euforia se dissolveu em segundos e ela só se perguntava o porquê. Perguntou até para Tsunade, mas recebeu apenas silencio de sua shishou. Ah, além do decreto que a partir daquele dia viraria babá médica particular de Naruto. A única coisa que podia fazer era lamentar-se consigo mesma. Com outro suspiro e sentindo os olhos arderem – e ela sabia muito bem que eram por lágrimas contidas e não pelo fato de não ter dormido – pegou sua xícara e saiu do quarto. Não conferiu pela janela se o sol já nascera ou não, mas pelo ar que adentrava já deveria ser de manhã.
- Certas coisas não deveriam ser tão complicadas. – murmurou para si mesma enquanto descia as escadas. Amar Sasuke estava incluindo na lista.
A casa da médica-nin não era o que se podia chamar de "a casa do sonho de qualquer shinobi", mas Sakura gostava dela. A sala era bem ampla de cor clara, com a mesa de jantar no centro. Duas poltronas de cor verde clara ficavam ao lado direito do cômodo, uma de cada lado de um sofá também da mesma cor e uma mesa na cor tabaco no centro. Havia uma estante ao lado esquerdo com livros que iam de estudos medicinais há romances orientais e ocidentais. Fotos da família estavam espalhadas em uma mesa ao lado da escada e pela casa, mas uma em especial se destacava: a foto de casamento de Mebuki e Kusashi, um tesouro que Sakura considerava incalculável. Plantas de todos os tipos enfeitavam os cômodos como samambaias, rosas e narcisos – as preferidas de Sakura – ecortinas no tom rosa bebê enchiam as janelas, tudo cortesia de Mebuki. A cozinha era pequena e ficava ao lado da sala, onde possuía apenas um pequeno balcão, armários superiores no tom bege, fogão e uma geladeira. Havia três quartos no andar de cima e um banheiro. Resumindo: não era uma mansão, mas era o bastante pra ela e seus pais viverem. Vivera ali os melhores e piores anos da sua vida. Não trocaria aquele lar por nada.
O cheiro de missoshiru* encheu suas narinas assim que adentrou a sala, juntamente com o de ovos fritos, bolinhos e torrada. Isso a assustou, porque não considerou a hipótese de ser tão tarde. Quando adentrou a cozinha, sua mãe se encontrava de costas para ela, trabalhando no fogão. Para anunciar a sua chegada, Sakura fez um leve barulho ao colocar a xícara na pia. Mebuki deu um leve sobressalto.
- Sakura! Mas já está de pé? Hoje não era seu dia de folga? – cumprimentou a filha, enquanto enxugava as mãos no pano que estava posto em seu ombro. A garota retirou uma mancha invisível da blusa do short doll rosa-bebê para demonstrar descontração.
- Fiquei até tarde lendo meus livros medicinais, insônia a senhora sabe. – deu de ombros, encostando-se ao balcão com os braços cruzados em frente ao peito.
- De novo? – seu tom era acusador. Sakura deu um suspiro cansado. Aquelas discussões estavam ficando cada vez mais frequentes.
- Mamãe, você sabe como eu sou. Quando me engajo numa coisa, vou até o fim. Eu nem vejo o tempo passar. – falou com tédio.
- Sei, sei. – soltou um suspiro resignado – só me preocupo com você, e o seu pai também. Passar tantos dias em claros lendo livros não é lá muito saudável e você como médica deveria saber disso. Além dos mais, suas olheiras estão cada dia mais horríveis. - gesticulou ao redor dos olhos da filha girando o dedo indicador, fazendo Sakura soltar uma risada contida. As benditas olheiras sempre marcaram presença, como se fosse algo que Sakura ganhou de brinde ao nascer, mas parecia que ultimamente estavam mais evidentes, formando uma cor próxima ao lilás.
