Gênero: Romance / Angst
Classificação: Yaoi / Slash / Lemon – Não gosta, não leia!
Par: Harry x Draco
Aviso: HP e personagens pertencem a JK Rowling. Fic sem fins lucrativos.
Resumo: Draco acha um misterioso espelho numa sala esquecida em Hogwarts. Harry também. E tudo que um dia foi, não será nunca mais. SLASH!
Dedicado a: Mel Deep Dark e Milinha-potter, pelas palavras maravilhosas, de incentivo e apoio quando eu me encontrava nos meus dias mais penosos. Uma singela forma de agradecimento.
Capítulo 1
Um slytherin de suaves cabelos platinados caminhava por um corredor qualquer de Hogwarts. Estava se sentindo irritado por ter perdido o jogo de quidditch contra a sempre rival gryffindor.
Slytherin era uma ótima equipe, com um desempenho à altura da gryffindor, mas sempre haveria um porém – o apanhador dos leões...
Quando a mão daquele moreno envolvia com precisão a snitch, só lhe restava a humilhação e o desprezo dos colegas de Casa. As serpentes gostavam de jogar, contanto que saíssem vencedores, caso contrário, era a discórdia ao perdedor.
E nesse momento, não queria encarar isso...
Passara sua vida inteira tendo que aturar ordens, posição, nome e tradição. Um fardo muito pesado para uma criança que praticamente não conheceu o que é brincar e sonhar, esquecido do mundo cruel ao qual nascera.
Não... Um Malfoy conhecia a crueldade e a rispidez do mundo desde tenra idade. E era criado para sobreviver e se sobressair nesse mundo, como uma máquina que é programada para aquelas específicas tarefas, com um único objetivo, independente de sua vontade.
Aos dezesseis anos, Draco Malfoy estava farto da vida...
Muito jovem para sentir-se assim, mas não se poderia querer mais de uma pessoa desiludida, que aos cinco anos disseram-lhe que os sonhos são tolos, que os contos de fadas são mentiras e que o amor, apenas um nome para o que na realidade é o chamado interesses financeiros e status social. E o matrimônio, a união conjugal, uma forma de prosseguir com o famoso nome tradicionalista e assim, ter um herdeiro legítimo para passar os mesmos ensinamentos e cada centavo de dinheiro.
Os Malfoy era uma das famílias mais economicamente ricas e sentimentalmente pobres que existia na Inglaterra Bruxa, senão, em toda a Europa.
Sua cabeça parecia que ia explodir de tantos pensamentos perturbadores. Estava com a sua já conhecida vontade de sumir do mapa, largar tudo para o alto e cair na vida – essa mesma vida tão fria e cruel que sempre sentiu na pele e tinha certeza que continuaria sentindo.
Vozes ao final do corredor lhe fez regressar de seus tortuosos pensamentos. Havia se distraído e caminhado a esmo que ao reparar, estava em algum lugar da torre que levava ao Salão Comunal da Gryffindor, se é que não estava exatamente no corredor dessa Casa. Não queria encarar quem fosse, não por covardia, mas porque necessitava de um tempo para si mesmo, sem ninguém lhe perturbando a paciência.
Buscou com o olhar alguma sala, mas ali só havia retratos e tapeçarias. O jeito foi regressar alguns passos e subir mais um andar.
Quando estava no corredor superior, verificou se não tinha ninguém por perto. De fato aquele andar deveria ser pouco freqüentado, pois nenhuma tocha estava acesa, deixando tudo nas sombras, com as poucas claridades que insistiam entrar pelas estreitas janelas.
Esquecendo-se de seus problemas, Malfoy começou a percorrer esse novo corredor, interessado nas obras ali expostas.
As pinturas retratavam apenas um único personagem – Narciso.
O jovem rapaz estava caracterizado de várias formas. Num quadro, ele se olhava na água de um grande recipiente de madeira, em outro, seu reflexo lhe chamava em uma fonte. Havia também o famoso retrato em que o rapaz se debruça sobre um lago, caindo nas plácidas águas.
E dentre todas, um quadro, o maior de todos, representava Narciso em uma transparente túnica branca, se fitando enamorado por seu reflexo, num espelho de bordas esculpidas em ouro na forma da flor que levava o mesmo nome do belo rapaz.
Ficou um tempo apreciando a beleza dessa obra, em como era isenta de detalhes, somente dando ênfase ao jovem e ao espelho em que se mirava em fundo enegrecido como um vazio sem fim. Era um tanto fúnebre, porém era belo.
Estendeu a mão, para tocar na textura da tela, quando o jovem reflexo piscou algumas vezes, lhe lançando um olhar de seu espelho.
