Prólogo: Branco e Negro

Branco.
É a única cor que vejo. As luzes são tão fortes que não consigo ver mais nada. Todas elas estão apontadas para mim. Não entendo o porquê.
- Canta! - diz alguém, mas não consigo ver quem pois encontra-se atrás das luzes.
É então que noto que estou num palco e tenho um microfone à minha frente.
O que significa isto?
Cantar? Porque tenho de cantar? O que querem que eu cante? Não posso começar a cantar se não me disserem o que querem que eu cante. Não me lembro de nenhuma canção...
Continuo a tentar ver o que está por detrás das luzes.
Apenas branco, branco, branco.
Tenho medo.
Está aí alguém?
Não digo uma palavra
- É uma inútil. Tragam a próxima.
Qual próxima? Hey! Quem são vocês?
Há homens vestidos de branco a empurrarem-me para fora do palco.
Então fica tudo negro. Não consigo ver nada, apenas ouço.
- Canta! - a mesma voz de anteriormente, mas a seguir ouço uma voz lindíssima. Não consigo discernir as palavras, mas a voz é tão bela, tão cheia de emoção. É a voz de uma diva.
Olho para trás e vejo uma menina pouco mais velha que eu, de cabelos rosa, cantando de olhos fechados, no mesmo palco branco onde eu me encontrava há um minuto.
Os homens continuam a empurrar-me em direcção à escuridão.
Não sei para onde me levam.
Atiram-me para um quarto negro e fecham a porta deixando-me só.
Na escuridão.