Não-betada. Reviews são aceitas com muito amor.


Tom decidiu que branco era a cor mais odiosa do planeta e, se ele tivesse a chance, iria exterminá-la do universo. Como estava morto, e era muito difícil não surtar a cada segundo com essa afirmação, o tempo não existia para ele. E ali, sozinho com seus pensamentos, ele tinha que se arrepender. Isso, é claro, estava se mostrando uma tarefa árdua. Tom não tinha nenhuma base de sentimentos com o que começar.

'Isso é impossível!' ele exclamou.

'Nada é impossível Tom, se você se esforçar. ' Uma voz familiar disse atrás dele.

Tom congelou. Se a pessoa que havia falado era quem ele achava que era, uma discussão de proporções titânicas estava prestes a acontecer. Com um suspiro, virou-se na direção da voz.

'Dumbledore. '

'Tom, também é um prazer em revê-lo. ' o mais velho disse, sentando-se na outra cadeira. Tom estreitou os olhos e não se moveu.

'O que você quer aqui? Achei que depois de ser instruído eu iria ser deixado as sós para pensar nos meus "erros". '

'Acharam que você precisa de um empurrãozinho. ' Alvo disse sem se abalar com a grosseria do rapaz.

'Quem achou?' Tom perguntou se aproximando da outra cadeira. Sua curiosidade era maior que seu ódio pelo diretor.

'Alguém, meu caro. ' Dumbledore respondeu, juntado as pontas dos dedos em um gesto de contemplação.

Respirando fundo e se poupando da dor de cabeça de insistir na pergunta, ele resmungou:

'Então! Pode começar! Ajude a minha pobre alma caída, como você supostamente já tentou fazer antes!'

'As escolhas que você fez em vida foram somente suas e você não pode me culpar pelos seus erros, Tom. Eu fiz tudo o que podia por você. ' O bruxo mais velho disse, se ajeitando na cadeira.

Tom viu vermelho.

'Me ajudou? Fez tudo o que podia por mim?' ele gritou. 'Você colocou fogo no meu armário, fez umas ameaças e por sete anos me tratou como um selvagem, esperando o momento de apontar o dedo e dizer 'Viram só?'. Ele terminou, bufando e passando as mãos pelo cabelo, em um gesto de nervosismo. 'Admito que minhas intenções não eram boas desde o principio. E, sim, eu reconheço que poderia ter atingido meus objetivos de outras maneiras. Mas você é muito atrevido se pensa que em algum momento, alguma de suas ações me beneficiou em algo. '

Dumbledore suspirou e encarou firmemente o outro.

'Você era um garotinho antissocial e violento, mas inocente em sua crueldade. E, se me lembro bem, nos seus primeiros anos, não havia nada que 'apontar' em você Tom, a menos que a minha relutância em aderir ao seu fã clube tenha te magoado, o que eu peço desculpas.' Ele sorriu ao ver Riddle dando um olhar mal humorado. 'Foi quando você começou a dar ouvidos ao seu lado mais escuro que eu tentei intervir, meu jovem. '

'Sim, sim, grande intervenção: Há algo que você queira me contar, Tom? Você realmente achou que eu ia me abrir para você, de todas as pessoas?'

'Se eu fosse um dos seus admiradores, você também não o faria Tom. Você havia decidido que ninguém era digno da sua confiança e que você era superior a qualquer ajuda. Eu fiz o que podia: observei e rezei pelo melhor. '

O rapaz voltou a se sentar, com os cotovelos apoiados na mesa e as mãos no rosto, tentando esfregar a dor de cabeça que começa a despontar em sua têmpora para longe.

'Como eu saio daqui professor?' ele perguntou baixinho. 'Eu estou cansado de branco e de silêncio. '

Dumbledore contemplou a pergunta por um momento.

'Você já sentiu algo, Tom?'

'Como assim, se eu já senti? É claro que já senti! Senti medo, senti ódio, senti desprezo... '

'E alegria?'

'Talvez, não sei. Eu sei que amor não. ' Ele disse com um sorrisinho. 'Não era o slogan da sua campanha? O monstruoso Lord que não ama. '

'Você faz parecer que eu criei Lord Voldemort da minha mente caduca. '

'Eu comecei como um politico bonitinho, você podia ter focado nisso. '

'Se bem me lembro, suas ações foram tudo, menos bonitinhas. '

'Mas não nega que eu era bonitinho?'

Dumbledore levantou a sobrancelha. Tom riu e continuou:

'Certo, certo, voltemos ao trabalho de arrependimento dos meus atos infames. '

'Acho peculiar que você é ciente do quão hediondo foram os seus atos. É conhecimento público que os 'vilões são heróis em sua própria visão'. '

'Mas eu sou um sociopatinha, se lembra? Eu sei a diferença entre certo e errado, eu só não ligo. '

'Se você realmente não se importasse Tom, não teria sido colocado no limbo. '

'Oh, é mesmo?' ele disse, fingindo espanto.

'Você quer ou não a minha ajuda, Tom Riddle?' Albus perguntou, novamente sério. ' Você alega saber que o que fez foi errado e monstruoso, mas insiste em arrumar desculpas para o seu comportamento. Você diz que só conheceu a face feia da vida e que sempre foi uma vitima. Você consegue ver isso no seu passado, ou melhor, na sua vida? Ou você não quer admitir que errou?'

O silêncio era ensurdecedor. Tom continuava olhando para o tampo da mesa, evitando o olhar de Albus a todo o custo. Qual era o problema, afinal? Que ele não sentia, ou que ele não admitia que houvesse errado em tudo?

O rapaz não percebeu quando o outro havia saído. Ele continuava avaliando seu passado, tentando achar... O que? O que ele queria?

Felicidade? Ele não tinha tempo para isso.

Amor? Ele podia amar?

Honestidade? Generosidade? Consciência?

Quem era Tom Riddle, afinal de contas?