- Diga-me a senha e entre em seu refúgio mais secreto – convidou amavelmente.
No início, Draco ficou confuso, sem entender, então, resolveu por arriscar – Mon amour...
- Esta será sua senha. Todas as vezes que necessitar recolher-se em si mesmo, esteja bem vindo – e o quadro se moveu, mostrando uma passagem escura.
Com cuidado, pois não saberia o que encontraria ali exatamente, foi entrando e espiando aquele recanto.
Assim que se embrenhou totalmente nesse lugar, o quadro voltou a se fechar e a lareira se acendeu em chamas, clareando o cômodo.
Era um quarto mediano, composto nas seguintes direções, contando ao entrar pela porta: ao lado esquerdo vinha uma cama de cinzel em tom vinho, assim como as cortinas que vetavam as janelas. O chão era, ao contrário do resto do castelo, feito de piso de madeira claro e envernizado. Um enorme tapete persa comportava a cama e um outro, mais menor e ao invés de quadrado, era redondo, estava frente a lareira e entre duas poltronas em veludo marrom que ficavam ao extremo do leito, ou seja, ao lado direito. As paredes eram de pedra, como o resto de Hogwarts. Bem à sua frente havia uma mesa de estudo que sustinha pergaminhos, livros, tinteiro, penas e um castiçal com duas velas apagadas. Duas belas cadeiras de espaldar alto completavam o recanto, e era nessa parede que estavam as janelas. Ao lado da porta tinha um apoiador com um pequeno acendedor prata, usado obviamente para acender as inúmeras velas dispostas ao redor do quarto. Havia também um cabideiro com, pelo que notava, uma capa pendurada num dos suportes e mais abaixo, um delicado guardador de sapatos.
Sorriu. Era um lugar aconchegante e bem versátil.
Retirou os sapatos, como no oriente, e os guardou na sapateira, sem antes se livrar da capa e do cachecol, os pendurando no cabideiro, ao lado da capa que o lugar lhe dispunha. Como estava curioso, apanhou o tecido de tonalidade verde e se cobriu com ela. Era leve como uma pluma, macia ao contato e se adaptava ao ambiente, deixando seu corpo confortável e na temperatura exata, sem muito frio ou calor. Quando terminou de se envolver nela, para espanto e surpresa, seu corpo desapareceu. No susto, largou o tecido e a capa deslizou suave até o chão, desvendando novamente cada parte desaparecida.
Isso lhe fez sorrir ainda mais – era uma capa de invisibilidade – artefato raro de se encontrar e que custava uma fortuna. Em sua mente já lhe vieram várias formas que a usaria no dia-a-dia, mas por enquanto, voltou a coloca-la em seu lugar, passando a percorrer o espaço até a lareira.
Sobre ela, haviam duas caixas de madeira, idênticas, dois porta-retratos vazios e na parede, duas molduras sem telas.
Esses detalhes lhe fizeram percorrer os olhos ao redor, uma vez mais, notando que tudo ali eram em par. A cama de casal, com mesinhas que sustinham castiçais em cada lado, uma mesa comprida com duas cadeiras para estudo ou trabalho, duas poltronas frente à lareira, dois retratos vazios, dois quadros vazios, dois baús ao lado da mesa...
Voltou a olhar à lareira e num dos lados, havia uma cortina aberta por um aparador em forma de águia, desvendando uma porta. Aproximou-se sem pressa e a abriu, dando em um toucador, com lavabo, banheira e sanitário. Voltou a fechar a porta e focalizou o outro lado da lareira, onde também havia uma cortina, mas ao contrário da anterior, esta se mantinha fechada.
Aproximou-se dela e a puxou para o lado de um outro aparador em forma de águia. O tecido correu pelo trilho produzindo um som característico e se enroscou aberta numa das asas do apoiador. Frente a si, surgiu um fabuloso espelho, idêntico ao do quadro que escondia a entrada desse lugar, mas ao invés de Narciso, a superfície fria do espelho refletia um rapaz de finos cabelos platinados, pele pálida e olhar de gelo...
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A Sala Comunal da Gryffindor estava em festa. Mais uma partida ganha contra a rival Slytherin e mais um título nos jogos de quidditch em Hogwarts.
Mas o principal personagem por esse feito não parecia estar exaltado como os demais companheiros, que bebiam e conversavam alegremente, esquecendo por essa noite, que eram alunos e que teriam que estudar na manhã seguinte.
Hermione Granger estava sentada numa poltrona, frente à lareira e lendo um grosso exemplar, isolada da euforia ao redor. Havia comemorado, parabenizado e se divertido nas primeiras horas, mas nunca foi de se extrapolar nessas farras, preferindo se afastar modestamente e manter seu costumeiro entretenimento noturno – uma boa e interessante leitura.