- Estou preocupada com você. – continuou – Sei que você não é daquelas que dorme por várias horas seguidas, obviamente não puxou ao seu pai – ela deu um pequeno sorriso – mas ultimamente isso vem acontecendo com frequência, e você está sempre pensativa e longe daqui, como se estivesse em outro planeta. Só espero que não seja o que eu estou pensando – lhe lançou um olhar a repreendendo.
Se as mães comuns possuíam um sexto sentido, Mebuki no mínimo possuía o centésimo. Sakura nunca falou de fato para os pais sobre sua vida pessoal e isso incluía sua vida amorosa. Ela era bastante fechada e não sabia ao certo como desabafar todos esses sentimentos. E digamos que seus pais não eram as pessoas indicadas para pedir algum conselho sobre amor, principalmente o seu pai. Mas de alguma maneira Mebuki havia sacado que alguma coisa estava errada com sua filha, e isso assustava Sakura. A rosada pigarreou.
- Imagina mamãe, é só impressão sua. Sempre fui assim. – sua voz entrecortada pelo nervosismo não estava ajudando muito.
- E eu nasci ontem né Sakura? Mas não vou insistir nisso porque eu sei que você não vai me contar nada sob pressão. Mas saiba que qualquer que for o problema, pode falar comigo ou com seu pai, mesmo que ele faça piada da situação. E só estou dizendo isso porque notei o quanto você ficou diferente com a volta do Uchiha bonitão. – teria sido cômico o jeito como sua mãe se referiu a Sasuke, se não fosse o fato de o sangue da rosada ter borbulhado como a lava de um vulcão com a simples menção de seu sobrenome. Fato que, logicamente, tentou esconder com um sorriso gentil em seu rosto.
- Agradeço a preocupação mamãe, mas está tudo bem comigo. E pode acreditar que a volta do Sasuke não me afetou em absolutamente nada, a não ser pelo fato de ser tão bom ver o Naruto totalmente feliz – obviamente mentir não era o forte de Haruno Sakura, e Mebuki mais do ninguém sabia disso. Mas não se sabe lá porque, ela deixou passar essa "mentira"–sim porque a parte do Naruto era totalmente verdade – pois logo deu um sorriso meigo antes de falar, e alguma coisa dentro de Sakura falava que não iria ser tão fácil assim...
- Tudo bem então, se você diz – falou ainda com o sorriso, o que não deixou Sakura menos desconfiada ou aliviada. – você não respondeu a minha pergunta sobre hoje ser o seu dia de folga ou não.
- Não, hoje vou trabalhar pelo menos meio expediente. Mas amanhã sim é meu dia de folga. – aquela palavra soava tão encantadora para ela... Mebuki assentiu murmurando uma afirmativa.
- Melhor você se apressar. Seu pai já já desce e você sabe como seu pai é quando se trata de comida – revirou os olhos e as duas riram em uníssono. Kusashi era o que chamavam de "máquina de comer" ambulante, o que deixava Sakura sendo uma médica muito preocupada com sua saúde, apesar de ser engraçado o fato de ele acabar com todo o jantar em menos de cinco minutos. Com um beijo na testa de sua mãe, a médica começou a se arrastar até o banheiro da casa, retirando a blusa do short doll no caminho. Falar de Sasuke com sua mãe, mesmo que pouco e indiretamente, a deixou nervosa e com as emoções a flor da pele. Só de pensar nele, seu coração esmurrava nas costelas de forma dolorosa. Mesmo com ele ali, tão perto – mas ao mesmo tempo longe – Sakura não deixava de sofrer por ele. Era como um martírio que carregava, ao mesmo modo que amá-lo com tanta força também era. Sua missão na terra: amá-lo com toda a alma e receber em troca a pura e simples rejeição do moreno, mesmo depois de tudo aparentemente bem. Deu o terceiro – ou seria o quarto? – de muitos suspiros do dia enquanto se despia dentro do banheiro. Alguma coisa dentro dela dizia que iria ser um dia daqueles.
Espero que esse primeiro tenha agradado, estou com a mente pipocando e dependerá de como ela será recepcionada.
Vejo vocês em breve s2
