Disclaimer: Saint Seiya não me pertence, blá blá blá Whiskas Sachê blá blá blá.

Avisos:
- Fic classificada como M por palavras chulas, insinuações de sexo e uso de substâncias entorpecentes e situações adultas.
- Crackfic na velocidade cinco do créu, proceed with caution. Levemente baseada em fatos reais (ou nem tão reais assim), contidos em uma antológica e impagável reportagem da Veja São Paulo (Os Sultões dos Camarotes - reportagem de capa da edição nº 2346 - 06/11/2013), bem como o vídeo subsequente à reportagem (Os Dez Mandamentos do Rei do Camarote - disponível no canal da revista no Youtube). Dividida em capítulos porque senão ia ficar enorme, e com pouquíssima fidelidade ao canon porque NÉ. Ainda assim, facilmente encaixável no universo de Sui Generis e Sideways.

Dedicatórias: Fic nascida e criada nos tópicos lombrados do Palaestra, onde RavenclawWitch, Lune Kuruta, Deneb Rhode, Nexus Polaris e Azedume me ajudaram a levantar a possibilidade de um mashup entre o Saint Seiya-verse e esses personagens peculiares da fauna noturna paulistana.


O Rei do Camarote


I


Filial da Fundação Graad, Grécia.

- Cara, um absurdo a gente ter que ficar aqui. - Hyoga seguia resmungando ao lado da mesa de Shun, que seguia ignorando o amigo enquanto digitava algo no computador à sua frente. Shiryu, na mesa ao lado, prestava mais atenção à enfadonha reclamação de Cisne do que trabalhava. - Nós somos cavaleiros, já derrotamos deuses; não fomos feitos para viver entre as quatro paredes de um escritório.

- Nisso eu concordo - Shiryu espreguiçou-se na cadeira, mas nem isso pareceu quebrar a atenção de Shun no seu trabalho. - Mas qual é a utilidade de um cavaleiro em tempos de paz, mesmo? É como eles - apontou com o polegar para os colegas civis, que os olhava com cara feia. - dizem: Estamos agora trabalhando pra honrar a carne que a gente come.

- Nós salvamos o mundo, Shiryu, o mundo! - Hyoga se revoltou. - Morremos e vivemos algumas vezes pra dar pra eles a chance de viver essa coisa pequeno-burguesa que eles chamam de vida.

- Falando em coisas pequeno-burguesas... - Ban de Leão Menor, na mesa atrás de Shun, esticou o pescoço para puxar assunto e começar uma fofoca. - Cês tão sabendo que o 'romance' da nossa Deusa com o Julian Solo foi pro saco, né?

- De novo? - Grunhiu Hyoga. - Porque olha, tava na cara que aquilo não ia dar certo.

- Mas, vá... - Ban deu uma risadinha. - Vai que agora o Jabu tem uma chance... Não, porque pra pegar o Seiya, a Saori vai ter que entrar na fila, hein.

- Nada. - Hyoga engoliu a corda. - Eu tenho pra mim que a Saori sempre vai ter um cantinho VIP no coração do Pégaso.

- Ela e mais a torcida do Panathinaikos Futebol Clube, porque olha...

- O que você disse, Shiryu? - Hyoga se voltou para o colega. - Ficou muito baixo, não deu pra escutar...

- Nada, eu não disse nada não.

- Hehe, mas vamos combinar que feliz, a Saori não está. - Ban estirou as pernas por baixo da cadeira. - Porque eu vi ela passando pelo corredor e ó, ela tá botando fogo pelas ventas.

- E eu, vocês, ficavam fora disso; porque daqui a pouco eles voltam e vocês é que vão ficar na situação chata de terem conspirado contra o romance de dois deuses.

- Opa, espera aí. - Hyoga se virou para Shun, que seguia digitando emburradamente no computador após o comentário jocoso. - Até onde eu sei, Poseidon não tem nada com isso; até porque se ele tiver... Isso aí é incesto, cara. Zeus entra no meio, e começa "a" Guerra Santa que vai fazer a briga entre Atena e Hades parecer confusão de parquinho de criança.

- Mas hein, falando em vida burguesa, Hyoga... - Ban se ajeitou de novo na cadeira, num cacoete que prenunciava outra fofoca. - Dizem as más linguas que agora a vida no Santuário Submarino anda boa que só. Sabe como é; Julian solteiro e querendo fazer pirraça, voltou com força para a gandaia. E gandaia de rico, ralé, é outro nível. Festa em iate pra lá, festa privê em boate nas Ilhas Gregas pra cá...