Ron Weasley era o oposto. Estava se empanturrando de guloseimas e se embriagando com Firewiskey até não poder mais. Via as pessoas se curvando de um lado a outro, um borrão onde supostamente deveria ser o rosto e as palavras estavam mais sem sentido do que uma hora atrás. Ria como nunca, e por pouca coisa, pois o que lhe impulsionava a rir, era o efeito do álcool em seu organismo do que as situações desconexas das maiorias dos estudantes, igualmente embriagados.
A festa passou a se tornar um ambiente conturbado e barulhento demais para um certo moreno de olhar verde suportar.
Rodava nas mãos um copo ainda cheio de Firewiskey e a única coisa que se limitava a fazer, era observar o líquido amarelento há muito quente, sem tragar uma única gota.
Suspirou, se libertando dessa contemplação tola, passando a percorrer o olhar por cada rosto afogueado de uma alegria passageira. Houve uma época em que participava dessas farras e bebia o quanto seu organismo conseguia, passando da cerveja amanteigada para o líquido agora em mãos. Mas hoje, exatamente hoje, não sentia vontade de se entregar a esse momento de perda e esquecimento ao qual o álcool trazia.
Afastou o copo e o pôs sobre uma mesa, saindo daquela baderna sem que fosse notado. Preferia caminhar pelos corredores desertos a mofar ali dentro, atordoado com tanto barulho.
Colocou as mãos aos bolsos da calça e percorreu errante, aos corredores da torre. Seus olhos iam fitos ao chão, sem que nada lhe atraísse a atenção.
Pensava em tantas coisas e ao mesmo tempo se sentia miserável por não ser o que os outros tanto ansiavam que fosse.
Quando era criança e nunca sonhara que um dia conheceria esse mudo tão distinto do qual crescera, desejava ardentemente vivenciar o que agora vivia em realidade.
Hogwarts era muito melhor que a casa dos Dursley, mas por outro lado, ao mesmo tempo em que foi presenteado com essa maravilhosa magia, viera-lhe a carga mais pesada que poderia existir para uma pessoa carregar...
O destino de livrar o mundo de uma entidade maligna...
Soava clichê como numa película trash de terror, mas para si, isso soava como a perda de uma fase tão importante de sua vida, o qual consistia em amadurecimento precoce, dores insuportáveis para a idade e responsabilidade demais para um adolescente comum.
Só havia uma única opção e um único caminho a trilhar – aceitar sua vida e vencer no final.
Mesmo que esse vencer não incluía estar vivo ao final.
Nesse meio tempo em que se distanciou do mundo, topou com uma escada. Seus olhos percorreram a extensão até o topo escuro. Nunca havia reparado naquela escada.
Apoiando uma mão no corrimão de ferro, passou a subir cada degrau, curioso em quê exatamente encontraria ali em cima. Quando sua cabeça assomou a um corredor escuro, sentiu a curiosidade e a graça de uma suposta aventura se perder e sobrar o característico sentimento de decepção.
Vagou os olhos ao redor, sem ver nada de interessante ali. Ia voltar por onde viera, quando um quadro em particular, lhe atraiu. Caminhou até o meio do corredor e o focou mais de perto.
A pintura pegava a parede do chão ao teto e se via retratado uma moça de corpo inteiro, os seios à mostra e um tecido transparente em tom dourado a lhe envolver parcamente o quadril. Suas longas tranças escuras deslizavam suavemente por seu corpo. Ela mantinha uma expressão triste, e mirava pesarosa a um rapaz, deitado na relva ao lado de um lago com um dos braços e as pernas ainda submersas nas águas plácidas. Ao notar o jovem que jazia afogado aos pés da moça, lembrou-se exatamente de quem se tratava.
A jovem mulher era Eco, que se enamorara de Narciso, mas como foi amaldiçoada por Hera, nunca conseguiu se declarar ao rapaz, passando apenas a repetir o que os outros lhe diziam e sua maior sina, foi presenciar a morte de seu amado, apaixonado por seu próprio reflexo e não poder fazer nada para impedir.
Então, vagou os olhos aos demais retratos, constatando que todos eram em relação a este casal. Num via-se Eco observando a Narciso, escondida detrás de algumas flores, em outro, a moça frustrava-se por tentar conversar com o isolado rapaz e em mais um, ela o vigiava através da entrada de uma caverna, sua morada determinada por Hera.
- Diga-me a senha e entre em seu refúgio mais secreto – ela convidou amavelmente.
Harry não pronunciou uma palavra, analisando a moça que lhe lançara um tímido olhar.
- E porque exatamente se ao menos conheço este lugar? – inquiriu.
- Talvez por desejar o que lhe trás aqui...
- E o que exatamente me trás aqui?
- Descubra por si mesmo – ela convidou.
O moreno quedou-se pensativo por um tempo, então, resolveu se arriscar, como sempre fizera. – Passion.
- Esta será sua senha. Todas as vezes que necessitar utilizar este refúgio, esteja bem vindo – e o quadro se moveu, mostrando uma passagem escura.
Movido pela pura curiosidade, entrou sem se precaver. Na realidade, não tinha receio do que encontraria ali. Assim que passou, o quadro voltou a se fechar e uma lareira se acendeu, iluminando um quarto mediano e... Vazio.
Estranhado, caminhou até o centro e se pôs a olhar atentamente ao redor, não acreditando que ali não haveria nada, apenas um local sem uso e isento de móveis.
Para sua decepção, o quarto era realmente vazio, com exceção de uma lareira, uma poltrona e um espelho fabuloso. A poltrona ficava frente ao espelho ao invés de estar frente à lareira, o que era o costume.
Numa das paredes havia janelas sem cortinas por onde a claridade da lua entrava sem barreiras e o piso era em madeira envelhecido e opaco.
Ia sair dali, quando notou que não havia reflexo no espelho. Posicionou-se bem em frente ao objeto, mas não era refletido e sim, via-se que o espelho refletia, como envolto numa névoa que lhe embaçava a vista, um quarto aconchegante e cheio de moveis e objetos de utilidade. Girou a cabeça para trás, vendo a pobreza desse quarto, depois, retornou a olhar ao espelho, vendo que ele refletia a riqueza de um lugar aquecido e bem posicionado.
Isso lhe intrigou, o fazendo sentar-se nessa poltrona para raciocinar o porque dessa adversidade. Gostava de enigmas e como não tinha muito a se fazer até o dia seguinte, decidiu-se ficar ali e refletir essa charada.
Talvez como o espelho de Osejed que encontrou em seu primeiro ano, era uma forma de reflexão. Passou os olhos na moldura desse novo e desconhecido espelho, mas não havia nenhuma grafia. Também não poderia ser que refletisse o futuro, pois só lhe mostrava um ambiente diferente do qual estava. Seria que lhe mostrava o oposto? Era capaz, mas não parecia ser esse a moral que o artefato parecia querer transmitir.
Quando estava para entrar em outro pensamento, algo aconteceu na imagem que ali via. Alguém entrava nesse quarto e percorria o olhar por toda sua extensão, se atendo em cada canto.
Harry ficou estático, reconhecendo quem era. Então, matou a charada – o espelho possuía duas faces. O outro lado do espelho era na realidade um outro cômodo paralelo ao que estava, mas não entendia porque Draco Malfoy estava ali. Pelo jeito, havia encontrado aquele lugar por acaso, assim como ele.
Ficou observando o slytherin caminhar vagarosamente até que este parou frente ao espelho e puxou algo. Ao puxar esse algo, o reflexo embaçado que lhe mostrava o espelho se aclarou, constatando que essa névoa era somente um tecido que vendava o espelho do outro lado.
Suas mãos se apertaram nos braços da poltrona que estava sentado, assim que ficou frente a frente com o loiro. E por surpresa, Malfoy parecia não vê-lo, como ele via ao outro.
O slytherin passou a alisar as vestes como se fosse um espelho como outro qualquer, o que de fato não era. Essa nova perspectiva confundiu ainda mais ao moreno, que com uma dose a mais de curiosidade, observava atentamente ao espelho. Se só ele conseguia ver o outro lado, o que o espelho significava?
N/A: como eu tenho muitas fics em andamento, eu não estaria postando mais essa, mas este é meu presentinho para essas duas leitoras que me incentivaram muito e eu estava tardando em agradecer como queria. Espero que, caso vocês duas leiam, espero que gostem desse trabalho. É angst, então preparem o lenço (como se eu conseguisse fazer dramas tão perfeitos a ponto de levar às lágrimas ¬¬), mas enfim, espero de coração que ao menos se divirtam um pouco.
E para aqueles que estão lendo isso, sim, podem preparar as pedras, os pedaços de paus e barras de ferro para me linxarem. Não faço isso como forma de desrespeito ou como se não tenho consideração por vocês, longe disso. Estou atualizando as demais e continuarei atualizando, mesmo que demore um pouco mais que o planejado.
Desculpem a todos e muito obrigada pela compreensão!
Àqueles que chegaram até aqui, espero que tenham gostado. Bjs!
Continua...