- Galera, galerinha... - Ichi de Hydra serpenteava pelas mesas até o setor onde eles estavam, com uma revista nas mãos. - Notícia fresquinha - opa, perdão, moços...

- Fresco é teu cu, Ichi. - Hyoga respondeu, levantando o queixo, enquanto Shun fazia um muxoxo de descontentamento.

- Ui, desculpa, se ofendeu...

- Hunf. Mas heim, pra quê cê gastou dinheiro nesse tabloide? - O russo esticou o pescoço para ver a revista que Hidra folheava - um conhecido veículo de centro-direita grego, e que nas palavras de Cisne não passava de "um panfleto de extrema-direita simpatizante de Margaret Tatcher".

- Ué, eu estou prestigiando nosso querido deus Poseidon, afinal não é sempre que temos um deus como capa de revista.

- Espera, é o Julian? - Shiryu pegou a revista, que trazia na capa uma foto de Julian Solo segurando uma taça de champanhe, displicentemente recostado a um Aston Martin V8 Zagatto Conversível(1). - "Os Reis dos Camarotes"? Mas que inferno é isso?

- E se for o Julian, que é que nós temos com isso? O dinheiro é dele, deixa o cara viver...

- Shun, não é todo dia que a gente vê o Julian Solo na capa de uma revista bancando o "sultão" das festas nas Ilhas Gregas... - Shiryu agora já sorria abertamente, interessadíssimo na matéria de capa do tabloide. - Não, Hyoga, vem aqui ver isso!

- Isso é um absurdo, um despautério! - Hyoga olhava a revista por cima do ombro do Dragão, injuriado. - No meio de tanta injustiça social, ele vai e me assume publicamente que gasta uma pequena fortuna em uma festa de uma noite? Por muito menos que isso a aristocracia francesa perdeu a cabeça na queda da Bastilha!

- E ele vai perder a cabeça é quando a Saori ver isso aí, ó! - Hidra riu. - Olha ali a loirona do lado dele, biscatona que só quer saber de grana...

- Olha, falando sério, esses caras só pagam esses king-kongs porque tem mulher que se preste, viu. - Ban replicou, achando menos graça do que Ichi.

- E também porque tem gente que se presta a comprar essas revistas inúteis e dar dinheiro pro jornalista que se prestou a fazer uma reportagem tenebrosa que nem essa... - Hyoga completou o raciocínio

- Pessoal, sinceramente... Deixem o cara viver, vai... - Shun tentou contemporizar. - Nós não temos nada com isso, e com certeza não é pra ficar vendo o Julian se mostrando num tabloide que a gente recebe nossos soldos...

- Disse tudo, Shun. - Saga praticamente saiu do nada para interromper a conversa e tomar a revista das mãos de Shiryu. - Porque era só o que faltava, não? Vocês estarem lendo revista de fofoca em horário de serviço! Muito bonito pra cara de vocês, hein... Ficar prestando atenção se playboy torra dinheiro na gandaia? Muito bom, é pra isso mesmo que a Fundação paga os seus soldos...

Antes de terminar seu raciocínio, porém, Saga finalmente percebe que o "playboy" em questão é Julian Solo, avatar de Poseidon e (até onde constam as más línguas do Santuário até os pés do Olimpo) agora ex-"alguma coisa" de Saori Kido.

E então ele lê, por alto, a manchete e a chamada da reportagem, por cima da foto de Julian e seu possante.

"Os Reis dos Camarotes

Eles chegam com carrões, são escoltados por seguranças particulares dentro de áreas VIP de boates e chegam a torrar até cinco milhões de dracmas(2) por noite!"

Ao fundo da foto, em segundo plano, vestindo um terno claro parecido com o de seu "chefe", camisa aberta, corrente dourada de bicheiro e uma garrafa de champanhe na mão, está seu irmão gêmeo; aparentemente muito à vontade com algumas meninas em trajes sumários...

E Saga simplesmente não consegue conter a interjeição.

- Puta que pariu!...

OOO

(1) - Aston Martin V8 Zagatto - Um dos carros mais exclusivos dos anos oitenta. Reza a lenda que, de 1986 a 1990, foram produzidas apenas 37 unidades do conversível e pouco mais de 50 unidades do coupe. E, claro, um desses carrões tinha que ter ido parar na mão de Julian Solo.

(2) - Convertendo para reais, com correção monetária, aproximadamente uns cinquenta mil reais.